Eu estava deitada em um colchão no chão! E Paul estava na cama! Aonde está o cavalheirismo hoje em dia? Posso saber? Mas... Eu não ia deixar assim... Claro que não.

Quando ouvi a respiração dele se acalmar, sinal que estava dormindo, vi que era a hora de atacar! Alice Ninja na parada!

Puxei Paul pelas pernas para fora da cama, de um jeito que ele caiu em cima do colchão onde eu estava a dois segundos atrás, e pulei para cima da cama. Pode dizer, sei que sou uma ninja.

Ele, é claro, acordou com o impacto e tentou lutar comigo pela cama, mas eu peguei um travesseiro, e assim nós começamos a terceira guerra mundial.

SEIS DIAS DEPOIS

Se alguém me dissesse, a seis dias atrás, que não iria ficar tão feliz na hora de ir embora, eu iria gritar que a pessoa é uma mentirosa e nunca, nunca iria acreditar! Mas... Eu realmente, não estava muito afim de ir embora.

Não que eu não quisesse voltar para o internato, por que eu queria, e muito, mas, eu também não queria ir embora. Mas isso não tem nada a ver com a minha mãe, já que eu fiquei muito feliz em não ter que ver ela mais. Mas fiquei triste em deixar Landon e Paul, eles eram chatos, mas eram chatos legais... Isso faz sentido?

Na primeira vez que eles me chamaram para sair junto com eles, eu não queria, nem um pouco, mas eles me arrastaram até o carro, literalmente. E quando eles me levaram para um parque com Paintball, e eu sai jogando tinta em todos, todos mesmo, até no gato que passou correndo por mim, fugindo de um cachorro. E agora, eu não queria ir embora.

Eu estava no ‘meu’ quarto arrumando a minha mala, quando ouvi passos no corredor, e a cabeça loira de Paul surgiu pelo vão da porta, com um sorriso afetado.

–Vou sentir saudades. –disse ele estrando e sentando na ‘minha’ cama.

–Bom para você! –disse indiferente. Eu também ia sentir saudades, ia mesmo, mas eu não iria admitir, nem viva, nem morta, nem como zumbi. Okay... Acho que exagerei um pouco.

–Nossa! Sua maldade fere o meu coração! Agora estou magoado! –disse ele com a mão no peito. Idiota? Sim, e como!

–Vai me ajudar a levar essa mala para fora ou vai só ficar me encarando com cara de peixe morto o tempo inteiro? –disse eu fechando a mala, Paul sorriu e pegou a mala e colocou no carro, ele iria me levar até a rodoviária e eu ia ir de ônibus até o colégio.

Nós fomos para o carro e ficamos discutindo sobre música, e outras bobagens sem lógica nenhuma.

Até que chegamos na rodoviária.

–Nos vemos por ai. –disse eu, e tentei entrar no ônibus, mas Paul me puxou para trás e me abraçou, e como eu não sou muito acostumada com demonstrações de afeto, fiquei meio sem jeito.

–Vou sentir saudades. –disse ele novamente quando me soltou.

–É... Bom para você! –disse eu sorrindo e corri feito uma criancinha de cinco anos para dentro do ônibus, Paul ficou rindo e me dando “tchau” pela janela até que o ônibus finalmente ligou, e foi em direção a escola.

***

ALGUMAS HORAS (DORMIDAS, CUTUCADAS E RONCOS DO CARA AO LADO) DEPOIS.

Finalmente o ônibus estaciona na frente da já conhecida escola, e eu desço rapidamente. Por mais que eu não queira admitir (mas já admitindo), eu estava morrendo de saudades do Scott, e até mesmo da Carol, Andressa e Wesley. Desci do ônibus rapidamente e corri até o meu dormitório, tive que desviar de vários estudantes no caminho e até me esbarrei com um, mas não parei de correr enquanto não chegava no quarto. Carol já estava lá, desfazendo suas malas, e Andressa estava jogada no sofá.

–Sentiram minha falta?! –disse eu enquanto entrei na sala, Andressa, sorriu e me abraçou e Carol me lançou um sorriso maldoso, ela ainda não havia esquecido de quanto pegou eu e Scott nos beijando na sala/cozinha.

–Quanto tempo, hem? –disse Carol me abraçando, sorri e fui para o meu quarto, na esperança de encontrar Scott lá, mas o quarto estava vazio, sem nenhum sinal dele, aonde aquele idiota se meteu?

Coloquei a minha mala em cima da cama e voltei para a sala, Carol e Andressa estavam discutindo por alguma coisa boba quando notei que a porta estava se abrindo, sorri, pensando que era ele. Mas meu sorriso sumiu quando vi que era só Wesley.

–Amor?! –gritou Andressa e pulou no colo dele, parece que depois da brincadeira com as tintas entre os dois, a qual fui eu quem comecei, eles começaram a namorar. E isso seria muito legal, se a Andressa não fosse tão grudenta, eles eram aquele casal chiclete.

–Vocês já viram o Scott por ai? –perguntei após abraçar o Wesley. Carol sorriu novamente para mim, aquela garota iria fazer eu perder a paciência qualquer hora dessas...

–Não, acho que ele ainda não chegou. –disse Andressa simplesmente e voltou a se agarrar com Wesley... Como eu disse: Um casal chiclete.

Sai do quarto e fui em direção a biblioteca, na esperança que ele estivesse em algum lugar por ali, peguei meu celular e busquei pelo número do Scott. Só após revirar duas vezes a minha lista de contatos, que eu notei que nunca havia pedido o número dele. E agora? Como eu ia falar com ele? Aonde ele estava?

***

Acordei pela manhã com dor de cabeça, meu corpo estava suado, e minha garganta doía, provavelmente de tanto gritar. Eu havia sonhado novamente. Olhei rapidamente para a cama ao lado, na esperança de encontrar certa pessoa ali, mas a cama continuava arrumada exatamente como o primeiro dia em que eu havia voltado, isso foi a dois dias atrás.

Me levantei e me vesti, a aula começava em menos de dois minutos, sai do quarto e sem nem tomar café, fui direto para a aula de história. A aula passou rapidamente, e eu não conseguia parar de passar em uma coisa: Scott.

Aonde ele estava? O que será que aconteceu com ele?

Estava na hora de eu fazer alguma coisa. E eu já sabia exatamente o que fazer.