Dark Sunrise escrita por Mirchoff


Capítulo 1
Prologue – Coffee mugs, misunderstood boys


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu nao sei o que ta acontecendo comigo, mas eu nao parei de escrever sobre esses dois eunaopareieunaopareieunaopareiOk, chegaEnfimQueria principalmente agradecer luiza e marcella porque sem elas acho que eu nunca ia arranjar coragem pra postar essa fic ♥Anyway, boa leitura!



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Depois da guerra, as coisas tinham ficado um tanto diferentes para Nico.

Pra começar, todos estavam longe. Annabeth e Percy estudavam em Nova Roma. Tinha recebido uma mensagem de Íris da garota perguntando se as coisas estavam indo bem, e ele também pode ver Percy acenando ao fundo. Eles pareciam felizes. Mais distante, Leo viajava pelo mundo. Mesmo quando as coisas com Calipso deram errado – longa história sobre a garota ter encontrado outra pessoa em Ogigia –, ele não voltou para o Acampamento Meio-Sangue. Leo amava a sensação de ser livre.

Enquanto isso, Hazel, Frank e Reyna permaneciam no Acampamento Júpiter em seus devidos cargos. Nico às vezes os visitava, mas era Reyna quem mais aparecia nas terras gregas. Era ela quem trazia os campistas de intercâmbio, quem participava na maioria das reuniões do Acampamento, como se a garota fosse algo que segurava aqueles dois mundos juntos. E, recentemente, Piper e Jason tinham saído em mais uma missão para erguer os templos dos outros deuses. Ele estava animado com a ideia, seria o sétimo só naquele mês.

Bom, mesmo que estivessem tão distantes, era a primeira vez que Nico não se sentia sozinho.

Afinal, ele tinha o filho de Apolo, Will. Eles eram amigos agora, certo?

– Me deixe em paz, Solace.

– Você está agindo como uma criancinha, Garoto da Morte.

O rosto de Nico formou uma carranca. Ele encarou seus pés descalços sobre uma das macas da ala hospitalar, a pele quase tão branca quanto os lençóis de linho. Curvou e esticou os dedos lentamente.

– Não me chame assim. – retrucou, então lançando um olhar irritado ao filho de Apolo.

Ele viu Will Solace trocar o curativo do ferimento em seu braço direito com rapidez, as mãos se movendo com cuidado extremo. Nico suspirou. Ele odiava como sua pele láctea contrastava com a de Solace, tostada de sol. Ou como ele sempre parecia estar no controle da situação, mesmo que o corte feito pela espada de alguma das crias de Nice fosse horrível. Nico sabia que aqueles semideuses eram competitivos até demais, só não imaginava que ficaria a noite inteira na enfermaria após a Caça À Bandeira. Não era um corte feito por ouro imperial, mas ardia como o inferno.

E, querendo ou não, ele entendia disso muito bem.

– Eu estou bem. – dissera di Angelo, tentando recolher o braço. – me largue!

– Não me teste, Nico. – respondeu Will, sem ao menos desviar os olhos de seu trabalho. Ele deslizou os dedos cobertos de unguento por cima do machucado, aliviando a dor por alguns segundos. – não me teste. Você é teimoso demais para alguém tão pequeno.

– Você reclama demais para ter somente dezesseis anos.

Os olhos azuis do outro faiscaram na direção de Nico. Ele cortou a última atadura com uma tesoura e finalizou o curativo, então sentando-se na beirada da maca sem dizer nada.

Porque eles tinham desenvolvido essa amizade esquisita. Will estava sempre disposto a ajudar as pessoas. Ele sentia necessidade de tocá-las para saber que elas estavam ali. Ele dava risada, sorria e era sempre gentil, mas sabia ser sério nas horas certas. Nico, por sua vez, não sabia o que fazer naquele tipo de situação. Ele passara tempo demais viajando sozinho nas sombras, ajudando a si mesmo, e os deuses sabem como não estava acostumado a sorrir. Ele ao menos gostava de fazê-lo.

Não tinha sido um problema até então, mas o filho de Apolo conseguia fazer qualquer um abrir um belo sorriso. Nico estava aterrorizado. Ele simplesmente tinha vontade de socá-lo por ser tão… Tão Will. E, surpreendendo a todos, o filho de Apolo simplesmente tinha grudado nele feito chiclete. Não havia momento do dia em que os dois não estivessem lá, ombro a ombro, – ou ombro a cotovelo, já que Solace era centímetros e centímetros mais alto –, a não ser na hora do toque de recolher.

E, mesmo a sim, lá estava Will, certificando-se que o mais novo dormia e acordava nos horários certos. Ele até mesmo tinha criado uma dieta saudável para que Nico ganhasse um pouquinho de peso. Sua pele até estava mais corada do que antes, mas ele achava que as olheiras nunca sumiriam.

Nico achou que talvez fosse levar uma bronca por seu comentário. É claro que ele estava brincando, mas o próprio garoto entendia que ninguém estava acostumado com um pouco de bom humor vindo de sua parte. Talvez o filho de Apolo dissesse algo como "é o meu trabalho, di Angelo, não é hora para brincadeira" ou coisa do tipo.

No entanto, Will passou os dedos pelo cabelo loiro, puxando os fios para trás. Tinha aquele tipo de cabelo que fica bagunçado o tempo inteiro, não importa o quanto você tente arrumar. Caía sobre os olhos às vezes, então achava que já estava na hora de cortá-lo.

– Então, Garoto da Morte – disse ele. – você quer tomar alguma coisa?

Quando Will dizia "beber alguma coisa", era como se ele apertasse o botão "preciso de cafeína" no cérebro de Nico. O filho de Hades adorava café com "A" maiúsculo.

Simplesmente adorava. Demais. Muito mesmo. Ele ao menos tinha hesitado em seguir Will, em direção à Casa Grande. Sabia que havia uma máquina de café expresso literalmente dos deuses ali, mesmo que nunca tivesse experimentado. Sem falar nos potes de biscoito, feitos por Quíron. Nico não gostava muito de afeto, mas ele admirava a forma como o centauro tratava todos como se fossem… Seus pequenos potrinhos?

Ele levou a xícara aos lábios, observando com atenção a cozinha rústica.

Não se lembrava de ter estado lá alguma vez. Will, no entanto, parecia estar familiarizado com o local. O garoto remexia em gavetas, abria as portas dos armários e tornava a fechá-las, só se posicionando ao lado de Nico, que estava apoiado na bancada, depois de encontrar uma lata de chantilly. Ele despejou uma quantia generosa na própria caneca, – Nico não entendia como os americanos simplesmente gostavam de tomar a bebida em grandes quantidades, além de ser aquele café ralo, feito chá –, rindo quando di Angelo fez cara feia.

– Você está arruinando um café tão bom – suspirou o mais novo. – por Hades, você está destruindo ele por completo.

Will deu de ombros, bebendo mesmo assim. Quando Quíron disse que os conselheiros podiam usar a cozinha sempre que quisessem, era para lá que ele fugia depois de suas atividades. Mesmo que estivesse no acampamento desde os onze, talvez doze anos, ele achava que nunca ia se acostumar com aquela coisa toda. E a cozinha fazia com que ele se lembrasse de casa, os cafés da manhã na companhia da mãe, quando eles podiam ver o Sol nascendo, preguiçoso como Noreen dizia que Apolo era às vezes.

Devia ser alguma coisa dos filhos do deus. Will tinha se acostumado a acordar na medida em que os raios solares entravam por sua janela.

– Nico, você não acha que aquele pote dentro da geladeira contém olhos de verdad… O que foi?

O mais baixo tinha um sorriso constrangido no rosto, cobrindo a boca com as mãos. Solace o olhou de maneira confusa, imaginando o que teria acontecido de errado. Talvez ele estivesse brilhando como um Sol em miniatura. Isso acontecia às vezes, quando estava distraído, muito irritado ou simplesmente ansioso. Era algo que não conseguia controlar com tanta facilidade e de fato odiava.

– Um bigode. – disse Nico, rindo, mas isso só fez com que o outro erguesse uma das sobrancelhas. – você tem um bigode de chantilly.

– Oh.

O loiro limpou-se rapidamente com as costas das mãos, envergonhado. Ele pousou sua caneca na bancada por um momento, encarando o chão.

– Sobrou aqui... – Nico esticou os dedos em direção ao rosto dele, tirando o excesso de creme no canto de sua boca. – deuses, você é como um bebê.

Will não disse nada. Ele sentiu seu rosto queimar absurdamente. Era como se fosse uma criança novamente, fazendo bagunça com a própria comida. Uma vez, Solace tinha derrubado sorvete de chocolate em seu tênis e manchou o outro de propósito para ficar igual. Sem falar quando, já no acampamento, ele deixara sua comida toda cair na pira de oferenda aos deuses sem querer e ficou com o cabelo cheirando a carne assada durante uma semana. Não que ele não fizesse palhaçada com outras coisas. Perdia a conta de quantas vezes foi encarregado de montar a fogueira de sexta-feira e fizera com que os pedaços de lenha caíssem nos próprios pés. Will tinha vontade de morrer em momentos como aquele. Não havia registro de um filho de Apolo que fosse tão desastrado quanto ele. O garoto não entendia como não furava o próprio olho nas aulas de arco-e-flecha. Era como ele se tornasse outra pessoa com o arco em mãos, ou quando tinha que realizar alguma sutura ou qualquer outro trabalho na enfermaria.

Quíron uma vez dissera que Will se parecia mais com Apolo do que imaginava. De início, ele não acreditou. Não tinha lembranças de ver o pai em algum momento que não fosse durante as visitas ao monte Olimpo, isso quando ele estava lá. Apolo sempre lhe parecera demais, a hipérbole personificada. Como se, não importa o quanto o garoto tentasse, nunca conseguiria ser digno da atenção dele. Isso o deixava… Triste?

– Você está pensando no seu pai. – disse Nico, de repente, mas Will não achou que ele esperasse uma confirmação.

Silêncio. O mais baixo encarou o resto de café frio em sua xícara. Pôde ver seu reflexo na pequena poça.

– Os deuses são um saco às vezes – disse Will. – mas está na natureza deles, afinal. E na nossa. Se não para nos tornar heróis, o que nos tornaríamos?

– Comida de monstro.

O outro engasgou-se com a resposta. Então, ele cutucou Nico com o cotovelo, rindo. Ele apenas esboçou um sorriso, mas estava orgulhoso por arrancar algum riso do loiro. Devia ser impossível, mas Will declamava poesia enquanto falava e ria música.

Nico gostava disso. Ele apontou para a máquina de café com o queixo, então virando-se para Solace.

– Creme e açúcar, certo?


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Notas finais do capítulo

Playlist em breve. Eu juro. Até a próxima. ♡