Samantha demorou alguns segundos para reagir, tamanha a surpresa com a cara de pau do sujeito. Deu um empurrão, antes de começar a limpar a boca, os olhos violeta faiscando de raiva.

— Escuta aqui seu filho da...

— Espero que o palavrão que essa boquinha linda esteja procurando seja mãe, porque outra coisa ela não é. – ele advertiu, um brilho divertido estava nos olhos castanhos dele, apesar do rosto sério.

— E por que razão você está me seguindo? Não bastou a humilhação que me fez passar ontem à noite suficiente?

— Com relação ontem a noite, eu gostaria de lhe implorar em partes perdão.

— Não quero conversa mais com você. – Samantha tentou entrar, mas ele se posicionou na sua frente. Ela tentou desviar, mas ele apesar do tamanho, conseguiu intercepta-la.

— Se você me escutar vai ser mais rápido... Eu prometo. – ele ergueu a mão como se jurasse.

— Eu não acredito mas você tem trinta segundos para falar tudo. – ela olhou no relógio, marcando o tempo.

— A cerca de dez anos, meu irmão gêmeo e eu abrimos uma loja. Infelizmente, depois de pouco tempo, ele faleceu. – o brilho divertido sumiu dos olhos dele. – eu mantive a loja e ontem, tive a notícia que o nosso projeto de vida, no banco rendeu mais de um milhão.

— Sinto pelo seu irmão. – ela falou secamente, antes de novamente tentar dar a volta. Novamente ele não a deixou entrar.

— Eu não costumo me comportar como um babaca, mas fui convencido pelos meus amigos... aquelas hienas... a irmos comemorar. Quer dizer “bebemorar” porque mais bebemos que comemos alguma coisa. Quando percebemos, estávamos sendo expulsos do bar, não por não pagarmos, mas pela noite estar avançada e eles estavam querendo fechar.

— Posso entrar para trabalhar ou vai querer me atrapalhar até fazer eu ser demitida?

Ele sorriu.

— Se for demitida, ou quiser outro emprego, pode vir trabalhar para mim.

Ela revirou os olhos.

— Ou você sai da minha frente ou...

— Algum problema Samantha? – Natalie estava na porta, a expressão mais que curiosa.

— Já estou indo, Natalie. – Samantha lançou um olhar de raiva para o ruivo, que sorriu charmosamente para ela. Então se virou para a idosa, se curvando.

— Senhora Natalie, meu nome é Jorge Weasley. Eu vim para devolver o celular da moça, que ela deixou cair ontem a noite, depois que tivemos uma pequena... interação.

— Descarado. – Samantha resmungou, alto o suficiente para ele ouvisse. – Se fosse para me devolver somente o celular, podia... Que alias eu nem sei como foi que você descobriu que eu trabalhava aqui!

Ela se calou quando ele tirou o celular dela de trás do bolso da calça jeans e o estendeu.

— Eu também precisava pedir desculpas pelos meus amigos... e por mim. – ele sorriu para Samantha, que respirou fundo.

— Fique longe de mim. Somente isso. – ela pegou o telefone e desviando-se entrou.

— O que exatamente aconteceu entre vocês dois que a deixou tão braba? – Natalie questionou Jorge, que teve a decência de corar.

— Bem, ela tem razão em estar furiosa comigo. Tem um cheirinho delicioso de café, sabia? – Jorge sorriu, o sorriso que ele sabia fazer sua mãe preparar o seu prato favorito o dia que fosse.

— Hum... – Natalie ergueu uma sobrancelha. – o senhor vai fazer a minha funcionária favorita explodir algumas xícaras de raiva?

— Se ela não colocar veneno de rato na minha xícara, eu já fico satisfeito.

Natalie riu.

— Eu não escutei a conversa entre vocês, mas já aviso. Samantha é complicada e eu gosto dela como minha neta. Se além de irrita-la, fizer algo que ela não queira e me irritar... eu que vou colocar veneno na sua xícara.