Ressurgente escrita por Carolina Rondelli


Capítulo 21
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, esse é mais um capítulo da série "eu atrasei por causa da escola", e sinto que vão vir alguns por aí (ah, Carol, que novidade!). A boa notícia é que o próximo já está quase pronto, na verdade eu penso nesse capítulo desde o começo da fic, então postarei em dia!
Não tive a oportunidade de perguntar o que acharam de Insurgente. Eu assisti um filme com esse nome aí, muito bom, mas não era do livro não, porque vamos combinar, saudades fidelidade!
Enfim, enfim, espero que gostem!



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Liv

O sol da manhã me desperta e tateio a cama, ainda de olhos fechados, a procura de Derek, mas encontro a cama vazia. Só quando me levanto que percebo um bilhete em cima da cabeceira.

“De brigas vêm as melhores noites na minha vida, vamos brigar mais vezes. Fui trabalhar, meu amor, e deveria fazer o mesmo. Eu vou sempre amá-la, independente do que aconteça.”

Derek

Sorrio e cheiro a carta, que está com o cheiro de baunilha de seus cabelos. Decido seguir seu conselho, não posso permanecer escondida, em meu casulo, Nita não deixaria, nem Tobias. E não posso me dar ao luxo de sumir, de qualquer forma.

Tomo uma rápida chuveirada, me visto simplesmente e vou para a prefeitura, sem ter tempo de desistir.

Chegando lá, paro um pouco antes de chegar ao escritório de Tobias, as nossas imagens nos computadores do Centro invadem minha mente.

— Podem machucá-la! Ou pior... — ouço vozes de dentro do escritório, exaltadas.

— Eu dei tempo suficiente para ela deixar o prédio, e ainda avisar a quem quer que esteja lá! — é Tobias.

— E se ela não considerar essa opção? — essa é Christina.

— Não vou ignorar isso, Christina. Eu sei que é Tris, e que fizeram alguma coisa com ela...

— Exatamente! E mesmo assim vai entregá-la.

— Talvez seja minha única chance de parar os rebeldes.

— Talvez seja sua única chance de perder Tris.

— Se ela estiver lá, posso explicar que Tris foi enganada, coagida, ou seja lá o que tenha acontecido. Mas eles vão invadir o prédio, não há mais volta.

O prédio — o entendimento me pega de surpresa. A mudança de humor de Tris, tudo o que ela falou, deve ter sido efeito de um encontro com Tobias. E ele viu o edifício...

Entro na sala sem bater, e encontro Christina sentada na mesa de Tobias, com gesso em um pé, e ele na sua frente.

— Liv! — ele me olha. — Não sabia que viria hoje...

— Nem eu — confesso. — Estou interrompendo algo?

— Não — Christina responde, se levantando e pegando uma muleta encostada na mesa —, vou deixá-los trabalhar.

— Christina... — Tobias começa, mas ela não olha para trás, sai do escritório e bate a porta atrás de si.

— O que aconteceu? — pergunto.

— Tris aconteceu — diz Tobias. — Encontrei-a, vi o prédio de onde ela saiu e acredito que possam ter rebeldes lá.

— E o que vai fazer sobre isso? — pergunto, com preocupação.

— Já fiz. Contei a Amar, que por sua vez pediu instruções a Anthony. O exército vai fazer uma busca lá.

Preciso conter minha vontade de esbofeteá-lo.

— Mesmo sem ter certeza de que eles estão lá? — indago, pensando se, por um infortúnio, Derek tenha voltado para o prédio. — E se Tris estiver lá?

— Encontrei Tris há duas noites — ele explica —, e só avisei Amar ontem a noite, Tris teve tempo suficiente.

— Espero que tenha razão — digo, torcendo para que Derek tenha tempo também. — Quando diz que o exército vai invadir o edifício, você quer dizer... A força toda?

— Não, porém acredito que seja um bom número, não sabemos o que nos espera lá dentro.

— “Nos”? — pergunto.

— Eu também vou — ele responde —, se Tris tiver que ser presa, que seja por mim.

— Anthony e Amar já sabem disso?

— Não vão poder me impedir.

— Agora entendo porque Christina saiu daquele jeito.

— Não posso voltar atrás, mesmo que quisesse, mas também não posso deixar Tris a mercê de qualquer um — diz ele. — Se quiser, pode ficar, não consigo completar os dedos de uma mão se contar quantos dias trabalhamos desde que assumia prefeitura. Mas se quiser ir, também não vou me opor.

Saio do escritório, fecho a porta e ligo para Derek, para decidir se preciso ir ou não.

Tento uma, duas, três, nove vezes, ele não atente. Minha preocupação só aumenta, ele deve estar no grupo que vai invadir o prédio.

Tobias sai da sala com duas armas nas mãos.

— Você vai? — ele pergunta, me oferecendo uma delas.

Não posso ficar aqui enquanto não souber sobre Derek. Pego a arma.

— Sim.

***

Primeiro, nos dirigimos até a base da força policial. Sei, bem no fundo da minha mente, que devo avisar Nita ou Beatrice, que devo fazer com que elas deixem o prédio antes que a força policial chegue, mas não consigo decidir se posso dar ou não ouvidos a isso.

Espero conseguir ver Derek, e que ele esteja apenas em seu treinamento normal.

— Senhor prefeito! Senhorita! — Anthony exclama assim que descemos do carro.

Ele parece bem mais disposto que em nosso último encontro.

— Anthony, olá — Tobias cumprimenta, mas não parece tão animado.

— Fiquei muito feliz com a ligação de Amar, podemos acabar com isso hoje, prefeito.

— É, podemos — Tobias diz, mas não aprece acreditar em uma palavra que sai de sua boca.

— Podem ir conosco em meu carro... — Anthony começa.

— Vamos com Zeke — Tobias o corta.

— Ah sim — ele se recupera do fora. – Nossos homens já estão perto do local, só esperando minha ordem para começar a operação.

— Quantos? — me ouço perguntar.

— Cinquenta, senhorita, dos nossos melhores.

Derek é o melhor, penso.

— Só isso?

— Temos reforços, caso for necessário.

— E então talvez seja tarde demais.

— Liv... — Tobias parece confuso. — Ele não pode colocar todos eles em ação, é muito arriscado, pode ser uma armadilha.

— Mas pode arriscar os melhores?

— O que entende de forças armadas, garota?

— Muito...

— Muito mais que imagina — Tobias completa. Ele pega em minha mão e começa a andar. — Vamos achar Zeke.

Já fora das vistas de Anthony, Tobias para na minha frente.

— O que foi aquilo?

— Ele está sendo estúpido! — exclamo. — Poderíamos ganhar essa guerra mesmo antes que ela comece.

— Anthony tem razão, Liv, se confirmarem que os rebeldes estão lá, vão mandar reforços, e o prédio já vai estar cercado.

— Tanto faz — digo, recomeçando a andar.

Seguimos novamente para fora, mas desta vez por outro lado. Não me canso de pensar em como é um prédio grande.

— Quatro, Liv — Zeke acena para nós.

Quando nos aproximamos, ele aperta a mão de Tobias e me abraça.

— Vão comigo, certo?

— Sim — Tobias responde. — Quando saímos?

— Daqui a pouco, podem entrar, se quiserem — ele caminha até uma vã preta e abre a porta traseira, revelando bancos lá dentro.

Tobias vai entrando, e, quando me preparo para segui-lo, meu celular toca, é Nita.

— Só um minuto — digo, e me afasto para atender. – Alô?

— Liv, onde está? — ela pergunta.

— No trabalho — respondo.

— Não a vi no prédio, achei que algo estava errado. Preciso me preocupar com alguma coisa?

Conte a ela. Não conte a ela. Sinto como se estivesse ficando louca.

— Liv?

— Não — respondo finalmente. — Está tudo bem.

— Tenha um bom dia, então.

— Igualmente — desligo.

Quando volto à vã, Zeke já está no banco da frente. Tobias não faz perguntas sobre a ligação, e agradeço mentalmente por isso.

Quando nos pomos em movimento, pergunto a Zeke.

— Você vai entrar lá?

— Não, mas vou dirigir uma equipe de reforços.

Tobias e Zeke estão tendo uma conversa no decorrer do caminho, o que me dá margem para avaliar o que acabei de fazer. Se Nita for morta ou presa hoje, vão embora todas as minha chances de vingança.

Pego o celular e digito “Saiam da prédio, a força policial está a caminho”, mas não consigo enviar. Uma parte de mim já está cansada disso tudo.

Chegamos até uma rua que bem conheço. Próxima ao prédio para que os oficiais possam ir caminhando até lá, e longe o suficiente para não serem notados.

Avisto Derek assim que paramos, e já me preparo para descer da vã.

— Aonde vai? — Tobias indaga.

Olho para Derek novamente antes de responder, e vejo George próximo a ele.

— Vou falar com George, perguntar sobre as estratégias deles.

— Para quê?

— Quero ficar por dentro do que acontecer, me preocupo com eles, a cidade depende deles nesse momento.

— O que está querendo com isso?

— Ser a vice-prefeita — respondo e saio.

Caminho lentamente em direção a eles. Derek me vê, mas faz um bom esforça para não demonstrar isso, quando estou próxima o suficiente, sussurro:

— Não avisei a Nita.

Continuo andando e chego até George, que me explica, com uma incrível boa vontade, o plano deles. Vão entrar em grupos de dez e cobrir os primeiros andares, e, a medida que não acharem ninguém, vão ocupando os outros.

Agradeço a ele e volto, passando por Derek, que, por sua vez, sussurra uma resposta:

— Vamos deixar assim.

Sinto-me aliviada ao voltar para a vã e perceber que não fiz a escolha errada. Zeke diz que vamos nos aproximar mais do prédio e acompanhar a operação de longe.

Percebo que Anthony deu a ordem quando o primeiro grupo entra no prédio. Observo-os atentamente, Derek está no último grupo. Ele olha para atrás pouco antes de entrar, e digo “tenha cuidado” sem emitir nenhum som, e não tenho tanta certeza de que ele entendeu.

Passados muitos minutos, olho para Tobias e ele toca a arma. Quando abro a porta da vã, aproveitando a deixa para entrarmos no prédio, Zeke está nos esperando do lado de fora.

— Não — ele diz simplesmente.

— Não pode me impedir — Tobias diz.

— Quatro, vocês não podem entrar — ele olha para Tobias com muita intensidade, e parece que eles entraram em um acordo silencioso, o que me deixa incomodada. Não sei o que está acontecendo.

— O que...? — tento perguntar, mas ouço um estrondo muito grande. Vejo fogo em algumas janelas. — Não...

Saio correndo, e ninguém se preocupa comigo, já que estão com os olhos fixados nas chamas que aparecem pela janela.

Tiro a arma da cintura e subo os primeiros três andares sem ver nada demais. Porém, no quarto, já sinto a fumaça, e, quando tento subir mais um lance de escadas, alguém me segura. Fico preparada para atirar, mas solto um suspiro quando vejo que é Trevor.

— O que está fazendo aqui? — ele questiona.

— Que diabos acabou de acontecer? — retruco.

— Nita nunca está desprevenida, sempre está um passo a frente. Não deveríamos ter duvidado disso. Tinha uma bomba — ele explica.

— Onde está... Derek? — pergunto entre uma crise de tosse por causa fumaça.

— Temos que sair daqui...

— Derek está bem?

Sua expressão não diz nada, como sempre, mas ele balança a cabeça e encara o chão. E alguma coisa se quebra dentro de mim.

— Ele não pode... Ele não está... Não me diga que ele está, Trevor, não me diga! — involuntariamente, já estou gritando.

— Não vou dizer nada, até porque não vi nada, mas ele estava com a equipe no quinto andar quando...

Nesse momento, ignoro Trevor, ignoro a fumaça, ignoro todo o meu corpo que me diz para correr para longe daqui. Só foco na dor lancinante que invade minha alma.

Derek é meu único motivo para continuar nisso, para continuar lutando, para continuar viva. Lembro das nossas inúmeras brigas, que sempre levavam a uma garrafa de Bourbon vazia e os dois numa mesma cama.

Fico tão desnorteada que não sinto Trevor me tirando do prédio, só consigo voltar a mim depois de sentada em uma ambulância, já do lado de fora do prédio, sem ter ideia de como cheguei a ela.

— Liv? — Tobias chama e olho para ele. — Tudo bem?

— Acho que sim — minto.

— O que foi fazer lá dentro?

— Eu... — percebo que minha cabeça está doendo e solto um gemido. — Entrei em desespero, aquelas pessoas iam morrer...

— Foi a adrenalina — uma enfermeira, que não percebi que está ao meu lado, diz —, isso acontece com mais frequência do que se imagina.

— Não pode fazer mais isso, pensei que tivesse... — Tobias começa, mas não posso esperar que ele fale.

— O que houve lá dentro?

— Uma bomba explodiu, os rebeldes devem ter ficado sabendo.

— Não quis dizer isso — digo. — Quantos mortos?

— Não...

Anthony chega, interrompendo Tobias, e me olha.

— Fico feliz que esteja bem, foi estupidez ir até lá.

— Não precisava que me lembrasse disso — respondo.

— Sabe, prefeito — ele se vira para Tobias —, estava tão preocupado que eu fosse declarar guerra, apresentando o exército para a cidade. Mas não se preocupe, tivemos quase cem por cento de baixas hoje, não quero ouvir suas argumentações, apresentarei o exército amanhã pela manhã. Eles acabaram de declarar a guerra.

Não preciso que Anthony diga isso, sinto dentro de mim que uma guerra acabou de começar. A partir de agora, estou em guerra com toda e qualquer pessoa que se levantar contra mim. Se Derek está mesmo morto, farei com que não tenha sido em vão. E Nita está no topo de minha lista negra.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam, o que querem ver no próximo capítulo? Vejo vocês nos reviews.
Xoxo!



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