The Undercover escrita por Mares on Mars


Capítulo 27
Chapter 26


Notas iniciais do capítulo

Primeiro eu gostaria de dizer que eu amei todos os comentários e que eu tava com a maior saudade do mundo de escrever pra vocês. Segundo, a Jess, uma leitora, me disse que no wpp existe um grupo de Philinda, e que muitos ~ pasmem ~ são fãs da minha história. Isso me deu uma mini crise existencial e eu fiquei muito feliz depois de absorver o fato. Então muito obrigada. Terceiro, esse capítulo é necessário, nas notas finais eu explico por que.



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–Vocês não vão acreditar no que eu acabei de ler - Skye gritou afobada entrando na sala de estar. Seus pais as olharam com desconfiança e acenaram positivamente para ela continuar. - Os Nathan estão mudando as crianças da escola. Ou melhor, tirando elas de lá. A escola recebeu um email essa manhã com a seguinte mensagem: “Tomamos a decisão de afastarmos as meninas da escola para ensiná-las em casa. Os motivos são pessoais.”

–Eles estão com medo de deixá-las sozinhas - Melinda comentou com uma expressão preocupada e Phil sorriu.

–Isso é uma ótima oportunidade - exclamou e pausou o filme que assistia para poder explicar sua idéia - Eles tiram as garotas da escola, logo, precisarão de um professor particular.

– Phil eu vejo onde você quer chegar com isso, e não, não é uma idéia boa - a chinesa interrompeu-o, massageando as têmporas.

– Melinda, é uma idéia perfeita pra você se aproximar mais ainda dos Nathan - argumentou e Skye fez uma careta.

– Se eu estou entendendo, você quer que a May vá lá e dê aulas pras meninas? Por que? - perguntou confusa.

– Ela pode ajudar na proteção das meninas e ficar de olho nos pais delas - explicou e a mais velha suspirou - Mel, por que não? Você é ótima com crianças.

– Eu preciso pensar - disse vagamente e saiu do sofá rapidamente, com uma expressão um pouco irritada. Com passos largos, alcançou a escada e subiu com pressa.

– Ela tá bem? - Skye perguntou olhando atônita para onde Melinda havia rumado.

– Eu não devia ter falado o que eu disse - repreendeu-se e abaixou o olhar.

– Que ela é boa com crianças?

– Ela sempre foi boa com crianças, mas ela não gosta de saber disso, você sabe o porque - esclareceu e a mais jovem aquiesceu, sabendo o quanto o assunto era doloroso para o casal. A expressão que Melinda carregava ao sair da sala o arrastou com força para uma memória de anos atrás.








Washington D.C, 18 de setembro de 2009

Haviam se passado dez anos. Dez anos desde o que acontecera no Bahrein. Dez anos que o dia 18 de setembro passava em branco. Na verdade, nunca havia sido uma comemoração real, apenas uma data marcada num calendário antigo. 18 de setembro de 2000 seria a data mais feliz de sua vida, o dia em que finalmente se uniria perante a Deus à mulher que amava. Data que fora esquecida naquele deserto sangrento.

– Coulson, tem um minuto? - Maria Hill perguntou timidamente entrando em seu escritório.

– Pra você sempre - Phil brincou e ganhou um sorriso de sua amiga - Aconteceu alguma coisa? Stark de novo?

– Não, não é nada disso - interrompeu-o e respirou para tomar coragem - May está em DC - disse rapidamente e mordeu o lábio.

– Ok - respondeu automaticamente e um silêncio pairou no ar.

– Você deveria falar com ela - aconselhou e encarou-o com atenção.

– Eu já tentei Maria, tentei demais - confessou com um tom extremamente cansado.

– Então continue tentando - insistiu e bufou, sentando-se frente a frente ao chefe. - Phil, ela ainda te ama.

– E eu a amo mais do que a minha vida - desabafou em alto tom - Mas eu não posso persegui-la pra sempre. Ela não me quer por perto. Ela se isolou naquele maldita base no Alasca. Ela foi pro mais longe possível de mim - disse furioso e socou a mesa.

– Ela está em DC pra assinar uma transferência. Ela vai auxiliar numa divisão chinesa - gritou em resposta - Vá falar com ela Phil, pelo amor de Deus, se você deixar ela ir, você nunca mais vai ver ela - implorou, colocando um papel com um endereço em sua mesa, e ambos se encararam.

– Eu não posso obrigar ela a ficar - respondeu com desprezo e recebeu o olhar mais fulminante de sua vida.

– Vá para o inferno Phil - Maria amaldiçoou e saiu do escritório, batendo com força a porta atrás de si, deixando o homem exausto e derrotado.





Mercy’s Hospital, 18:47 - Ala Infantil

Phil Coulson varreu o ambiente com o olhar, em busca de qualquer sinal da presença da chinesa. Buscou por incessantes minutos, de sala em sala, a pequena mulher.

– Com licença - chamou uma enfermeira e descreveu Melinda para a mulher.

– Ah sim, a senhora May - a moça reconheceu e apontou a direção para o homem - Ela está na sala 15 - disse com leveza e rapidamente Phil seguiu até o lugar.

“Respire bem fundo”, ordenou a si mesmo ao se aproximar da sala. “Você só precisa olhá-la, ter certeza que ela está bem” sussurrou e chegou perto da porta de vidro. Sentada no centro da sala, no chão, cercada por dezenas de crianças, com um bebê no colo e um livro de histórias nas mãos, estava Melinda May, de longe, a mesma de anos atrás. Os mesmos cabelos negros, a pele lisa, sem nenhuma imperfeição visível, e um sorriso arrebatador. Ela parecia tranquila. A primeira vez que a via dessa forma após o Bahrein. Um nó apertava sua garganta. “Mova-se Phil, antes que ela te veja”, pensou desesperado, porém no segundo seguinte, estava lá, aquele olhar que ele tanto amava, rasgando-o e lendo-o como o livro em suas mãos. Melinda o encarava destemida, como se desafiando-o a continuar aii, parado e atônito. Após minutos, ela disse algumas palavras às crianças, deu um beijo na testa do bebê e colocou-o no colo de outra criança. Levantou-se lentamente e caminhou até a porta.

– Quanto tempo - ela disse simplesmente e Phil encontrou-se sem palavras - Foi a Maria que disse que eu ia estar aqui hoje? - disse, quase afirmando,em seu tom mais contido.

– Foi - respondeu rapidamente e piscou diversas vezes, tentando absorver tudo o que podia dela. Olhando-a de perto, percebia tudo o que havia mudado em sua aparência. Seu rosto mais fino, os ossos aparentes, algumas olheiras, olhos sem brilho,os lábios rachados pelo frio do Alasca e a pele mais pálida do que o normal. Nada parecia certo.

– Ela disse que faria isso - comentou e o homem percebeu que ela também o analisava.

– Você pode conversar? - perguntou timidamente, incomodado pela tensão entre ambos

– Eu acho que nós precisamos conversar - declarou e sugeriu que saíssem do hospital para isso. Caminharam lado a lado em silêncio até a praça em frente o local.

– Maria disse que você vai pra China - despejou sem cerimônias e a chinesa tomou duas respirações afiadas antes de responder:

– Foi pra isso que eu vim pra D.C.

– Pedir sua trânsferencia.

– Falar com você - disse sinceramente e recebeu um olhar confuso - Phil, eu não posso ir pra tão longe sem falar com você. Eu tenho muito pra dizer.

– Então diz Melinda, pelo amor de Deus - gritou em desespero e ambos agradeceram por a praça estar vazia - Eu venho esperando para que você diga alguma coisa há 10 anos.

– Você tem que ficar calado enquanto eu falar - pediu, e fez com ele se sentasse - Primeiro eu preciso pedir perdão por ter ido embora daquele jeito, e por ter te empurrado pra longe. Me perdoa. Segundo, eu não quero ir embora sabendo que você me odeia, e eu não quero ir embora sabendo que eu perdi meu melhor amigo pra sempre. E último, eu quero você de volta. Não como meu namorado, noivo ou marido. Eu só preciso de você como meu amigo, eu preciso saber que eu posso ligar pra você de madrugada, porque sinceramente, eu sinto falta disso todos os dias nos últimos dez anos. E eu sei que tudo isso é tão egoísta, mas eu não ligo, porque eu preciso - desabafou rapidamente e calou-se em seguida, espantada pela quantidade de palavras que dissera - Agora você pode dizer alguma coisa.

– Eu já te perdoei Melinda, no mesmo dia em que você foi embora. Eu nunca te odiei. Em todos esses anos, eu só te amei. E eu amo. Como amiga, como mulher, eu amo demais. - declarou lentamente e respirou fundo - Se é isso que você precisa, eu estou mais do que diposto. A qualquer momento que você quiser, eu vou ser sempre o seu melhor amigo.

– E você não liga para o quanto isso é egoísta? - perguntou insegura.

– Não é egoísmo quando duas pessoas querem - rebateu e ambos ficaram em silêncio, trocando apenas olhares, conversando mentalmente.

– Você quer comer uma pizza? - Melinda sugeriu, após minutos em silêncio absoluto, e Phil deu uma risadinha, sentindo que, finalmente, alguma tensão havia sido quebrada entre os dois.

– Eu adoraria Mel - respondeu como se disse tais palavras todos os dias, e deleitou-se com a sonoridade de seu nome em seus lábios. Mel. Mel. Mel.


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Notas finais do capítulo

Eis o porque esse capítulo é fundamental: a pergunta que eu me fiz quando escrevi há muito tempo atrás a história do Bahrein foi "como eles passaram desse abandono total da May para a relação normalzinha deles no início da série, sem antes uma conversa séria, ou no mínimo, uma conversa sincera?", pronto, eis a resposta. Espero que vocês tenham gostado.

Titia ama vocês