Eu a reconheci no instante em que coloquei os olhos em seu rosto. Nenhuma outra garota no mundo teria feições como estas.

Infelizmente ela também me reconheceu de primeira. Percebi pelo brilho em seus olhos e pelo pequeno sorriso que se abria devagar em seus lábios. Ela se levantou e percebi o quanto em pouco tempo ela mudara tanto. Quer dizer, não que eu tenha reparado em suas curvas nem nada.

–Percy Jackson? -Ela sorri quando se aproxima mais de mim.

–Anh... Desculpe, eu conheço você? -Minto.

Espero que você não me julgue por isso.

Cara, eu tenho medo só de pensar em Annabeth aparecendo por aquela porta e me pegando conversando com outra garota! Imagina se ela resolve dar uma der namorada possessiva logo no primeiro dia de aulas? Acho que Annie nunca superaria uma expulsão.

–Sou eu, Calypso.

–Ah... Oi.

–Ainda não se lembra? -Ela pareceu decepcionada quando sentou-se em cima de uma carteira. -Ogígia, Réveillon...

–Claro que me lembro, projeto de surfista! -Me rendi e abri os braços pra um abraço.

Aquela carinha irresistível me causaria problemas mais tarde.

–Seu idiota! -Ela riu e me abraçou apertado. -Pensei que não se lembrava.

–Como se lembrou de mim?

–É impossível te esquecer. -Ela falou para me flertar mas pude ver seu rosto ganhando uma coloração mais avermelhada a cada segundo. -Sabe, depois daquele beijo não consegui te tirar da cabeça. Esperava que voltasse á praia para os fogos de virada de ano mas você sumiu. Desde então tenho pensado em você por todo esse tempo. Perseu, eu me apaixonei por você.

Eu parei.

Parei de respirar, de pensar.

Eu até estava preparado para caso ela estivesse mesmo afim de mim. Todas as garotas que eu conhecia no colégio já estiveram afim de mim e sempre dispensei todas elas. Mas eu as dispensava com carinho e cuidado para que não se magoassem. Isso por que eu admirava como elas se perdiam em pensamentos e planos impossíveis para tentar me conquistar, era legal vê-las tímidas mas empenhadas.

Mas nunca nenhuma delas, mesmo que indiretamente, chegou e disse: "Perseu, eu me apaixonei por você".

Eu abri e fechei a boca várias vezes para tentar dizer alguma coisa. Seria legal se eu conseguisse dizer:

"Você é uma garota muito legal, mas não vai rolar. Entenda, não é você, sou eu. Mas olha só, nós podemos ser amigos, nos conhecer melhor. Vai ver que a gente nem tem muito em comum? Além do mais, você nem é pro meu bico, 'areia demais pro me caminhãozinho'"

Esse era o meu texto pronto pra dispensar garotas. Mas Calypso é diferente. Tão diferente que trai Annabeth a beijando. Tudo bem, eu estava bêbado, mas isso não é desculpa.

Eu acabei só assentindo com a cabeça e sorrindo desconfortável. Calypso pareceu ter recebido isso como um "eu também te amo", por que sorriu de orelha a orelha e se agarrou a meu braço me guiando até uma carteira ao lado da sua.

Dei graças a qualquer tipo de divindade existente quando o coordenador do curso entrou na sala.

–Sejam bem vindos, calouros! Meu nome é Dan, mas todos me chamam de "Poseidon" por aqui. -Depois de rir do próprio trocadilho ele continuou. -Eu sei, graça nenhuma, mas é melhor começarem a rir das piadinhas.

Todos rimos.

–Ótimo. -Ele fingiu uma cara fechada, riu e falou. -Espero que sejam muito bem acolhidos, eu estarei no bloco C pegando as inscrições para irmandades, entregando as chaves dos quartos e esse tipo de coisa a partir do término das primeiras aulas. Tenham um bom curso e um ótimo proveito das comodidades universitárias!

Se ele falou a última frase em tom malicioso, só eu peguei.