Número 002 escrita por roux


Capítulo 17
Nós vamos encontrar uma saída.




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Anúbis me olhou sérios nos olhos e engoliu em seco.

– Nós não podemos esperar até o dia amanhecer! – Eu disse sério.

– Mas... – Anúbis começou.

Eu me virei de costas e olhei para um ponto qualquer no escuro.

– Eu preciso que você faça uma coisa. Você irá mandar uma mensagem para o Gai!

– O que? Como eu faria isso e quem é Gai? – Anúbis disse sério e também levantou do chão. Ele ainda continuou ajoelhado desde que nos soltamos do abraço.

– Gai é um amigo... – Eu disse sentindo as bochechas queimarem.

– Amigo? – Anúbis perguntou meio acusador.

– Ele é um grande amigo. E eu preciso salvar ele! – Falei baixo.

– Cara, você ouviu o que aquela voz falou? A cabeça desse moleque está valendo uma passagem garantida e com vida para fora desse jogo. Todos devem estar caçando esse moleque agora, entendeu? – Anúbis disse e caminhou até mim, ele me abraçou por trás.

Senti o coração parar de bater. O abraço dele era caloroso, eu me sentia seguro ali.

– Eu sei... E por isso mesmo preciso salva-lo! – Eu disse mais baixo ainda.

– Akise... – Anúbis parou e pareceu pensar. – Eu vou ajudá-lo. Estou no jogo para jogar, né? Não importa se pra isso vamos ter de enfrentar jogadores malucos querendo matar qualquer um que vá contra os planos deles. – Anúbis riu.

– Você não precisa se envolver! Eu só preciso...

– Mas que porra, acha mesmo que vou deixar você sair sozinho no meio da noite? Pra procurar um cara que está marcado para morrer? – Anúbis disse bravo e então me soltou.

“Droga. Não me solte.” Pensei. Virei-me e olhei Anúbis. Ele então segurou minhas mãos.

– Não vou lhe deixar sozinho. – Anúbis disse baixo.

– Por quê? – Eu quase sussurrei.

– Não sei, mas acho que sinto algo por você. Sabe aquele lance de amor a primeira vista? – Anúbis confessou.

– A-Anúbis? – Eu gaguejei e olhei pra ele.

Anúbis sorriu.

– Não precisa dizer nada. – Anúbis falou e se inclinou para frente. Fechei meus olhos e achei que ele iria me beijar. Mas ele apenas tocou seus lábios em minha testa.

– Hmmmmpf. – Resmunguei meio frustrado.

Abri os olhos e olhei Anúbis que sorriu de forma sincera.

– O que precisamos fazer? – Anúbis perguntou.

– Primeiro você terá de mandar uma mensagem para Gai. – Eu disse sério. – Você terá que pensar em mim dizendo para que Gai me encontre na torre do relógio na cidade cinza.

Anúbis me olhou com cara de descrença.

– Pense nisso o tempo todo, certo? – Eu disse sério.

– Mas no que pensar vai ajudar? – Anúbis perguntou.

– Gai... Ele lê mentes. – Eu confessei.

– Porra, sério? – Anúbis pareceu pensar e então sorriu. – Legal! Mas e qual a segunda parte do plano?

– A segunda é conseguir chegar com vida até o local combinado. – Eu disse sério.

– Certo, e quando partimos? – Anúbis perguntou.

– Agora!

Anúbis me olhou e sorriu. Senti seus dedos deslizando por minha mão e ele segurou a mesma com força. Apertei a mão dele.

– Estou pronto! – Anúbis disse sorrindo.

– Vamos então. – Eu sorri também.

A noite estava escura e fria. Sentia meu corpo tremer enquanto caminhava ao lado de Anúbis. Ele não parecia se importar com o frio.

– Akise, nós temos de parar, você está congelando! – Anúbis falou sério.

– Não podemos! – Eu disse determinado, mas sentindo a voz tremer.

Ouvi um barulho.

– Faça silêncio. – Falei sério e baixo.

Anúbis ficou em silêncio e eu comecei a ouvir. O barulho recomeçou, pareciam correntes se arrastando no chão. Olhei Anúbis e ele me fez uma cara de “o que?”. Voltei a escutar, o som parecia ficar mais alto e mais perto.

– Eu acho melhor... – Comecei, mas me calei quando uma luz acendeu e eu vi vários homens de cabelos vermelhos. Os homens olhavam para baixo e tinham correntes penduradas nas mãos e nos pés. As correntes arrastavam no chão. Os homens se viraram para nós, todos de uma vez.

– AAAAAAAAAAAAAAAAAAH! – Gritei.

Meu coração parecia querer sair pela boca. Senti meu corpo inteiro arrepiar. Os homens de olhos vermelhos me encararam e sorriram.

– Kun? – Eu tentei, mas a voz quase não saiu.

– Akise, eu disse que nós iríamos nos reencontrar! – Um dos homens disse. Era a voz de Kun, era a voz do meu amigo que eu tinha matado.

– Você está morto...

– Não, Akise. Não estou! – Kun gargalhou. – Você está!

Os homens começaram a correr em minha direção, fechei meus olhos e o único som que eu podia ouvir eram os meus gritos se misturando com os sons das correntes.

Então tudo parou e eu senti um corpo me abraçar.

– Não me solta... Me solta! – Eu comecei a implorar sentindo as lágrimas descerem pela minha face.

– Akise. O que houve? Akise? – Era a voz de Anúbis.

Abri meus olhos e vi que Anúbis que abraçava com ternura.

– Onde eles estão? O-Onde? – Eu perguntei assustado.

– Eles quem? Não tem ninguém aqui. – Anúbis falou e olhou em volta a procura de alguma coisa.

– Amanheceu? – Eu perguntei agora notando que não estava mais escuro.

– Sim! Nós paramos para dormir, descansar... E você me acordou aos gritos. – Anúbis disse sério e então passou a ponta do dedo em meu rosto secando minhas lágrimas.

– Mas...

– Foi só um sonho. – Anúbis disse.

“Não foi um sonho.” Ouvi em minha cabeça.

Fiquei calado em silêncio.

“Viu do que eu sou capaz, Akise?”

Continue calado sentindo meu coração acelerar.

“Eu sou capaz de manipular você da forma que eu quiser...”

Não... Eu pensei.

“Não adianta fugir, ou tentar ser bonzinho. Você irá cumprir o propósito para qual foi criado.”

“Propósito?” Arrisquei.

“Sim, um propósito” A voz me respondeu.

“Mas...” Eu tentei.

“No momento certo você vai entender.”

– Akise? – Anúbis perguntou preocupado.

– Sim? – Eu olhei para ele. – Nós precisamos ir!

Anúbis balançou a cabeça afirmativamente e então levantou. Ele me estendeu a mão. Sem demora agarrei sua mão e levantei do chão.

Diferente da noite passada o calor estava de matar. Eu sentia meu corpo suar, minha garganta seca doía, olhei para Anúbis ele não parecia melhor que eu. Apesar de o sol não ter aparecido, a luz vermelha que vinha do céu queimava a minha pela com força.

– Precisamos... – Anúbis começou.

Aprontei para frente.

– Ual! – Ele disse.

Entramos pelo grande portão da cidade cinza. Olhei em volta a procura de lobos, mas tudo parecia tranqüilo.

– Precisamos correr, tome cuidado e em caso nenhum solte a minha mão! – Eu disse sério.

Anúbis segurou minha mão com força e começamos a correr em direção à grande torre. Diferente do que eu achei, a cidade estava tranqüila, nada de lobos.

Chegamos à torre. Estava sombra pelo menos.

Olhei em volta a procura de Gai.

Então ouvi.

– Demorou, achei que tinha sido enganado!

– Gai! – Eu disse sorrindo.

Então Gai, Laura e W saíram das sombras.

– Eu... – Comecei, mas parei quando vi Gai olhar direito para minha mão que ainda segurava a mão de Anúbis.

– Gai... Esse é Anúbis! – Eu disse, Gai sorriu de forma nada sincera para Anúbis. – Anúbis, o de cabelos longo e preto é Gai. O garotinho é W, e a moça é Laura.

– Prazer! – Anúbis disse sorrindo.

– Oi. – W disse. Olhei direito para ele e vi suas bochechas corarem, com certeza ele havia caído nos encantos de Anúbis.

Não pude deixar de sorrir. Mas Gai me interrompeu nos meus pensamentos.

– Nós precisamos sair desse jogo maldito. Essa droga toda vai desmoronar... – Ele me olhou no fundo dos olhos. – E eu tenho um plano.


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