Quando chegamos em casa tentei dormir na sala em mais uma de minhas tentativas, mas a mãe do Jason é maluca e sonâmbula. Sempre fica me empurrando pro quarto do Jason. Ela sempre diz que a casa foi feita sob medida e que não tem quarto de visitas. No fim sempre acabo naquele quarto.

– Vai ter que dormir comigo de novo! – Cochichou subindo as escadas. – Mas eu sei que você gosta!

– Ei! Eu sou obrigada ok?!? Sua mãe parece uma sombra! – Cochichei tirando os calçados e subindo as escadas logo atrás.

– Ela não é tão burra quanto parece. – Já tínhamos entrado no quarto e eu me atirei na cama toda desajeitada mostrando a minha total preguiça e cansaço afinal são 3:30 da manhã! Mesmo com toda minha não vontade de levantar fui até o banheiro e coloquei meu amado pijama do Pikachu (extremamente fofo, como eu! Eu sou muito modesta eu sei!)

Voltei para o quarto me deparando com Jason sem camisa e só com uma calça moletom cinza.

– Rachel, pare de babar! – Falou rindo da minha cara. Mas eu não estava babando tá?!? Pelo menos eu acho que não...

– Bom, aviso prévio, fique bem longe de mim! – Falei me deitando.

– Porque eu faria isso? É você que está dormindo na minha cama querendo me seduzir – Respondeu e eu gargalhei.

– Muito engraçadinho você, definitivamente palhaço será o único emprego que você vai se encaixar! – Ironizei e ele apenas riu e bufou deitando ao meu lado, bem perto...perto até demais!

– Ei vai pra lá. - Eu estava deitada de lado e de costas pra ele e nesse momento ele me puxou só pra me irritar, ficando em “conchinha”. Tentei me soltar de qualquer maneira mas ele era imune aos meus ataques ninja supersônicos. Cansada de me debater me rendi e lancei minha bandeirinha branca imaginária pegando no sono quase que imediatamente.

XXX

Acordei com Jason me dando travesseiradas contínuas. Estava meio zonza ainda quando vi um monte de penas voando ao meu redor e pensei estar sonhando. Pena que eu estava enganada e era só o Delinquente mental com quem eu estou vivendo.

– Acorda abelhinha! Estamos atrasados por sua causa! Você parece uma pedra dormindo, é quase impossível te acordar! – Falou com cara de sono.

– Ta já acordei, pare de me bater! Olha o estado que você deixou isso aqui. Sua mãe vai te comer vivo e dar os ossos pros cachorros, foi um desprazer te conhecer! – Falei botando a mão no ombro dele e fazendo uma cara de triste (mais pra fingida do que qualquer outra coisa!)

– Se arruma rápido dona preguiça – Falou debochado e saiu com mochila e tudo mais.

Desci, mordi uma maçã e corri atrás do Jason que estava me esperando na porta da sala.

Chegamos na escola e estavam todos quietos cochichando quando nos viram. Na verdade eu nem liguei porque eu sabia que a Traicy havia espalhado que estávamos “namorando” pro mundo inteiro.

– Bom bem-vindo aos nossos novos admiradores! – Falei ironicamente.

Entramos na sala e sentimos uma aura estranha já que estavam todos quietos e havia uma professora diferente.

– Então você é a popular Rachel que sempre se atrasa e nunca faz nada, muito prazer – Falou a velha rabugenta me encarando.

– Que nada, o prazer é meu! – Ironizei e fui sentar. Pude ouvir as risadas ao meu redor depois do meu comentário. Qual é! Eu ainda sou a mesma Rachel! Coloquei meus simples fones pretos e pus minhas pernas em cima da classe admirando a janela. Mas alguém tirou minha alegria quando senti meu Have Metal ficando mais longe do meu ouvido.

– Senhorita Rachel, o uso de celulares está proibido na sala de aula. Me entregue e poderá tê-lo de volta quando um responsável por você vier busca-lo. – Falou e eu comecei a gargalhar em deboche.

– Nem morta! Agora se me dá licença suas rugas estão me dando a visão do inferno... se importa de sumir da minha frente?!? – Falei fazendo sinal pra ela sair.

– Está de detenção Senhorita! Só sairá daqui as três horas da tarde! Roger leve-a para sua devida sala! – Falou com total raiva. Aquela velha gorda e enrugada acha que pode me prender nesse lugar! Acho que ta todo mundo pirando...

Um cara que mais parecia um lutador de sumô roqueiro apareceu...então esse era o Roger? Tinha cabelos totalmente negros e olhos da mesma cor, estou em um filme de terror ou é impressão? Aquela barba dele descia quase do cérebro até o dedinho do pé! Era gigante como seu cabelo! Temos um lutador de sumo que é judeu, crente e roqueiro aqui, socorro! Realidade dolorosamente chamando Rachel...

– Venha me pegar Sr. Bola! – Comecei a correr por cima das classes fazendo com que o cara das gorduras em alto relevo corresse (tirando força não sei de onde) e me alcançasse e me deixasse pendurada pelas pernas. – Eu não vou me render tão fácil!

– Pare de alarmar Senhorita, está causando confusão na minha sala de aula! – Falou exasperada.

– Não vi seu nome nela! Me largue Judeu insolente! – Gritei tentando me soltar a qualquer custo. Ninja da batata-frita! Me de forças para enfrentar este poderoso chefão quase invencível! Preciso passar pro nível das rosquinhas dançarinas!

– Roger já pode leva-la, e Pare de gritar asneiras Senhorita Rachel. – Roger começou a caminhar em direção a porta da sala...continuei me debatendo até que a raiva tomou conta de meu pequeno ser.

Vi que Jason estava perto da porta e tive uma ideia. Não ia me tirar daquela situação mas ia ser divertido.

– Jason me jogue a tesoura que está na mesa do lado. – Falei baixinho e como Jason é um bom entendedor, entendeu! Manja dos cochicho.

Enquanto o Roger me levava até a sala da detenção peguei a tesoura e comecei a cortar os cabelos carvão e sedosos com muito prazer e com um sorriso diabólico estampado no meu pequeno e pálido rosto angelical (eu não me acho tá! Sou muito humilde e caridosa porque vou vender esses cabelos pra alguém fazer uma ONG “carecas vivendo um sonho”).

– Gosta de cabelo Chanel? – Perguntei ainda pendurada.

– Por que a pergunta? – Falou indiferente e com uma voz extremamente grossa.

– Porque é o que vai ter de agora em diante! – Falei rindo e ele me soltou correndo (daquele jeito gordinho sexy correndo em câmera lenta e suas banhas quicando em sintonia) para algum lugar desesperado.

Eu sai correndo em direção a entrada e me deparei com outro soldado, quer dizer, não sei bem o que era. Ele me barrou a saída.

– Parado soldado! Estou armada! – Falei apontando a tesoura em sua direção.