No Need to Say GoodBye escrita por Céu Costa, Raio de Luz
Pov. Cristal Hale
Eu me levantei da minha cama. Estava no meu quarto outra vez, no meu apartamento em NY. O sol brilhava lá fora.
Eu caminhei até a sala. Charles e James jogavam Resident Evil no x-box one do Charlie, e meu maninho tava mandando muito bem.
– 245 ... 246 .... 247... - Jimmy contava seu número de zumbis mortos.
– 313 ... 314 ... 315 ... - Charlie humilhou.
Eu me aproximei deles, e sentei no sofá. Se Jimmy está aqui, é sinal de que hoje é sábado, dia do video-game. Bem, parece que vou ter que aturar sangue de zumbi na televisão o dia inteiro.
– Eu fiz pipoca! - Jamie apareceu, de pijama, na porta da cozinha.
Charlie parou de jogar na hora, analisando as pernas da minha melhor amiga, e seu avatar foi morto por uns cinco zumbis famintos. Jimmy deu um belo tapa na nuca do amigo, acordando-o do transe.
– Vou buscar coca-cola. - Charlie foi até a cozinha.
Quando voltou, olhou denovo para as pernas de Jamie, tropeçou e jogou refrigerante em todo mundo.
– Meu sofá branquinho, seu retardado! - eu berrei, furiosa.
– Calma, Christy! - Jamie levantou-se, rindo - Eu aprendi um truque pra limpar isso aí rapidinho!
– Eu vou com você! - eu falei, seguindo-a.
Ela atravessou a porta da cozinha, e entramos em uma rua muito movimentada. Jasmine correu até metade da rua, e parou, sorrindo, me chamando para segui-la. Eu ouvi a buzina do caminhão.
"Não é quem você é, Christy." Eu ouvi a voz do meu pai. "É o que você faz."
Eu tentei gritar, mas minha voz não saía. Jasmine olhou para mim, assustada. Estendi minha mão, e ela segurou meu pulso. E então eu puxei. "É o que você faz."
Abri meus olhos. Lúcia segurava meu pulso, e movia minha mão para cima e para baixo.
– Só pra constar... - eu falei - Ainda dói.
– Desculpe. Só queria saber como está. - ela soltou minha mão.
– Bom, - eu me sentei na cama - Não foi um estrago muito grande. Acho que em algumas horas já poderei me mover normalmente.
– Então, - ela pegou uma faixa na gaveta do criado mudo - ele vai ficar em repouso até você poder movê-lo normalmente.
Ela enfaixou meu pulso e minha mão, e com o resto da gaze fez uma tipóia para o meu braço. Depois, ela me ajudou a trocar de roupa, e eu vesti um vestido lilás, com desenhos bordados em roxo no corpete.
– Nossa.... - ela disse, me olhando - Tão.... Susana....
– Quem? - eu perguntei, me olhando no espelho.
– Esquece.
Lúcia parecia uma mãe super-protetora. A cada passo, cada porta, cada degrau, ela me fazia ir mais devagar, me segurava, dizia "cuidado, Cristal, cuidado" o tempo todo. Aquilo estava me irritando. Poxa, eu machuquei o braço, não as pernas, muito menos a coluna! Pare de me tratar como bebezinho!
Finalmente (!!!!!!!!!!!!!!!) chegamos à copa real. Já não aguentava mais esse drama todo. Mas, como tudo nessa vida vem com um toque de ironia...
– Como se sente? - Tirian me perguntou.
– Não achei que estava tão feio assim! - Rilian deu o maior "apoio moral".
– Minha nossa! - resumiu-se a reação de Edmundo.
Caspian deu um belo tapa na nuca de Pedro, como quem diz "imbecil!".
– Eu vou voltar pro meu quarto. - me virei para sair.
– Não vai, não! - Lúcia me segurou.
Por livre e espontânea PRESSÃO, sentei-me ao lado de Lúcia na mesa. Permaneci de cabeça baixa o tempo todo, não sei bem se era vergonha, ou preguiça de encarar os outros, que com certeza estavam me olhando.
– Quer ajuda? - Pedro ne perguntou, preocupado.
– Só tem um muffin e suco de laranja. - eu olhei para o meu prato - Quer me ajudar a quê? Mastigar?
Pude ouvir todos na mesa rirem, com ênfase especial em Caspian.
– Eu ajudo! - Rilian ofereceu-se tão "cavalheiro".
Ele tentou pegar o muffin do meu prato, mas eu espetei a mão dele de leve com o garfo.
– Nem vem que não tem, vovô! - eu repreendi - Por que não pega uns da travessa?
– É mais gostoso do prato... - ele choramingou - Tá, eu pego da bandeja mesmo...
– Como será que está Aurora? - Tirian perguntou inocentemente - Ela estava tão triste ontem...
– O que aconteceu? - eu perguntei, e vi Lúcia dar uma bela cotovelada em Tirian.
– Pergunte a ele. - Caspian resmungou, desgostoso.
– A mim?! - Rilian arqueou a sombracelha.
– Ela não caiu na fonte, foi derrubada! - Caspian esbravejou.
– E desde quando a culpa é minha? - Rilian ignorava o pai completamente.
– Foi você quem jogou ela, não negue, eu vi! - Caspian berrou.
– Ora, faça-me o favor! - Rilian desdenhou - Não quero ter essa discussão ridícula denovo.
– Você a magoou! Só por que não aceita meu casamento não quer dizer que deva tornar a vida de minha esposa um inferno! - Caspian retrucou.
– Parem com isso! Os dois! - Edmundo gritou - Que ridículo, dois sobreanos de Nárnia brigando feito cão e gato! Nem os calormanos são tão ridículos!
– Eu não brigaria, majestade, se ele me escutasse! - Rilian resmungou.
– Eu é que sou o pai nessa relação! - exaltou-se Caspian - Eu não preciso ouvir você, e nem ninguém!
– Nem ninguém. - Edmundo repetiu.
Caspian olhou para ele, atônito. Agora se tocara da burrada que fizera.
– Você pode até ter ido até o fim do mundo, mas ainda somos Os Soberanos. - Edmundo ficou de pé, fazendo Lúcia e Pedro levantarem também.
– Eu achei que você já tivesse aprendido isso. - Pedro falou.
Eu olhava para todos eles. Agora é que vai rolar porrada pra tudo que é lado. Caspian tá ferrado mesmo.
Rilian também olhava para eles. Ele pensava a mesma coisa que eu. Ao olhar para ele, ouvi na minha mente a voz da Srta. McIntosh, PhD em Psicologia Familiar: nunca, jamais, em hipótese alguma, corrija o pai na frente do filho. Isso quebra a autoridade.
– Olha, Lúcia, - eu me levantei, caminhando em direção à saída - vou voltar pro meu quarto porque eu não gosto de ver briga e ...
Logo estava indo de encontro ao chão outra vez. Não foi de propósito, eu juro, mas fucionou.
– Estou começando a achar que você não consegue se cuidar sozinha, sereia! - ouvi a voz de Rilian.
Ele correu me acudir, e me segurou, ajudando-me a levantar. Eu vi Pedro tentar sair do lugar, mas Lúcia o segurou.
– Não. - ela sussurrou - Pode falar com ela depois.
Eu saí da copa, sendo ajudada por Rilian. E Pedro me seguia com o olhar, o que me cortou o coração um pouquinho.
– Eu sei o que você fez. - Rilian disse, de repente.
– Credo, vovô! Que frase horrível! - eu falei - Parece o nome de um filme de terror que eu assisti uma vez "Eu sei o que vocês fizeram no verão passado".
– O que é filme de terror? - ele perguntou - Esquece, o que importa é que eu sei o que você fez.
– Eu sei que você sabe o que eu fiz, - eu provoquei - mas o que eu quero saber é o que você sabe que eu sei que você sabe que eu fiz!
– Você sabe que.... - ele ficou um tempo pensando - que eu já não entendi mais nada, né?
– Claro! - eu sorri.
– Certo, só conferindo mesmo... - ele falou, me fazendo rir.
Caminhamos até o estábulo, onde Pluma e seus filhos nos esperavam para ir ao jardim. Rilian caminhou confiante até Pétrio, mas eu o segurei. Tem algo errado.
– O que foi? - ele perguntou, me olhando.
– Tem alguém vindo.
Rilian voltou, relutante. Nós ficamos do lado de dentro, observando. Não era um soldado, era Valentiny. Mas ela não parecia querer ser vista.
– Muito bem, Guaia. - ela se aproximou da égua parda - Eu preciso que me leve para além das montanhas.
– Não senhora. - a égua respondeu - Fui treinada para ser apenas da Rainha Lúcia.
– Tá, tá, eu já ouvi essa história. - ela retrucou - Eu preciso que me leve e bem depressa.
– Não, a senhora não entendeu! - a égua retrucou - Eu não posso...
– Eu tenho permissão, tá bem? - Valentiny sussurrou - Eu tenho permissão da Lú... da Rainha Lúcia, para você me levar.
– Tem mesmo? - a égua perguntou, desconfiada.
– Tenho, agora vamos logo. - Valentiny montou - E silêncio.
Guaia ergueu voo.
– Rápido, temos que segui-la! - eu saí, correndo até Pétrio.
– Calminha aí, sereia! - ele me segurou - Por que quer seguir ela?
– Olha, vovô, eu não sei se você notou, mas a atitude dela era muito suspeita! - eu retruquei - E ela mentiu pra Guaia!
– Como você sabe? - ele cruzou os braços.
– Estive com Lúcia a manhã toda, e em nenhum momento vi Valentiny pedir nada para ela! - eu pus a mão na cintura - E sabe de uma coisa? Sou estudante de Psicologia! Sei muito bem quando uma pessoa está mentindo!
– Pscico.... o quê? - ele perguntou.
– Esquece. - eu montei em Pétrio - Você acredita em mim, não é, Pétrio?
– Com minha vida, minha senhora! - ele respondeu.
– Tá bom, tá bom! - Rilian montou, sentando atrás de mim - Mas eu ainda não concordo.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
E aí, para onde será que ela vai?