No Need to Say GoodBye escrita por Céu Costa, Raio de Luz


Capítulo 27
Conversa paralela


Notas iniciais do capítulo

Hum, Verita pode ser muito mais do que apenas Verdade...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/549887/chapter/27

Pov Cristal Hale

Enquanto os meninos (e Lúcia) trocavam elogios sobre masculinidade e calças, eu me afastei um pouco, sentando sob a sombra de uma árvore próxima. É muito engraçado ver eles conversando. Sei lá porque, gosto de observá-los.

– Aqui, meu rei, seu arco... - Verita entregou arcos para todos - Para Rainha Lúcia... Príncipe Caspi... desculpa, Rei Caspian... Lady Cristal, vai querer?

– Eu estou bem, obrigada! - eu respondi, e ele sorriu, saindo.

Pouco tempo depois, ele retornou, carregando uma única aljava com flechas comuns. E fixou-a no chão, de modo que todos pudessem pegar flechas dela.

– Se precisarem de mim, eu estarei perto dos estábulos. - ele disse, saindo. Tem alguma coisa nesse cara que me intriga...

– Verita! - eu chamei.

– Lady Cristal? - ele parou, e caminhou na minha direção.

– Eu...ahn... não estou muito a fim de ficar sozinha. Me faz companhia? - eu perguntei.

– Claro! - ele sorriu.

Ele se aproximou de mim, e sentou do meu lado. Ele é um rapaz jovem, mas aparenta ser levemente mais velho do que Pedro. Tem cabelos ruivos e olhos castanhos, e sardas suaves no nariz. Uma graça.

– É Verita, não é? - eu perguntei - Eu acho que estou pronunciando errado...

– Na verdade, Lady Cristal, é Richard Frederic Wood. - ele falou, fazendo eu me espantar.

– É do meu mundo?! - eu sorri, empolgada.

– Sou de Eastbourne, Sul da Inglaterra. - ele explicou - Mas meu pai era Embaixador Inglês nos Estados Unidos.

– Filho de embaixador? Que legal! - eu me empolgava, fascinada com a história desse cara - Olha, você vai me achar muito intrometida, mas adoraria se você me contasse um pouquinho de você. Pode? Eu queria muito saber... - eu pedi, quase implorando.

– Ah, o que o velho Verita pode te contar... - ele começou a falar - Eu nasci em 1920, sou o filho mais novo de cinco irmãos, eu estudei na escola St Eastbourne de Cipriano, Eton College e New College, Oxford. Eu me tornei adido honorário na embaixada britânica em Roma, em 1940, e em 1941 ganhei o posto de tenente do King's Royal Rifle Corps. Lutei no Oriente Médio entre 1941 e 1943 e fui gravemente ferido, perdendo as duas pernas em ação. Meu irmão mais velho, Peter Wood foi morto em ação no Egito em 1942.

– Nossa, parece uma história um tanto triste... - eu suspirei.

– Na verdade, eu era e sempre fui um intelectual, contanto que me tornei Adido Honorário aos 20 anos. Gostava muito de ler e era bom estrategista. - ele suspirou - Mas, depois que eu perdi as pernas, meu pai me mandou retornar para casa dele. Sabe, eu tinha acabado de perder as pernas, e meu irmão, estava muito triste, eles concordaram que era o melhor para mim ficar um pouco em casa, em Washington.

Ele contava, olhando atentamente para o pessoal. Lúcia atirara sua primeira flecha, e esta ficou a pouco centímetros do centro do alvo.

– Depois de uns meses em Washington, meu pai se encarregou de cuidar da família Pevensie, pois eram os últimos a conseguirem cruzar o Atlântico antes dos alemães fecharem o oceano. A princípio, vieram apenas Coronel Paul Pevensie, sua esposa Helena, o Pedro e uma moça. Pedro logo se tornou meu melhor amigo, nos meses que se seguiram. Eu adorava conversar com ele, a gente passava horas e horas discutindo e conversando, planejando estratégias sobre o estado atual da Guerra. Éramos quase a Comissão de Guerra, por assim dizer. - ele se riu - Alguns de nossos conselhos, aliás, foram bem úteis para meu pai e o verdadeiro conselho, que discutiam e às vezes até pediam nossa opinião. Imagine só, eu com 25 e Pedro com 18, duas crianças praticamente, dando conselhos para os maiorais do governo!

– Wow, isso deve ter sido divertido! - eu ri.

– Ah, e como era... Eu adorava o tempo que eu e Pedro passávamos juntos... Era como se eu esquecesse de tudo: meu irmão morto, estar em uma cadeira de rodas... Eu era um garoto normal, com um amigo tão inteligente quanto eu. Foi uma grande alegria para mim chegar em Nárnia e ver que eu podia andar denovo.... Mas como Aslan disse, quando lhe perguntei como isso era possível, aqui em Nárnia somos nossa alma verdadeira. Aquele corpo era só corpo. - ele falou - Depois que os alemães liberaram o Atlântico, o meu amigo retornou por pouco tempo para a Inglaterra, terminando assim a faculdade de Direito, em Cambrigde. Nesse período, fiquei sabendo que ele se hospedou na casa de um Historiador, conhecido como Professor Diggory Kirke. Meu pai e minha mãe meio que me empurraram para Srta Pevensie, que devo dizer, era uma graça. Cabelos negros, olhos brilhantes, pele alva, lábios vermelhos... Ela me encantava, com seu jeito sutil e suave, mas ao mesmo tempo, tão inteligente e culta. Adorava passar horas comigo na biblioteca da Embaixada, e tocava piano quase todas as noites... Nos tornamos tão próximos...

Eu podia observar seu rosto corar lentamente, à medida que ele falava dessa dama Pevensie misteriosa... Aposto que era Susana. Mas se ela era tão encantadora, o que será que fez com que ninguém fale dela abertamente?

– Bem, meu amigo retornou cerca de alguns meses depois, trazendo consigo dois adoráveis jovens, Edmundo e Lúcia, respectivamente. Eram muito divertidos, e logo Edmundo opinava em nosso Conselho de Guerra Particular, por assim dizer. - ele continuou - Eles também mencionavam discretamente palavras estranhas e aparentemente aleatórias, como guarda-roupa, castelo, mar, leão, navio, coisas assim. Até o dia em que resolveram me contar sobre Nárnia, este mundo pelo qual eu fiquei particularmente fascinado. Adorava ouvir os contos deles sobre terras longuínquas, batalhas épicas e seres mitológicos. A pessoa mais empolgada com tudo isso era Lúcia, claro, que sempre arrumava um jeitinho de meter Nárnia e Aslan em tudo. Mas a dama Pevensie.......

– Verita! - Pedro o chamou - Pode nos trazer mais flechas? Caspian acabou com todas!

– Sim senhor! - ele se levantou rapidamente.

Depois disso, eles ficaram chamando ele, e Verita foi obrigado a correr de um lado pro outro o tempo todo. Mas uma coisa ficou martelando na minha cabeça: como Verita veio parar aqui, e por que Susana não está aqui também?

– Oi minha Lua! - Pedro sentou do meu lado - Que está fazendo?

– Nada. Não vai jogar mais? - eu perguntei.

– Cansei, não é tão divertido sem você. E além do mais, Caspian consegue ser pior do que eu! - ele comentou, me fazendo rir. Mas depois de alguns minutos observando eles, contatei que era verdade: Caspian é péssimo mesmo!

– Pedro... posso fazer uma pergunta? - eu falei.

– Claro, Lua! Que foi? - ele respondeu.

– Verita me contou que o nome dele é Richard Wood. - eu comentei, e ele pareceu ficar um tanto nervoso... - E que era filho do Embaixador Inglês...

– Aonde quer chegar? - ele me cortou.

– Bem... é que eu não entendi qual é a do tal Verita...– eu disse, e pude ver um suspiro de alívio em seu rosto.

– Isso é porque ele era muito intelectual. Falava latim quase que o tempo todo. - ele comentou - Ele teve uma vida longa ao lado de... sua esposa, e morreu aos 82 anos. As últimas palavras dele foram Veritate probat ut sit Verita es. A verdade prova que é verdade.

– Bonito. - eu comentei - Vou estampar uma camiseta com essa frase.

– Ficaria mais bonito pintado na parede. - ele sugeriu - Se quiser, te ajudo a pintar...

– Hum, agradeço a oferta, mas hoje a agenda tá um pouco cheia... - eu disse, fazendo-o rir.

– Não tem como arrumar um horário? - ele me abraçou de lado.

– Não, segundo minha agenda, Lúcia vai me chamar para começarmos a nos arrumar para à noite em.... 3 .... 2 .... 1..... - eu contei.

– Cristal! - ela gritou, se aproximando - Tá na hora!

– Viu? Eu disse. - eu me levantei, fazendo-o rir.

– Vamos, eu já até sei o que você vai vestir hoje.... - ela falou, animada, me puxando para o castelo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hum... o filho do embaixador... Verita é mesmo mais do que aparenta!...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "No Need to Say GoodBye" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.