E se...? escrita por Nicoly Faustino


Capítulo 5
Capítulo 4




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Jack Lanster, está parado em frente à minha porta, com um sorriso maldito no rosto, e um buque de flores nas mãos. Quero gritar com ele, ou fazer qualquer outra coisa. Mas apenas fico parada, como uma estátua estupida, olhando para ele, e sentindo o suor escorrer em meu rosto.

– Não vai me convidar para entrar Emy? – ele pergunta. - Não seja tão sem educação.

– É, meus pais estão trabalhando. Não é uma boa ideia você entrar – digo ríspida.

Ele abre espaço ao meu lado, e entra como se eu não tivesse dito nada.

– O que temos para o almoço, estou com tanta fome – ele diz, indo para a cozinha.

– Jack, como você chegou tão rápido? Você não entendeu a parte que eu disse que não era boa ideia você entrar?

– Você faz muitas perguntas. Entendi sim, não sou burro. Mas eu queria entrar. Vá se acostumando, gosto de fazer o que bem entendo. E, respondendo a sua outra pergunta, eu já estava vindo para cá. Não gosto de esperar também.

Pronto, aquele sorriso está em seus lábios de novo. Fico calada, sem saber o que fazer. Fecho a porta e ficamos nós dois, nos encarando.

– Essas flores, são para mim? – pergunto, percebendo como é lindo o buque em suas mãos.

– Não se ache tão importante. Claro que não são para você. Esse buque é para sua mãe. Ela disse que ama flores, e como eu trabalhei um tempo numa floricultura, entendo um pouco do assunto. Colhi algumas das casas dos meus vizinhos. Acho que eles não iriam se importar.

– Hum. Bom, vou pegar as suas roupas, devem estar nos fundos.

Me virei, e fui andando até o quintal dos fundos, sentindo Jack atrás de mim.

– Uau! Sua mãe não disse que o jardim era tão lindo assim – ele exclama.

Olhei para aquela aquarela de flores, e me dei conta de que nem eu mesma havia reparado nesse jardim, que minha mãe usa todo o tempo livre para cuidar.

– Domingo quando eu vir aqui, vou dar uma ajuda para sua mãe. É difícil manter algo tão belo, bem cuidado.

– Jack, quem disse que você virá aqui domingo? Sente-se aqui por favor, precisamos conversar.

Ele me acompanha, e nos sentamos em um banco de madeira, que meu pai fez a muitos anos atrás.

– Você não pode ficar frequentando minha casa assim. Eu não tenho interesse em você. Muito pelo contrário. É Jessy quem gosta de você. Ela é uma garota muito legal, e você deveria dar uma chance a ela.

Ao dizer essas palavras, um peso saiu de minhas costas, e foi direto para meu coração. Ele me olha, aparentemente incrédulo. Tenho medo do que ele venha dizer a seguir. Depois de dar um longo suspiro, ele começa a falar, calmamente.

– Emilly, eu vou ser bem sincero com você. Eu jamais me interessaria por Jéssica. E se eu quiser vir aqui todos os dias, eu virei. Seus pais deixaram bem claro que eu seria sempre muito bem vindo aqui. Mas, antes de eu continuar, me responda apenas uma coisa. Você não sente mesmo, nada por mim?

Engulo seco. Olho para minhas mãos. Socorro. Eu não serei capaz de mentir tão descaradamente assim.

– Jack... Eu... – Sinto meu rosto corar, à medida que tento achar as palavras adequadas. – Não é que eu não...

– Pare. Não precisa dizer mais nada. Quer que eu responda agora, se eu sinto algo por você?

Balanço com a cabeça negativamente.

– Mas eu irei dizer de qualquer forma. Lá na praia, quando eu te vi se aproximar, eu tive a certeza de que eu estava apaixonado. Foi muito estranho, eu fiquei bem nervoso. Eu nunca me senti assim por ninguém. Eu sei que você sente o mesmo por mim. Pelo modo como você me olha. Pelo modo como você começa a suar quando eu me aproximo. Eu não sei, se o que eu sinto por você é amor, pois faz dois dias que eu te conheço. Mas sabe quando você parece conhecer a pessoa sua vida toda? Parece ter ficado esperando por ela todo esse tempo? Eu soube disso quando te vi. Eu não vou deixar você fugir de mim.

Minha cabeça está girando. O ar de meus pulmões sumiu. Achei que fosse desmaiar. Agarrei a mão de Jack, procurando um apoio. Ele a apertou enquanto me olhava, intensamente, esperando por uma resposta.

– Jack... Eu não... Eu não consigo entender direito tudo isso. Você mexe comigo sim. Isso parece ser bem visível. Mas... O que é o amor? Não posso deixar me levar, acabar com uma amizade de anos, só porque você acha que gosta de mim. Só porque eu acho que gosto de você. Isto não está certo.

– O que não está certo, é eu ficar longe de você, sendo que tudo o que eu quero, é estar ao seu lado.

– Jack, chega. Eu não posso. Por favor, vá embora.

Olho para seu rosto, sem saber se vale a pena eu desistir desse garoto. Meus olhos estão queimando. Ele parece ligeiramente abalado com o que acabei de dizer. Mas antes que ele faça o que pretende, me esquivo e dou um tapa em seu rosto.

– Você é realmente maluco – grito. Me levanto abruptamente - Você não escutou nada? Eu não quero, não posso. E você ainda tenta me beijar? Dê o fora daqui, e nunca mais apareça está ouvindo?

– Emy, se acalme – ele diz, segurando meus braços.

– Saia. Agora – grito.

Ele me olha, e parece que seus olhos inabaláveis, estão marejados.

– Você não pode fugir para sempre Emilly. Eu não vou desistir de você.

Ele se vira e sai. Quando escuto a porta bater, sento no chão, e sinto lagrimas brotarem de meus olhos. Fico pensando se fiz a escolha certa. Avisto algumas roupas delicadamente dobradas em cima da máquina de lavar. Me levanto para pega-las, sabendo de quem elas são. Abraço aquelas roupas, como se elas fossem o próprio Jack. O cheiro de amaciante faz meu nariz coçar. Desejo tristemente que houvesse sobrado pelo menos um pouquinho do cheiro dele, algo a que eu pudesse me apegar.


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