16 anos recém-completados, é isso tudo o que eu tenho e mais nada a acrescentar... Nenhuma daquelas histórias emocionantes de sair a noite escondida com as amigas, nada de drinks escondidos e também nada de romances. Para falar a verdade os únicos romances que eu já vivenciei foram através dos livros e dos filmes que não canso nunca de ler e ver. Sem contar que a hipervigilância que meu pai adquiriu a partir que as palavras puberdade e adolescência começaram a brotar lá em casa não ajudam em nada para que o famoso acaso possa acontecer na minha vida... Isso somado ao fato de que todo aquele açúcar que me cerca através dos livros, seriados e filmes fez de mim uma tola romântica incorrigível que não se adequa muito bem aos padrões que existem hoje em dia, onde o hit na boca das pessoas é: “Se eu te pegar..” e a maior demonstração em um relacionamento é mudar o status do relacionamento nas redes sociais... Em algum ponto Catê realmente deve estar certa, devo ter nascido na época errada.

Apesar de todas essas fofuras, como descreve Analu, eu gosto de dançar... Esse, na verdade, era o ponto onde eu queria chegar. De todas as proibições absurdas que foram estabelecidas lá em casa a que mais me tira do sério é essa, “Você é uma criança minha filha, vê lá se vou deixar você sair pra ter aqueles filhos de uma pastora em cima de você... Eu não nasci ontem Olívia, sei muito bem o que acontece nesses lugares e você nem tem idade para entrar em boate...” e seu Marcel continuou com o discurso inflamado por mais meia hora, mas enquanto somente metade da minha concentração estava no que ele estava falando e a outra metade estava no Kick Buttowski, desenho que o meu irmão assistia, eu encontrei uma brecha... E a ideia se formou como peças de quebra-cabeça. Naquele dia triunfante consegui convencer meu pai a me deixar sair com as meninas no meu aniversário, como presente, e não seria mais um problema já que legalmente eu teria idade para entrar e, portanto não seria mais considerada uma criança, o coitado ficou meio sem argumentos já que eu usei uma citação dele e acabou concordando. As meninas disseram, quando eu contei no dia seguinte, que as minhas discussões com o meu pai mais pareciam acordos de contrato e que eu devia conversar mais com o tio Fernando e com o tio Carlos para elas conseguirem sair de casa mais vezes.

Bom, moral da história: cá estou eu, na fila da Voilá, a boate que tem o melhor DJ, com a Analu e a Catarina, com frio na barriga de nervoso.