Caçadora de Demônios escrita por Mallow


Capítulo 8
Meu Protetor.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura. ^^



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Ele mudou de expressão, parecia uma surpresa fingida, como se já soubesse o que eu ia pedir. Se levantou e caminhou até a janela.

—O que eu e Castiel fazemos não é nada fácil.

—Eu sei. Mas ontem eu não pude ajudar em nada, apenas corri de alguém que nem me perseguindo estava.

—Ema...Matamos pessoas por dinheiro. Não somos tão diferentes de mercenários.

—São pessoas ruins. Você mesmo disse que só caçam o mal. —Me levantei do sofá e fui em sua direção.

—Se seguir esse caminho, todos ao seu redor ficarão em perigo. Inclusive você, mais do que já está. —Ele pôs as mãos sobre meus ombros. —Do fundo do meu coração, realmente não quero que se machuque.

Acho que era possível ouvir meu coração se debatendo dentro de mim.

—Lys, preciso aprender a me defender. Senão, um de vocês se colocariam ainda mais em perigo, se alguém me atacasse...

—Sinceramente. —Fechou os olhos como se pensasse nas palavras. —Eu não me importaria de me colocar em perigo para te proteger.

Suas bochechas tomaram uma cor avermelhada em fração de segundos. Eu não devia estar diferente.

Senti uma onda de energia desconhecida percorrer todo meu corpo. Meus lábios formaram um sorriso involuntário. Estava feliz com o que ouvi, mesmo que não fosse o suficiente para mudar minha ideia. 

Lysandre pôs a mão direita em meu rosto, me acariciando. Quis beijá-lo. Tudo estava tão bom que eu até estranhei nada inesperado acontecer. Talvez, só talvez, aquela fosse a hora certa e o lugar certo. Bem, só que não.

Antes que pudéssemos fazer alguma coisa, a porta se abre com violência, nos dando um susto e de impulso nos afastamos. Era Castiel com uma expressão de raiva. Usava as roupas de sempre, mas estavam sujas e ele tinha alguns arranhões no rosto e nas mãos. Foi em direção a Lysandre, passou por ele, na verdade, indo a cortina fechando-a.

—Precisa ter mais cuidado, qualquer um podia ver os dois da rua, e se descobrirem nosso esconderijo por causa dela...—Me fuzilou com os olhos e depois foi em direção ao quarto.

Lysandre estava embasbacado. Mais alguém entra no apartamento puxando minha atenção.

Kentin?!

Ele estava ofegante, também sujo e com arranhões pelo corpo, suas roupas rasgadas.

—Kentin, o que aconteceu? Você está bem? —Corri em seu encontro.

—Ema, o que você está fazendo aqui ?

—É melhor contar tudo pra ela, idiota! Ela já sabe sobre Lysandre e eu. —Castiel voltou do quarto com uma muda de roupas emboladas e sujas de sangue. Eram as peças de Lysandre. —Vá lavar essa merda! —As jogou pra cima de Lys, até então quieto. Se recompôs e foi até o banheiro nos trazendo uma caixa de primeiros socorros.

—Use para cuidar dos machucados dele. Vou pegar algumas roupas.

Levei Kentin para o sofá e comecei a cuidar dos arranhões. Pareciam ser nada demais pra ele. Ficamos em um silêncio horrível por longos segundos.

—Você perdeu a matéria para a próxima prova de física. —Falei a primeira bobagem que veio em minha mente.

—Hehe, vou precisar do seu material, então. —Usou seu costumeiro tom descontraído que eu tanto gostava.

—Só se me contar o motivo de ter faltado aula. —Não consegui olhá-lo nos olhos.

Kentin ficou em silêncio por mais alguns segundos.

—Eu estava treinando com o Castiel. —"Que?"

—Mas por quê? Não sabia que vocês eram amigos. 

—Não somos, na verdade. Mas temos interesses em comum e é o meu dever.

—Ken, isso só tá ficando mais confuso. —Me sentei ao seu lado.

—Você sabe sobre caçadores e os monstros, certo?

Afirmei.

—Bem, a história é que eu nasci com um corpo muito fraco. Os médicos não me deram nem 3 anos de vida. Minha mãe sempre ficava comigo no hospital, onde eu passei a maior parte da infância. Eu aguentei até os 5 anos, mas não tive mais forças para continuar. Numa noite, uma mulher veio me visitar, lembro que ela disse umas palavras estranhas e no dia seguinte, eu me sentia uma criança normal, sem nenhum mal estar. Voltei pra casa depois de alguns exames e vivi como sempre quis. Correndo e brincando, sempre. Até que 1 ano depois meus pais morreram em um acidente de carro. —Kentin e eu não conversávamos muito sobre a morte de nossos pais. —Depois que fui para o orfanato comecei a ter sonhos com aquela mulher. Ela ficava me dizendo para proteger você e eu via seu rosto. Depois de um tempo com esses sonhos eu e você, finalmente, viramos amigos. Mesmo depois de sermos adotados eu continuei a ter esses sonhos, a mulher conversava comigo e me explicou tudo sobre os monstros e do meu dever de te proteger. Ela também me contou que eu deveria ter morrido antes mesmo de nascer, mas por eu ter aguentado até os 5 anos, ela me deu uma chance e me escolheu para ser seu protetor.

Fiquei um tempo digerindo as palavras.

—Por que você não me contou tudo isso antes? 

—Pelo mesmo motivo de você não ter me contado que tinha sido atacada. Abaixei os olhos envergonhada. A grande verdade é que Kentin tinha se tornado minha fuga desse universo de maluquices sobrenaturais. —Eu também não quis que você corresse perigo, por isso estava treinando pra ficar mais forte.

Não consegui dizer nada, apenas sorri. Me senti um fardo. Tudo pelo que ele passou e ainda assim aceitar viver para me proteger, era mais um motivo para eu aprender lutar.

Ao lado da porta que dava para a cozinha estava Lysandre, segurando algumas roupas simples iguais as dele.

—Pode tomar banho e se trocar.

—Ah, valeu. —Kentin se levantou do sofá, pegou as roupas e foi para o banheiro.

Lysandre veio e se sentou ao meu lado.

—Venha me ver amanhã, e traga uma roupa de corrida.

—Obrigada.


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Notas finais do capítulo

:3



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