Deixe a neve cair escrita por Snow Girl


Capítulo 31
Planos


Notas iniciais do capítulo

ahsuahsu trollei vocês hu3 hu3 br br com o último capítulo. Desculpem. No futuro vocês compreenderão tudo, prometo!
Por enquanto, tenham mais uma dose de glicose.

No último capítulo de DANC:

"Estremeci.
— Meu pai não vai fazer nada com você, Layla. Fique tranquila — ele prometeu.
— Estou preocupada.
— Não fique — ele tocou minha mão por sobre a mesa. — Tudo vai dar certo.
Assenti e deixei que Dimitri me confortasse enquanto comíamos.
Ou melhor, eu comia, enquanto ele ficava olhando para o prato intocado à sua frente. Como ele podia manter um corpo daqueles comendo tão pouco, meu Deus?
Por fim saímos da sala de jantar.
O escritório do rei ficava no primeiro andar, e lá fomos nós, de mãos dadas, enfrentar a fera."



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Dimitri bateu firmemente à porta e a empurrou.

Rei Ivan estava de costas para a vista nevada do lado de fora, sentado diante de sua escrivaninha.

O seu escritório era aconchegante, como o do meu pai. Havia um cheiro metálico que parecia de vodka misturado com hortelã e papel. Era um ambiente produtivo.

— Primeiro, gostaria de falar com meu filho, espere lá fora alguns momentos, Alteza. — ordenou.

Fiz que sim, reverenciei-o e saí, sem lhe dar as costas. Nunca se dá as costas a um rei, a não ser que ele seja seu pai ou você tenha um desejo louco de morrer.

A conversa dos dois mal durou cinco minutos e em seguida Dimitri abriu a porta para mim.

Ele puxou uma cadeira para mim e se sentou na outra.

— Pai — assentiu.

O rei pousou os cotovelos sobre a mesa, cruzou as mãos e apoio o queixo sobre elas para nos fitar.

— Fale-nos sobre seu plano contra a pena de morte, princesa.

— Espere, o quê? — gaguejei confusa. — Digo… perdão, como disse?

Ele sorriu pacientemente.

— Se você sugere uma mudança tão radical em nossos sistema, certamente tem ideia de como proceder, correto?

— Ela tem. Layla tem uma planilha com tudo anotado: dados, penas, prisões que servirão como de alta, média ou baixa periculosidade. Ela anotou tudo.

Encarei Dimitri.

— Você mexeu nas minhas coisas?

Ele corou.

— Um pouco. Não foi minha intenção invadir sua privacidade, só fiquei curioso — deu de ombros.

O rei nos olhava como se estivesse diante de um enigma.

— Muito bem, e como vamos informar a população? Os russos acreditam na eficiência das leis.

— Faremos um plesbicito — eu disse, menos tensa. — Pediremos a opinião deles sobre a pena de morte.

Ambos me olharam como se nunca tivessem me visto antes.

— Essa é uma boa ideia — disse por fim Ivan. — Acho que compreendo porque seus pais quiseram mandá-la para cá. Em Illéa você não parecia se importar com as leis.

— Em Illéa ninguém parecia se importar com o que eu tinha a dizer.

Ele assentiu.

—Muito bem. Mais tarde eu gostaria de ver essas planilhas a qual meu filho se referia. Agora, se não se importam, preciso ajudar meu irmão.

Ele fez uma reverência.

Olhei para Dimitri.

—Tipo… "Oi, fale do seu projeto. Ah, parece bom… tchau"?

— Conheça meu pai — ele respondeu tão assombrado quanto eu. — Venha, vamos jogar xadrez.

***

Eu estava perdendo, como na maior parte do tempo, quando eles chegaram.

Demyian sentou a meu lado e Kira e Sasha ao lado de Dimitri.

— E aí, o que o rei queria? — o garoto perguntou.

— Me surpreender — resmunguei.

— Tão ruim assim? — perguntou Kira.

Dei de ombros, Dimitri e eu continuamos em silêncio.

Seus primos suspiraram mas não fizeram nada para quebrar o silêncio.

Eu perdi o jogo com um espetacular xeque-mate de Dimitri e sacudi a cabeça.

— Deplorável — resmunguei.

— Não foi tão ruim — Dimitri disse tocando minha mão por cima da mesa.

— Só porque você é um cavalheiro. E porque se não disser isso vai dormir no sofá.

Ele abriu um sorriso.

— Veremos. — Virando-se, ele continuou: — Sasha, podemos conversar?

Ela assentiu e sem uma palavra foi com ela para um canto.

Mas que raio que esses dois tem tanto que conversar em segredo?

— Não se preocupe, aposto que eles não vão fazer nada de mais, sabe, com você aqui e tudo mais — Kira disse. — Eles não são mais adolescente com uma desculpa.

Olhei confusa para ela.

— Ainda é sobre ontem? Sobre Dimitri e Sasha? — perguntei-lhe. — Você disse que eles tinham um passado.

— Você não sabia que eles já estiveram juntos? Quero dizer… juntos, juntos.

— Isso faz muito tempo e não aconteceu nada de mais, só uns amassos — Demyian disse, apressado. — E foi muito antes de te conhecer.

— Foi bastante intenso e é por isso que minha mãe não gosta de você, também — Kira disse ainda mais rápido que o irmão, quase ininteligível. — Ela acha que o Dimitri tem que casar com uma russa e de preferência que tenha "pedigree", como nós. A sociedade russa… eles não aceitam muito bem pessoas de fora. Não que você não seja ótima, mas eles podem não gostar muito da escolha de Dimitri e destroná-lo. Esse tipo de coisa.

— A Layla é princesa, ela tem muito mais que pedigree — retrucou Demyian como se eu não estivesse ali. — E Sasha e Dimitri nunca ficaram. Pare de encher a cabeça dela de minhocas, Kira.

Dimitri já tinha namorado com Sasha e agora estava de segredinhos com ela. Não era preciso ser uma gênia para somar dois mais dois.

Não, me repreendi, ele me pediu em casamento. Não vai me trair. Dimitri é muito certinho.

O certinho que frequentava um prostíbulo aos quinze anos, meu subconsciente detestável rebateu. O certinho que está de segredos um uma "boa mulher russa".

— Isso foi há muito tempo, depois que o Yuri desapareceu o Dimitri ficou um tanto quanto alterado e auto-destrutivo. Foi só uma ou duas vezes que eles ficaram, pelo que eu sei — Kira disse — e Sasha disse que não foi nada.

Sacudi a cabeça para eles.

— Eu...

— Fale com o Dimitri, ele vai explicar tudo — sugeriu Kira, me olhando compadecida. — Eles eram jovens, loucos e cheios de hormônios, mas já passou.

— É, eu vou falar com ele — disse incerta.

A vida de Dimitri não me dizia respeito, mas eu merecia saber a verdade por seus lábios, não por seus primos. Ele me devia aquilo. Mas devia mesmo?

Nós dois havíamos deixado claro que eram só até o acordo terminar. Nem deveríamos ter nos envolvido para começo de conversa. Eu não ia me casar com ele. Ah, espere. Eu disse sim ontem! Nós estávamos sim juntos!

Eu não sabia em quem queria bater: em mim mesma por ter aceitado me casar com ele; nele, por ter oferecido casamento e depois ter ido ficar de cochichos com ela quando sabia que eu não gostava; ou nela, por ficar toda hora com ele.

Quando vi, já estava atrás de Dimitri que falava em russo e baixo com a garota.

Ele pulou quando toquei seu ombro.

— Podemos conversar?

Ele trocou um olhar com Sasha e assentiu para mim. Dimitri me levou pela mão até o corredor.

— O que houve?

— O que você estava falando com ela? — cruzei os braços, fazendo força para não parecer uma doida enciumada. O que, na verdade, eu era.

Ele abriu um sorriso de quem foi pego fazendo algo que não deveria e não se arrependia nem um pouco.

— Surpresa.

— Eu odeio surpresas e odeio você de segredinhos com ela. Abre o bico.

— "Abre o bico"? — ele ergueu uma sobrancelha preta.

Olhei-o, séria.

— Tudo bem, desculpe-me. Enquanto eu não conseguia dormir, pedi a Sasha que fizesse uma coisa por mim durante a madrugada.

— Que vem a ser…?

Ele olhou para baixo e me fitou através dos longos cílios.

— Ela encontrou uma igreja para que nos casássemos.

— Oh.

Ele assentiu.

— Nem pode ser considerada uma igreja, talvez uma capela, mas é bem tranquila e só nós saberemos que nos casamos, pelo menos por enquanto. Planejo contar ao meu pai e a sua família juntos, o mais rápido possível.

— Quando? Quando nós vamos nos casar? — nas duas últimas palavras minha voz quase sumiu.

Ele abriu um sorriso gigante.

— Na noite de natal.

Franzi a testa.

— No final do ano?

— Dia 7, Layla — ele explicou. — Rússia, lembra?

— Ah, é. Veja pelo lado bom: nunca vamos esquecer o dia do nosso aniversário de casamento.

Ele riu.

— Muitas vantagens.

— Você tem certeza sobre isso? — perguntei. — Sobre querer se casar comigo?

Ele assentiu.

— Total e completa certeza — ele disse relaxado, se encostando displicentemente na parede. — E você? Pensou melhor sobre isso?

Passei a mão pelos cabelos, envergonhada.

— Dimitri…

Seu olhos se arregalaram, sua postura ficou ereta.

— Você pensou melhor.

— Não é isso — garanti. — Estou preocupada. Os russos não gostam de gente de fora, não é? Me lembro de quando cheguei e todos me ignoravam.

— Você será a rainha, Layla. Eles não precisam gostar ou não.

Coloquei as mãos na cintura.

— Eles prefeririam Sasha.

— Ela é minha prima! E eu nunca quis nada com ela. Isso tudo é tensão pré-casamento?

— Vocês dois já estiveram juntos, não é?

Seu queixo caiu.

— O q... como...? Eu vou esganar Demyian! O que ele disse?

— Nada de mais. — Fiz careta para as palavras e ele sorriu. Dimitri que costumava dizer aquilo.

— O que ele disse? — repetiu.

— Que depois do desaparecimento de Yuri você e Sasha ficaram muito mal e deram uns amassos. Mais ou menos isso.

— Não foi isso que aconteceu — ele tocou o meu cabelo, colocando uma mecha atrás da orelha. — Eu queria me anestesiar de tudo à minha volta e Sasha estava disposta a me acompanhar. Nós nos embebedávamos e, sim, de vez em quando fazíamos alguma idiotice como nos beijar. Mas eu nunca a vi de outro modo que não como uma irmã e ela sabe disso.

Ele me segurou meus ombros, me forçando a permanecer olhando-o.

— Ouça, meu passado não é exatamente bom. Na verdade, até meus dezoito anos eu poderia perfeitamente deletar tudo da memória. Eu era arrogante, prepotente e não dava a mínima para nada. Meu pai destruiu o meu quarto quando soube que eu costumava levar prostitutas lá e eu sequer pisquei, só coloquei móveis novos lá — contou, alterado. — Quando fiz dezoito ele literalmente me obrigou a tomar minhas responsabilidades, ele me mantinha cativo em meu próprio quarto com um monte de papeis de relatórios na minha frente e um prato de comida que deveria durar o dia todo. Eu aprendi a crescer e me arrependi das coisas que fiz quando estava mal.

Eu não falei nada.

Dimitri sacudiu a cabeça.

— Confie em mim, Layla — ele pegou minhas mãos. — Eu nunca quis outra mulher como quero você.

Assenti. Eu confiava.


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Notas finais do capítulo

hehehe que gaaaaay!
Enfim, ainda teremos mais algumas doses de glicose e depois chega. Acho que assim que eu voltar de vez para casa a viadagem acaba ~grazadeus~.