Deixe a neve cair escrita por Snow Girl


Capítulo 16
Luxury


Notas iniciais do capítulo

Hey! Bom dia, pessoinhas! Como estão?
Tô bem. Tô zen. Entrei pra... deixa pra lá.
Tenho nada a dizer, como sempre. Minha vida é mais parada que tudo e.e
Ah, o título do cap tá em inglês, mas vocês vão entender o motivo no decorrer do capítulo.
No último capítulo de Deixe a Neve Cair...
"— Shh. Estou aqui — ele passou uma mão por minhas costas de forma constante, tentando me acalmar. — Não precisa ter medo.
Escondi a cabeça em seu ombro para me impedir de ver o brilho assustador vindo de fora.
— Eu não tenho medo — respondi, tremendo.
— Sei disso — havia algo parecido com ironia em sua voz. — Durma, Layla. Não vou sair do seu lado."

Enjoy!



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— Você está entediada aqui — Dimitri apontou.

Eu estava deitada no sofá, olhando apaticamente para a janela. Estava tarde demais para fazermos qualquer coisa e cedo demais para dormir.

— Não estou entediada — contrapus.

— Você está pensativa, parece que alguém atropelou o seu gato.

— Eu não tenho um gato.

Dimitri revirou os olhos.

— Você entendeu o que quis dizer, Layla. Acho que você precisa sair um pouco do palácio, ver as luzes da cidade.

Encarei-o.

— Não podemos sair do palácio.

Ele me olhou surpreso.

— Quem disse?

Pensei nisso por algum tempo repassando tudo que todos haviam falado comigo.

— Ninguém realmente disse, mas eu presumi…

Ele sacudiu a cabeça.

— É claro que podemos sair, Layla. Moramos aqui, não somos prisioneiros. Vá se arrumar, peça a Anya que te ajude a pegar um roupa menos de realeza porque vamos estar junto de pessoas comuns — disse.

Assenti, animada. Sair soava ótimo para mim.

Toquei a pequena campainha ao lado de minha cama e falei para Anya sobre a ideia de Dimitri.

— Isso é uma ótima ideia, a senhorita anda muito pálida desde sábado, Alteza — ela disse.

Eu realmente andava, meu humor espelhava o de Dimitri, que desde a noite em que havíamos dormido juntos fazia de tudo para evitar ter que ficar muito tempo no mesmo lugar que eu e isso estava me deixando muito triste. Eu gostava muito dele, mesmo sendo meio difícil de lidar, Dimitri se mostrou um amigo. Era difícil vê-lo me afastando tão obviamente.

Anya pegou um vestido preto de veludo e mangas de renda da mesma cor, mas curto na saia, que ia até o meio da coxa. Dei uma olhada para ela.

— Vou usar um vestido curto no meio do inverno? — a mulher estava louca!

Anya sorriu de modo paciente.

— A senhorita irá usar um sobretudo por cima. Tenho certeza que sei onde o príncipe irá levá-la e o lugar é muito… aquecido — havia alguma coisa indefinível sob sua voz.

Anya pegou o tal sobretudo preto e botas de couro pretas e longas.

Meu queixo caiu, literalmente.

— Isso não vai ficar vulgar?

— Não, não vai. Tenho certeza que príncipe Dimitri irá gostar.

Aceitei sua palavra e fui até o banheiro para limpar-me.

Depois de secar meu cabelo eu coloquei o vestido. As botas batiam na altura do joelho e eu me sentia uma prostituta daquele jeito.

Anya aprovou com um aceno de cabeça. Sorri e fui para a saleta.

Dimitri, é claro, já estava lá.

— Você está linda — disse analisando o sobretudo que ia até minha panturrilha.

— Obrigada —agradeci baixando os olhos e me sentindo boba quando ele passou um braço por minha cintura.

Dimitri me levou para fora do palácio, onde um carro preto estava esperando.

— Senhorita — ele abriu a porta com um gesto elegante.

Sorri em agradecimento.

Ele falou rapidamente com o motorista, um homem usando todo o uniforme de chofer e sacudiu a cabeça quando ergui uma sobrancelha pedindo informações.

O motorista dirigiu rapidamente pelas ruas livres de neve e parou diante de um prédio de dois andares com um letreiro em neon escrito Luxury em letras elegantes.

Havia uma fila considerável à porta da tal Luxury, mas conseguimos passar assim que Dimitri quis, é claro.

Assim que entramos na boate, engasguei.

Eu achava o meu vestido indecente? As garotas lá dentro estavam usando o que me pareciam blusas que mal tampavam a calcinha se é que elas usavam calcinha com aquele pouco tecido que mal cobria suas bundas.

Puta merda.

— Você costuma vir muito aqui? — minha voz parecia um grasnido.

Dimitri parecia muito à vontade no ambiente.

— De vez em quando. Por quê?

— Elas não sentem frio? Esses vestidos não cobrem nada!

Ele simplesmente deu de ombros como se não soubesse a resposta.

— Devem sentir, mas é parte da natureza delas se vestirem assim, as mulheres russas gostam de se exibir — um sorriso irônico.

— Que horror, e eu pensando que estava mostrando demais com esse vestido. Perto dessas meninas eu sou a santa padroeira dos bons costumes. Olhei para o meu vestido dois palmos acima do joelho e as botas altas. Não havia muita pele aparecendo ali.

Dimitri deu-me um olhar de quem se desculpa.

— Bem… vamos sentar? Você quer beber alguma coisa? — questionou apontando para dois lugares livres lado a lado diante do balcão.

Pensei um pouco sobre sua proposta. Ninguém ali dentro parecia saber quem nós éramos, eu podia sair um pouco da fachada de princesa, certo?

— Vodka — pedi com firmeza para a barwoman que veio nos atender. O próprio uniforme dela não passava de um pouco de tecido vermelho que ia até a metade da coxa, o que ainda era mais do que a maioria das mulheres no lugar usavam.

Dimitri ergueu uma sobrancelha mas não falou nada sobre minha escolha enquanto ele próprio pedia uma bebida chamada kvas.

A barwoman saiu rebolando de um jeito provocante para trazer nossas bebidas.

— Lugar legal — comentei olhando ao redor.

— Nunca esteve numa boate antes? Acho que todas elas se parecem um pouco.

— Não. Os únicos lugares que eu tinha permissão para ir além dos castelos reais eram escolas. Nem no Parlamento de Illéa eu podia entrar.

— Por quê não? — agora Dimitri parecia realmente intrigado.

— Boa pergunta. Não sei a resposta, mas todo mundo sempre me prendeu no castelo como se eu fosse feita de vidro. Essa era uma das coisas que me aborreciam, porque eu precisaria me casar, mas nunca tive a chance de conhecer ninguém. Nunca antes, pelo menos — sorri para ele.

A barwoman voltou com nossas bebidas e Dimitri entregou-lhe uma nota.

— As pessoas geralmente estão bêbadas demais para lembrar de pagar depois — explicou. — Então temos que pagar tudo na hora.

Ok, agora eu estava de fato começando a me horrorizar com a Rússia.

— Sabe no que eu estava pensando? — esperei para ter certeza que estava tudo bem comentar. Dimitri parecia levemente intrigado. — Sua mãe.

Ele assentiu, o rosto sério.

— Imaginei que isso passaria por sua mente — declarou solenemente. — Ela morreu quando eu era pequeno. Um atentado na França. Meu irmão… ele se culpava. Depois do acidente de Yuri… acho que peguei a culpa para mim mesmo.

— É por isso que você é assim — conjecturei.

Dimitri inclinou a cabeça.

— Assim como?

— Dedicado, eu acho. Você sempre dá o seu melhor em tudo para deixar seu pai orgulhoso.

— Ele é a única família que me resta, Layla. Eu tenho que deixá-lo orgulhoso enquanto ainda está vivo.

Toquei sua mão por cima do balcão.

— Você agora tem a mim.

— Por três meses — ele me corrigiu com um tom que me pareceu triste colorindo sua voz. — Depois você voltará para Illéa.

— Isso não significa que não seremos amigos depois disso. Querendo ou não, três meses sob o mesmo teto aproxima as pessoas — respondi. — Minha mãe ficou menos que isso antes de meu pai pedi-la em casamento.

— Mas isso foi devido à Seleção — Dimitri fez um gesto para barwoman encher novamente seu copo. — Eu não tenho necessariamente que escolher você e nem você a mim.

— Meu pai não precisava pedir mamãe em casamento. A Seleção tinha sido cancelada, espertinho. Ele a pediu porque a amava, mesmo que se conhecessem há pouco tempo.

Cruzei os braços. Touché.

Ele inclinou a cabeça para um lado. Seus pensamentos não estavam alinhados om os meus.

— E as outras meninas da Seleção de seu pai? O que aconteceu com elas? Era uma competição, ninguém ficou chateado?

— Uma morreu, pena de morte por conspiração contra a Coroa; outras casaram com outros homens e uma se casou com o melhor amigo da minha mãe. Mamãe tem um bom relacionamento com a maioria delas.

— O melhor amigo da sua mãe? — bebeu mais uma boa dose da bebida e eu o acompanhei fazendo careta. Vodka não era tão boa quanto todos diziam. — Sério?

— Yeah, eles são meus padrinhos, James e Beatrice Steelway. E meu tio Henry e sua esposa Lynn são padrinhos do Robert — bebi mais um pouco. — O que mais eu preciso saber sobre você?

Seus olhos se escureceram.

— Não acho que tenha algo sobre minha que você não saiba.

Haviam centenas de coisas sobre ele que eu não conhecia.

— Como você conheceu esse lugar?

Ele corou.

— Eu costumava vir muito aqui. Lembra que eu te disse que meu pai me bateu a primeira vez quando eu tinha quinze? Ele descobriu que eu era frequentador assíduo desse lugar.

Franzi a testa.

— Ok, e…?

Ele sorriu de forma quase sinistra.

— Metade dessas garotas são acompanhantes. Prostitutas, como chamam em Illéa.

Engasguei.

— Você tinha quinze anos e frequentava…. um prostíbulo?

Dimitri deu de ombros.

— É um marco frequentar um lugar desses e, sabe, ter sua primeira noite com uma acompanhante. Marca a fase em que você se torna um homem.

Olhei-o, horrorizada.

— Meu. Deus.

— O quê? — Dimitri franziu as sobrancelhas.

Sacudi a cabeça emudecida. Alguma coisa atrás de mim chamou sua atenção e um V se formou entre suas sobrancelhas.

— Eu já volto — ele me entregou sua carteira. — Peça o que quiser.

Fiz que sim e virei o copo de vodka quando percebi onde ele estava indo: para o palco de pole dance onde algumas garotas estavam se esfregando na barra.

Peguei a carteira de Dimitri e pedi à moça atrás do balcão que enchesse meu copo. Dimitri parecia que ia demorar com sua amiga, uma ruiva peituda que o havia puxado para um canto escuro da boate.

— Maravilha — sussurrei para mim mesma.


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Notas finais do capítulo

É isso, beijos ♥
E um bom ENEM pra quem vai fazer *-*
Bom fim de semana para quem ainda não pode/ não quer prestar!
Ps: Esse capítulo foi dividido em dois, a outra parte é a de segunda.



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