Jason não pode evitar que uma lágrima escorresse por seu rosto.

Ele foi atingido no fim da batalha. No fim.

Mais alguns minutos e tudo estaria bem. Um a um, os monstros foram caíndo. Os Gigantes já haviam sido derrotados.Seria questão de minutos até que tudo estivesse terminado.

Mas ele fora atingido por um descuido idiota. Ele não notou a dracaena chegando por trás de si. Ela o atingiu com um golpe certeiro no peito.

Ele caiu.

Ao contrário do que pensou, Piper não estava ao lado dele. Ela não estava ali para ele.

Reyna estava.

Assim que ela viu a dracaena se aproximar, a pretora tentou impedir, mas não chegou a tempo.

Ela amparava Jason em seus braços.

Àquele ponto, a Ambrósia já não adiantava. Tampouco o Néctar.

Reyna estava ali. Piper não.

Como ele acreditara que poderia ser o contrário?

De repente, Jason se arrependeu de suas escolhas. Se arrependeu de ter escolhido o Acampamento Meio-Sangue. Ele sempre pertencera ao Júpiter. Se arrependeu de ter deixado os velhos amigos. Foi com eles que ele cresceu. E, sobre tudo, se arrependeu de ter escolhido Piper. Era Reyna quem estava ao seu lado. Sempre foi.

Reyna dava leve sacudidelas em Jason para ele se manter acordado. Ela gritou por médicos o tempo todo, mas estavam todos ocupados. A visão de Jason começava a ficar turva, e a voz de Reyna se tornava cada vez mais distante.

A filha de Belona percebeu. Ela estava perdendo Jason.

Ela balançava seu corpo para frente e para trás, num ato de desespero. Ela o estava perdendo. Soluços escapavam-lhe da boca hora ou outra. Mas ela não se importava.

Ela estava perdendo Jason.

Jason não podia ver aquilo sem se sentir culpado. Como ele deixou acontecer? Como ele se esqueceu do que Reyna significava para ele? O filho de Júpiter reuniu as poucas forças que lhe restavam para pedir desculpas.

"Reyna" O nome dela saiu quase que inaudível. Mas ela escuta.

Reyna o encara. Seus olhos estão vermelhos. O rastro das lágrimas são visíveis em seu rosto por causa da poeira adquirida na batalha. Ela queria mandar que ele ficasse quieto. Que não dissesse nada para não se esforçar. Que a ajuda chegaria logo, e ele precisava ficar quieto para aguentar. Mas ela não disse.

Sabia que a ajuda não chegaria. Sabia que ela o perderia ali. Naquele dia. No fim da batalha.

Ela o deixou prosseguir. Pois poderiam ser as últimas palavras dele. Ela iria ouvir.

"E-Eu, eu sinto muito, Reyna" Era impressionante o quão aquele ínfimo sussurro pareceu ganhar alto e bom som no meio da batalha. Ela o escutou perfeitamente.

Ela não podia acreditar. Não que ele estava lhe pedindo desculpas agora. Não que ele deixou para falar aquilo naquela hora. Não podia acreditar que ele gastaria seus últimos momentos para lhe dizer que sente muito.

As coisas ficavam cada vez mais difíceis de distinguir para Jason. Sua visão estava escurecendo. Ele ficara feliz ao saber que ela seria sua última miragem desse mundo.

"A-Adeus, Reyna Ávila Ramírez-Arellano." Ele sorriu depois que usou o nome completo dela. Ela não gostava. Mas não protestou.

"Não!" Ela se inclina para frente num ato impulsivo e o beija. O beija intensamente.Ele retribui tão intensamente quanto ela. Como eles sempre quiseram.

Ela se afasta. A visão dele é quase nula, sua audição já começa a desaparecer. Dizem que é a última que some quando você está morrendo.Ele torna-se imóvel. Os músculos de seu rosto, que antes formavam um sorriso, relaxam-se e o deixam sem expressão alguma. Seus olhos se fecham e ele escuta a voz de Reyna, aos prantos, antes de partir totalmente:

"Isso não é um adeus, Jason Grace!' Ela grita com toda a força de seus pulmões e depois acrescenta num soluço:

"É apenas um até logo."