O que eu queria era fazer um buraco e enfiar a minha cabeça dentro, com um avestruz. Que vergonha eu senti quando Enzo começou a explicar tudo, mas como eu ia saber da Vanessa e do Gabriel? Nunca em um milhões de anos...

Eu estava sentada na minha barraca com um livro no colo, lendo a luz de uma lanterna, Enzo já havia ido, ele queria falar com Gabriel, me surpreendi com ele, Gabriel, não imaginei que ele fosse bater no melhor amigo por mim, não imaginei que ele fosse tão protetor...

Coloquei o livro de lado e peguei meus fones, a música começou calma, e depois foi aumentando, ficando agitada... Dormi com os fones.

***

Acordei com uma música tocando na minha cabeça, havia dormido com os fones... Incrível. Levantei rapidamente e me arrumei, já era quase 10 horas e meus amigos todos já estavam levantados, não vi Gabriel em lugar nenhum, mas vi Enzo escorado em uma arvore com seu Skate na mão, ele estava com o olho inchado e vermelho, o lábio cortado e alguns hematomas nas bochechas, por mais que quisesse culpa Gabriel por ter batido nele... Eu não conseguia, mesmo sabendo que Enzo não havia feito por merecer, mas eu gostei muito do que Gabriel fez, do jeito que se mostrou protetor, era uma parte dele que eu ainda não conhecia.

Me aproximei de Enzo que se levantou rapidamente, me deu ‘oi’ e um beijo.

–Quer ir para a pista comigo? –perguntou e ergueu o Skate, simbolizando, obviamente, que ele queria praticar.

–Hãã... Claro, vamos. –disse e nós começamos a andar, a pista era bem longe, mas eu não ligava, não queria ficar ali, deitada ou sentada, sem fazer nada, encarando o nada. Andamos em silencio, eu havia me desculpado com ele, que havia entendido bem, eu só ainda não conseguia absorver a ideia de que a Vanessa ia querer o Gabriel, ta... Ele era bonitinho e tudo mais, mas era um idiota, na minha humilde opinião.

Chegamos na pista e eu me sentei, Enzo começou a fazer umas manobras e eu observei o lugar ao meu redor, havia um barranco, cheio de arbustos e várias arvorezinhas. Logo depois Enzo se sentou ao meu lado, conversamos sobre coisas banais até que ele endoidou e começou a fazer cosquinhas em mim.

Nós riamos alto, eu me levantei correndo e peguei um pedaço de galho de arvore.

–Não se aproxime, eu estou armada. –essa foi a coisa mais inteligente que eu consegui disser, Enzo riu e se aproximou lentamente, eu soltei o galho e comecei a fugir dele, até que a expressão dele se alarmou e eu só consegui escutar ele gritar: ‘Cuidado! ’ Antes de tropeçar e cair no penhasco.