A primeira vez que Draco e Hermione deram as mãos foi em Hogwarts.

Era seu último ano, logo após o fim da guerra. A escola tentava voltar ao normal.

Eles não eram amigos – ainda.

Hermione o encontrou em um canto da biblioteca no início do ano letivo e, por alguma razão, sentou ao seu lado. Ele não protestou e ela continuou repetindo o ato desde então.

Ela se sentia sozinha, ele se sentia isolado, eles meio que se entendiam.

Hermione não o via há três dias, o que coincidia com a data em que Lucius Malfoy apareceu na manchete do Profeta Diário. Havia uma foto sua acompanhada pela palavra “assassinado”. Ela viu Draco novamente no quarto dia, durante uma aula, com sua cabeça abaixada e mais sozinho do que nunca. Ela teria sentado ao seu lado se tivesse chegado mais cedo, mas agora teria de esperar.

Ele não estava na biblioteca naquela noite. Felizmente, ela sabia onde poderia estar e facilmente o encontrou, sua silhueta próxima ao lago.

Silenciosamente, ela se aproximou e sentou perto dele, sempre cuidadosa em evitar encará-lo. Draco não chorava agora, mas ela notou todos os sinais. Ela sentiu um nó formando na garganta e uma vontade desesperadora de abraçá-lo. Eles não eram de intimidade, no entanto, e por essa razão, Hermione pôs sua mão sobre a dele e ele apertou a dela em resposta.

Eu estou com você.

A segunda vez só aconteceu depois de um ano, quando Draco corajosamente a convidou para passar uma tarde na Mansão. Ela tinha recentemente terminado uma tentativa embaraçosa de relacionamento com Ron, o que ainda a deixava triste. Mas Draco prometera que ia ensiná-la a voar e essa era a oportunidade perfeita.

Os dois estavam no gramado fora da casa, a vassoura flutuando na frente de Draco enquanto Hermione tentava não cair. Ela segurava firme em seu ombro, reunindo coragem para levantar voo. Ela podia senti-lo rindo da situação, o que a fez largá-lo com um pouco mais de força do que pretendia.

Seu grito ficou preso na garganta quando Draco segurou sua mão e a puxou para o chão. Ela respirou fundo e então de um tapa leve nele com a mão livre.

Eu continuo aqui.

A terceira vez foi quente e escura. Hermione nunca pensou que fosse possível sentir tanto calor sem explodir. Ela respirava com esforço, seu coração batendo nervosamente toda vez que sua pele e a de Draco faziam contato. Os lábios dele corriam por seu pescoço, suas mãos os quadris e pernas e costas, fazendo um caminho vagaroso por toda parte, enquanto ela se arrepiava com expectativa.

Hermione desistiu do controle e o puxou para mais perto, deslizando seus dedos por seu cabelo, suas unhas deixando marcas no ombro dele, encorajada por cada suspiro. Algo dentro dela se mexeu e gritou por mais. Ela o empurrou até a cama, prendendo-o com suas pernas enquanto suas bocas se divertiam uma com a outra. Podia sentir Draco sorrindo de baixo dela quando entrelaçou seus dedos e respondeu ao beijo ferozmente.

Eu vou ficar aqui.

A última vez foi muito tempo depois. A pele de Hermione era velha, enrugada e fria. Próximo a seu caixão se encontrava o que restava de sua família – seus dois filhos, uma garota e um rapaz, e Draco. Ele tinha os olhos vermelhos de quem não deixava nem uma lágrima escapar.

Ele apertou sua mão direita, a que ainda tinha o anel do casamento, entre as dele e encostou a testa contra ela, deixando as memórias de toda sua vida juntos esmagá-lo por trás de seus olhos.

Eu vou te encontrar de novo.