*Gray Fullbuster*

Finalmente consegui tirar uma tarde para estudar, porém não consigo me concentrar. Uma certa moça de cabelos loiros entrava na minha cabeça cada pouco. Cada palavra que lia lembrava ela, por mais sem significado que fosse, até as leis lembravam-me ela. Meu Deus, que situação.

Hoje pela manhã, Erza disse uma frase que não consigo parar de pensar, “eu conheço um olhar apaixonado quando vejo um”. Será que é isso mesmo? Não, eu não posso me dar ao luxo de gostar de alguém e esquecer tudo que mais prezei até hoje, meus estudos, meu futuro, minha carreira, minha família e minha vingança. Não tenho espaço pra isso, é melhor que Juvia largue do meu pé logo e assim me separo de Lucy e ela fica com seu amado. Natsu, ele sim a merece, sempre esteve ao lado dela e a história que os dois construíram juntos desde bebê, não posso chegar e tirá-la dele, dizendo que a amo mais. Pera o que eu estou pensando?

Deus, não consigo me concentrar de jeito nenhum, acho que estou muito cansado e com sono, até pensando bobeiras. É melhor eu ir dormir. Levantei da minha cadeira e deixei os papéis do jeito que estavam para continuar outra hora. Tirei meus sapatos, tirei a camiseta e me joguei na cama, imediatamente peguei no sono.

“_Por que você está tão preocupado? – Lucy perguntou. Seus olhos estavam questionando meus pensamentos.

_Lucy, você tem uma história tão legal com o Natsu, ele te ama verdadeiramente e há muito tempo. Como pode ter considerado meu pedido, como pode estar tão tranquila quanto a essa estória? – expliquei ofegante.

_Você acha que não pensei nisso? Eu esperei e esperei anos por ele, simplesmente o amo, mas não posso ficar assim pra sempre, quero alguém que esteja ali quando eu me declarar e que essa pessoa não esteja duvidando de seus sentimentos e possa compartilhar as coisas comigo. – ela sorriu olhando pra baixo.

_E esse alguém seria? – perguntei curioso.

Ela me olhou e sorriu.

_Quem mais seria Gray? – ela perguntou como se eu soubesse a resposta. Pensei por um minuto, eu sabia.

_Eu? – olhei-a nos olhos esperando uma resposta.

Ela não respondeu, apenas me abraçou.

_Gray obrigada por estar comigo, eu acabei me aproximando demais de você e os meus sentimentos ficaram descontrolados, eu estou apaixonada, quero ficar com você, por que olhando em seus olhos negros, vejo a certeza que estará comigo quando eu precisar.

Eu não sabia como reagir, senti minhas pernas moles, as mãos tremiam, bochechas quentes, meu estomago estava pulando, essas eram as sensações que sentimos quando alguém se declara e você sente o mesmo? Caraca.

Lucy continuava com seus braços em volta do meu pescoço, o cheiro de seus cabelos era doce e vicioso. Ainda sem palavras e com o coração acelerado, percebi ela desfazendo o abraço, tudo o que consegui fazer foi segurá-la, abracei forte sua cintura e apoiei minha cabeça em seu ombro direito. Consequentemente ela me abraçou de volta.

_Eu que agradeço! – desabafei. Ela suspirou e se afastou devagar, seus olhos fixos nos meus, sua mão direita subiu até meu rosto e o acariciou com o polegar, seu toque delicado e quente me fizeram fechar os olhos, senti sua respiração acelerada se aproximando, o cheiro de morango vinha de seu hálito, levei minha mão direita a sua cintura na esperança de trazê-la para perto mais rápido, enquanto minha mão direita descansava em seu queixo endireitando seus lábios para vir em direção a minha boca.

_Gray... – e novamente meu nome sendo dito nesse tom de voz tão calmo e sereno, foi provocante ao extremo, puxei-a para mim, mas ao em vez de receber um beijo, sinto ela pressionando sua mão contra meu peito, me impedindo de nos aproximar. – Acorde!”

Abro os olhos e vejo Lucy deitada em cima de mim, com as mãos no meu peito e levantando seu pescoço o quanto podia para me impedir de agarrar-lhe.

_Me.. me desculpe! – Apressei-me a dizer e a soltá-la.

_Num dia você pede por que estou nua e no outro tenta me beijar... queria saber o que você anda sonhando Gray... – ela riu e sentou-se nos pés da minha cama enquanto eu sentava e me escorava na cabeceira.

_Talvez um dia eu te conte. – Sorri sem jeito.

_Ok. – ela sorriu também. Pelo jeito ela estava pensando no que falar.

_O que você veio fazer aqui? – perguntei. – Você não estava com suas amigas?

_Ah.. é... mas elas estavam me confundindo e me estressando, então eu resolvi dar uma passada aqui por que.. por que, eu não sei por que, meus pés me trouxeram até aqui sozinhos... – ela gaguejava pra falar, nunca tinha visto a loira assim antes.

_Tudo bem, você pode ficar aqui, afinal sou seu namorado. – sorri na tentativa de tranquilizá-la. Ela relaxou os ombros e cruzou as pernas em cima da cama. – O que as meninas falaram pra você?

Me arrependi de fazer a pergunta no mesmo instante em que vi seus ombros levantarem de novo, ela ficou tensa e arregalou os olhos.

_Desculpe, é particular... pode ficar tranquila, não peço mais nada. – estiquei as mãos colocando em cima das suas, que estavam apoiadas em seus pés cruzados. Ela tremia e estava gelada. – Hey Lucy, não me deixe preocupado.

_Eu.. quero falar com você.. mas tenho medo! – ela desabafou.

_Tudo bem, não precisa ter medo, eu estou aqui, pode me falar o que tiver aí. – ela estava em dúvida, dava pra ver em seus olhos brilhantes. – Você mesma disse que queria ser minha amiga e que conversássemos sobre tudo, disse pra mim não ter medo, então é sua vez!

Ela pensou sobre, olhou pra baixo, para suas mãos agora suadas. Depois olhou para o teto e depois para mim.

_Você tem razão, é melhor eu parar de viver com medo de falar meus sentimentos e acabar com as chances de ser feliz. – ela disse séria. – Eu estou apaixonada Gray!

_Ok, isso eu sei Lucy, mas não é pra mim que você tem que dizer, é pro Natsu. – O que estava acontecendo com a loira?

_Esse é problema! – ela baixou a cabeça. A sério que esse era o problema de novo?

_Olha Lucy, sei que ama ele e que você tem medo de estragar a amizade de vocês, mas sinceramente não vejo como isso é possível. E mesmo se ele não fosse apaixonado por você, o que não é verdade, vocês iam apenas continuar sendo amigos depois... – parei de falar pois ela estava ficando mais deprimida ainda. – ah Lucy?

_Desculpe Gray, mas falar com você está piorando as coisas. – ela falou com a voz tão triste. O que eu falei de errado? Isso doeu, eu queria que ela se sentisse mais segura, disposta e feliz ao saber que ela poderia se declarar, mas ela estava ficando pior.

_Eu não sei o que eu posso dizer além disso... eu que peço desculpas. – falei.

_Não tem problema, é que você e as meninas falam a mesma coisa. Eu não quero mais ouvir o quanto minha história e a do Natsu é bonita, eu sei disso, e também estou cansada das pessoas me falarem que isso não vai estragar a amizade... eu sei que não estraga, mas é um medo que eu não posso controlar, e eu sou tão estúpida que acabei me apaixonando de novo por uma pessoa na qual tenho medo de falar o que eu sinto por que posso estragar a amizade que consegui construir com ele. – ela falou rápido e se jogou para trás na cama. Eu a entendia mas ao mesmo tempo não.

_Lucy, você está apaixonada por duas pessoas? – foi tudo o que eu consegui pedir.

_Sim.. e são duas pessoas muito próximas e queridas. – ela declarou.

_Ok, Natsu tem algum irmão gêmeo que eu não saiba? – não havia outro garoto que encantasse a nossa Lucy a não ser o rosado.

_É claro que não Gray, que pergunta. – ela negou. – Foi alguém que eu odiava até pouco tempo.

_Você odiou alguém? Você? – me espantei. – Quem diria que alguém seria ruim aos seus olhos loira.

_Gray, eu odeio pessoas frias! – ela falou erguendo a cabeça e me olhando fixamente.

Arregalar os meus olhos foi involuntário, não esperava essa resposta, nunca ninguém falou desse jeito e o olhar de Lucy causou-me uma dor estranha no peito e uma angustia, eu sempre fui frio, sempre a tratei com indiferença, não só ela, todos, embora fossem meus amigos, eu não ria, sempre fui assim, e nunca me importei se alguém dissesse isso pra mim, mas dessa vez foi diferente, isso realmente mexeu comigo, por que a loira odiava pessoas frias, então ela me odeia.

_Você não precisava falar desse jeito. – não consegui mais encará-la, olhei pra baixo.

_Eu não consigo falar de outra maneira. – ela confessou.

_Se você me odeia por que passou todo esse tempo comigo? – questionei seus atos. Mas ainda olhando pra baixo, não queria encará-la.

_Gray... eu odiava você... mas depois de te conhecer, de tomar sorvete com você e almoçar na chuva... tudo mudou! – esclareceu com a voz calma.

Levantei a cabeça e a olhei nos olhos, ela estava próxima a mim agora, cerca de 30 centímetros nos separavam. Seus olhos estavam sorrindo pra mim, um lado de sua boca estava levantado, revelando um sorriso discreto, sua bochecha um pouco rosa.

_Então você não me odeia? – pedi esperançoso.

_Não! – responde ela. Admito, nunca fiquei tão aliviado na minha vida, sério, a minha situação estava tão vulnerável, ela me deixava assim, eu Gray Fullbuster, preocupado se alguém me achava frio ou me odiasse, a uns dias atrás isso era totalmente ridículo pra mim, agora ver um sorriso no rosto de Lucy, ver seus olhos brilhando e ter ela não me odiando era de extrema importância.

Mas onde essa conversa foi parar, ela estava me contando sobre suas duas paixões, Natsu, que todos já sabiam e o mais novo ladrão da outra metade do coração de Lucy, alguém que ela odiava... odiava... meus Deus... eu não acredito que estou pensando numa coisa dessas... ela me odiava... e agora não mais... eu sou um amigo muito próximo dela... namorado.. de mentira, mas namorado... então...

_Lucy... você... você está apaixonada por m... – toc toc toc.. alguém bate apressadamente na porta. Me levanto e abro dando passagem para Mavis, a diretora da Universidada Fairy Tail, ela entrou rápido, nem pedindo licença, será que ela estava atrás de Lucy? Meu Deus, se for isso ela está encrencada.

_Senhorita Heartphilia, que bom que a encontramos. – Mavis era baixinha, uma mulher que parecia uma criança, sem peitos mas uma graça. Porém sua personalidade era imbatível, ela nunca deixava algo passar despercebido, nós devíamos ter mais cuidado, Lucy e eu devíamos saber que a diretora não deixaria passar em branco nossos encontros. – Relaxem, não estou aqui pra puni-los, mesmo sendo uma grave violação as regras estarem no dormitório do sexo oposto, mas o assunto é mais importante e de grave urgência.

Ela virou-se e olhou atentamente para a loira, e no fim suspirou como se doesse dizer algo.

_Senhorita Lucy, seus pais acabaram de falecer! – ela disse com pesar. – Eu sinto muito!

Olhei imediatamente para a menina, para vê-la fechando os olhos e caindo para trás, não pensei duas vezes, e corri ao seu encontro segurando-a antes que caísse no chão e batesse a cabeça.

_Lucy? – chamei-a, ela não me respondeu.

_Vamos levá-la para a enfermaria da universidade. – Mavis mandou e eu imediatamente peguei Lucy no colo estilo noiva e a levei em direção ao corredor seguindo a diretora que ia para a enfermaria.

Olhei para o rosto de Lucy, totalmente adormecida, droga, por que uma coisa dessa tinha que acontecer justo agora que o amor da vida dela, Natsu não está por perto como ela esteve quando isso aconteceu com ele. Como poderei dar apoio a ela, nunca fiz isso com ninguém, como substituir um amor? Droga Natsu!