*Gray Fullbuster*

Passei a noite inteira pensando na merda que eu fiz em pedir a loirinha em namoro. É eu fiz isso, acredite, estou desesperado para fugir de uma certa garota que é meio obcecada por mim.

Enfim, nunca tinha perdido tantas noites de sono desde que me aproximei de Lucy, ela é um furacão, sabe como bagunçar o seu coração e deixar seus pensamentos soltos como o vento. Ela me encantou de um jeito que não sei explicar, uma menina extremamente divertida, carinhosa, leal, inteligente, determinada e linda.

Mas a minha missão era cuidar dela, não ficar impressionado e a pedir em namoro, meu Deus, o que eu fiz, Natsu vai me matar quando voltar, se bem que ele não precisa saber, terminamos e esclarecemos as coisas antes que ele volte. Espero que até lá, Juvia pare de me perseguir e encontre alguém que a faça ver dias de sol.

Bem, lá vou eu, com olheiras pra variar, camiseta social preta, calça jeans escura, sapato social e meu cabelo que não tem jeito, rebelde e esvoaçante, kkk.

Saio do meu quarto, o tranco como sempre, desço as escadas, cumprimento um ou dois alunos, e quando saio do dormitório, bingo, alguém me esperando na porta. Se você disse Juvia, você errou! Era Lucy. É eu também fiquei surpreso.

Lucy estava com um calção preto, uma corrente presa no mesmo, uma bota preta de cano longo até os joelhos, uma blusa vermelha de manga comprida com um desenho de caveira rockeira em preto estampada na frente. Carregava sua bolsa com livros e cadernos no ombro direito, seu cabelo estava solto e caia sob seus ombros.

_Uau, você está linda! – elogiei, afinal ela merecia.

_Uau, você eleogiando! – ela sorrio, como sempre a garota estava com uma resposta irônica pronta.

_O que trás você aqui? Não vai me perseguir também não é? – pedi a ela.

_Bingo! Sonhei a noite inteira com você e seu pequeno ego, não pude aguentar muito mais tempo sem apreciar sua humilde presença. – ela ergueu uma sobrancelha. Tudo bem, desisto. Ri e ela continuou. – Bom dia!

Olhei sem entender.

_Você veio até aqui pra me dizer isso? – fiquei indignado com a menina.

_Epa, pera lá, sou sua namorada, tenho o direito de vir te dar um bom dia, ou você prefere que eu o persiga pelo colégio inteiro gritando “BOM DIA MEU AMOR”? – a garota não me deixou escolha.

_Bom dia! – ela apreciou minha atitude e sorriu.

_Ok, agora vamos aos negócios. Como isso vai funcionar? – ela me encarou.

_Bem, não pensei muito nisso. – admiti.

_Ótimo! – ela baixou a cabeça. – ok, fizemos assim, passamos os intervalos juntos, sentados um do lado do outro, a notícia vai se espalhar tão rápido quanto promoção de X-burger. Logo, logo cairá nos ouvidos da Juvia e bum. Tudo feito, é só nós continuarmos agindo assim por um tempo e ela vai parar de te perseguir.

_Muito bom, discreto e simples. – aprovei o processo.

_Se fosse complicado, não seria discreto, e se não fosse discreto, seria a cara da Juvia. – a lógica de Lucy me deixava tonto. Mas fazia sentido.

_Quando começamos? – perguntei.

_Já começou ontem quando você me pediu em namoro, hoje é que vem a próxima etapa, o marketing! – Lucy parecia que estava se divertindo com a ideia, não sei se agradeço por isso, ou se fico assustado. – Vamos?

Ela pegou na minha mão, e me puxou, fomos andando de mão dadas, digo, dadas mesmo, ela entrelaçou seus dedos nos meus, era muito estranho, mas bom, nunca havia dado a mão para outra mulher a não ser minha mãe. Lucy estava me trazendo lembranças e sentimentos muito antigos. Não sabia se eu gostava ou não disso, mas gostei de segurar sua mão e não queria soltar tão cedo.

Descemos para o primeiro andar, era onde eu tinha que deixar Lucy, sua aula estava prestes a começar.

_Bem então.. até depois. – eu disse isso, mas não soltei sua mão.

_É até depois.. amor. – ela disse isso corando, vendo isso não consegui segurar minhas bochechas, era tarde demais, elas já estavam me denunciando.

_Até... a... o almoço. – eu não consegui dizer essa palavra, era muito forte pra mim.

Ela sorriu e se aproximou devagar, o que ela ia fazer? Meu Deus, ela estava levando a sério demais, não era necessário nos beijarmos, minha barriga estava dando voltas, que sensação mais louca, senti minhas pernas ficarem um pouco moles, então senti seu perfume, doce e delicado como ela, não me aguentei, fechei os olhos esperando seus lábios tocarem os meus, porém senti um delicado beijinho na bochecha direita.

Abri meus olhos e a vi dando as costas para mim, logo que entrou na sala, ouvi os gritinhos das meninas e logo percebi os olhares que caiam sobre mim e seus comentários. Eram tipo: “ah não, sério? Ela?”, “Nossa senhora eles estão juntos?”, “Uau, que casal bacana!” e “Que fofos!”. Fiquei um pouco sem jeito, mas depois comecei a ouvir outro tipo de comentário e fiquei um tanto irritado: “Cara, não acredito que aquele playboyzinho ta pegando a loira.”, “Como eu queria estar no lugar dele!”, “Meu Deus, se eu fosse ele nem vinha pra aula, ficava no quarto com a loira!”, “Será que vai durar muito esse relacionamento? Estou tentando há tanto tempo algo com a loira, pensando que poderia perder ela só para o Natsu e agora essa.” e “Ela não estava apaixonada pelo Natsu?”.

Mas que droga! Odeio esse tipo de pessoa que não cuida da própria vida.

Bem, eu vou pra minha sala de aula que eu ganho mais.

A aula hoje estava um saco, sério mesmo, não consegui prestar atenção em nada, queria estar com Lucy neste momento, com certeza ela estaria me fazendo rir ou me divertindo de alguma maneira. Olha só o que eu estou pensando, eu sempre me dediquei tanto aos estudos e agora estou pensando em estar com uma garota, o que ela faz comigo?

Olhei para o relógio que estava na parede da coluna de cadeiras onde sento, tinham se passado apenas 20 minutos de aula, só? Esse relógio só podia estar quebrado. O que fazer para passar o tempo?

Passa um tempo, o professor decide nos deixar lendo algumas leis enquanto ele vai verificar umas coisas na diretoria da Fairy Tail. Olho para a turma, estavam todos concentrados, eu não vou ficar aqui nem que o gato de Natsu crie asas.

Guardei minhas coisas e sai da sala com olhares acusadores atrás de mim, mas eu não estava nem aí pra eles. Corri pelo corredor até achar as escadas e subi para o andar que Lucy estava tendo aula. Cheguei na porta e espiei pela mini janelinha de vidro, lá estava ela, na primeira carteira da esquerda, na coluna que ficava com as mesas encostadas nas janelas, pelo jeito a menina não estava prestando atenção na aula assim como eu, seu braço esquerdo estava apoiado na mesa enquanto sustentava seu queixo com a mão, seu olhar estava pregado no verde das árvores que rodeavam nossa universidade. Lucy quando ficava pensativa, mordia sua bochecha por dentro, puxando assim seus lábios para um lado, coisa da menina, mas achei um charme.

Ela estava tão concentrada que acabou levando um susto quando recebeu minha mensagem de texto, escrevi assim:

Gray: “Não morda suas bochechas, morda meus lábios!”

A cara de surpresa dela foi hilária. Ela começou a olhar para todos os lados tentando me encontrar, a menina pensava que eu estava entre seus colegas de turma, haha, Lucy, você é uma figura.

Gray: ”Você fica linda quando procura alguém!”

Ela franziu a testa com essa mensagem e me mandou logo em seguida uma resposta, com todo o cuidado para o professor dela não perceber.

Lucy: “O que você está fazendo?”

Gray: “Algo mais divertido do que olhar para as árvores!”

Lucy: “Engraçadinho! Não devia estar em aula?”

Gray: “É digamos que sim, mas preferi te incomodar!”

Lucy: “Ok! Onde você está?”

Gray: “Seria muito injusto te contar!”

Lucy: “Por que?”

Gray: “É mais divertido assim, eu te achei, agora me ache!”

Lucy: “Chato!”

Gray: “Chata é sua aula!”

Ouvi Lucy rindo na sala, depois ela se tocou que riu alto e depois olhou para seu professor, o velho Makarov, ele a olhava questionando-a.

_Algum problema senhorita? – ele perguntou estreitando os olhos.

_Ah.. não.. quer dizer sim, estou passando mal, com ânsia de vômito! Não quero fazer isso na frente da sala inteira, me perdoe, tenho que sair daqui. – ela pegou suas coisas e veio em direção à porta.

_Mas por que riu de uma coisa dessa menina? – ele perguntou.

_Ahm... – vi Lucy ficar vermelha, então se virou e respondeu tranquilamente. – por que talvez não seja por motivos ruins.

Ele ergueu as duas sobrancelhas em sinal de surpresa, e todos os seus colegas a olharam espantados, meu Deus, o que se passava na cabeça deles?

_Você está grá...grávida Lucy? – uma garota de cabelos azuis claros pergunta com toda inocência.

_Ahm... é... o que? – Lucy ficou vermelha e não conseguiu entender o que lhe estavam perguntado, a garota estava em apuros. – Não.. não entendi.. é...

_Ai meu Deus, então é por isso que você e o Gray começaram a namorar do nada, ele te engravidou! – outra menina metida fala.

Droga Levy, por que você foi pedir pra Lucy se ela estava grávida em voz alta? Agora todos vão pensar isso.

_Eu não... é... – Lucy tentava se defender, mas a menina estava mais assustada do que seus colegas com a estória da gravidez.

Gray: “Saia daí!”

Vi Lucy olhando em seu celular e depois vindo em direção a porta, quando ela abriu viu que eu estava escorado na parede.

_O que eu vou fazer agora? – ela me olhou totalmente assustada.

_Bom, a culpa foi sua! Brilhante ideia falar que estava passando mal por motivos bons. – respondi.

_Vamos! – ela baixou a cabeça e foi andando em silêncio na direção da escada, aonde ela estava indo?

Fui atrás dela, descemos as escadas e a menina começou a ir em direção a colina. Subimos e sentamos na grama, Lucy estava muito quieta, estava ficando assustado.

_O que foi? – perguntei, ela baixou a cabeça entre os joelhos e seus braços os abraçaram. Mas ela não respondeu. – hey?

_Acho que não devíamos ter feito isso... – ela falou.

_Está desistindo só por que acham que você está carregando um filho meu? – esse não fazia o estilo de Lucy, ela não era assim.

_Não, é claro que não, quem se importa com o que os outros falam. – respondeu. – é que.. quando o Natsu voltar, eu vou dizer como me sinto a ele, mas como direi se estou namorando você?

Ela ergueu a cabeça e me olhou. Não esperava essa pergunta, nem mesmo que ela pensasse uma coisa assim, mas ela tinha razão, eu estava pedindo demais, a garota já tinha medo de perder Natsu se ela se declarasse e ele não correspondesse, imagina se ela se declarasse estando com outro.

_Me desculpe, não devia ter pedido uma coisa dessas a você! – falei baixinho.

_Não se desculpe, eu quero te ajudar, e agora já é tarde pra voltar atrás. – ela disse se espreguiçando. – me desculpe, eu não sou assim reclamona, desculpe mesmo, não falo mais nisso, prometo. Está com fome?

Ela olhou pra mim, seus olhos estavam com um brilho diferente, preocupação? Dúvida? O que seria? Mas decidi parar de pensar nessas coisas por um tempo. Meu estomago começou a roncar.

Fiz sinal positivo com a cabeça e ela me alcançou um pedaço de torta num prato juntamente com um garfinho.

Quando experimentei o primeiro pedaço, era como comer um pedaço do céu, não sei que gosto ele tem, mas é para ser maravilhoso depois da minha comparação. Sério, chocolate e menta! Como ela fazia isso?

Olhei maravilhado pra ela, ela comia delicadamente, mas ao mesmo tempo em grande quantidade, Lucy era uma mistura de garota kawai e hentai, a melhor combinação possível.

_Lucy... – chamei a loira, ela se virou e a luz do sol refletiu em seus cabelos soltos dourados deixando ela com um tipo de aura em sua volta, seus olhos estavam brilhantes como nunca, ela piscou um vez, e foi tão graciosamente e lentamente, só faltava aquela música de fundo para parecer aquela cena de filme quando você olha e percebe que está apaixonado pela garota... espera o que eu estou pensando?

_Amor I Love you, amor I Love you... – escuto uma voz cantando aquela música melosa e olho para trás, a garota mais louca e assustadora que conheço estava cantando e subindo a colina em nossa direção. – olá novo casal.

_Erza?! – Lucy olha espantada. – a notícia já se espalhou?

_Que notícia? – a ruiva olha desconfiada para nós. – eu só enxergo as coisas ok? Vocês dois aqui, parados um do lado do outro se olhando intensamente, sozinhos, piscando lentamente um pro outro, a respiração acelerada, no mínimo o batimento cardíaco de vocês dois está acelerado agora, sério, só faltava à música de fundo, então fiz questão de cantá-la.

Ela sorriu de lado, e ela tinha acertado, meu coração tinha acelerado mesmo. Olhei para Lucy discretamente, a menina estava com a mão no peito, seu rosto estava tingido de rosa nas bochechas. Ela me olhou e desviou o olhar imediatamente. O que estava acontecendo, não podia ser o que a ruiva disse não é?

_Vou deixar vocês em paz. – Erza nos deu as costas e foi descendo a colina. – mas eu reconheço um olhar apaixonado, eu tenho o mesmo olhar quando olho pro Jellal!

Olhei para Lucy novamente, ela estava olhando para mim, quando percebeu que meu olhar havia se encontrado com o seu, ela desviou. Mas eu não queria que ela desviasse, então coloquei minha mão no seu queixo e virei seu rosto para mim, forçando-a a me olhar.

_Lucy... eu... – tentei dizer algo que não nos deixasse mais embaraçados do que já estávamos, mas era impossível, não sei o que estava acontecendo, mas não podia ser o que a Erza estava dizendo, eu amo apenas meus estudos, e Lucy ama Natsu. Não tenho lugar em seu coração e nem ela no meu. Não, o que estou pensando, Lucy tem seu lugar no meu coração, com certeza. E ele é maior do que eu possa dizer, afinal ela que descobriu esse lugar, ele estava congelado esse tempo todo, Lucy conquistou um lugar no meu coração e para sempre ele ia pertencer a ela. Droga ruiva, você é um verdadeiro cupido. – Sua torta está deliciosa!