*Natsu Dragneel*

Minha viagem em família estava ótima, conhecendo lugares novos, gente famosa e comida que foi a parte que eu mais gostei. Meu pai, nunca esteve tão paterno assim, sério, ele só fala que perdeu muito tempo, devia ter me trazido antes pra essa excursão. Mas eu discordo, cada coisa ao seu tempo, talvez se viéssemos antes, não estaria sendo tão legal quanto está.

A única coisa que falta pra tornar esse passeio perfeito seria a loirinha do meu lado. Pois é, eu não parei de pensar na garota desde que entrei no avião e parti pra longe do seu sorriso, eu até aprendi a escrever melhor em poucos dias pra mandar textos bonitos para ela. E quando uma carta me alcança, eu fico extremamente ansioso e feliz por receber notícias dela, as vezes demora mais por que já nos deslocamos, mas eu sempre a aviso onde vamos nas cartas que mando.

Lucy sempre me responde as cartas, e sempre me alegro mais ao lê-las e é claro sinto cada vez mais saudades. Ela sempre me faz rir com suas respostas, me conforta e me da mais esperanças de confessar meus sentimentos a ela. Desde que embarquei nessa aventura com meu pai, desde que deixei Lucy nas mãos de Gray e meus outros amigos, eu me decidi, que quando eu voltasse, iria contar a ela como realmente me sinto desde algum tempo, que para mim, não existe outra, que ela é a única que consegue fazer eu me sentir um bobo com apenas um sorriso, a única mulher pela qual eu daria minha vida, a única que amarei, Lucy não tem substituição e jamais terá.

_Filho.. chegou pra você.. mais uma... – Igneel, meu pai me alcança um envelope, e logo reconheço a letra de Lucy no destinatário.

Animo a abrir o papel e rapidamente começo a ler.

Porém meu animo foi embora. O jeito como ela escreveu a carta estava totalmente errado, ela sempre começava com um turbilhão de perguntas e me contando o que o Gray e o resto estavam aprontando, e nessa carta, apenas estava escrito que muita coisa aconteceu e pra mim aproveitar o tempo com meu pai, algo não estava certo, quando olhei um pouco mais pra baixo, vi uma leve mancha no papel, como se fosse um pingo de água, a garota era muito cuidadosa com seu material de escritora, ela jamais deixaria algo assim acontecer, se eu não tivesse certeza que aquela era a letra da loirinha, diria que outra pessoa escreveu isso. Aquilo só podia significar que era uma pequena lágrima, mas pequena ou não, estava caindo dos olhos de Lucy, a pessoa que eu jamais quero ver chorando, e ali está ela precisando de mim e eu não estou lá.

Me levantei e peguei meu celular, ele havia começado a tocar.

_Alô?

_Oi cara. Tudo bem? – era a voz de Gray.

_Sim, aconteceu alguma coisa com a Lucy, por que você me ligou?

Gray: É a coisa ta feia cara, ela precisa de você mais do que nunca. – eu sabia, tinha algo de errado.

_Fala logo cara, mas que droga, quer me matar do coração?

Gray: Os pais da Lucy, eles faleceram...

Tudo ficou preto, não consegui mais ouvir Gray ou meu pai que estava preocupado ao meu lado querendo saber o que aconteceu por que eu estava exaltado. Como uma coisa dessas foi acontecer e eu não estava lá pra dar apoio a ela, logo ela que me deu forças quando precisei.

Gray: Natsu?..

A voz do meu amigo me acordou.

_Foi mal, eu.. que droga.. estou do outro lado do mundo agora, vou demorar semanas pra chegar aí...

Era verdade, mesmo que meu pai fosse rico e eu quisesse, não podia atravessar o mundo em apenas um segundo, como eu queria ter poderes agora, como eu queria estar com ela agora.

Gray: E agora? – a voz desesperada de Gray me perguntou.

_Ela vai precisar de você, fique com ela... por favor. – doeu dizer isso, pois eu queria poder fazer o que ela fez por mim. Mas agora eu precisava deixar esse tipo de sentimento de lado e me concentrar no bem estar de Lucy.

Ouvi a suspirada dele pela ligação.

Gray: eu estou com ela, mas eu não sou a mesma coisa que você né cara.

Eu sei, não estou me achando, mas eu sei que era eu que devia estar com ela. Mas vou ficar devendo essa.

_Não se rebaixe Gray, nessas horas um amigo do lado é tudo o que precisamos, cuide bem dela, por favor. – pedi novamente.

Gray: tudo bem, vou fazer o possível, se cuide.

_Peça desculpas a ela por mim. E por favor, cuida dela cara. – como eu pude deixar uma coisa dessas acontecer?

Gray: Falô!

E assim ele desligou, e eu cai de joelhos no chão com meu pai se ajoelhando em minha frente com suas mãos apoiadas no meu ombro.

Olhei pra ele, e vi em seus olhos a preocupação de um pai e de um amigo.

_Pai.. a Lucy.. ela... – eu mal conseguia dizer, eu sabia como ela estava se sentindo, mas eu ainda tinha meu pai, e ela, sem ninguém, estava sozinha e eu não estava lá também.

_O que houve Natsu, pelo amor de Deus, não termine a frase assim filho. – ele me chacoalhou.

_A Lucy, ficou órfã... – contei, no instante que a informação chegou ao seu cérebro, ele arregalou seus olhos e começou a chorar. Sim meu pai estava novamente chorando, a última vez foi por causa da mamãe.

Eu abracei ele e no mesmo instante ele me olhou, colocou uma mão em cada lado do meu rosto e disse:

_Eu te amo filho. E acho que você está pensando a mesma coisa que eu. – ele soluçou. – temos que voltar e dar apoio a ela. Nós devemos isso a Lucy.

Ele se levantou e eu o ajudei a arrumar as malas.

Por favor Lucy, espere mais um pouco e fique bem, estou indo.

No avião, só conseguia pensar na morte da mamãe, pois ela gostava muito dos pais da Lucy.

_Você não pode ir a casa dos Heartfilia vestido assim... precisa se arrumar. – minha mãe estava belíssima, também, fomos convidados pra festa de 25 anos de casados dos pais da Lucy, a festa ia ser pra cidade inteira praticamente. – vamos vista isso.

Ela me deu um terninho branco.

_Por que eu preciso vestir isso? – estava chateado, queria ficar em casa. O que eu iria fazer sozinho lá?

_Já mencionei que a filha deles vai estar lá também? – mamãe sabia meu ponto fraco.

_Lucy não vai passar a noite na casa das amigas? – perguntei espantado.

_Os pais a deixaram ficar em casa se ela não fizesse bagunça. Então, eles me pediram pra levar você para poder fazer companhia a ela. – explicou mamãe.

_Tudo bem... mas será que o branco não é pouco pra ir lá? – perguntei preocupado.

_Hahahaha. – ela riu muito. – ok, escolha a roupa que você quer ir e se apronte rápido, por que estamos atrasados.

_Sim mamãe. – sai pelo quarto tirando meu pijama e comecei a me arrumar.

Em cinco minutos, estava pronto, mamãe e papai também, rapidamente fui para dentro da Limusine e em vinte minutos chegamos a mansão Heartfilia. Eram carros e mais carros estacionando na entrada e deixando seus convidados vestidos de gala, parecia que eram famosos entrando no tapete vermelho do Oscar. Mas acho que a mansão da Lucy, estava mais chique.

O motorista estacionou o carro e nós descemos, entramos ao confirmar nossos nomes na lista de convidados e nos deparamos com o hall de entrada, estava lindíssimo, todo enfeitado com ouro e como estava perto do Natal, eles deram uma misturada nos enfeites.

Comecei a olhar entre os convidados, mas não conseguia ver muita coisa, afinal não sabia qual a diferença entre eles e os enfeites da casa. Logo vi uma figura pequena se mexendo. E lá estava ela, a única criança além de mim na festa, a garota estava parada do lado do chafariz com os olhos fechados, cheguei perto e ouvi sussurros vindo dela.

_Oi loirinha. – cumprimentei a minha amiga. Ela se assustou, mas ao me ver se recompôs.

_Oi Natsu, que bom que pôde vir. – ela sorriu e me abraçou.

_Não perderia essa festa por nada. – mentira, só vim por sua causa.

Ela sorriu. Estava tão bonita, de vestido rosa bebê, com sapatinhos brancos e uma coroa de florzinhas pratas no cabelo, parecia uma verdadeira princesa.

_Onde estão seus pais? – ela perguntou-me.

_Hum.. – olhei em volta, havia perdido eles de vista ao ficar procurando pela minha amiga. – não sei, por aí...

_Hahaha.. Natsu, você é uma figura. – ela disse colocando a mão no meu ombro.

Eu ia dizer-lhe algo quando um som toma conta do salão.

_Óhhhh! – Lucy e eu nos olhamos e então observamos que todos os convidados estavam olhando para o topo da escada.

Lá estavam acenando para nós um casal, se eu dissesse que eles pareciam rei e rainha, vocês acreditariam? Pois é, acreditem.

Jude vestia um terno branco com detalhes em prata, que combinavam com seu cabelo levemente grisalho, que para a maioria das mulheres ele estava sendo considerado um galã.

Mas o mais impressionante de tudo, era sua mulher, a mãe de Lucy, Layla Heartfilia, descia delicadamente os degraus, seus vestido brilhava mais do que qualquer estrela no céu, todo em prata com detalhes feitos com rosas brancas, conforme seu caminhar, a barra do vestido levantava para as mulheres do salão invejarem seus sapatos brancos de quinhentos dólares ou mais. Uma pequena luva de renda branca com um strass prata. Um belo colar que trazia como pingente um anel prateado e nos cabelos um coque prendido com uma rosa branca pequena.

Após o choque, todos bateram palmas para o casal que agora começaram a dançar no centro do salão.

_Não parece um conto de fadas? – Lucy perguntou pra mim, mas ela estava olhando para seus pais admirada.

_Sim, ela está linda, sua mãe. – falei sorrindo. A garota me olhou e sorriu, um belo sorriso banguela, Layla poderia estar linda, mas a garota mais bonita estava ali sorrindo ao meu lado.

_Um dia, eu também quero comemorar minhas bodas de 25 anos de casamento.- Lucy disse sonhadora. – eu quero o mesmo vestido da mamãe.

_Você vai, e eu vou estar lá também. – afirmei a ela. A mesma me olhou e ficou vermelhinha e sem graça. – ah.. não.. não foi isso que eu.. desculpe, eu adoraria casar com você...

Lucy arregalou os olhos mais ainda e ficava cada vez mais sem graça. Eu tentei concertar as coisas e piorei.

_Bem, o que eu estou dizendo.. temos doze anos.. ahm.. claro que não vou casar com você agora.. é... – ela estava cada vez mais sem graça. – é esquece.

Virei para o lado e observei os pais dela dançando. Meu Deus, o que eu estou dizendo? Sentia minhas bochechas coradas. Acho que estou doente.

_Bravo! – todos gritaram no salão seguidos por palmas.

_Obrigado! – Jude disse sorrindo. – obrigado a todos por virem, este dia é muito importante para nós dois, para nossa família. Eu agradeço a oportunidade de compartilhar isso com todos vocês.

Olhei para o lado e Lucy sorria muito.

_Eu quero dizer algumas palavras.. mas estou me sentindo um pouco envergonhada com tantos olhares sobre mim, hahahaha. – Layla brincou. – a ideia do vestido estonteante foi da minha melhor amiga, a senhora Dragneel.

Olhei para onde a mãe de Lucy ergueu a taça e lá estava minha mãe sorrindo toda envergonhada pelo elogio.

_Enfim, como meu marido disse, agradeço a cada um por vir está noite. Mas quero agradecer principalmente a meu marido. – nisso ela virou-se para ele. – obrigada querido, por todo o carinho nos últimos vinte e cinco anos, e mais os três anos de namoro, e as outras noites hahaha.

Todos riram da piada da mulher, mas logo voltaram ao silêncio para ouvir as belas palavras.

_Você mudou minha vida, e a partir desse momento eu nunca mais tive medo de mudanças, pois se eu tiver que enfrentar algumas coisa, sei que você está do meu lado e com isso, passo por cima de qualquer coisa. Tivemos muitas aventuras amor, muitas brigas, risadas, beijos, conversas, mas nada foi melhor do que a companhia não é mesmo? – ela dizia com alguma lágrimas nos olhos. Então ela olhou para nós e fez sinal para Lucy ir em sua direção, a pequena foi correndo. – quero dizer a todos aqui presentes e a meu marido também, que quando duas pessoas se unem e se amam de verdade, elas reproduzem amor e vida, e Lucy, minha pequena, você foi fruto de amor verdadeiro, por isso é tão linda, amada e querida, pois você é uma Hearfilia.

Dizendo isso o salão e o senhor Jude bateram muitas palmas, a família se abraçou e depois que Lucy voltou ao seu lugar, seus pais selaram um beijo terno e apaixonante na frente de todos. E mais uma vez, uma onda de palmas e assovios tomou conta do salão.

Após muita conversa e comilança, eu fui dar os meus parabéns para os pais de Lucy, enquanto ela ia ao banheiro. Quando me aproximei do casal, eles falavam com meus pais, que por fim me viram e fizeram sinal para me aproximar deles.

_Jude, Layla, acho que meu pequeno quer dar seus votos de felicidade a vocês. – minha mãe comentou e assim o casal me olhou sorridente.

_Ah, parabéns. - falei rápido e sorri.

_Hahaha, ele é uma gracinha. – Layla disse e se abaixou ao meu lado. – obrigada Natsu.

_Hey garoto, - Jude me chamou se abaixando também. – cuide bem da nossa filha.

_Ah, sim, eu vou providenciar bodas de prata melhores pra ela. – falei orgulhoso, mas percebi que falei besteira quando Layla e Jude me olharam espantados. – é.. não que a de vocês eteja ruim, não é nada disso, só que é sempre bom fazer melhor né?

Layla sorriu e pôs a mão na minha cabeça bagunçando meus cabelos.

_Obrigada meu futuro genro. – Layla sorriu ainda mais e percebeu que me deixou sem graça. Então ela olhou para o anel em seu colar e tirou ele. – Sabe por que eu estou usando isso como pingente está noite?

Neguei com a cabeça. Ela sorriu e me explicou em seguida.

_É uma aliança de prata, uma aliança de namoro, o pai de Lucy me deu ela, eu a tenho a vinte e oito anos, pra mim é um símbolo de amor verdadeiro, por que ficou não só no meu dedo durante três anos, como ficou perto do peito após esse tempo. É muito importante pra mim, e eu vou dá-la a você, por que eu já vi o futuro da minha filha, e sei que de alguma forma, vai voltar para a mãos dela esse anel, vai voltar pra família Heartifilia.

Dizendo isso, ela colocou a aliança de prata na palma da minha mão e fechou com cuidado meus dedos em torno dela.

Ela se levantou e sorriu para o marido, e assim os dois foram dançar novamente, mas dessa vez convidaram os outros casais presentes para dançar.

Naquele dia, eu não sabia o valor nem o significado real de uma aliança, mas eu havia guardado ela, nunca mostrei a ninguém, nem a Lucy, mantinha o anel seguro como pingente num colar que eu sempre usei por baixo da camiseta.

Mas eu decidi que estava na hora do anel ficar com Lucy, era um pertence precioso de sua mãe, que agora eu precisa colocar na mão da filha.

Pousamos no aeroporto de Magnolia, era manhã de segunda, o relógio marcava sete horas e dez minutos, eu me despedi de meu pai e peguei um táxi para Fairy Tail, chegando lá me arrumei e fui para a sala de aula, todos os meus amigos se espantaram com a minha chegada, pois era previsto minha chegada só para daqui um mês.

_Onde está a Lucy? – logo perguntei ofegante por ela.

Eles olharam entre si e Levy me respondeu.

_Ela foi passar um tempo na casa dela, Gray foi junto.

_Mas quando ela volta? – pedi.

_Não.. – Levy foi interrompida.

_Oi gente! – era a voz de Lucy. Olhei para trás e a vi entrando sorrindo.

Não perdi um segundo de tempo, tinha tanta saudade da garota, corri ao seu encontro e dei um abraço tão apertado nela, que a mesma se desequilibrou e nós fomos para o chão.

_Eu voltei pra você loirinha!