O dia do baile finalmente havia chego e eu estava mais animado do que metade do castelo e toda a população feminina em grupo. Ninguém sabia quem era meu par, nem mesmo Padfoot, que me atormentava dia e noite para saber se eu ia levar “a garota gostosa da Corvinal” e ele só parou de ser inconveniente, quando Lene escutou pela provável milésima vez a pergunta e lhe acertou um tapa bem dado atrás da cabeça, mandando ele parar de me importunar. 

Lily, pelo visto, estava enlouquecendo as amigas sem contar quem seria o par dela. Era de se esperar que pelo menos Remus fizesse a conexão, de que nós dois estávamos escondendo algo e que iríamos juntos, mas ele estava ocupado demais nos livros e na boca de Dorcas para pensar nessa hipótese. 

Acabei acordando cedo demais, muito animado e ansioso para dormir, porém, acabei ficando na cama até um Sirius, pisando na ponta dos pés, andar preparado até a minha cama para me acordar, provavelmente me levantando pelo tornozelo, mas quando me vê acordado na cama, rindo da sua cara, ele bufa e vai até o banheiro batendo os pés com força no chão. 

Se Sirius já estava de pé, significava que faltava menos de cinco minutos para o café ser servido. Levanto em um pulo, tirando as meias de hipogrifos e vestindo alguma coisa apresentável, que se resumiu em camisa, suéter e calça. Pads, sem estar suficientemente acordado para descer, deixou metade da camisa pra dentro da calça de moletom e descia com suas pantufas de dragão. 

Chegando na mesa do café, sento no banco e começo a analisar o Salão Principal, recheado de pessoas dando gritinhos, grossos festões e neve falsa, mas dessa vez, sem as doze árvores de natal, que estavam todas decorando o espaço do baile, no lugar delas, haviam ramos de visco pendendo do teto. 

Como um pedaço de bolo e suco de abóbora, indo para fora no instante que terminei, conferir a decoração do baile a pedido da Prof. Minerva. Arrumo algumas bolas multicoloridas que caíram das árvores e um festão que está ligeiramente inclinado para a esquerda, provavelmente por causa do vento. 

Assim que termino de arrumar e me viro, sou atingido por uma grande bola de neve que voa na direção do meu rosto extremamente rápido, sem dar tempo para me desviar, a bola me atinge, molhando meu rosto e meu cabelo. Olho para a direção de onde veio o projétil e vejo um par de ridículas pantufas verdes de dragão aparecendo de trás de uma das árvores. Caminho até lá e encontro Moony e Padfoot segurando a risada, enquanto eu os encaro com neve escorrendo pelo meu rosto, caída do meu cabelo. Enquanto os dois mongóis riem, eu os levanto com um feitiço e faço bolas de neve assustadoramente grandes quicarem repetidas vezes nos seus rostos. Quando param de rir e me xingar, eu os baixo para o chão e vamos juntos para dentro do castelo aquecido, ensopados de neve, isso era um problema a ser resolvido até o horário do baile. 

Me separo dos dois idiotas assim que adentro o salão principal e vou até a Prof. Mcgonagall e lhe aviso sobre a neve acumulada, ela me agradece e diz que vai providenciar soluções. Dito isso, vou até o Salão Comunal trocar de roupa e fazer nada até o horário do almoço. 

De tarde, sem tarefas, trabalhos ou aulas para nos entreter, eu, Frank, Alice e Peter decidimos jogar algumas partidas de Snap Explosivo no tapete diante da lareira. Frank puxa um grande saco de gominhas do bolso e divide conosco, enquanto matamos tempo jogando e construindo castelos com potencial explosivo. 

Batendo duas horas no relógio, Alice se despede de nós e sobe para o dormitório, dizendo que teria que começar a se arrumar, logo, as meninas que estão atazanando Lily sobre seu par, sobem também, arrastando uma ruiva risonha pelos braços junto com elas. Eu jamais entenderia como alguém podia demorar tanto tempo para se arrumar. 

Assim que bateu 17h30min, corri para pegar minhas coisas e debandei até o Banheiro dos Monitores, enchendo a piscina de espuma branca e densa e bolhas do tamanho das abóboras que Hagrid cultivava atrás de sua cabana. Entrei na água quente e deixei o calor tirar a tensão dos meus ombros, acalmando também minha ansiedade pela antecipação de pelo menos ter Lily em meus braços durante uma dança. E se eu tropeçasse? E se eu derrubasse a ruiva?

Mergulho na água em uma tentativa de fazer essa insegurança e essas perguntas ridículas saírem da minha cabeça, e funcionou, em partes. Ainda estava nervoso, mas os questionamentos sem sentido tinham ficado debaixo d’água. 

Quando saio da água, faltava pouco mais de dez minutos para às 18h, visto meu traje a rigor, colocando a gravata roxa ao redor do pescoço e tentando abaixar um pouco os cabelos rebeldes, sem sucesso. Saio do banheiro dos monitores e caminho lentamente pelos corredores até retornar ao Salão Comunal, onde me junto com os meninos que estão esperando entediados perto da escadaria que leva para o dormitório feminino, todos já vestidos e com as gravatas coloridas apertadas no colarinho da camisa. Exceto Sirius, que deixou ela sem amarrar, solta no pescoço. 

Esperamos mais alguns minutos, até que começou uma verdadeira procissão de vestidos multicoloridos e penteados descendo as escadas, Alice, com seu vestido verde brilhante de paetês sorri enquanto se atira nos braços de Frank, que lhe dá um beijo e oferece seu braço para descerem as escadas em direção ao baile. Mary, de vestido prateado, e Dorcas, de azul, vão até seus pares sorrindo timidamente, e seguem o mesmo caminho de Frank e Alice. Eu já começava a ficar nervoso, imaginando que tudo tinha sido um sonho e na verdade Lily não iria comigo, ou que ela tinha se arrependido e iria ficar no dormitório para não precisar ir ao baile. Vejo uma movimentação no alto das escadas e olho rápido demais, esperando que fosse Lily, mas era Lene, em um vestido vermelho provocante com uma fenda que fez Pads babar. Ela para na sua frente, dá um nó firme em sua gravata depois de xingá-lo por não ter feito isso e lhe dá o braço para que fossem aos jardins, sem sequer olhar para a poltrona onde eu estava agonizando. 

Alguns minutos depois, que mais pareceram horas, a ruiva finalmente surge na escadaria, descendo os degraus com um pouco de pressa. No instante que ela surge, eu me levanto da poltrona, olhando embasbacado para a garota, ela usava um vestido roxo, justo em cima, acinturado e que caíam em camadas graciosas de tecido até seus pés, seus lindos cabelos ruivos estavam soltos, com algumas pedrinhas brilhantes presas nele e ela carregava um delicado xale de tecido roxo transparente. Ela chega ao fim dos degraus e começa a falar:

— Desculpe a demora, eu não encontrava meu xale e… - Ela para de falar ao ver minha cara abobada - James?

Eu acordo do meu transe, abro um sorriso do tamanho do universo e lhe dou meu braço, falando ao mesmo tempo:

— Você está linda, Lily. 

Ela cora um pouco, sorri e aceita meu braço e então tomamos o caminho dos que foram antes de nós. Enquanto passávamos pelos corredores, as pessoas nos olhavam e comentavam aos cochichos, nós apenas ignoramos, sorrindo e continuávamos andando. Chegando no jardim magicamente aquecido, ele está iluminado por centenas de bolas flutuantes e fadinhas, a neve foi removida, dando lugar a uma finíssima camada de piso do mesmo material da pista de dança, o lago estava congelado, com alguns poucos casais arriscando-se a patinar sobre ele. 

Assim que Lily coloca seu salto alto na pista de dança, Lene nos vê juntos e seu queixo cai, cutucando Sirius e apontando para nós com o cotovelo, fazendo o grupo todo, além de Pads, ficar boquiaberto. Nós nos aproximamos da mesa onde eles se encontravam, Lene tomou voz, olhando feio para Lily e perguntou:

— Como você não me contou que vinha com ele?

A ruiva dá de ombros, olhando vingativamente para Lene e falando:

— Como você não me contou que estava se agarrando com Sirius pelos cantos?

A morena de vestido vermelho ri, aceitando a derrota. Nós conversamos por um tempo, até a banda começar a tocar a primeira música, lenta, e os casais começarem a se deslocar para o centro da pista e dançarem. Lene puxa Sirius e Dorcas a acompanha, eu olho para a ruiva, oferecendo a mão em um gesto exagerado e a convidando para dançar comigo. 

Ela ri baixinho e aceita o convite, deslizando graciosamente até o centro da pista de dança, onde coloca uma das mãos sobre meu ombro e pousou a outra suavemente na minha mão estendida, ao passo que a minha outra mão escorrega e pousa em sua cintura. A música era lenta e nós nos balançamos devagar, girando e dando passos perfeitamente coordenados, até o fim daquela e de mais três músicas. Com ela nos meus braços, a última coisa que eu queria era que a música acabasse. 

Depois de algumas danças, decidimos nos arriscar no lago. Pegamos um par de patins disponíveis em uma prateleira de madeira e nos lançamos no gelo, eu afastava as pernas, tentando me equilibrar enquanto Lily voava pelo gelo, girando e fazendo o vestido rodopiar, rindo, ela se aproxima e me puxa pelas mãos, até eu pegar o jeito e começar a patinar sem cair, não atingia o nível de graciosidade da garota e nem iria, mas apenas seguir seu ritmo enquanto ela me puxava pela mão já estava de bom tamanho para mim. 

E eu passaria a vida toda deslizando naquele lago congelado se ela continuasse a segurar minha mão.