Katniss olhou para a bela paisagem que tinha em sua frente. A lua se refletia no mar, formando um cenário quase mágico. A casa de praia dos Mellark ficava a poucos metros do mar. Precisava admitir, aquela fora uma boa estratégia de Peeta. Oferecer sua casa como local de hospedagem para os alunos de Panem. Delly havia adorado o gesto, já que eles poupariam um bom dinheiro para os fundos que estavam arrecadando. Como Peeta era um bom jogador, bancando o garoto generoso para chegar até o coração de Delly, ou melhor, até sua cama.

— Gostou? — perguntou Peeta, não havia notado quando ele chegara ali.

— É um local agradável.

— Deixei o melhor quarto para você... Na verdade, o segundo melhor, porque o melhor é o meu. Se quiser provar o melhor, apenas vá para o meu...

Ela olhou para ele com uma das sobrancelhas arqueadas.

— Eu gostei do quarto. — Estavam na sacada do quarto, que tinha ficado para Katniss, Rue e Johanna dividirem.

— Mas a proposta ainda está de pé... Estou sozinho no meu quarto.

— Coitadinho!

Ele riu.

— Os dias aqui podem ser quentes, mas a noites podem ser bem frias — disse, dando um pequeno gole no drink que tinha nas mãos.

Pegou o drink das mãos de Peeta e deu um grande gole.

— Vou dar um mergulho! — Devolveu para ele o copo, quase vazio. 

Retirou a bata que vestia. Estava usando um biquíni laranja. Adorava provocar Peeta com esta cor, desde que descobrira que era sua cor favorita.

Olhou para baixo, estavam apenas a poucos metros do chão. Subiu na mureta da sacada e pulou. Teve um pouso quase perfeito no chão. Olhou para trás e viu Peeta a olhando, impressionado.

— Vem! — convidou.

Peeta retirou a camiseta, ficando só de bermuda, subiu na mureta da sacada e também pulou, caindo quase a seu lado. Ele não havia se saído tão bem quanto ela.

— Acho que saltar não é a sua especialidade! — disse, estendendo a mão para ele, ajudando-o a levantar-se.

— Realmente não é! Tenho muitas outras especialidades! — afirmou, pegando em sua mão.

Katniss riu e o puxou até o mar. Ela mergulhou de cabeça na água. Amava nadar, se sentia quase como um peixe. Fora seu pai que lhe ensinara a nadar, deveria ser por isso que adorava tanto ficar dentro da água. Estava tão feliz em entrar na água.

Depois de um tempo emergiu, dando um belo susto em Peeta. Caiu na gargalhada.

— Então, é assim, senhorita Everdeen? — falou Peeta, fingindo zanga. — Você vai ver!

Ele lhe jogou água e ela revidou. Em poucos segundos havia se formado um verdadeiro campo de batalha. Os dois davam grandes gargalhadas. Por fim, caíram exaustos na areia. Suas respirações estavam ofegantes.

Peeta apoiou a cabeça na mão e olhou para ela.

— Viu o que fiz por você? Até ofereci minha casa como hotel!

Os olhos de Peeta ficavam ainda mais lindos ao luar.

— Você está se esforçando para não perder seu porsche! — Acariciou o peitoral nu dele. Um belo peitoral diga-se, não era igual aqueles peitorais de ratos de academia, musculosos demais. Não, era na medida certa. Nesse ponto, precisava dar razão as meninas de Panem, o corpo de Peeta era uma verdadeira tentação.

— Não quero é perder outra coisa... — afirmou, a olhando.

Ah, Peeta! Como ele sabia ser sedutor! Sorriu.

— Isso não vale! — disse ele, passando a mão pela alça de seu biquíni.

— O quê?

— Você sabe qual é a minha cor predileta, mas eu não sei a sua!

Às vezes, Peeta podia parecer mais um garotinho do que o senhor conquistador de Panem. Era esta sensação que teve quando os dois brincaram na água e agora ao vê-lo deitado na areia, com os cabelos bagunçados.

— Minha cor predileta é verde.

— Hum... verde, combina com você! Por que você gosta desta cor?

— Não sei... não consigo explicar o motivo de eu gostar de verde, há coisas na vida que não têm explicação, nem lógica... E você, tem um motivo por gostar de laranja?

— Gosto desta cor devido ao pôr do sol. — Ele olhava as estrelas. — Você já reparou como o pôr do sol é bonito? É como se a terra estivesse encontrando o seu amado sol — sua voz possuía um tom sonhador. — Depois de muito tempo, os amantes separados se encontram, e o resultado é aquela cor laranja.

— Quem diria, hein? Você falando assim, eu poderia jurar que era um romântico!

Peeta riu.

— E quem disse que não sou?

— Você, o pegador de Panem? — disse, duvidosa.

— Posso ser romântico se a ocasião pedir!

— Sabia! — Riu. — Você usa isso para conquistar as garotas!

— Cada um usa as armas que tem! E eu tenho muitas — falou em um tom malicioso.

— Muitas, é? Hum... é mesmo?

— Sou gato, muito gostoso! Se eu fosse uma mulher, eu pegaria o gostosão aqui sem duvidar!

Aquilo era demais. Katniss precisou se controlar para não rir.

— E... tenho muitas coisas grandes, não só o meu tamanho!

Ela sabia exatamente ao que ele estava se referindo. Mordeu os lábios, tentando segurar uma gargalha que teimava em querer sair. Peeta parecia um vendedor, ansiando por vender seu produto.

— Me diz, Katniss, que mulher não iria me querer? Lindo... — Apontou para o rosto. — Olhos azuis perfeitos! Que penetram até a alma. Lábios ótimos para beijar. Sem falar em minha bela bundinha!

Ela não conseguiu segurar mais aquela gargalhada, explodiu em risadas. Peeta também riu. Ele estava usando os mesmos termos com os quais as garotas costumavam se referir a ele.

Chegou até eles o som de uma música alta que vinha de dentro da casa.

— Acho que os garotos voltaram com as bebidas — falou Peeta, se sentando na areia.

Alguns garotos haviam se oferecido para irem comprar bebidas, para a pequena festinha que resolveram organizar, dedicada a chegada deles. Era sexta-feira a noite, e eles ainda tinham o final de semana inteiro pela frente, apenas com o mar, areia, sol e nada de adultos por perto.

Katniss se levantou.

— Aonde vai? — indagou Peeta.

— Minhas colegas de quarto já devem estar me procurando — disse.

— Fica mais um pouco — pediu com uma voz manhosa. Parecia um cachorrinho pidão neste instante.

— Temos uma festa aqui! E todos achariam estranho se o anfitrião da casa sumisse de uma hora para outra.

— Eles não ligariam!

— Pode até ser, mas Delly vai estar lá... — Sorriu.

— Certo, entendi!

— É assim que eu gosto — falou, voltando-se em direção a casa e deixando Peeta sozinho na praia.

Entrou na casa. Foi direto para seu quarto. Rue e Johanna estavam lá. Rue terminava de fazer a maquiagem, e Johanna penteava o cabelo.

— Onde estava? — perguntou Rue, passando gloss nos lábios.

— Fui dar um mergulho — respondeu, indo para o banheiro.

— Eu e Rue pensamos que estava se enroscando com um gatinho por aí! Você viu os universitários que vieram com Cato? — falou Johanna.

— Universitários? — perguntou, enquanto se livrava da areia que havia colado em seus cabelos.

Cato havia vindo separado do resto do grupo, chegara um pouco antes deles. Porém, não o tinha visto até então, quando chegaram, ele não estava lá.

— Sim, e tem cada cara lindo! — disse Johanna. — Tem um louro incrível! Um moreno de tirar o folego, e um cara de cabelos cor de bronze com um corpo... que só de olhar você já quer tirar a roupa e o levar para a cama.

Cabelos cor de bronze, que faria qualquer mulher desejar tirar a roupa... será que? Não, seria coincidência demais o encontrar ali. Mas, por outro lado até que poderia ser Finnick, o rapaz incrível com quem havia trocado uns belos beijos há alguns dias. De qualquer maneira, sempre seria ótimo olhar para belos rapazes, concluiu.

— Eu e Johanna estamos descendo! — avisou Rue.

— Vejo vocês depois — disse, entrando na ducha.

Katniss tomou um banho demorado, livrando-se de toda a areia que estava em seu corpo. Esse era um dos únicos aspectos ruins na praia, areia.

Olhou para as malas, em busca de uma roupa. Um vestido laranja lhe chamou atenção. Sorriu. Era laranja da cor do pôr do sol. Sempre era bom avisar Peeta, que deveria vencer aquela aposta. Ele realmente estava frustrado por não tê-la em sua extensa lista de conquista. Ela fora a única que nunca cairá aos pés dele, e para um conquistador como ele, isso deveria ferir muito o orgulho. Riu com esta ideia. Garotos podiam ser muito tolos.

O vestido era curto e sem mangas, com um tecido bem leve, perfeito para a praia. Ficava bem nela. Deixou os cabelos soltos.

Desceu para a festa. A casa de praia dos Mellark era imensa, quase um castelo a beira mar, cheia de quartos e salas. O lugar escolhido para a festa era a uma sala enorme, a maior da casa. 

A sala estava cheia. Praticamente todos tinham um copo de alguma bebida na mão. Um dos garotos responsáveis pelas bebidas lhe entregou um copo de Bloody Mary.

Viu Rue e Johanna conversando com dois rapazes, um louro e um moreno de tirar o fôlego, deveriam ser os universitários de quais Johanna lhe falara. Avistou Peeta em um lugar afastado da sala, tendo uma conversa com Delly. Sorriu. Alguém estava fazendo o seu trabalho.

— Olha só quem está aqui! — sua voz era inesquecível, nem precisou se virar para saber de quem se tratava.

— Resolveu pegar algumas ondas, Finnick? — falou sem se voltar para ele, dando um grande gole em seu drink.

— Eu não consigo ficar longe do mar por muito tempo!

Ela voltou-se para ele e sorriu.

— Quem sabe, você poderia me ensinar a surfar... um dia destes.

— Eu adoraria!

Finnick estava ainda mais gostoso, os cabelos caiam de maneira sexy pela testa, a pele estava mais queimada do que última vez que o vira, sinalizando que passara o dia na praia. Ele realmente combinava com o mar.

— Veio com Cato? — perguntou.

— Sim. O pai de Cato é meu professor, foi assim que o conheci — explicou. — Cato se dá muito bem com universitários.

— Você quis dizer universitárias — disse maliciosamente.

Riram.

— Quer uma bebida? — Ofereceu seu drink a ele.

— Adoraria!

Entregou a bebida a ele, e pegou outra, para si, desta vez um copo de tequila.

A companhia de Finnick era muito agradável, além de lindo, era divertido e conversava sobre coisas que os garotos de Panem nunca falavam. Gostoso, divertido, inteligente, um pacote perfeito.

A música só ficava cada vez mais alta. E Katniss cada vez mais bêbada. Já havia perdido a conta de quantos copos de bebida tomara.

Quando eu olho em seus olhos, eu sou um criador de problemas.
Quando eu estou ao seu lado, eu sou um criador de problemas.
Um pouco mais, mais, mais
Conforme o tempo passa mais, mais e mais.

Katniss começou a cantar junto com a música, com a toda a potência de sua voz.

Agora eu não consigo controlar meu coração.
Então, para você não me esquecer,

vou ficar na sua frente mais uma vez.
Vou continuar balançando seu coração,

então, você não vai me abandonar
Eu vou roubar seu lábios outra vez

E depois correr para longe
Sou um problema, problema! Criador de problemas!

Ela andou até o balcão em que estavam as bebidas e subiu nele. Se sentia com uma vontade enorme de cantar e dançar.

Criador de problema!
Criador de problemas!
Criador de problemas!
Criador de problemas!

Continuou cantando junto com a música. Bagunçou os cabelos imitando uma pose sexy. Olhou para Finnick e riu, piscou para ele. Finnick riu, estava adorando aquilo.

Como um gato, vou morder seu coração e fugir
Você vai continuar se frustrando,

então venha até mim e enlouqueça.
Meu jeito sexy de andar incendeia sua mente
Seus olhos já estão me contando

que você está morrendo pela falta do meu toque.
Quando eu estamos juntos, você vai se apaixonar cada vez mais por mim.

Quando mais eu te conheço, mais eu gosto de você.

Eu acho que estou embriagado com pensamentos sobre você

Eu nunca, nunca, nunca paro.

Mandou um beijo para Finnick. Viu Peeta se aproximando do balcão, notou que tinha uma pequena plateia. Eles a aplaudiam.

Então, para você não me esquecer,

vou ficar na sua frente mais uma vez.

Vou continuar balançando seu coração,

então você não vai me abandonar
Eu vou roubar seu lábios outra vez

E depois correr para longe
Sou um problema, problema! Criador de problemas!

Olhou para Peeta e riu. Sim, ela era uma criadora de problemas. Tirou os sapatos e jogou-os para Finnick.

— Ei, Finnick, me pega! — gritou para ele, enquanto se preparava para pular do balcão.

Finnick riu e se aproximou do balcão.

Saltou. Porém, não foram os braços de Finnick que a receberam.

— Hum... Finnick, por que você está louro? Não gosto de louros! — tocou em o cabelo macio e dourado. 

— Katniss, você está bêbada demais — falou Peeta, a pegando no colo. — Vou levá-la, antes que as mobílias da minha mãe sofram algum acidente. Minha mãe ama essas mobílias!

Katniss riu e passou os braços pelo pescoço de Peeta.

Criador de problema!
Criador de problemas!
Criador de problemas!
Criador de problemas!

Continuou a cantar junto com a música.