Eu e Bobbi estamos no aeroporto de Nova York confirmando nossas passagens para a Inglaterra. Podíamos estar em um quinjet? Sim, mas nem eu nem ela sabemos pilotar. Eles poderiam mandar algum piloto? Sim, mas a SHIELD está um pouco sobrecarregada com o transporte do Halloween e do Duende Macabro. Por isso viajaremos de avião como qualquer outra pessoa.

Após verificarmos as passagens, eu fui comprar café. Está de madrugada, estou morrendo de sono e faltam cerca de 2 horas para nosso voo. A ideia de virmos cedo foi de Coulson, por isso culpo ele por eu estar com sono.

–Dois cafés, por favor. - A moça me entrega os cafés. Senti que ela não está muito contente com o emprego, mas isso não é da minha conta.

Carrego os cafés numa bandeja e me sento na mesa juntamente com a Bobbi.

–Obrigada, Jess. - Ela larga o celular e toma o café - Hum! Muito bom!

Eu também bebo o meu. Realmente está muito bom, apesar de eu não gostar muito de café. Nós ficamos caladas por um longo tempo. Acho que é a primeira vez que não tenho nenhum assunto para comentar.

–Jessica, aquele não é o rapaz que você esbarrou no outro dia?

–Onde? - Viro-me e reconheço o garoto. Jared é o nome dele, eu acho. Viro-me para Bobbi e confirmo com a cabeça - É ele sim.

–Deveria falar com ele. - Ela sugere - Ele pareceu interessado em você e vice-versa - Conclui, bebendo mais um pouco de café.

–Definitivamente não. - Digo, bebendo mais café e torcendo para mudar de assunto.

–Por quê? Jess, nem todos os garotos são como o seu ex. E aquele rapaz pareceu interessado em você.

–Eu sei, é que... - Mais café! Uau, fiquei viciada! Abaixo a voz, quase sussurrando - Eu tenho poderes, sou uma agente da SHIELD e posso atrair qualquer homem, mulher, idosa e criança. E se ele se apaixonar por causa dos feromônios de sedução?

–Você está ficando desesperada por antecipação. - Ela toma os últimos goles de café. Eu também - Poderia comprar mais café para mim, Jess?

Eu sei qual o plano dela. Esbarrar acidentalmente em Jared para conversarmos e termos o início de um relacionamento. A diferença é que esbarrarei propositalmente nele. Mas não, não quero nenhum relacionamento no momento. Não com minha cabeça a prêmio para todos os super-vilões e bandidos do submundo de Nova York.

–Por favor? - Pede mais uma vez. Certo, não resisto. Café é muito bom.

Vou até a cafeteria e fico parada na fila. Coincidentemente (ou não), o rapaz à minha frente é o Jared. Calma Jessica, aja como se não o conhecesse. Ah, ele se virou para mim! E sorriu! Abortar disfarce.

–Oi! - Dissemos ao mesmo tempo - Você é aquela garota, a Jessica.

–Sim, sou eu. - Respondo, sorrindo - Você é o Jared.

–O que veio fazer aqui?

–Eu vou viajar para Londres com minha amiga. E você? Além de comprar café, claro.

Ele ri, concordando com minha frase besta.

–Estou esperando o voo de Atlanta. Meu avô está chegando de lá, ficará alguns dias na casa de minha irmã, que também é minha casa.

Apenas assinto com a cabeça e sorrio. 1 minuto depois ele é atendido e sai da fila, despedindo-se de mim com um aceno. Então chega minha vez, mas parece que estou no mundo da lua. Não me concentro no pedido e estou atrapalhando a fila. Brilhante!

–Me dá um segundo? - Peço para a atendente e então saio da fila.

Admito, ele me conquistou. Acho que é o sotaque, aparentemente britânico. Também sou britânica, mas nunca quis admitir isso, principalmente por crescer em um lugar lotado de alemães. Encosto minha mão no Jared, que fica um pouco surpreso. Mas é claro, ele sorri.

–Desculpa - Concentre-se Jessica, e não gagueje - É que eu queria saber se você tem algum compromisso para o resto da semana. Quer dizer, depois que eu retornar de Londes, Londres. - Corrijo.

–Além de mostrar a cidade para meu avô, não.

–Ótimo! - Ops, sotaque britânico solto - Eu queria saber se poderíamos sair. Juntos. Quando voltar.

–Pra mim está bom. E quando você volta?

–Eu não tenho certeza. Posso avisar assim que retornar, mando mensagem, ligação, sinal de fumaça - Não, idiota! Não diga isso!

–Legal. Posso anotar seu número? - (Pode, só que não tenho celular.)

–Não, melhor eu anotar o seu. - Respondo imediatamente.

Ele passa seu número, eu anoto num papel dado por ele e então nos despedimos de vez. Muito bem, não fui tão ruim quanto esperava. Volto para a mesa aonde Bobbi está, ela não para de me encarar.

–Jess?

–Eu tenho um encontro com ele. - Murmuro, mais para eu ouvir do que para ela.

–Ótimo, mas cadê o café?

–Esqueci de comprar, Bobbi. - Ela se estica e toca em meu seio - Ei!

–Seu coração tá disparando. Está nervosa, Jess!

Ela se levanta e vai até a cafeteria. Em seguida ela retorna, mas acho que nem percebi. Meus pensamentos estão presos no rosto do Jared.

–Boba apaixonadinha! - Diz ela, sorrindo e bebendo seu café - Você está parecendo a Daisy agora.

–Por que Daisy? - Pergunto. Daisy também é uma boba apaixonada? Ela não demonstra isso quando reclama ou zomba de mim na SHIELD.

–Daisy brincou de pega-pega com um garoto, Danny Rand. Até hoje eles não se decidem o que são.

–Ah. - Bebo meu café para tentar disfarçar minha feição de apaixonada. Não! Não posso me apaixonar, sou uma heroína, paixão é para adolescentes - Acho que Tandy e Ty também brincam de pega-pega.

–Hum! - Ela engole o café na boca e balança a cabeça concordando - Se aqueles dois não brincam, então Coulson é casado. - Ela ri. Eu também, apesar de ser uma frase sem graça.

Após terminar de falar dos agentes da SHIELD que se comprometem em romances com outros agentes da SHIELD, ficamos em silêncio. Só havia uma coisa me perturbando naquele instante, além da urgência em arranjar um celular.

–Bobbi, você brinca de pega-pega com alguém?

Ela pousa o café na mesa e engole o que tem na boca. Olha para baixo, respira, olha para mim, sorri e...

–Não, não tenho. Não sou como você e Daisy que conseguem arranjar namorados. Nunca levei jeito para garotos. E nem garotas, antes que pense errado.

Nada digo, apenas balanço a cabeça em gesto positivo. E bebo meu café. Depois de mais um tempo sem conversar, meu café acaba. E sem eu perceber, já se passou uma hora. Falta só uma. Eba!