Convergente II escrita por Juliane


Capítulo 3
Ela


Notas iniciais do capítulo

Esclarecimentos: A narrativa na voz da Tris é a partir de algumas semanas depois da sua "morte". O mesmo não acontece com a narrativa de Tobias, pois de certa forma estou respeitando a cronologia de Convergente. E durante esta Fic, vocês saberão o que se passou com a Tris nesses dois anos e meio. Enquanto a vida segue para Tobias, até que o caminho de ambos se cruzam novamente.



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Estou acordada há algum tempo, abri meus olhos com cautela para poder me acostumar com a luminosidade do local, que para minha surpresa está iluminado apenas pela luz do dia. Consegui erguer minha cabeça para ter um vislumbre do local em que me encontro, um amplo cômodo limpo e estéril, com paredes brancas, sem quadros ou qualquer adorno. Percebo que em frente a minha cama há uma enorme janela, as cortinas finas deixam a luz entrar preguiçosamente dando ao local um aspecto comum, mas ao olhar melhor reparo que há uma mesa coberta de papéis num canto, ao meu lado vários monitores estão ligados transmitindo informações que não consigo interpretar, números, linhas contínuas, linhas irregulares e mais números. Tenho a impressão que estão conectados ao meu corpo. Isto parece um quarto de hospital.

Estou confusa, porque diabos eu estaria em um hospital, já que estou morta? Tento mover o tronco na intenção de me sentar na cama, mas por algum motivo não consigo. É quando me dou conta que ele está amarrado a cama, assim como meus punhos e tornozelos, estou presa! Onde está a minha mãe? Ela disse que havia acabado! Onde eu estou?

Uma onda de terror toma conta de cada parte do meu corpo e sinto o desespero subir pela garganta junto com a bile, se é que ainda tenho uma. Tento manter a calma e avaliar as minhas opções, mas nesse momento vejo a maçaneta da porta girar, alguém está chegando! Imediatamente enrijeço, e fecho os olhos, não sei se é uma boa perceberem que eu acordei, provavelmente irão me dopar de novo.

Sinto a aproximação de alguém, creio que seja a senhora que esteve aqui da outra vez, os passos são pesados e sinto sua mão roçando meus cabelos em quanto ela mexe em algo que fica na cabeceira da minha cama.

Então ela me surpreende dizendo:

_ Abra os olhos menina, não tenha medo, não farei mal alguma a você.

Penso a respeito do que acabei de ouvir e chego a conclusão de que preciso de respostas e então resolvo correr o risco. Abro os olhos e encaro aqueles olhos cinzentos e sorridentes que me fitam, meu olhar é mais duro do que eu gostaria e de repente me arrependo, pois ela realmente parece ser uma senhora bondosa.

_ Onde eu estou? O que aconteceu comigo?

Falo num tom contido. Gostaria de perguntar se realmente estou morta, mas fiquei constrangida de fazer a pergunta, pois me parece meio idiota.

Ela sorri e responde:

_ Você está no hospital, minha querida, se recuperando de ferimentos graves.

Hospital? Então eu sobrevivi! Onde está Tobias? Caleb? Onde estão todos?

_ Como vim parar aqui? Onde estão meus amigos?

_ Essa informação não sei lhe dar, e mesmo que soubesse, acho que não estou autorizada a revelar. O Doutor Wes estará aqui em um minuto e poderá responder a todas as suas perguntas.

Ela fala calmamente e sempre sorrindo, me pergunto se esta mulher está sobre o efeito do soro da amizade. Ela aperta um botão ao lado da cama e um luz vermelha fica piscando logo abaixo do botão.

_ Quem é Dr. Wes?

_ Ele é o médico responsável pelo seu tratamento e sua reabilitação.

De repente a porta se abre e vejo um homem alto, vestido de branco, ele tem um rosto severo apesar de aparentar ter não mais do que 30 anos. Assim que meus olhos encontram os dele um calafrio percorre o meu corpo. Ele sorri, mas percebo que este sorriso é forçado, uma tentativa inútil de me tranquilizar.

Na Abnegação, como eramos privados e emitir opiniões e de fazer perguntas, adquiri o hábito de ler as pessoas, observá-las para compreendê-las e descobrir suas reais intenções. E definitivamente o que vejo nesse homem é alarmante.

Ele abaixa os olhos para fixa, numa tentativa desastrada de que eu pense que ele não sabe quem eu sou, de onde vim e porque estou aqui, ele olha como se estive procurando o meu nome no prontuário.

_ Beatrice Prior, parece que você está melhor!

_ Não me sinto melhor, princialmente amarrada a uma cama, num local que não conheço e cercada por pessoas que não faço ideia quem sejam!

Minha voz sai áspera, revelando toda a minha irritação com aquele sujeito!

_ Emma, nos dê licença por favor.

Ele fala de forma gentil e educada mas sem desviar os olhos de mim e me dou conta de que ele refere-se à senhora que vi duas vezes, mas que deve ter tomado conta de mim durante o tempo em que estive desacordada, o nome dela é Emma.

Emma atravessa o quarto e quando chega à porta vira-se e me dá uma piscada de olho sorrindo e vai embora fechando a porta atrás de si.

_ Então, estamos sozinhos a final... Deixa eu me apresentar. Sou o Dr. Paul Wes Sheifild, mas todos me chamam de Dr. Wes.

_ Não perguntei quem é você!

Respondo secamente. Ele ainda não me fez nada que eu saiba, mas sinto a raiva borbulhar dentro de mim e tenho a sensação de que as razões virão a tona em breve.

_ De qualquer forma Beatrice essa informação será útil a você. Sou médico neurologista e também um cientista que dedicou a sua vida a estudar a complexidade do cérebro humano.

Eu ouço atentamente sem interromper, tentando me encaixar nisso tudo, chegar a conclusão do motivo pelo qual estou neste lugar.

_ Trabalho para G.S.I (Governmental Scientific Intelligence), a sigla significa Inteligência Científica Governamental.

Isso explica tudo. Estou realmente muito encrencada.

_ Você é uma pessoa extremante perspicaz, pelo que ouvi a seu respeito. Então imagino que já tenha deduzido que o Governo não engoliu aquela história de que o soro da memória foi disparado acidentalmente.

Sim, realmente eu percebi e já que estou ferrada mesmo e não tenho nada a perder eu pergunto.

_ Sim, você tem razão, mas muitas coisas aconteceram enquanto eu estava desacordada. Quero saber! Onde estão meus amigos? Onde eu estou?

_ Realmente muitas coisas aconteceram é uma longa história e hoje não teremos tempo para ela, mas o que você precisa saber é que você está sob custódia do Governo dos Estados Unidos, num hospital da base militar em Nova York, portanto é inútil pensar em fuga. E quanto aos seus amigos, voltaram ao antigo experimento Chicago, que para seu conhecimento continua sob domínio e vigília constante dos Estados Unidos.

Nesse momento a confusão toma conta de mim. Como é que tiveram coragem de retornar à cidade e me deixar para trás? Será que não lutaram?Claro devem ter lutado até morte, principalmente o Tobias. Então um pensamento horrível passa pela minha cabeça.

_ E o Tobias, onde está o Tobias?

_ Ele está em Chicago, não se preocupe todos os seus amigos estão bem.

Eles simplesmente me deixaram pra trás. Não acredito. Então um pensamento sinistro toma conta da minha mente e as palavras jorram da minha boca como água em queda na cachoeira do abismo.

_ Eles acreditam que estou morta.

Assim que pronuncio as palavras cubro a boca com as mãos e sinto meu coração afundar dentro do peito.

_ Uau Beatrice! Estou surpreso com a sua capacidade de raciocínio. Realmente o seu cérebro é uma preciosidade a ser estudada.

Ele confessou, não com as palavras exatas, mas confessou. O maldito governo fez com que todos acreditassem que estou morta. E nesse exato momento imagino a desolação e o sofrimento de Tobias e de repente a sua dor é a minha dor também e realmente desejo estar morta para não sentir o que estou sentindo agora.

_ Bem, vamos aproveitar que você está acordada e disposta e vamos dar uma olhada na sua atividade cerebral.

Nesse momento ele se aproxima da cabeceira da cama se posiciona atrás e a empurra em direção a porta, e em quanto ela se move só consigo pensar em uma única coisa: Preciso fugir daqui!


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Notas finais do capítulo

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Obrigada.



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