Abro os olhos vacilantes, uma luz azul ofusca minha visão e torno a fechá-los. Um pensamento atravessa minha mente - estou no céu, naquele céu do qual minha mãe falava.

Mas se realmente estou no céu, porque ainda sinto dor quando tento me movimentar?

Torno a abrir os olhos cautelosamente até me acostumar com essa luz. Ouço passos e sinto a aproximação de alguém, porém não consigo levantar minha cabeça para ver quem está aqui.

De repente uma senhora vestida de branco entra no meu campo de visão, não é minha mãe, algo está errado - Um alerta soa em minha mente.

Ela me olha carinhosamente e diz:

_ Menina, não era para você ter acordado, deve estar sentido muita dor.

Tento responder mas a minha voz não sai, não consigo falar, não consigo gritar, minha boca se mantém cerrada, por mais que eu force meus lábios a se mexerem.

Ela sorri e passa mão nos meus cabelos, eu sinto seu toque, mas não consigo reagir.

_ Já, já você vai se sentir melhor minha criança.

Seu tom é aparentemente tranquilizador, mas não me tranquiliza, pelo contrário, me deixa nervosa, ansiando por respostas. Preciso descobrir quem é esta pessoa, onde estou e se realmente estou morta.

Então ela insere uma agulha no meu braço, na pele fina que fica do lado de dentro do cotovelo, sinto a picada e pouco a pouco um líquido gelado penetra as minhas veias relaxando cada músculo tensionado. Sinto meu corpo relaxando como se estivesse suspenso sobre nuvens. Minha mente está ficando cada vez mais confusa, os pensamentos estão fugindo, escondendo esgueirando-se de mim. Minhas pálpebras estão pesadas demais, então me rendo e a última imagem que tenho é do sorriso daquela senhora.