Fim de semana. Pra Madge e Annie e curtição, para mim é sossego. De acordo com elas está duas contra uma, então ganharam. Algumas turmas haviam organizado um passeio para uma fazenda durante o fim de semana, na qual fui obrigada a ir, novidade.

Arrumei minha mala com o que julguei ser necessário. As meninas nem me esperaram, minha mala estava pesada e andava pelo corredor principal.

– Quer ajuda? – perguntou.

– Adoraria. – respondi achei que a voz era de Finn, mas errei era do Sr.Merllark. Arrependi-me de responder. Ele pegou minha mala.

– Obrigada. – disse. Ele retribuiu com um sorriso. Que sorriso. Voltando a realidade.

– Você não me parece ser o tipo que gosta de ir a uma fazenda. – Falou ele.

– Realmente, mas fui ameaçada de morte se não for. – disse.

– Ah sim. – sorriu de novo dessa vez não olhei. Seguiu-se um silêncio que acredito que ele tentava quebrar, eu não queria isso. O fato de eu não querer conversar com um professor me assustou mais do que você imagina, não ia com a cara dele, mas também ele em uma de suas aulas disse para turma toda que sabia o tipo de aluna que eu era, também sei o tipo de aluna que sou, entretanto não precisa jogar na cara.

Vou explicar melhor estava em sua aula e ele iria entregar o resultado de um trabalho, eu tirei uma nota que não me agrado, não tinha aqueles erros absurdos de ortografia, obviamente não fiquei calada, como dizem há três coisas que não voltam: a flecha atirada, a palavra dita e o tempo perdido.

Era uma redação dissertativa – argumentava, onde tínhamos que defender o assunto livro escolhido por nós usando argumentos convincentes.

‘’- Bom acredito que muitos aqui poderiam ter conseguido uma nota melhor, porém foi por coisas bobas e vocês terão que melhorar. – disse ele. Levantei a mão. – Sim Katniss?- disse ele.

– Que coisas bobas seriam essas? – perguntei meio irônica porque a indireta (direta) foi pra mim, eu acredito.

– Bom uma redação não é só coesão, coerência ou se a sua ortografia esta certa, tem que transmitir certa emoção, achei o tema escolhido por você muito peculiar e poderia ter explorado mais e seus argumentos não foram sentidos, explicando de uma forma mais fácil para que entenda os argumentos não me convenceram. - disse por fim ouvi alguns murmúrios de meus colegas. O fato de dizer a palavra ‘’bom’’ sempre irritava em sua maioria sigficava algum tipo de desprezo ou repreensão por algo, dependo do momento.

Estava preste a abria minha boca com a resposta na ponta da língua.

– Recomendaria a você a acabar com essa discussão aqui, deu para perceber que você se incomoda quando não é a favorita ou a aluna perfeita do professor, te digo uma coisa conheço o tipo de aluna que você é, tenta subornar o professor para ser a melhor, mas nem sempre conseguimos o que queremos e isso dificilmente acontecerá comigo.

Você está na faculdade, já que se acha perfeita, lide com sua nota de uma forma adulta, se é que posso dizer que sua atitude é assim. – falou ele sem alterara a voz. A sala fez comentários do tipo ‘’ você levou uma na cara ‘’.

Meu rosto todo se ruborizou eu poderia ate tentar ser a queridinha dos professores, mas o que ele disse foi como um lado sujo de ser assim.

A aula chegou ao fim, fiquei na sala olhando para o quadro refletindo o que acabará de escutar, um lado dizia não dê ouvidos, supere! Já o outro falava que era verdade, que vim para cá para parar de ser assim e não fiz nada para expulsar de mim esse lado. ’’

Quando percebi havíamos chegado até ao ônibus sem dar uma se quer palavra, agradeci e um rapaz colou a mala no compartimento do ônibus, então subi Madge, Annie e Finn estavam lá.

– Vocês nem me esperaram. – resmunguei

– Quem mandou você dormir demais e também tínhamos que passar na biblioteca e devolver uns livros para não pagar multa. – disse Annie.

– Ah-o que ela me disse não foi muito convincente.

A Fazenda era na zona 11, nunca tinha ido lá, porem era um lugar lindo. Ao entrar me apaixonei pelo casarão que tinha lá era antigo e amo coisas desse tipo, as inúmeras e enormes janelas que rodeavam a casa, parecia ter uns dois andares e era enorme. Havia incontáveis palmeiras, arvores e banquinhos.

Adentramos a casa e se ouvia cochichos de admiração por todo lado, decoração era divina com um toque rústico. Conhecemos nossos quartos podíamos escolher, mas era garotas de um lado e garotos de outro. Organização é tudo.

Logo houve uma festa na piscina que tinha, musica gritos, risadas e muita curtição. Nunca me imaginei em um biquíni, Madge disse que ficou bonito, em minha opinião o fato de eu ter uma parte da perna acima do joelho branca e outra queimada por causa dos shorts que eu tanto usava ficou nítidos.

– Gostei das marquinhas nas pernas. – disse Finn.

– Cala boca Odair antes que te afogue. – falei

– Ae duvido você conseguir. – provocou.

– Não deveria. Ajudem-me aqui. – pedi e nos três o empurramos.

A curtição durou ate de noite quando resolvemos continuar do lado de dentro, fiquei lá por um tempo, mas resolvi sair. Sentei-me em um banquinho, olhei para cima e fechei os olhos, como descanso ou reflexão daquele momento.

– Oi – disse. Me ajeitei para ver quem era Sr.Mellark.

– Ah, oi. – respondi. Ele se sentou a meu lado, percebi que estava com um cigarro entre os dedos, levou o a boca, logo soltou a fumaça e jogou fora.

– Não sabia que fumava. – disse.

– Ninguém sabe um segredo entre nós. – disse sussurrando acredito que ele estava bêbado ou talvez não.

– Ok. – não sei de deveria sair dali ou ficar, mas resolvi sair. - Acho que vou indo .

– Espere. – pediu ele, continuei a observa-lo. – Queria te pedir desculpas.

– Pelo o que? – perguntei incrédula.

– Por ter feito você passa por aquele embaraço, eu não sou ninguém para te julgar, não sou melhor que você e nem pior, então é isso. – falou ele.

– Tudo bem, eu ate admito, mas hoje tento para. – falei.

– Posso te fazer uma pergunta se quiser não precisa responder. - pediu

– Fala.

– Por que você quer ser... Por que você era assim ou tenta para de ser assim? – perguntou ele. Pensei se devia ou não responder, mas deixei seguir um silêncio.

– É... Por causa de meus pais, eles agem ou fingem que são perfeitos e eu também tenho que ser assim, eu fui criada dessa forma, eu não fazia isso só com professores. Digamos que eu era mimada pra caralho então era assim que eu tinha o que queria pôr na medida em que fui ficando mais velha tentei para. – disse me abri pra um professor que eu nem gosto.

– Entendo. Eu também fui mimado e educado pra ter tudo que queria só que invés de ser certinho fui um revoltado com tudo é todos, meio mandão. Tudo que meus pais diziam para eu fazer fazia ao contrário, ate eles começarem a me dar uma dura para crescer e aqui estou eu. – falou ele.

– Já que de alguma forma resolvemos abrir um para o outro, posso ser sincera? – ele assentiu. – Eu te odiava só que agora nem tanto.

– Eu também te odiei. Admito. – falou e rimos.

– O que você tem contra filmes de livros? – perguntou.

– Em sua maioria é uma merda e não tem nada haver com os livros. – disse.

– Você parece gostar desses clássicos. - disse

– Realmente.

– O que te levou a ser Professor? – perguntei

– Meu Tio, um homem muito sábio, também era professor. – respondeu.

– Quem era ele se é que posso saber?

– Você o conheceu, ele já conversou comigo sobre alguns alunos e sempre falava de você. – disse e suspirou.

– Seu tio era Haymitch?- indaguei, esperei por uma resposta e ele assentiu.

– Eu sinto muito pela morte dele. – Falei.

– Tudo bem. – falou. – Por isso eu te odiei mesmo não te conhecendo, para ele você era a aluna perfeita, mas pra mim só mais uma puxa saco que fazia de tudo para conseguir nota. Mas... - ele engoliu seco, observei seu pomo de adão subir e descer. – Mas, com o tempo comecei a pensar e tento enxergar o que ele via em você?

Agora foi minha vez de engolir seco, ele esperava uma resposta que eu nem tinha.