Guria (Dândis)

Guria
Eu com certeza te amaria
Faria coisas por você que nem
Um outro rapaz faz hoje em dia
Seria, maravilhoso se um dia
Você acordasse de repente
Com vontade de dizer que era minha

Ele não é um cara que podemos classificar como romântico, na verdade todas as suas ações e reações eram de uma pessoa que não sabia demonstrar muito bem seus sentimentos. Quem o conhecia sabia que por trás daquela faixada de seriedade e concentração, estava um rapaz que tinha sentimentos sim, mas que eles só eram demonstrados para quem ele achava que merecia.

Ele já estava acostumado com o falatório de sua família falando que ele devia se importar mais com as pessoas e dizer como se sente, e isso não tirava sua tranquilidade em nada. Só queria viver sua vida da maneira que achava correta.

Tudo mudou quando ele a conheceu. Essa não é uma daquelas histórias de amor que o rapaz conhece a moça em uma festa eles se apaixonam e tudo acaba bem. Diferentemente, ele a conheceu em uma pequena cafeteria próximo ao trabalho dele.

Ela estava atrás de um balcão, vestia o uniforme vermelho e tinha pilhas de papéis em sua frente. Não passava das oito horas, ele sempre gostava de comer cedo, e descobrira aquele lugar por acaso. Alheia a presença dele a garota continuo a ler, desviando seu olhar apenas quando ele pigarreou frente ao balcão.

— Bom dia. — Ela sorria o característico abrir de lábios de atendentes de cafeterias.

— Um café e um croissant.

— É pra já.

Ele foi para uma mesa que estava um pouco afastada do balcão e esperou seu pedido. Não desviou seus olhos dela enquanto via cada movimento que ela fazia para preparar o café e pegar o croissant. Os olhos dela eram de um verde que ele nunca tinha visto.

Quatro minutos depois ele estava devorando sue lanche enquanto ela tinha voltado para os papéis. A garota aprecia não se importar com a presença dele ali e continuava sua leitura.

Ele terminou de comer e foi até ela pagar . A garota recebeu o pagamento e sorriu novamente por um segundo e voltou a ler. Ele apenas saiu de lá e foi trabalhar.

A porta pra você entrar eu ia abrir
E eu me faria de palhaço pra te distrair
Seria teu cada pedaço do meu todo
Eu cobriria de abraços o teu corpo

Aquela rotina continuou por muito tempo sem que ambos trocassem mais palavras que o costumeiro pedido e costumeiro agradecimento. Em suas observações ele havia descoberto que ela estudava coisas sobre medicina, provavelmente ela fazia o curso, e aquilo encantou ele.

Ele sabia que ao agir daquela maneira estava saindo de sua costumeira rotina e de sua personalidade, mas, estranhamente, aquela garota fazia com que ele tivesse vontade de fazer coisas que normalmente não faria. Por isso estava decidido quando parou frente a ela, um embrulho nas mãos e um rosto sério.

— Pra você! — Nem um bom dia ou palavra de introdução.

O pacote rosa claro estava nas mãos dela. Chocolates. Ele observou que ela sempre mordiscava barras do doce enquanto estudava e teve vontade de dar aquilo a ela.

Sorridente ela agradeceu dizendo que adorava chocolates e voltou para suas apostilas.

Aquela rotina durou mais algum tempo e aos poucos se modificou. Um mês depois ela estava sentada na mesma mesa que ele tomava seu café. Ela comia chocolate e ele seu café amargo.

— Prova importante?

— Sim, é a do final do semestre. — Ela respondia sem parar de ler.

— Você vai conseguir. — Os olhos dela saíram dos papíe4s e olharam para o homem na sua frente. Aquele cara que há dias não saía de seus pensamentos.

Faria tudo, tudo o que você quiser
Prometeria nunca amar outra mulher
Porque você, é tudo que eu preciso
É minha calma é meu juízo
Minha luz na escuridão, deita no meu colchão

Era final do dia. Ela acaba de fechar a cafeteria e se preparava para ir para casa. As aulas do semestre acabaram e ela teria quase um mês de férias, isso era um alívio depois de tanto estudo e esforço. Tudo que queria fazer era chegar em casa e se deitar . Tinha certeza que passaria horas pensando naquele cara de pouco riso. Quase cinco meses naquela rotina e ela não sabia o nome dele.

Caminhou tranquilamente observando a pouca movimentação na rua. Encostado em um carro preto estava seu objeto de pensamento. O cara bonito olhava para ela de uma forma que ela sentia seu estomago tremer. Ele caminhou até ela parando sem palavra nenhuma.

— Boa noite. — Ela disse sorrindo.

— Não sei o seu nome. — Ele falava com o rosto muito sério.

— Sakura. — Ela estendeu a mão para um cumprimento.

— Sasuke.

Ele tinha um belo nome, assim como todo resto. Ela seguiu seu caminho enquanto ele ficava encostado ao carro, até que sentiu seu braço sendo puxado. Era ele.

— Amanhã é domingo. Te pego as sete. — Simples e direto.

— Como?

— Cinema?

— Um minuto. — Ela sorriu divertida. — Você está me convidando para ir ao cinema amanhã as sete, certo?

— Exato. — E se calou.

—9987-9021

— Não entendi. — Ele falou enquanto via a garota se distanciar.

— É meu número para você me ligar e anotar meu endereço. Te vejo amanhã.

Ele sorriu. Talvez, e só talvez, sua família estivesse certa. Demonstrar sentimentos e emoções não era tão ruim assim.

E faça o que quiser fazer
Eu tô aqui só pra amar você
O que disser eu vou compreender
Não vou te fazer mal, pois sei que no final
Só vai restar eu e você
Só eu e você
Só eu e você
Só vai restar eu e você