Na manhã seguinte, até mesmo antes do sol nascer, já havia uma grande movimentação no palácio real. Rei e rainha já se encontravam acordados e devidamente vestidos, na sala de tronos. Estavam em uma mistura de ansiedade e nervosismo.

– Será que ele vem mesmo? - perguntou Lana, apreensiva

– Claro que vem - disse Edward passando as mãos em seus ombros, acalmando-a - Porque não tomamos café da manhã e sentamos para esperá-lo

Eles tomam café e seguem para os tronos. Sentei-me em um banquinho, perto do trono de Lana e a encarei mais detalhadamente. Elsa seria sua cópia fiel, se não tivesse cabelos loiros platinados. Me doía saber que em alguns anos, tanto ela quanto o marido, ambas pessoas mais sábias e amorosas que já conheci, estariam mortas. Tudo por minha culpa. Se eu tivesse impedido Pitch de fazer essa viagem temporal, talvez Lana e Edward teriam chances de cuidar mais de Elsa e de sua outra filha.

Saiu de meus devaneios quando a grande porta se abre e por ali passa um homenzinho de pedra

– Majestades! - ele se curva respeitosamente. - Sou Pabbie, o troll

Lana e Edward estão tão surpresos quanto eu estive. Mas acabam se recompondo e o cumprimentando alegremente

– Ainda bem que aceitou nosso convite - disse Lana, sorrindo gentilmente - Queríamos saber....

– Do seu herdeiro. - Pabbie a cortou, foi aí que eu percebi que ele me encarava - Sim, já estava sabendo alteza.

– Então você pode nos dizer como será o herdeiro? - pergunta Edward

– Claro que posso vossa majestade, mas é melhor receber o mensageiro primeiro, ele trás notícias importantes - Pabbie disse e eu encarei confuso, assim como os governantes

– Mensageiro? Mas que mensa... - Edward começou, mas as portas se abriram novamente, revelando um mensageiro

Encarei surpreso, assim como o rei. Lana bateu palminhas e riu, animada. Pabbie apenas sorriu

Edward pegou a carta e dispensou o mensageiro educadamente. Assim que ele ia abrir, Pabbie impediu

– É melhor não majestade. Por mais que a mensagem seja importante, poderá deixá-lo apreensivo. Deixe-me realizar meu serviço primeiro e então vossa majestade irá fazer o que achar melhor

O rei o olhou desconfiado, mas assentiu. Sentou-se novamente no trono e fez sinal para que Pabbie começasse. Ele então retirou de uma bolsinha de couro que carregava, o cristal da noite anterior. Apoiou-o em cima de um pilarzinho, bem próximo dos governantes.

– Podem fazer a primeira pergunta - a pedra falou

– Será menino ou menina? - Lana perguntou, na expectativa

Ele mexeu as mão sobre o cristal e logo uma imagem de Elsa criança apareceu. Um sorriso e lágrimas tomaram o rosto de Lana

– Será uma garota majestade - Pabbie falou - Será saudável, graciosa e respeitada. Inteligente e astuciosa, terá também um pouco de teimosia e um amor incondicional por tudo o que a cerca. Seu reino irá amá-la e admirá-la assim que ela nascer, assim como vós majestades.

A imagem do cristal sumiu e a emoção dos pais de primeira viagem era grande. Assim como a minha. Um sorriso bobo e enorme brincava na minha cara. Só de pensar no trabalho que Edward teria quando a filha chegasse na adolescência, me fazia rir e me preocupar também. Haveria muitos caras que eu teria que cuidar...

Pabbie, guardou o cristal e assumiu aquela postura sombria e misteriosa.

– Posso? - ele perguntou, olhando a barriguinha de Lana

– É claro - ela disse

Ele se aproximou cuidadoso e colocou a pequena mãozinha de pedra na barriga da morena.

– Contudo majestade - ele começou - Sua filha irá ser abençoada com um dom. Será muito poderoso e seu maior inimigo são suas emoções e seus medos. Ela corre perigo, assim como o reino - ele disse com olhar chateado e me olhando fazendo os risos e o olhar de alegria dos pais e o meu sorriso sumirem

O choro que antes era de emoção era agora de tristeza

– Ela foi amaldiçoada? Pode reverter isso? Qual é o dom? - perguntou Edward, já que Lana só chorava

Então voltei a realidade que havia esquecido alguns minutos atrás. Edward e Lana não teriam trabalho com a beleza de Elsa na adolescência. Ele não ficaria bravo quando conhecesse os rapazes que pediriam a mão de sua filha mais velha. Eu nunca iria assustar esses caras quando quisessem alguma coisa com a minha protegida. Edward estaria morto. Elsa iria afastar as pessoas de si do que aproximá-las. E eu a veria se fechar cada vez mais e se entregar à escuridão a cada minuto que passasse. Não ficaria de braços cruzados novamente

– Sinto muito alteza. Não posso contrariar a força que fez isso. Mas posso aconselhá-los. Ensinem a pequena Elsa a magia do verdadeiro amor e a esperança de que o dia seguinte será melhor. Garanto que ela será muito bem protegida - ele sorriu e me olhou

Sorri também. Tudo ficaria bem

– Devo partir agora. - ele pegou as mãos da rainha que ainda chorava - Ela ficará bem. Será jovem e bela

Lana sorriu e assentiu com a cabeça

Ele reverenciou os governantes e partiu

– Querida, porque não vai descansar? Logo subirei e conversaremos.

Lana assentiu e se dirigiu ao quarto

Edward já estava subindo, quando encarou a carta que o mensageiro havia lhe trazido e, suspirando cansado, decidiu lê-la. Abriu a correspondência e leu com os olhos. Faltou muito pouco para começar a quebrar tudo na sala e me levantei assustado. Ele saiu pisando firme e batendo com força as portas, jogando a carta no chão

Me dirigi até a carta e a peguei. Era do reino do irmão do rei e ali dizia, alegremente, que ele e sua esposa desejavam anunciar o sexo e o nome de seu herdeiro. Uma menina. Chamada Melissa