— Sua... Retardada! Prefere que eu te mate agora ou depois? – E então fui atingida repetidas vezes por um travesseiro.

— Ai, Thalia! Para! – gritei, segurando o objeto no ar. Aquilo era mais pesado do que eu imaginava. Podia ser uma arma nas mãos erradas, como a de Thalia.

— Annie! Por que você fez isso? Sabe como foi difícil escolher essa universidade pro Percy? A mãe dele queria que ele fosse pra não sei onde!

— Espera. Calma. Para. Tempo. – falei, me ajeitando na cama e olhando acusatoriamente para Thalia. – Foi você que armou isso?

— Dã. Quem mais você acha que seria? Nico? Ai, eu amo ele, mas acho que ele pegou a doença de lerdice do Percy. – respondeu ela se jogando na minha cama.

— Ei! Ele não é lerdo!

— Há! – gritou ela, levantando. Ela bebeu o que? Energético? – Há quanto tempo você não defende o Percyto? Sorvete azul fez a sua cabeça?

— Como você sabe que era azul? – Thalia me olhou, entediada.

— Querida, era o Percy. O que você esperava? Aquele menino transpira azul se bobear.

— Ah. – assenti. Fiquei em silêncio novamente, até Thalia me derrubar com uma travesseirada. – Ei! O que eu fiz?

— Você deu um fora no Percy! – a cada palavra ela me acertava com o travesseiro.

— Não foi exatamente um fora.

— Sim, foi. Coitado dele Annie!

— Meu deus Thals, o que você queria que eu fizesse?

— Um beijo seria pedir demais?

— Thalia!

— Ok. Mas nem um único...

— Thalia! – gritei outra vez, agora vermelha.

— Certo, mas custava?

— Por que eu iria beijar ele?

— Por que você gosta dele? – disse ela, como se fosse óbvio.

— Quem disse que eu gosto dele? – perguntei virando de costas para ela.

— A sua cara quando viu ele.

— Você nem viu a minha cara!

— E precisa?

— Claro!

— Annie, tá escrito na sua testa linda! Qual o problema?

— O problema? – gritei me virando – O problema eu não sei! Talvez eu esteja apaixonada, esse é o problema!

Thalia fingiu não estar sorrindo de leve.

— E quanto tempo vai demorar até admitir?

— Eu não quero admitir! Por que eu posso ignorar enquanto não for amor!

— E quem te garante que não é?

— Eu! Você pirou? Eu não sei nada sobre o amor!

— A, qual é! Todo mundo está procurando o amor Annie! E ele bateu a sua porta. Sabe quantas vezes isso vai acontecer? Acontecer pra valer?

— Não sei, três? – perguntei voltando a encará-la.

— Uma vez só Annie. E não me faça ser dramática. Ai, como eu sinto falta da Silena! Até da Piper! Elas sabem fazer isso.

— Você também sabe, só não se esforça!

Thalia colocou a mão no peito, como se estivesse ofendida.

— Você não disse isso!

— Claro que disse! – disse, mostrando a língua.

— Bom, a sua história e a do Percy é uma bola de neve, mas com certeza debaixo disso tudo tem uma camada de amor que brilha como o sol e vai derreter todo esse gelo.

Olhei para ela erguendo a sobrancelha.

— Meu deus Thalia, isso foi assustador. Frase digna de Silena.

— Né? – perguntou ela sorrindo, orgulhosa. – Li em um panfleto hoje de manhã.

Rolei os olhos, claro que ela não inventou isso.

— Thalia. Tem certeza do que está dizendo?

— Eu tenho mais do que certeza. Mas não importa o que eu acho. Você tem que engolir a droga do orgulho. Ele pisou na bola só uma vez. Vai estragar tudo?

— E se ele não me perdoou?

— Ele parece não ter perdoado?

Fiquei em silêncio. Ok. Joguem pedras em mim e me matem.

— Qual é o quarto do Percy?

— Não sei. 7 ou 8 C. Nico me mandou uma mensagem, mas não vou olhar agora. – rolei os olhos.

— 7 C já estava ocupado. Deve ser o 8.

— E então? O que está esperando?

Sorri. Não estou esperando nada.

Corri porta à fora em direção ao dormitório masculino – lugar onde nunca pisei. Os corredores eram iguais ao da ala feminina. Senti meu coração bater mais rápido, não sei se é a emoção ou é nervoso.

O que eu estou fazendo?

Comecei a rir como uma doida. O que eles iam pensar se me vissem desse jeito? Pijama e com o cabelo soltando aos poucos. Aqueles corredores nunca pareceram tão longos. Eu podia jurar que o trajeto era bem menor.

Acelerei um pouco o passo.

— Vamos lá Annie, - incentivei a mim mesma. – Um pouco mais rápido.

Ala A. Ala B. Ala C.

Parei bruscamente entrando no corredor. Onde está a maldita porta oito? Foi ai que a vi, bem à frente dos meus olhos. Branca e imponente à minha frente. Dei uma batida.

Logo, um moreno abria a porta e me olhou surpreso.

— Annabeth?

— É. Oi. – respondi ofegante.

— O que tá fazendo aqui? E... Por que parece ter corrido em uma maratona?

— Eu meio que... Corri uma. Mas, tenho que dizer uma coisa. Eu me rendo. É, me rendo sim. Me rendo até a sorvete de morango. Sabe por quê? Por que eu não consigo acabar com esse amor. Aliás, eu nunca tive a intenção de fazer isso, mas não dá pra escapar do seu amor nem querendo. E olha que eu quis. Espera. Isso fica contraditório com a frase anterior né? É. Acho que sim. Droga.

— O que...

— Não. Não. Não fala nada. – pedi, me ajeitando. – A grande pergunta é: Você ainda precisa de um tempo? Por que eu vim aqui para colocar um ponto nessa história. Ou vai ou não vai. E olha...

Não consegui concluir a frase, ainda bem. Eu não sabia o que dizer, minha cabeça estava a mil. Mas não foi isso que me impediu de falar, foram os lábios de Percy junto aos meus, terminando com qualquer vestígio de sanidade que eu ainda tivesse. Nada mais importava agora, até eu sentir Percy rir.

— Mais perto. – pediu ele, me puxando pela cintura. – Eu nunca mais vou deixar você ir embora.

— Mas não é pra deixar mesmo. – respondi rindo e beijando o outra vez. Eu sentia falta dele, vontade dele. Tudo.

— Acho que nós estamos apaixonados. Acidentalmente, mas estamos. – disse ele baixinho.

— Você acha? Eu tenho certeza.

Por que o mundo parecia mais feliz agora? Tudo o que eu quero é me enroscar mais e mais nesse amor.