Pra te Entregar escrita por Alexis R, Bia Granger


Capítulo 18
Noite de Agonia




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–Pronto madrinha, já gravei.

–Ótimo, vou fazer uma cópia. Assim que tiver chance, você mostra pra sonsa.

–E, finalmente, tiro a Miss Sem Sal do meu caminho.

–--*---

Mais tarde, Gael decidiu levar as filhas e o genro para casa. Quando eles pararam na frente do Perfeitão, Pedro abraçou a namorada.

–Eu sei que você tá brava comigo, mas eu tô aqui pro que você precisar. Eu te amo, Esquentadinha.

–Eu também te amo, seu moleque ciumento. -ele deu um selinho na namorada e saiu do carro.

Logo em seguida, Bianca e K foram direto para o quarto.

–Nossa, ainda não tô acreditando. -disse Bianca.

–Nem eu, você acha que ela...

–K, a tia Sara é boa no que ela faz. Ela ainda vai voltar pra casa.

–--*---

Wallace havia levado Sol para casa, então Zé decidiu se despedir e deixar a família a sós.

–Ruiva, eu vou indo. Se precisar de qualquer coisa me liga. -disse dando um abraço apertado na garota.

–Obrigada Zé. E me desculpa por...

–Shhh, conversamos sobre isso quando sua mãe estiver em casa. –disse colocando o dedo indicador nos lábios da menina de forma carinhosa.

–Obrigada mesmo por estar aqui. -ela pegou na mão dele e foi com ele até a porta.

–Não precisa me responder nada, só quero que você saiba que eu te amo e que vou estar sempre aqui. -ele a beijou e saiu, então a garota voltou para o sofá.

–Vocês precisam descansar um pouco.

–Eu vou tomar um banho. -disse Tony abraçando a irmã.

–Vem filha, vou te levar pra cama. -disse pegando a garota no colo.

–Pai, não adianta me enrolar, tá. Eu servi, eu sei muito bem que...

–Que a sua mãe é uma das melhores. Eu tenho certeza que ela deu um jeito. Você sabe que o seu bisavô caiu no mar durante a campanha da Itália, e ele voltou pra casa, não voltou? Então tenha fé, minha filha.

–Pai, fica aqui até eu dormir?

–É claro ruivinha.

Assim que Bárbara adormeceu, René foi até o quarto de Tony.

–Filho, eu sei que você tá bancando o durão por causa da sua irmã, mas você não precisa ser forte o tempo todo. -disse abraçando o filho, que desabou em lágrimas.

–Pai, promete que não vai embora de novo?

–Eu juro pra você, meu filho. Eu só me afastei pra proteger vocês dois de mim mesmo, mas agora eu tô limpo. E nos vamos ser uma família de novo: eu, vocês dois e a sua mãe.

–--*---

Sara e Lúcia se ejetam. Caíram no mar e o paraquedas as faziam afundar. Sara usou um canivete para cortá-lo e em seguida fez o mesmo com o da Tenente. Elas começaram a nadar contra a correnteza.

–Senhora, tem uma tempestade a caminho, precisamos sair da água. -Sara olhou para as estrelas.

–Pelo mapa, tem uma outra ilha a sul. Vamos nadar pra lá o mais rápido possível.

Exaustas, as duas chegaram numa pequena ilha, parecia uma vila de pescadores. Logo, um homem se aproximou oferecendo ajuda. Ele as levou até um pequeno posto de saúde.

–Dr, tem um telefone, rádio ou qualquer outro meio de comunicação aqui?

–A senhora está no fim do mundo. Esse vilarejo não tem nada, mas tem um avião que eu comprei pra transportar os doentes mais graves.

–Preciso dele. Você vem comigo e trás de volta.

–Mas a senhora deve descansar.

–Eu tenho é que voltar pros meus filhos. Assim que passar a tempestade, levantamos voo.

–--*---

Na manhã seguinte, Karina e Bianca foram cedo para academia. Duca chamou a ex-namorada.

–Bia, eu só queria te dizer que pode contar comigo. -Bianca o abraçou. Era reconfortante ter aqueles braços fortes em volta dela, ouvindo o coração de Duca batendo.

–Obrigada, Du. -eles se beijaram. Um beijo repleto de saudade, de duvida, de medo e de amor. Eles se soltaram do beijo e se olharam nos olhos se perdendo no olhar um do outro por um instante, por um momento Bianca esquecera aquela traição e sentia apenas o amor que tinha por Duca.

–Desculpa.

–A culpa não foi só sua. É melhor entrarmos.

–Tá certo.

Ela se surpreendeu ao ver Tony e BB na academia.

–Vou dar a aula da minha mãe. -disse Tony quando ela perguntou o que eles faziam ali. Ele a abraçou e deu um selinho nela sem se importar com quem assistia a cena. Bianca gelou. Havia acabado de beijar Duca e se sentia ainda mais confusa

–Tony, meu pai pode ver.

–Desculpa, eu sei que prometi te dar espaço, é que...

–Não precisa se explicar, eu entendo. Eu gosto de você, eu gosto mesmo, só me dá mais um tempo. -ela foi até o escritório.

Duca observou a cena sentindo um misto de raiva e tristeza. Ele socou o saco de pancada com força enquanto perdia a batalha inútil contra as lágrimas.

–Preciso falar com você. -disse Jade.

–Me erra, invejosa.

–Tá bom, depois não reclame que a sua irmãzinha descobriu toda a verdade. –Bianca puxou a dançarina para um canto.

–Do que você tá falando?

–Tô falando disso. -disse mostrando o vídeo que havia gravado.

–Apaga isso, antes que eu te apague.

–Eu tenho uma cópia escondida. O acordo é o seguinte: ou você larga o musical, ou eu posto.

– Feito, mas se eu vir isso na internet, acabo com a tua raça. -disse se afastando.

–--*---

Naquela manhã, só foi o céu abrir e Sara levantou voo. Quando se aproximou da Base do Galão, se identificou e pousou.

–Tenente-coronel.

–Coronel, eu vou para casa ver os meus filhos. Mas antes, eu quero uma reunião com o responsável da inteligência, ainda hoje! Eram pra ter armas e drogas lá, não litros e mais litros de Propanol! Poderíamos todos ter morrido!

–Eu sou a responsável. -disse Eva.

–Major Lacerda, pode me explicar como deu uma informação tão equivocada que quase explodiu uma esquadrilha inteira?!

–Eu não admito ser acusada!

–Olha o seu tom, Major, sou sua superior!

–Eles mudaram as cargas no último momento.

–Era seu dever informar com exatidão onde estavam esses carregamentos!

–Sara, Sara, sempre petulante!

–Olha Lacerda, não vou aguentar a sua folga. Trinta flexões agora, pra aprender a respeitar a hierarquia!

–Major, obedeça-a ou terei que mandar prende-la. -afirmou o Coronel. -Sara, me acompanhe.

–Eu não confio nessa mulher.

–Até onde sabemos, foi só um erro.

–Pensávamos assim do Cobreloa. Coronel, se o senhor me dispensar, preciso ver meus filhos.

–Claro. -ela caminhou para a saída, quando encontrou Eva novamente.

–Eu vou fazer uma visita pra minha filha.

–Eu que criei a Bárbara. Ela nunca vai querer nem olhar na sua cara, fica bem longe da MINHA filha. Agora, pare de me testar, a menos que queira passar seu tempo lavando privadas. -disse saindo de lá de vez.

–--*---

Karina estava treinando com Pri, quando Pedro se aproximou.

–Esquentadinha, será que a gente pode conversar?

–Tá bom.

Eles foram até a praça.

–K, eu sei que tenho agido feito um idiota, mas é que eu te amo demais e tenho medo de te perder.

–Pê, eu escolhi você. Foi você que eu sempre amei, então confia em mim. Confia na gente.

–Eu confio em você, eu só não confio em mim mesmo.

–Você é tudo que eu quero, mais ninguém. -disse beijando ele.

–Estamos bem de novo?

–Estamos.

–--*---

–Então a Sara escapou? Essa mulher é uma pedra no nosso sapato.

–É, doutor. Pelo menos eu consegui o vídeo. Agora é só por na rede.

–E a Karina vai vir logo pra minha academia. Vamos ganhar muita grana com a garota.

–Agora só preciso garantir que a Jade não vai abrir a boca.

–--*---

Sara parou o carro e entrou em casa.

–Pensaram que tinham se livrado de mim?

BB e Tony correram pra abraçar a mãe.

–Eu tô bem, meus amores.

René a beijou.

–Filha, eu tô bem. –disse Sara, quando sentiu os soluços da filha.

–Eu achei que nunca mais ia te ver.

–Mas eu tô aqui, não tô? Tá tudo bem agora, ruivinha.

–Mas mãe, como foi acontecer isso? -questionou Tony.

–Tinha Propanol no depósito. A explosão tomou grandes proporções. Eu me ejetei com uma tenente e nadamos até uma vila de pescadores. Agora, que tal vocês dois irem pra cama? Estão com cara de cansados. Eu vou tomar um banho, trocar de roupa e vou pôr meus bebês pra dormir. –brincou Sara.

Sara seguiu para o banheiro. Entrou debaixo do chuveiro e deixou as lágrimas caírem. Aquela mulher de novo em sua vida era tudo o que ela mais temia. Ela se secou, vestiu o pijama e logo encontrou René preocupado.

–Vem cá, meu amor. -disse a abraçando.

–Eu preciso cuidar das crianças primeiro, depois você cuida de mim.

Ela foi em direção ao quarto do filho mais velho.

–Eu meio que fiz as pazes com o papai.

–Que bom, meu filho. Vamos ser uma família de novo.

–Mãe, eu sei que essa operação toda é perigosa, tá todo mundo na base especulando. Toma cuidado, o papai acabou de voltar.

–Filho, escuta, eu não posso te prometer que vou voltar pra casa sempre, mas eu juro que vou fazer o que estiver ao meu alcance pra voltar sempre pra vocês. Se tudo der certo, daqui a alguns anos, o Coronel Tavares se aposenta e eu assumo o lugar dele. Vou ficar mais a base, sem aventuras.

–Eu achava que a senhora era invencível, sabe.

–Ninguém é, mas podemos estar preparados pra tudo e ter fé, e eu tenho os dois. Agora dorme, meu menino, tá tudo bem agora. Eu vou ver a sua irmã. –disse dando um beijo na testa do filho e o cobrindo.

Em seguida, ela foi para o quarto de BB. Se deitou na cama da filha e a abraçou.

–A mamãe tá aqui agora, minha ruivinha.

–Eu fiquei com tanto medo.

–Eu sei, filha, mas já passou. Tá tudo bem agora. Nossa família tá junta de novo. -afirmou fazendo carinho nos cabelos da filha.

–Já te disse que a senhora é a melhor mãe do mundo?

–Já, e você é um presente que Deus me deu, minha ruivinha. -ela esperou a filha dormir, foi para o quarto e se jogou nos braços de René.

–Eu pensei que ia te perder.

–Não vamos nos separar nunca mais. -eles se deitaram.

–Você tá bem mesmo?

–Tô. Fui examinada, eu tô bem. A Eva tá participando da operação.

–E deve ter a ver com o que aconteceu. Eu não vou deixar ela se aproximar da nossa filha.

–Nem eu. Eu ainda vou provar o monstro que ela é.

–Agora descansa, meu amor, que você passou por muita coisa. Deixa que eu me preocupo com tudo.

–Tudo bem, eu deixo. –ela se aninhou nos braços do amado.–Eu preciso ligar pro Gael. -disse pegando o telefone.

–Gael.

–Sara, graças à Deus! Vou colocar no viva-voz! Meninas, a Sara voltou pra casa!

–Meus amores, a tia tá bem. Eu já tô bem e em casa. Não se preocupem, tá?

–Eu sabia que a senhora ia voltar! -afirmou Bianca.

–Não assusta mais a gente assim. –pediu Karina.

–É, minha amiga, eu e o Gael não temos mais idade pra isso. –disse Dandara.

–Tia, a senhora é uma heroína mesmo! -falou João.

–É, Sara, outro susto desses e o coração desse mestre não aguenta.

–Pode ficar tranquilo, Gael. Avisa pra todo mundo que eu tô bem. Eu vou descansar um pouco.

–Aviso sim. Fala pro meu irmão cuidar bem de você.

–--*---

–Minha dama.

–Fiquei preocupada com você.

–Eu tô bem agora. A mestre é a melhor, saiu de tudo isso ilesa.

–E eu consegui o papel.

–Mas como?

–O ponto fraco da sem sal.

–Jade, eu te falei...

–Relaxa, vagabundo, a “sapahétero” não vai sofrer graças ao sacrifício da irmã sonsa. -disse beijando ele. Do outro lado Eva fotografara o beijo.

No dia seguinte Karina estava mexendo no computado quando viu um vídeo novo no blog de Jade. Ela o abriu e assistiu. Quando o vídeo acabou, ela não podia acreditar. Agora entendia porque seu pai sempre preferiu Bianca, afinal, ela era a única filha do lutador. Na sala, Bianca viu o vídeo pelo celular. Iria matar Jade!

–Você sabia! Você sabia e não me contou!

–Karina, me escuta, eu ia te contar pra quê? Pra te ver desse jeito?! Eu estava tentando te proteger dessa história!

–Me proteger?! Você me enganou! Eu tinha o direito de saber! Agora eu sei porque você é a preferida do papai!

–K, isso não é verdade!

–Aquele dia que o Lobão falou...

–Karina, fica longe desse cara!

–Eu quero saber a verdade! -a mais nova foi em direção a porta, mas Bianca a segurou.

–Sai da minha frente, sua falsa!

–Eu não vou deixar você sair de casa nesse estado! Você não vai procurar aquela cara!

–Quero ver me impedir! -Bianca abraçou a irmã com força.

–Minha pequena, eu sei que você tá confusa, mas deixa eu te ajudar... Você ainda é minha irmã, isso não vai mudar.

–Meia irmã, você quer dizer. -ela empurrou a irmã e saiu correndo. Bianca tentou ir atrás, mas logo a perdeu de vista. Então, correu para a Fábrica.

–--*---

–Pai, a K sumiu. Ela sabe de tudo.

–Como assim? -questionou Gael, confuso.

–A vagabunda da Jade gravou um vídeo em que você falava sobre a paternidade da Karina. Ela sumiu de casa. Eu tentei impedir...

–Calma, nós vamos achar a sua irmã.

–--*---

–Madrinha, você postou o vídeo! Agora todo mundo vai me odiar!

–E é bom assumir tudo, a menos que queria que a sua mãe saiba sobre suas idas ao QG.

–Mas ela nunca vai me perdoar... E a Bianca, ela vai me matar! Por que fez isso?

–Não te interessa, mas se eu fosse você, ficava de bico calado. Eu posso fazer coisas bem ruins acontecerem com a sua mamãe e o seu namoradinho.

–Mas, por quê? O que você ganhou com isso, sua louca?!

–Não fale assim comigo, sua insolente! -ela segurou Jade pelo pescoço, a jogou no chão e começou a chutá-la.

–Posso acabar com você, com a sua mãe e com o Cobrinha, entendeu?! Então, fica de bico calado e some da minha vista! -Jade saiu correndo para o seu quarto.

–--*---

Karina estava atordoada. Sentia que toda sua vida havia sido uma mentira e que todos ao seu redor a haviam engando. Sentia-se rejeitada pelo pai, que sempre preferiu a irmã. Sem rumo, Karina entrou num ônibus pra Itaipuaçu. Estava com a chave do portão da portaria do condomínio. Lá era seguro e isolado. Ela queria ficar sozinha. Ela queria Pedro, mas ele a levaria para a família. Família. Ela não sabia quem era sua família.

–--*---

Já era madrugada quando Gael obrigou Bianca e João a irem para casa.

–Meus amores, vocês precisam comer. –disse Dandara colocando um sanduíche na frente de cada um. João não protestou, apesar de não sentir fome, tinha que se manter calmo por Bianca.

–Eu tô sem fome, madrinha.

–Bia, doente você não ajuda a K. Come, por favor. -ela acabou cedendo.

–Mãe, eu vou dormir. -ele abraçou Dandara e Bianca.

–Você tá sendo um homem hoje, maninho.

–Eu posso ser um pirralho, mas vou ajudar você e a K. -disse abraçando a irmã novamente. Bianca foi para o quarto e se sentou na cama, fitando a cama de Karina. Dandara entrou no quarto e a abraçou.

–Minha linda, descansa. A K vai precisar muito de você quando a acharmos.

–Como tem tanta certeza?

–Eu tenho que ter.

–Como eu posso dormir sem saber onde a minha irmãzinha está? A única coisa que eu sei que ela tá sozinha, sem proteção, no frio, confusa. -Dandara não soube o que responder, apenas a abraçou.

–--*---

–Pê, acharam a K?

–Não, maninha, eu tô apavorado.

–Ela pode ter ido pra aquele lugar que você viajaram.

–Itaipuaçu. É claro! Tomtom, eu vou pegar a chave do pai e ir até lá, é o único jeito.

–--*---

Mesmo sem carta, Pedro sabia dirigir. Ele chegou até o condomínio e, por sorte, o segurança lembrava-se dele e até o emprestou suas chaves da praia. Ele andou até achar Karina.

–Karina, graças a Deus! –logo, a garota o abraçou. -Tá tudo bem agora, minha linda. Vem comigo pro carro.

–Eu não quero ir pra casa.

–Não precisa. Vamos ficar no carro, que aqui tá frio.

–O que eu faço agora, Pê? Toda minha família mentiu pra mim. -disse já no veículo.

–Amor, eu não sei o que fazer, eu só te juro que tá todo mundo preocupado. Seu pai tá te procurando e a sua irmã tá quase tendo um ataque.

–Você quis dizer o Gael e minha meia irmã.

–Deixa pelo menos eu ligar pra Bianca e falar que você tá bem.

–Tá bom. -ele discou número da cunhada.

–Alô, Bianca.

–Pedro, você achou a minha irmã? Ela tá bem?

–Achei sim, ela tá aqui comigo.

–Onde vocês estão? Eu vou pra aí agora.

–Bianca, dá um tempo pra sua irmã.

–Tá bom, mas me promete que vai cuidar bem dela.

–Eu juro. -disse desligando. Abraçou a namorada pelos ombros.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Beijos!