Carlisle

Não acreditei quando vi o Emmet naquela situação degradável, todos bêbados e o Edward chegando em casa pela manhã.

Então, essa é exatamente a hora certa para que eu possa por em prática meu plano.

– Bem, – parei, tendo a certeza de que todos estavam prestando atenção. – é hora de termos uma conversa séria.

Eles me olharam assustados e engolindo seco. Olhei para minha amada que estava sentada sorrindo travessa, me encorajando a continuar, e amparando a Alice.

– Fala pai, ta me deixando nervosa. – resmungou Rosalie impaciente.

– Okay, tenha paciência filha. – olhei calmamente para minha princesa. – O que vocês fizeram foi de grande irresponsabilidade e precisa ser cuidadosamente analisado.

– Ta pai, mas nem foi tão – começou Jasper.

– Silêncio, eu ainda não permiti que falassem. – interrompi olhando todos ali presentes que me olhavam sérios e incrédulos.

– PUFF – bufou Bella – ridículo. – sussurrou apertando a sacola de gelo na cabeça.

– Bella, quieta. – repreendeu Esme dando um leve tapa na cabeça de Bella, que a olhou pasma e gemeu de dor. – Prossiga Carl. – sorriu.

– Bem, como eu ia falando... o que vocês fizeram foi a coisa mais estúpida e ridícula que alguém poderia ter feito... Primeiro pra esclarecer as coisas; eu não proibi e nem proíbo ninguém de sair e se divertir... mas, o que vocês têm na cabeça? – perguntei inconformado.

Eles me olharam confusos e boquiabertos, esperando alguma explicação, com certeza.

– Vou explicar devagar para que vocês me entendam. – respirei fundo e prossegui apontando para meus filhos primeiro. – Vocês pensam que estão onde? Na casa da mãe Astolfa? Acham que podem chegar a hora que querem sem dar satisfação? Vocês moram comigo e me devem respeito. Mas não, vocês bebem, chegam em casa de madrugada deixando um cheiro de porco mijado e vomitado pela casa toda. Isso quando vocês chegam não é? Porque tem alguns que deixam os irmãos menores de idade em uma festa fora da cidade e só voltam pela manhã. – falei encarando Edward que baixou a cabeça e torceu o lábio.

– Pai, isso é um exagero... nós apenas fomos nos divertir, não tem nada de mais. – falou Rosalie levantando as sobrancelhas.

– Repito... eu não proibi e não proíbo vocês de se divertirem, mas vocês tem noção de como é angustiante acordar e ver um filho fora de si caído na sala, ou chegando somente pela manhã, sem nem ao menos ter preocupação de avisar onde estava, ou acordarem como bêbados caquéticos e doentes?- questionei

– Desculpa pai... não foi nossa intenção. – falou Jasper fazendo Rose e Edward concordarem com a cabeça.

– Okay. – balancei a cabeça e olhei para os filhos da Esme, que também considero como meus filhos. – Já vocês eu não posso brigar ou castigar, até porque não tenho esse direito.

– Mas, eu tenho. – disse minha amada levantando e os olhando severamente. Eles a olharam cabisbaixos e fazendo careta, esperando a bronca que viria a seguir. Até eu estava esperando por isso. Nunca vi minha Esme nervosa ou brigando com os filhos.

– NÃO MÃÃÃE ME DESCULPA. EU ESTAVA BÊBADO E FIQUEIINCONSEQUENTADO, ME PERDOA. – gritou Emmet, jogando-se no chão e grudando nas pernas da mãe. Todos presentes pareceram confusos com a palavra Inconsequentado, mas não questionaram, apenas sorriram e gemeram de dor pelos seus gritos escandalosos.

– O que Carlisle falou serve para todos, sem exceções. Além do mais, vocês são jovens de mais pra chegar em casa fedendo a cachaça. Isso é deprimente para uma mãe. E espero... Não, eu não espero, eu ordeno que vocês parem de beber. Ou, ao menos bebam pouco, apenas em ocasiões importantes. Nada de beber vodca como se fosse água. Entendido? – eles concordaram e ela acenou acariciando a cabeça de seu filho que ainda se encontrava grudado em suas pernas.

– Bem, então é isso. – eles levantaram. Cocei a cabeça lembrando de um simples detalhe esquecido.

– Han, tem só mais uma coisinha. – falei os fazendo suspirar e sentar novamente.

– Lá vem bomba. – cochichou Jasper

– Pra falar a verdade eu acho que vocês vão adorar. – sorri

– Vixi é coisa ruim mesmo, se ele disse que a gente vai gostar, então não presta. – disse Edward balançando a cabeça infeliz.

– HAHA que engraçado. – ri sem humor. – vou direto ao ponto... Eu e a Esme decidimos que vocês irão fazer uma viagem.

– Heim? Pra onde? – perguntou Emmet, enquanto todos me olhavam curiosos e desconfiados.

– Isso eu não posso dizer. Apenas adianto que é longe, muito longe. – ri diabolicamente.

– Amor? Você está bem? – perguntou Esme preocupada com meu momento cavernoso.

– Han? Porque não estaria? – dei um sorriso amarelo e balancei a cabeça tentando me concentrar novamente. – Entretanto, alguém estará à espera de vocês.

– Onde? – perguntou Alice

– Nesse lugar para onde vocês irão. – respondi

– Porque? – perguntou Edward me olhando inquisitivo

– Porque o que? – perguntei cansado da conversa

– Porque? – perguntou Jasper. Isso é um complô, com certeza.

– Porque vocês ficaram hospedados com essa pessoa. – respondi nervoso.

– Do que vocês estão falando? – perguntou Rose

– Dos porquês. – respondeu Emmet sorrindo

– Como assim? – perguntou Alice

– Nossa quanta gente burra em um mesmo lugar. – bufou Bella.

– Okay, mas vocês vão conosco certo? – perguntou Alice.

– Pra onde? – até eu me atrapalhei com a confusão que eles fizeram.

– Para esse lugar que nós iremos. – me olhou como se fosse óbvio.

– Oh, não. Vocês irão sozinhos. Aliás, levem tudo que acharem necessário. – avisei

– Ta, mas nós nem sabemos para onde vamos. – falou Edward.

– É eu sei. – ri sendo acompanhado por Esme. Eles se entreolharam levantando e deram um passo para trás.

– Ah já chega. O que vocês precisavam saber, já foi dito. Fim de papo, tchau. – acenei pra que eles saíssem.

Desde que todos se juntaram em uma mesma casa eu ando me estressando bastante. Muito adolescente em um mesmo lugar nunca dá certo. Porém, eu tento me manter calmo e sensato. Vendo tudo pelo lado bom, para não me exceder.

Nós agora estamos unidos, portanto tenho que me controlar para administrar essa família maluca.

Espero fielmente que nessa viagem eles aprendam a palavra e o significado de companheirismo e amizade. Porque se continuar nessa desunião a coisa desanda. E não é isso que eu quero.

O incidente lastimável de ontem à noite, foi só para comprovar que eles não estão nem ai pra nada nem ninguém.

Essa viagem foi estudada desde o primeiro dia que todos ficaram juntos aqui. Eles de cara não se gostaram e isso é péssimo. Eu sei que é pedir demais que eles se gostem, mas o pouco caso e raiva que alguns sentem pelo outro é triste.

Essa é minha família e eu quero o melhor para ela.

Alice PDV

Uma pergunta que não sai da minha mente é: “Onde será esse lugar misterioso que o Carlisle vai nos mandar?”

O que mais me impressionou foi que, nem ele, nem a minha mãe, vão conosco.

Isso é ótimo eu sei. Mas, ir para um lugar momentaneamente desconhecido, e ainda ficar na casa de um cara que eu nem sei como é, é no mínimo esquisito. Dá pra acreditar que eu nem sei onde vou ficar hospedada? Eles não deram nenhuma explicação. Era de se esperar que minha mãe topasse entrar nessa tramóia com o Carlisle. Afinal, eles não batem muito bem da cachola né.

Entretanto, isso não vem ao caso agora, é apenas um simples detalhe.

– E ai gente? Beleza? – falou Bella aproximando-se do Jasper e de mim, próximo as cadeiras de sol, no jardim.

– Beleza. – respondeu Jazz esticando os braços enquanto bocejava.

– Bella, você por acaso, sabe que lugar é esse que nós vamos? – perguntei tirando os óculos de sol e a olhei misteriosamente.

– Não. – me olhou estranho e se afastou para cadeira mais longe. – Se você que é fofoqueira não sabe... como eu, uma simples, plebéia vou saber?- sorriu cínica e piscou compulsivamente os olhos.

– Isso é verdade Allie. Como ela ia saber? Ninguém faz idéia do lugar para onde vamos. – Jasper me olhou pensativo. – Seria muito esquisito se eles nos mandassem sozinhos para uma viagem longe, e sem supervisão? Ainda mais depois daquela bronca? Essa poderia ser mais uma das idéias mirabolantes e maquiavélicas de aprendizagem de Carlisle Cullen? Talvez. – falou com o dedo no queixo olhando para cima, eu e Bella acompanhamos seu olhar e foi ai que eu vi um vulto preto.

– Ai caraca, vocês viram isso? – chamei a atenção dos dois retardados que ainda olhavam para cima.

– Isso o que? – perguntou Bella

– Um vulto preto passou por aqui agora, daquele lado. – apontei para o local, que ficava entre a piscina e a parede da lateral da casa.

– Você bebeu Alice? Eu não vi nada. – disse Bella indiferente, deitando na espreguiçadeira.

– Eu não bebi, eu sei o que eu vi. – assim que terminei de falar algo pulou em cima de mim. Com o susto pulei e cai de bunda no chão.

– Ih, oh lá, ela não bebeu mesmo não Bella. Olha só o que, ou quem, era. – disse Jasper sorrindo apontando para o animal em cima de mim.

– Que fofinho. – falei esticando a mão para tocá-lo, o que o fez grunhir e sair correndo para o mesmo local que eu tinha visto o vulto, anteriormente.

– Ele ficou com medo da sua cara feia Alice. – Bella riu, eu a olhei feio, completamente ofendida. Levantei-me e fui atrás do bichano.

– Vem bichano, vem. Eu não vou te machucar. Pode confiar em mim. Cadê você? – falei estralando os dedos esperando ansiosamente que ele aparecesse.

– Ela é louca, ta falando com um gato mutante. – disse Bella, eu não pude ver sua expressão porque estava de costa para os dois, a procura do gatinho.

– Alice, deixa esse gato pulguento pra lá. – Jasper disse aproximando-se.

O gato, surpreendentemente rápido, passou correndo na minha frente, escalou o cano na lateral da casa, subiu até a calha, no telhado e me olhou assustado.

OMG!!!!

– Coitadinho, ele está assustado. – tombei a cabeça para o lado, totalmente encantada com seu olhar de socorro.

– Coitadinho nada, ele subiu ai porque quis. – disse Bella levantando-se

– Jasper, pega uma escada pra mim. – pedi estudando o local em que eu iria subir.

– Escada? Alice você não pode subir ai. – falou preocupado

– Jasper, eu preciso salvar o gatinho, - olhei em seus olhos carinhosamente. – então, pegue a escada... AGORA. - gritei para dar ênfase à última palavra.

– Okay, Okay. – falou correndo para pegar o que eu mandei.

– Você não deveria falar assim com ele. – repreendeu Bella. – Isso magoa os sentimentos de um pobre homossexual.

– Bella, pelo amor de Deus, ele não é gay. Para com isso. – a olhei feio.

– Todos os Cullen são gays Alice. Você que ainda não percebeu. – falou indiferente roendo as unhas.

– Aqui está a escada. – Jazz apareceu de repente com a escada na mão, e com uma careta de desapontamento. Será que ele ouviu o que a Bella falou? Tomara que não.

Depois de colocar a escada em um bom lugar, subi determinada a salvar o gatinho indefeso. Mesmo com tantos alertas dos indivíduos que seguravam a escada, eu consegui subir e pegá-lo. Mas, o pior aconteceu.

O desgraçado e lindo pobrezinho gatinho, me arranhou, fazendo com que eu me desequilibrasse e caísse do telhado com o corpo bem em cima da minha perna direita.

– AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH MINHA PERNAAAA. – gritei desesperada, sentindo a dor do osso saindo do lugar.

Esme PDV

– Toma banho todo dia, que alegria. – Carlisle cantava no chuveiro enquanto eu ria dobrando suas roupas.

Um grito desesperado fez com que eu sentisse meu corpo arrepiar e Carlisle desligar o chuveiro.

– O que foi isso? – perguntou espantado aparecendo na porta do banheiro com a toalha em volta da cintura.

– Eu não sei, troca de roupa enquanto eu vou ver o que aconteceu. – falei apavorada, tendo a certeza de que foi algo ruim.

Desci as escadas correndo, encontrando Rosalie, Emmet e Edward andando apressados em direção ao jardim.

Segui eles até avistar Alice chorando muito ao lado da piscina segurando a perna, e Bella e Jasper ao seu lado ajoelhados, tentando acalmá-la.

Ao ver minha filhinha naquela situação, corri ao seu encontro para ter certeza de que estava inteira.

– O que aconteceu aqui? – perguntei com os olhos arregalados. Ver aquela cena de perto e mais apavorante do que de longe.

– Ela caiu do telhado, quando foi pegar um gato. – falou Jasper visivelmente aflito.

– Mãe faz alguma coisa. – Bella falou com os olhos preocupados. Eu sei como deve estar sendo difícil se controlar para não deixar Alice mais nervosa.

– Vá chamar o Carlisle. – quase gritei fazendo com que Bella levantasse rapidamente e corresse até a casa.

Carlisle chegou, examinou a perna, fez Alice tomar um copo com água para se acalmar, mas isso não adiantou muito. Então, como viu que não tinha aparelhos suficientes em casa para resolver o problema, com a ajuda dos garotos a colocou dentro do carro e fomos ao hospital mais próximo.

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– Calma, filha, respira. – falei enquanto ela chorava e gemia de dor, sendo colocada na maca e levada até a sala de raio-x.

Alguns minutos depois, mais rápido do que eu pensei que fosse, saiu o resultado e ela estava com o osso da perna fraturado, nada muito grave a ponto de fazer cirurgia, mas seria preciso engessar.

Enquanto estava sendo engessada, ela continuava chorando, sentindo a dor da fratura, tentei mudar de assunto para ver se assim ela tentava se desligar da perna e pensava em outra coisa.

– Alice eu acho melhor você não ir para a viagem. – falei cautelosa.

– O quê? – me olhou com os olhos vermelhos e a boca apertada, tentando conter o grito.

– Você não vai a essa viagem. – falei acariciando seu cabelo.

Alice PDV

– Você não vai a essa viagem. – falou minha mãe acariciando meu cabelo.

Eu aqui toda estrebuchada por causa daquele gato doido e ela tenta me privar da diversão de sair dessa cidade ovo?

– Mãe eu já estou melhor. Ta vendo? Não to nem chorando mais. – falei tentando segurar a vontade de gritar pela dor infernal que estava sentindo.

– Filha eu não acho uma boa idéia. Isso só pode piorar sua situação. Eu vou falar com o Carlisle para você não ir. – falou me olhando séria. Ela parecia decidida.

– Mãe eu já falei, eu estou bem. E eu quero ir nessa viagem, que coisa. Por favor, mãe. – falei suplicante.

– Já está decidido. Você não vai e ponto final. – falou pausadamente para que eu entendesse e não voltasse a tocar no assunto.

Ela vai me impedir de viajar para sei lá onde? Nem pensar. Eu vou a essa viagem, custe o que custar. Ou eu não me chamo Branca de Neve.

Ah peraí, esse nem é meu nome. Esqueci até meu nome. Pode uma coisa dessas?

Ela ainda não conhece a própria filha. Que lástima. Nessas férias estou me decepcionando muito com essa família. Ela deveria saber que o que eu quero, eu tenho. Afinal, ela é igualmente teimosa e decidida.

É herança. O que eu posso fazer?

Com a perna quebrada, ou não, eu vou e ainda ta pra nascer quem me faça mudar de idéia.

CONTINUA...