Hermione encarava o vazio, a noite escura da janela de seu quarto. Seis anos naquele colégio e ainda não se conformara com o fato de que não havia iluminação noturna nos jardins. Mas, em compensação, havia varinhas. No meio da noite, em meio a guerra, não era lá muito inteligente se aventurar fora de Hogwarts, mas a grifinória não tinha feito nada muito direito nos últimos tempos.

– Lumus. - murmurou a garota assim que saiu do dormitório, com cuidado para não acordar as colegas. Desceu, passando pelo salão comunal e, graças a capa da invisibilidade que Harry constantemente esquecia no sofá, conseguiu sair da escola sem muito problemas, se encontrando finalmente só com seus pensamentos. O jardim de inverno, pensou, caminhando até lá. Para sua surpresa, não fora a única que tinha pensado no local. Um casal do sétimo ano estava lá, se beijando e abraçados.

Aquilo era extremamente fofo, mas por algum motivo destroçou o coração da morena, que não podia deixar de pensar que ela nunca teria esses momentos com o seu amor. Afinal, um sonserino, um Malfoy, um comensal da Morte... Não era prudente, não era certo amá-lo. Mas quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão?

Eram água e azeite, cão e gato. Mas mesmo assim, conflitantes, se completavam, como duas peças distintas de um mesmo quebra-cabeça. E ela não podia deixar de imaginar como seria se tudo fosse diferente, sem guerras, sem casas, sem sobrenomes.

Os dois poderiam ficar juntos, em um lugar qualquer. Poderia encará-lo a vontade, tê-lo, senti-lo. Poderiam fugir, deixar tudo para trás. Um dia, eles ainda poderiam se casar, em uma praia, em volta da areia e com o barulho das ondas ao fundo. Ou ainda em um navio, em alto mar, ou em um avião a decolar. Não importaria o local, não importaria nada, somente ela vestida de branco pronta para pronunciar um "sim".

Poderiam os dois partir em lua de mel eterna, sem data para voltar. Largar trabalho, largar escola, largar tudo, menos um ao outro. Poderiam ainda viver um amor maluco, meio sem rumo e sem planejamento, fugindo de tudo que ela já fizera na vida.

E no final, já velhinhos, os dois contariam de suas aventuras para os filhos e netos, que ficariam admirados e desejariam um futuro igual.

Mas, por enquanto, aquilo era somente uma história para se imaginar, uma história pra sonhar.

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