Como na maioria das vezes, acordei antes dela. Mas hoje era diferente. Não sei porque ou o que tinha de diferente, mas não podia passar outro dia sem ver o anel no dedo dela. Supondo que ela aceitasse. Não a culparia se recusasse, afinal eu não era o cara ideal e muito menos o marido perfeito para ela. Não, Felicity merecia mais. Ainda assim eu era egoísta o suficiente para querer ser o cara com quem ela vai dormir e acordar todos os dias, o único a vê-la de cabelo bagunçado de manhã. Demorou, mas ela me fez ver que podia querer isso e agora esperava que não tivesse mudado de ideia.

– Ei, esquisito – ouço sua voz sonolenta e sorrio. – Está pensando tão alto que me acordou. Quer dizer, metaforicamente falando. Não dá para ouvir pensamentos, embora às vezes eu ache que ouça os seus. Mas isso é porque nos conhecemos bem, não é? Não que você precise ouvir o que penso, eu falo de qualquer jeito. Como agora. Eu poderia culpar o sono por isso, mas nós dois sabemos que...

– Casa comigo – falo simplesmente, interrompendo-a.

Ela para, fecha os olhos, abre a boca. Abre os olhos, fecha a boca e olha para mim.

– O que você disse? – ela pergunta confusa e se senta, agora totalmente acordada. – Porque tive a impressão de que você me pediu em casamento, mas eu devia estar sonhando, não? Quer dizer, por que você faria isso? – Ela ri nervosamente. Como ela não via? Estico-me e abro a última gaveta do criado mudo do meu lado da cama, tirando uma caixinha preta simples que estava lá há mais de um mês esperando o momento certo para ser entregue à verdadeira dona.

– Felicity, você é boa demais para ser verdade, ao menos para mim. Eu mal consigo tirar meus olhos de você, ou minhas mãos. O maior motivo de eu agradecer ter sobrevivido naquela ilha foi ter te conhecido depois, ter me apaixonado por você. Porque eu te amo e, se você aceitar, pretendo te fazer entender isso por todos os dias da minha vida. Então, Felicity Smoak, aceita se casar comigo? – Termino e olho para ela com receio.

– Eu, Oliver.... – Vejo lágrimas em seus olhos e penso se o motivo não era pena por negar o pedido. Ela parece, como sempre, entender o que pensei, pois se joga em mim, abraçando-me enquanto diz: – Sim. Sim, sim, sim, mil vezes sim. Eu também te amo.

Abraço-a de volta e a beijo ternamente. Abro a caixinha e deslizo o anel em seu dedo anelar, de onde faria de tudo para que nunca saísse.