Retracing the past escrita por Srta Dilaurentis


Capítulo 1
A descoberta


Notas iniciais do capítulo

Eai gente, tudo bom?! Espero que sim. Finalmente a reescrita dessa história! Espero que ainda tenha gente acompanhando essa Fanfic hahaha. Bom, esse capítulo ficou um pouco maior que o antigo, já que eu descrevi muito mais do que estava. Espero que vocês digam se gostaram da mudança, se preferiam a forma antiga... enfim, o que acharam do capítulo. Agora sem mais delongas, boa leitura!



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Ano de 1977

A sala circular era iluminada apenas pela luz solar que adentrava por entre as diversas janelas espalhadas pelo cômodo. O lugar estava silencioso. Se não fosse pelo ressonar suave da bela fênix acomodada em seu poleiro, poderia se dizer que o escritório estava vazio, contudo, havia um homem, de aparência idosa e de vestes extravagantes, sentado confortavelmente em sua cadeira em frente a uma antiga escrivaninha de madeira escura.

Sua feição estampava preocupação. Havia um brilho diferente nos olhos azuis do homem. Não era o costumeiro brilho divertido que ele sempre carregava no olhar, mas sim, um brilho que, quem olhasse com atenção, poderia saber que algo muito sério se passava pela mente do bruxo.

Por mais que ele não admitisse, estava assustado. Assustado com os acontecimentos que vinham ganhando proporções gigantescas em um curto espaço de tempo. Acontecimentos que ele sabia que iriam piorar cada vez mais. E com isso, um sentimento estranho que ele não sentia a muito tempo crescia dentro de si. Não sabia descrever o que era, talvez fosse culpa, ou apenas angústia e decepção. Mesmo com todos a sua volta lhe dizendo que ele não poderia se culpar pelo terror que Lorde Voldemort espalhava por aí, e que ele não poderia adivinhar que aquele aluno brilhante, era na verdade um psicopata sedento por poder, algo lhe dizia que ele poderia ter evitado tudo isso. Poderia ter previsto as atitudes suspeitas de Tom ainda quando aluno. Mas agora ele sabia que não devia ficar se culpando, e sim, pensando em como impedir que a caça aos trouxas e nascidos trouxas se agravasse ainda mais.

Então, ainda com esses pensamentos em mente, uma forte luz branca surgiu no meio de sua sala. O homem levou as mãos pálidas ao rosto, para proteger os olhos da claridade, e foi apenas quando ouviu um pigarro estranhamente conhecido que ele se permitiu olhar o que aconteceu.

Ele arregalou os olhos e entreabriu a boca em surpresa e curiosidade,.

Um outro homem, com vestes tão extravagantes e chamativas quanto às suas, a barba um pouco mais comprida e os cabelos ainda mais brancos estava parado a sua frente, o encarando com uma expressão divertida.
Poderia parecer loucura para qualquer outro bruxo, principalmente os que tinham menos conhecimentos, mas Dumbledore não era qualquer bruxo. Ele sabia que ele próprio havia viajado no tempo, no entanto, não sabia dizer como, afinal, o vira-tempo permitia viajar por apenas algumas horas, e a versão de si mesmo parado em sua frente, parecia ser alguns anos mais velho.

— Olá – disse o Dumbledore atual.

— Olá, professor – o segundo respondeu, com um quê de divertimento presente em sua voz, afinal, como deveria cumprimentar a si mesmo.

— A que devo a honra de me receber aqui? – um sorriso brotou em seus lábios, e com a mão direita, indicou a cadeira a sua frente.

— Precisamos tratar de um assunto sério – revelou com uma expressão sombria e o Dumbledore atual se aproximou da mesa, apoiando os cotovelos e entrelaçando os dedos compridos.

— Certo, e o que seria?

— Imagino que os ataques de Lorde Voldemort já sejam frequentes no momento. – ele esperou sua versão concordar com a cabeça antes de continuar – Em cerca de dois anos, Voldemort estará em ascensão, causando tanto terror, que os bruxos temerão até mesmo seu nome. Porém, nem tudo está perdido. Uma profecia será criada, dizendo que uma criança terá o poder de destruir o Lorde das trevas — Dumbledore atual franziu as sobrancelhas, pensativo.

— E quais seriam esses poderes que uma simples criança teria? – perguntou curioso.

—Ainda não tenho conhecimento sobre isso, mas o fato é que essa criança, com apenas um ano de idade, conseguiu sobreviver a maldição da morte – sua voz era sombria, não se parecia nada com a voz serena que ambos possuíam.

— M-mas c-como? – gaguejou, os olhos arregalados e as sobrancelhas arqueadas – isso é impossível! Não exige um contra feitiço para a maldição, e ninguém nunca sobreviveu a ela…

— Ninguém, além de Harry Potter, foi capaz de sobreviver a essa maldição.. – os olhos do Dumbledore mais novo se arregalaram novamente quando ouviu o sobrenome do garoto – Na noite em que Voldemort foi assassina-lo, Lilian, sua mãe, se sacrificou por ele, criando assim uma magia antiga que nem mesmo o Lorde das trevas previu, e quando lançou a maldição sobre o garoto, o feitiço ricocheteou e acabou se voltando para o próprio Voldemort. Não se sabe o que aconteceu com ele naquela noite, apenas que ele desapareceu, e Harry continuou vivo, ganhando apenas uma cicatriz em sua testa, a marca dita na profecia.

— Pobre criança. Famosa por algo que nem deve se lembrar – lamentou Dumbledore – Imagino que tenha voltado ao passado para tentar impedir esse acontecimento.

— Exato! Em meu tempo, Harry tem apenas cinco anos de idade, o trarei ao passado para ele aproximar os pais, então, com eles tendo o conhecimento do futuro trágico que os aguarda, poderemos assim, tentar impedir a morte precoce dos dois, e destruir o Lorde das trevas o quanto antes.

— E como faremos isso? – indagou curioso.

— Descobri o segredo da imortalidade do Voldemort – o mais jovem se endireitou na cadeira – Estou certo que já ouviu falar das horcruxes. Até então, tenho o conhecimento de que ele criou cinco horcruxes, seis se considerarmos o fato de que Harry foi transformado em uma no dia do assassinato de seus pais. Suspeito de alguns objetos em específico em que ele possa ter usado para guardar os fragmentos de sua alma, mas a localização exata da maioria deles é desconhecida…

— E quais seriam esses objetos?

— Imagino que ele guardaria os fragmentos de sua alma em objetos que significassem algo para ele. Como deve saber, Tom sempre foi fascinado pelas relíquias dos quatro fundadores, suspeito que ele tenha as caçado e as transformado em Horcruxes. Contudo, a espada de Griffindor ainda está sob minha posse, então ela não foi transformada, o que nos deixa no escuro sobre duas… – um silêncio se instalou na sala. Ambos pensativos, tentando arranjar alguma solução.

— Irei pesquisar a localização das relíquias, as três estão desaparecidas a séculos – comentou o mais jovem, quebrando o curto silêncio que havia se instalado.

— E eu irei tentar achar alguma informação sobre os pertencentes de Tom na época da escola, algo que ele era apegado… – ele deu um longo suspiro – Mas, isso será a longo prazo, entraremos em contato a cada mês para podermos analisar nosso progresso.

— Certo. E o garoto Potter? Quando pretende trazê-lo aqui?

— Hoje mesmo. Em alguns minutos, para ser mais exato. – explicou.

— E quem são os pais dele? – Dumbledore perguntou curioso. Ele já saia da identidade do pai. Obviamente era James Potter, um de seus alunos mais brilhantes, e único herdeiro de sua família, o único que daria continuidade ao sobrenome de uma das famílias bruxas mais antigas. O nome da mãe que o intrigara. Lilian.

— James Potter e Lilian Evans – o mais velho sorriu, compartilhando do mesmo pensamento de sua versão mais nova. Ele sempre imaginava, e particularmente torcia, que a Srta Evans aceitasse nas investidas do garoto, que pelo visto, finalmente deram certo.

— Muito bem. Estarei à espera da chegada de Harry.

— Certo. Até mais tarde, professor. – E com uma piscadela, a forte luz surgiu novamente, e pela segunda vez, o Dumbledore atual escondeu o rosto com as mãos, o impedindo de ver a saída do outro.

Agora ele tava sozinho em sua sala. Em alguns minutos, logo estaria na presença do futuro salvador do mundo bruxo, e estaria encarregado, não apenas pela segurança do garoto, mas também de procurar os artefatos desaparecidos dos fundadores da escola, seria uma tarefa difícil, contudo, estava esperançoso. Finalmente teriam uma chance de impedir a morte de varias pessoas e uma futura ditadura que em alguns anos se instalaria.

Dumbledore não conseguiu concluir seus pensamentos, logo, a mesma luz forte invadiu novamente seu escritório. Fawkes, sua fênix, se remexeu e soltou um pio agudo, incomodado com toda a agitação na sala, assim como os quadros dos antigos diretores, que reclamaram audivelmente.

— Desculpe incomoda-los mais uma vez, senhores – desculpou-se a versão do futuro do diretor – vocês têm a minha palavra de que por hoje será a última vez.

Dumbledore pode perceber que havia um pequeno garoto de cabelos negros e arrepiados no colo do homem. O menino aparentava ser muito magro, principalmente com as roupas largas e desgastadas que ele vestia. Ele deitou o menino, que dormia profundamente, no pequeno sofá feito de couro escuro, antes de se virar para sua versão atual.

— Bem, Harry deve acordar dentro de meia hora. Está sob o efeito de uma poção do sono. – explicou o mais velho – Creio que esse tempo será o suficiente para pensar em como explicar tudo para o garoto e seus pais.

— Espero que seja tempo o suficiente – Dumbledore sorriu.

— E será. Agora eu devo voltar ao meu tempo – anunciou – Nos vemos no próximo mês, professor. – dito isso, o bruxo sumiu por entre a já conhecida luz, e desapareceu.

Dumbledore encarou o garoto pelos óculos de meia lua, que escorregavam por cima do nariz comprido, e soltou um longo suspiro.

Aquele com certeza seria um longo dia.

***

O salão comunal da grifinória estaria vazio, se não fosse pela presença de três garotas sentadas nas poltronas avermelhadas perto da lareira. A única ruiva do grupo, tinha os braços e pernas cruzadas, uma expressão impaciente no rosto pálido, e balançava um dos pés rapidamente.

— Como eles podem ser tão irresponsáveis?! – a ruiva exclamou raivosa.

— Da um tempo Lily – exclamou a garota de cabelos negros, Marlene McKinnon. Ela analisava as unhas com atenção – Já devia ter se acostumado com o atraso deles.

— Você sabe como eles são. Sempre acordam atrasados – comentou a loira, Alice McDonald, com um bocejo. Ela tinha a cabeça apoiada em uma das mãos, que estava escorada no braço da poltrona, e uma cara sonolenta.

Lily apenas revirou os olhos e bufou.

Depois de alguns minutos, de pura impaciência para a ruiva, os quatro garotos finalmente desceram do dormitório masculino.

Remus, o maroto mais certinho do grupo, vinha na frente e, como sempre, vestia o uniforme completo, os cabelos loiro escuro estavam perfeitamente penteados e tinha uma expressão fechada no rosto. Obviamente ele fora o primeiro a acordar, e estivera esperando os amigos se arrumarem até o momento. Peter, o mais baixo e gordinho, vinha logo atrás do primeiro, e apesar dos trajes escolares estarem completos, estavam completamente amarrotados, o cabelo castanho despenteado e ele tinha olheiras abaixo dos olhos escuros.

Os últimos dois marotos vinham por último, ambos eram os mais encrenqueiros e chamativos do grupo e os mais populares da escola. Sirius, tinha cabelos negros ondulados que iam até os ombros, olhos azuis acinzentados, e um sorriso sedutor nos lábios, que usava para conquistar as garotas; estava com a gravata vermelha em volta dos ombros e a capa preta na mão. Já James, apesar de usar óculos, tinha isso como seu charme, junto dos cabelos desgrenhados que eram sua marca registrada. Ele tinha a gravata frouxa em seu pescoço e a camisa social ¾ estava dobrada até os cotovelos.

— Bom dia garotas! – disse Sirius, depois de soltar um longo bocejo e se apoiar nos ombros de James que estava ao seu lado, e aparentando estar tão sonolento quanto o amigo.

— Por que demoraram tanto? – exclamou Lily com raiva.

— Uow, calma lírio – disse James – não vai nos cumprimentar de volta? – ele sorriu de lado e passou as mãos nos cabelos fazendo Lily revirar os olhos e suspirar.

— Bom dia – respondeu com um sorriso debochado – feliz agora?

— Você não imagina o quanto – ele piscou pra ela.
Fora no ano anterior que James e Lily finalmente iniciaram uma amizade, quando o ex amigo da ruiva, Severus Snape a chamou de sangue ruim, desde então, a garota aceitou o pedido do maroto para serem amigos, fazendo assim, com que os dois grupos se juntassem em um só.

— Deixem para namorar depois, estou com fome – disse Peter impaciente.

O grupo de amigos atravessaram o quadro da mulher gorda e rumaram para o salão principal, que já estava cheio de alunos e professores. O tilintar dos talheres raspando nos pratos, e as conversas preenchiam todo o lugar, assim como as quatro mesas compridas, que representavam as casas da escola, cheias das mais variadas comidas.

Eles se sentaram juntos na ponta da mesa e se serviram do delicioso café da manhã.

— Vocês sabem qual é o horário de hoje? – perguntou Marlene, dando uma garfada em seus ovos mexidos.

— Horário duplo de transfiguração, dois de Herbologia, poções e defesa contra as artes das trevas – respondeu Alice – fora as aulas adicionais.

— Ah não cara, dois horários de Herbologia em plena segunda feira – lamentou Sirius – o que eu fiz para merecer isso, Merlim?

— Pense pelo lado positivo, tem dois horários de transfiguração primeiro – consolou Remus, dando palmadinhas no ombro do amigo.

— Não sei pra que esse drama todo – disse Alice, se servindo de sugo de laranja – Herbologia nem é tão ruim. É uma matéria bem interessante na minha opinião. Como por exemplo, vocês sabiam que as mandrágoras podem ajud…

— Sinceramente Alice, eu não estou afim de saber sobre Herbologia as sete da manhã – James interrompeu a garota, que revirou os olhos.

Assim que terminaram de comer, eles seguiram em direção a sala de transfiguração. Os marotos se sentaram junto, como sempre, assim como Alice e Marlene, Lily, no entanto, se sentou na primeira carteira e longe dos amigos. Ela gostava de prestar atenção nas aulas, e não conseguia fazer isso com os amigos conversando perto dela.

A professora Mcgonagall logo entrou na sala e passou a atividade que deveria, fazer: Transformar ratos em uma caixinha de agulhas. As garotas não entenderam quando Peter soltou um grunhido agudo.

Todos já estavam com varinhas em mãos, tentando realizar o feitiço quando duas batidinhas na porta chamou a atenção de todos, principalmente quando o diretor entrou pela sala de aula.

— Com licença professora Mcgonagall – disse Dumbledore – me desculpe por interromper sua aula, mas eu preciso ter uma palavrinha com o senhor Potter e a senhorita Evans – James e Lily se encararam sem entender, antes de recolherem o material e seguirem o professor para fora da sala.

— O que você aprontou dessa vez James? – Lily sussurrou para o garoto enquanto andavam pelos corredores vazios da escola, logo atrás do diretor.

— Nada – ele respondeu simplesmente, com as mãos no bolso da calça e um olhar despreocupado – Eu nem aprontei nada essa semana… não que eu me lembre pelo menos…

— Não sei como consegue estar tão tranquilo assim – comentou Lily – Não te assusta o fato de estar sendo chamado na sala do diretor?

— Foram anos de experiências, ruiva – ele piscou pra ela.

Eles logo chegaram na estátua da gárgula que levava ao escritório do diretor. Lily olhava tudo com atenção. Foram poucas as vezes que estivera ali. Já James, parecia bem familiarizado com o local, fato que intrigara a garota.

Foi apenas depois de alguns minutos que os dois adolescentes finalmente perceberam uma quarta presença na sala. Um garotinho magricela, vestindo roupas velhas, com uma expressão assustada e olhos vermelhos e inchados, estava sentado no pequeno sofá de couro escuro que havia próximo as estantes de livro. James encarou o garoto com o cenho franzido, percebendo a estranha e semelhança entre os dois.

— Fiquem a vontade. – disse o diretor, indicando para as duas cadeiras de frente para sua mesa – E pode ficar tranquila senhorita Evans, vocês dois não estão encrencados – disse ele.

Lily arregalou os olhos surpresa pelo diretor saber o que ela estava pensando.

— Bom, eu trouxe vocês aqui porque precisamos ter uma conversa séria, portanto, sugiro que prestem o máximo de atenção no que direi. – o diretor comentou – Hoje recebi uma inusitada visita, que me revelou informações de acontecimentos trágicos que acontecerão em alguns anos.

— E esses acontecimentos tem a ver com nos dois? – perguntou James, com medo da resposta já esperada.

— Infelizmente sim, senhor Potter – lamentou Dumbledore.

— E… o que seria… exatamente? – perguntou Lily, com a voz presa na garganta. Ela já tinha uma ideia do que teria lhe acontecido no futuro. Ela era uma bruxa nascida-trouxa, e pessoas como ela estavam sendo caçadas por um bruxo das trevas.

— Irei lhes contar toda a história, mas antes, vou lhe apresentar a alguém – disse Dumbledore – Harry? Poderia vir aqui por favor? – ele chamou o garotinho, que levantou os olhos incrivelmente verdes para o diretor, e, timidamente, se aproximou dos três bruxos. – Bem, como já devem ter percebido, esse é o Harry. Ele veio do futuro, oito anos, para ser mais exato – Lily e James entreabriram a boca, impressionados.

— Oito anos? – perguntou a garota sem entender – eu achava que só podia viajar algumas horas no tempo.

— E você está certa, senhorita Evans, no entanto, essas regras se aplicam apenas ao vira-tempo. Harry chegou aqui de outra forma, que não tem devida importância nesse momento – esclareceu Dumbledore.

— Já devem ter notado a extrema semelhança entre Harry e o senhor Potter – continuou o diretor – confesso que eu mesmo me impressionei com a aparência quase igual dos dois. Com a exceção dos olhos, eles foram herdados de outra pessoa. Você imagina de quem seria, senhorita Evans? – ele olhou rapidamente para Lily, e logo, a expressão de dúvida da garota se transformou em entendimento.

— A mim… os olhos… eles… eles pertencem a mim – ela respondeu incrédula. Tudo já havia se encaixado em sua mente.

— Mas o que isso significa? – perguntou James, que ainda não havia entendido a conexão dos fatos.

— Pense James. Harry é a sua cara, mas com meus olhos, e veio oito anos do futuro, onde nós teríamos vinte e cinco anos… isso significa que… que nós somos os… os pais dele – Lily concluiu, ainda sem acreditar no que dizia. As evidências eram claras, e o sorriso satisfeito no rosto do diretor só comprovava que ela estava certa, porém ela não conseguia e não queria acreditar na verdade que era esfregada em sua cara.

Tantos anos rejeitando, e se recusando a sair com o garoto ao seu lado, sempre negando que nunca teria um relacionamento com ele. Para no final, descobrir que não só se relacionara, como tivera um filho com James. Não que Lily não o achasse atraente, ou divertido, e já fazia uns dias em que ela estava pensando em aceitar um dos pedidos do maroto para sair com ela, mas casar? Isso não era algo que ela imaginava, e muito menos planejava.

— O que? – Harry se manifestou pela primeira vez, chamando a atenção dos demais – Eles não podem ser meus pais…. Meus pais morreram…

Lily e James empalideceram na hora. As sobrancelhas se arquearam e as bocas se abriram. O choque era visível no olhar de ambos. Então era assim que terminaria, pensou o maroto. Finalmente conseguiria ficar com a garota que amava, ter um filho com ela, para no final, acabar morto. Ele cerrou os punhos com raiva, isso definitivamente não era justo.

— Isso… isso é verdade, professor? – perguntou Lily sem querer acreditar. Seus olhos se encheram de lágrimas ao ver o sorriso triste do diretor – mas… mas como?

— Uma profecia vai ser criada, dizendo que uma criança irá derrotar Lorde das trevas… Harry é essa criança – revelou Dumbledore. Lily levou as mãos a boca horrorizada – Voldemort, obviamente não gostou da ideia de uma criança ser mais poderosa do que ele, e então, decidiu ir atrás da família e dar um ponto final nessa história. Ele encontrou vocês, e bem… vocês já sabem o que aconteceu… entretanto, pelo sacrifício que a senhorita Evans fez para salvar Harry, acabou criando um feitiço antigo de proteção, e quando Voldemort lançou a maldição da morte em Harry, o feitiço ricocheteou, e ele desapareceu.

— O senhor está dizendo que Harry sobreviveu ao Avada kedavra?! – James perguntou desacreditado, e não pode ignorar o estranho sentimento de orgulho que sentiu ao saber que seu filho fora a única pessoa capaz de conseguir esse feito.

— Sim. Ele apenas ganhou essa cicatriz em sua testa, como prova de seu grande feito.

Um silêncio se instaurou na sala. Os dois adolescentes tentavam digerir, de alguma forma, as terríveis informações que acabaram de saber. Não conseguiam aceitar que toda aquela tragédia aconteceria com eles em tão pouco tempo. Saber que morreriam tão precocemente, deixariam um filho órfão, não realizariam seus sonhos e muito menos alcançariam seus objetivos, isso realmente era demais para os dois.

— Por que Harry está vestido com essas roupas velhas? – James foi o primeiro a se pronunciar, e agora, analisava com bastante atenção o garotinho em sua frente – não me diga que ele foi deixado em um orfanato.

O professor Dumbledore não respondeu, obviamente estava tão curioso quando James.

— Com quem você vive, Harry? – perguntou Lily.

— Com meus tios – ele respondeu timidamente. Lily imediatamente fechou a cara. Não era possível que seu filho fora deixado justamente com sua irmã, Petúnia, que a odiava.

— E seus tios não te compram roupas decentes? – James perguntou incrédulo.

— Não… eu só uso as roupas que meu primo Duda não usa mais.

— Mas que absurdo! – exclamou James com raiva fazendo com que Harry se assustasse e se encolhesse na cadeira – Aposto que não o alimentam direito também, olha como está magro! Porque ele não ficou com o Sirius, ou o Peter? Os as amigas da Lily?

— Eu não sei te responder essa pergunta no momento senhor Potter… – lamentou Dumbledore – mas garanto que tentarei descobrir o mais rápido possível. Mas agora, gostaria de pedir que tomassem conta de Harry durante a estadia dele aqui conosco, e peço também para que não revelem a identidade dele para os outros alunos, apenas para seus amigos de confiança.

— Mas Harry é a cópia de James, as pessoas vão reparar no parentesco entre eles – indagou a ruiva.

— Vocês vão dizer que Harry é irmão de James. – o diretor esclareceu casualmente – Todos sabem que vocês são os únicos membros da família Potter. Vão dizer que, infelizmente, os pais de James estão doentes demais para cuidarem de Harry, e que me pediram permissão para que ele ficasse aqui durante esse ano letivo. Posso contar com vocês pra isso?

Os dois alunos se encararam, e com uma troca de olhares, eles acenaram positivamente com a cabeça.

— Tudo bem…

— Podemos – completou James.

— Bem, então vocês já estão liberados. Uma nova cama já foi instalado no dormitório dos garotos, junto das coisas pessoais de Harry – disse Dumbledore – Vocês estão liberados de todas as aulas de hoje, para poderem se conhecer melhor e digerirem a informação. Podem ir.

Lily estendeu a mão para Harry, que a pegou timidamente, e os três saíram da sala. Eles se mantiveram em silêncio por todo o caminho até o salão comunal da grifinória. Ninguém sabia o que dizer. Harry, tímido e assustado de mais para dizer qualquer coisa; James e Lily, ambos perdidos em seus próprios pensamentos, sem saber como assimilar tudo o que aconteceu.

O silêncio foi quebrado apenas quando chegaram no retrato da mulher gorda, que dava acesso ao salão comunal da grifinória, e James recitou a senha. Harry olhava tudo com atenção, curioso e encantado com o lugar estranho em que estava.

— Merlim, isso tudo é loucura! – finalmente Lily se pronunciou. Ela se sentou em uma das poltronas, escondendo o rosto atrás das mãos.

— Nem me fale — comentou James, dando um longo suspiro em seguida, e passando uma das mãos nos cabelos. – Como… como você está com tudo isso? – ele perguntou para a garota, que finalmente o encarou com uma expressão cansada.

— Sinceramente? Eu não sei. – suspirou – Não é todo dia que se escuta que vai se casar com o cara que sempre rejeitou os pedidos para sair, vai ter um filho com ele, que por acaso vai ser sentenciado a morte por uma profecia estúpida, e morrer nas mãos de um sádico louco – desabafou a garota. Ela não estava sabendo lidar com aquela quantidade de sentimentos e pensamentos que estava tendo naquele momento. Tudo estava tão confuso.

— Você realmente não gostou da ideia de se casar comigo, não é? – o maroto de óculos ergueu os olhos castanho-esverdeados para a garota, e ela pode perceber o brilho triste e o ar de desapontamento.
Lily suspirou.

— Não é isso… é só que eu… não está sendo fácil lidar com tudo isso. Eu te acho um cara legal, e não vou negar que eu estava considerando aceitar um de seus pedidos para sair – James a encarou esperançoso – mas eu… apenas não esperava que… você sabe… iríamos acabar nos casando…

— Eu sei, ainda não consigo acreditar nisso também – ele riu pelo nariz – mas quem sabe essa não seja a oportunidade de você finalmente me dar uma chance… quero dizer… isso iria acontecer uma hora ou outra… – disse ele inseguro. Lily pode perceber uma pontada de esperança presente na voz rouca, e não pode deixar de dar um pequeno sorriso.

— Sim, talvez… – ela sorriu pra ele.

Um novo silêncio se instaurou local. Mas não era um silêncio desconfortável, apenas não viam necessidade de falar alguma coisa naquele momento, exceto por Harry, que estava brincando com dos dedinhos de forma ansiosa, pensando se falava o que lhe incomodava ou não.

— Será que eu posso ir pra casa agora? – Harry finalmente se pronunciou – Já está ficando tarde, e se eu ficar sumido por muito tempo, a Tia Petúnia e o Tio Válter vão ficar nervosos e me deixar de castigo no meu armário – se encolheu na cadeira, a espera de uma bronca que nunca chegou.

— Eles te trancam no armário? – James perguntou incrédulo.

— É um armário embaixo da escada – esclareceu Harry – eu durmo lá, mas quando eu faço alguma coisa errado meus tios me deixam de castigo lá um tempão, e eles me batem às vezes também… – ele levou as mãos a boca rapidamente e arregalou os olhos, como se não pudesse ter falado isso. Se seus tios descobrirem que ele falou aquilo, ele com certeza estaria encrencado.

— É por isso que você está com esses roxos na pele? – James perguntou raivoso. Que tipo de ser humano faz uma criança dormir num armário embaixo de uma escada, prende ela lá, e ainda por cima bate!

— Também. Meu primo Duda gosta de me bater – revelou. Ele aprecia ansioso, e assustado de estar contado aquelas coisas para outras pessoas, mas estava gostando de desabafar com aqueles dois estranhos. E talvez não fosse ruim, afinal, seus tios não estavam ali – teve uma vez que ele deu um soco aqui, bem no meu nariz e quebrou meus óculos. Mas o tio Valter disse que comprar outro era caro e não queria gastar dinheiro comigo, aí eles prendera, com essa fita aqui, ó – ele indicou para o meio da armação do óculos.

Aquilo para Lily for a a gota d’água. Já não bastava seu filho ficar órfão, ele tinha que ser maltratado por sua irmã e o marido cretino dela. Tudo bem que ela é Petúnia não se davam bem, mas seu filho não tinha nada a ver com a rixa entre as duas! Lily ainda tinha esperanças que ela é a irmã se resolveriam um dia, mas pelo visto, as coisas iriam apenas piorar entre elas. Era triste ver o que a mais velha era capaz de fazer, apenas por ciúmes.
Lily serrou os punhos e os olhos lacrimejaram.

— Lily… você está… bem? – James a envolveu em seus braços de forma insegura, e vendo que a garota não reclamaria, ele a apertou em um abraço reconfortante.

— É que… minha irmã trata o Harry tão mal… eu não me importo dela me odiar, mas o Harry não tem nada a ver com essa história! – ela respondeu indignada – é incrível saber que mesmo depois da… da minha… morte, ela vai continuar com esse ciúme idiota. Se fosse o contrário eu cuidaria do filho dela como seu fosse meu!

— Eu sei – o maroto respondeu, afagando os cabelos ruivos e sedosos da garota – eu também não gostei nenhum pouco disso. Mas eu te prometo, nos vamos reverter tudo isso!

Eles se mantiveram abraçados até o momento em que escutaram vozes animadas se aproximando, e então, o restante do grupo grupo entrou pela porta do salão comunal.

— Ui, acho que atrapalhamos alguma coisa – Comentou Sirius com um sorriso safado nos lábios, encarando o melhor amigo e a ruiva abraçados no sofá. Sem nem se dar conta do garotinho que olhava para eles de forma curiosa.

— O que os dois pombinhos estavam fazendo aqui sozinhos, hein? – perguntou Marlene, apoiando o braço no ombro dez Sirius.

Ambos trocaram um olhar divertido.

James revirou os olhos com um sorriso.

— Aliás, o que o Dumbledore queria com vocês? – perguntou remus que se aproximou do casal.

— Acho que a pergunta certa seria: Quem é esse menino, e porque ele é a cópia do James – exclamou Alice, fazendo com que todos encarecem Harry, que se encolheu timidamente.

— É uma longa história… – disse James – é melhor subirmos para o dormitório, assim ninguém vai escutar nossa conversa – ele pegou Harry no colo e estendeu a mão para Lily, que aceitou. Gesto que não passou despercebido pelo restante dos amigos que resolveram não comentar nada.

***

O dormitório dos marotos nunca estivera tão silencioso. Todos estavam em volta da cama de James, abalados e em choque. Ninguém sabia o que dizer naquele momento, e suspeitavam que não conseguiram formar uma palavra se quer sem que começassem a chorar. As palavras simplesmente estavam entaladas na garganta, como se um nó as prendessem. E por mais que tentassem impedir, as lágrimas teimavam em cair de seus olhos.

Sirius de longe era o que mais parecia abalado. Ele soluçava enquanto as grossas lágrimas encharcavam seu rosto fino, na qual ele nem fazia questão de tentar secar mais. Ninguém nunca vira o garoto chorando, muito menos daquele jeito, mas ele não ligava naquele momento. Seu único pensamento era de que seu melhor amigo, seu irmão, iria morrer tão cedo, então, sem se importar, se jogou nos braços do melhor amigo, e o abraçou com força. Como se quisesse se certificar que o garoto estava vivo.

Depois de alguns minutos, ele finalmente se afastou, secando as lágrimas que ainda caiam, e socou a parede com força, soltando um grito alto, assustando restante do grupo.

— Ele não tem o direito! – gritou com raiva, pegando o travesseiro mais próximo e o jogando com força para algum lugar do cômodo – Esse filho da puta não tem o direito de matar as pessoas quando bem querer! Não tem o direito de destruir famílias, amizades, como ele anda fazendo. Ele não tem direito de matar meu irmão! Não tem! – seu rosto estava vermelho, e uma veia pulsava em seu pescoço cada vez que ele gritava.

— Não, ele realmente não tem – disse James enquanto se aproximava do amigo, que respirava pesadamente, e tocou em seu ombro, o fazendo levantar o rosto e encarar os olhos esverdeados do amigo – e nós vamos mudar isso. Nós temos uma segunda chance! Uma chance de sobreviver e deter esse tal bruxo. Nós vamos conseguir Almofadinhas.
E novamente, os dois se abraçaram. Um abraço que demonstrava todo o carinho que um tinha pelo outro, que mostrava que a amizade deles não era uma amizade qualquer, era uma irmandade eterna.

— O que vamos fazer pra… você sabe… impedir isso de realmente acontecer – perguntou Marlene depois de um tempo. Todos ainda estavam abalados, porém, uma leve animação surgiu com a esperança de salvarem os amigos.

— Nós não sabemos ainda… Dumbledore não nos disse ainda, mas se ele disse que temos uma chance, temos que confiar – respondeu James.

— Mas e Harry? Porque ele veio do futuro e como vamos cuidar dele? – perguntou Alice.

— Dumbledore também não nos disse o que ele veio fazer aqui. O que importa é que temos que cuidar dele enquanto estiver aqui – respondeu Lily, que já estava mais calma – mas em hipótese alguma podemos revelar a identidade de Harry. Diremos que ele é irmão mais novo de James que esta aqui porque os senhores Potter estão muito doentes.

— Podemos revezar durante os horários livres de cada um – sugeriu remus.

— Sim, é uma boa ideia.

— Mas agora temos que voltar para as aulas – Remus continuou – nos vemos mais tarde então.

— Não, espera! – disse Sirius quando já estava passando pela porta do dormitório – Harry, qual é o seu nome completo?

— Harry James Potter – ele respondeu, franzindo o cenho quando Sirius comemorou.

— Cinco galeões, Aluado – ele estendeu a mão para o amigo, que pegava algo dentro dos bolsos das vestes com uma cara amarrada – isso, pode passar.

— Ele apostou comigo que James conseguiria colocar o nome dele no filho – Aluado respondeu revirando os olhos e saiu do quarto, emburrado, deixando a futura família Potter sozinha novamente.

— Quando eu vou poder ir embora? – perguntou Harry timidamente.

Lily olhou para James, sem saber como explicar par ao garoto que ele ficaria bastante tempo fora de casa.

— Olha Harry, você está muito longe de casa, e vai ter que ficar por um tempo aqui conosco.

— Ah, tá – ele respondeu, sem realmente entender o motivo – Mas será que meus tios vão entender – ele levantou os olhos verdes cheios de preocupação – se eles não acreditarem em mim, eles vão ficar muito irritados, e aí, eu vou ficar de castigo por um tempão.

Lily respirou fundo, tentando de alguma forma conter a raiva que sentia da irmã.

— Não se preocupe Harry, não vamos deixar nada acontecer com você – ela deu um sorriso sincero para o filho. Aquilo era realmente estranho. Ainda não se acostumara com a ideia de ter um filho, e mesmo que ainda não tivesse engravidado, teria que aceitar o papel de mãe, mesmo não se vendo como uma, ainda.
Harry deu um pequeno sorriso para a ruiva, parecendo um pouco mais calmo, mas ainda estava assustado, tímido, e muito provavelmente deslocado naquele lugar estranho. James percebendo isso chamou o garoto para se sentar entre ele e Lily.

— Fala aí, campeão. Você está com sono, ou com fome? – ele perguntou de forma amigável.

— To ficando com fome – ele respondeu timidamente.

— Certo, está quase na hora do almoço, você aguenta esperar um pouco? – o garotinho balançou a cabeça – quer dar um cochilo até dar a hora? – ele perguntou novamente ao ver o garoto dar um pequeno bocejo, e concordar novamente. – Então deite aqui – ele indicou o espaço ao seu lado na cama.

James posicionou o travesseiro para o garotinho, e ficou acariciando distraidamente os cabelos negros e arrepiados do menino, idênticos aos seus; na verdade, praticamente tudo em

Harry era idêntico a ele, desde os cabelos, o formato do rosto, sobrancelhas, absolutamente tudo, exceto pelos olhos, que tinha, uma coloração verde intensa, parecendo duas pequenas esmeraldas, assim como as de Lily. Ah, Lily. James ainda não acreditava que finalmente conseguiria ficar com sua ruiva! Se casaria e teria um filho com ela. Era um sonho sendo realizado, com um pesadelo no final de tudo. Mas isso não importava agora, ele ia mudar o destino, e ia impedir a tragédia em sua família.

E foi com esses pensamentos em mente, que ele adormeceu ao lado do filho, esquecendo completamente da garota ruiva que os observava com um sorriso bobo no rosto.

James podia ter todos os defeitos do mundo, mas foi naquele momento, que Lily percebeu que ele seria um ótimo pai.

 


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Notas finais do capítulo

Oi de novo. Espero que tenham gostado da mudança, e que a leitura não tenha ficado enjoativa. Comentem o que acharam, o que não gostaram, o que que acharam. E até a próxima!