Na semana seguinte, inúmeros funcionários do governo invadiram nossa casa para me preparar para a seleção. Havia uma mulher intragável que parecia pensar que metade do meu formulário era mentira. Depois chegou um dos próprios guardas do palácio, para repassar as medidas de segurança e inspecionar minha casa.
Recebi duas ligações de uma mulher chamada Marlee, que tinha uma voz alegre, querendo saber se precisávamos de algo.
O último visitante chegou na quarta-feira à tarde, dois dias antes de eu partir. Sua função era repassar todas as regras oficiais comigo. Ele era de uma magreza impressionante; tinha um cabelo preto sedoso penteado para trás e suava o tempo todo, depois de um tempo percebi o porquê daquilo. Ele me fez perguntas coerentes, perguntando minha virgindade e doenças que poderia ter por conta daquilo... me senti oficialmente ofendida, porque raios ele queria saber se era virgem ou não? Por acaso o príncipe não me aceitaria se não fosse? Mais graças ao resultado dos exames, foi comprovado que era virgem— coisa que ele rejeitou a acreditar sem o resultado do exame— e também sobre a minha doença, que quando soube fez questão de afastar milímetros de mim, e me olhar com cara de desprezo.

—Bom, creio que está tudo bem com a senhorita—ele diz com uma voz parcialmente irritante—Sexta-feira ao meio-dia um carro vira te buscar e você será levada para a comemoração da cidade. Você poderá usar a roupa que lhe vier a cabeça. Não usaremos uniformes como em outras seleções, mais aviso terá uma grande surpresa para vocês quando finalmente chegarem ao castelo, então dou-lhe o conselho de usar a melhor roupa de seu guarda roupa—disse ele, analisando meu jeans surrado e minha camisa da minha banda favorita.

Depois daquilo ele finalmente foi embora, me deixando sozinha em casa. Desde o dia do pronunciamento e bem.... Depois dos golpes... papai tem me rejeitado completamente, ele nunca está presente, o que faz que com todos os papeis sejam assinados pela Srta. Robinson, que está muito animada com a notícia de sua filha postiça entrar para a seleção. Eliseu já tem se afastado, ele nem me olha mais na minha cara e as únicas palavras dirigidas a mim são um Oi e Tchau. Então resolvo ir até lá, para poder ter uma conversa com ele antes que entre naquela jaula, do castelo.

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—Oi—digo entrando em seu quarto.

—Oi—ele devolve surpreso com a minha intromissão—Hmm, meus pais saíram se você quiser pode voltar mais tarde—Educado, não?

—Na verdade eu quero falar com você, posso?—indico a cadeira ao seu lado. Ele dá de ombros.

—Porque você está sendo tão frio comigo? —pergunto direta. Ele me analisa, agora com os olhos arregalados e com a boca entreaberta, pensando sobre o que irá dizer.

—Não estou sendo frio—são as únicas palavras que ele diz depois de um bom tempo. Bufo de raiva.

—Oh sim, você nem fala comigo e muito menos olha pra mim. O que foi? Sou muito feia a ponto de você me desprezar? —grito.

—Às vezes você consegue ser ridícula—Ao ouvir suas palavras sinto um peso dentro de mim, como se minha respiração tivesse sido cortada e meu coração espontaneamente parou.

—Você é um idiota—me levantando brutalmente me dirigindo a porta. Ele não me impede, o que fico grata.

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Flashback on

Estou num lugar distante, acredito que estou no paraíso!
Há flores em todas as direções, flores de diversas culturas e cores, estou correndo como uma criança, e alguém esta atrás de mim. Estamos brincado!

―Ei, venha aqui sua danadinha! ―dizia um homem lindo. Ele estava bem arrumado, com os braços fortes e com um sorriso encantador. Ele corria atrás de mim. Ele era papai!

―Você não me pega, hahahaha―corria soltando gargalhadas. De repente caiu, e começo a chorar, papai vem correndo em minha direção, com preocupação e com os olhos vibrados de tando carinho e amor.

―Ei, garotinha se acalme, foi só um arranhão―ele dizia amorosamente, tentando me acalmar―Olha só o papai vai cuidar de você não se preocupe, ficara tudo bem. Eu nunca mais vou te deixar, eu prometi a mamãe que cuidaria de você. Se acalme, ficara tudo bem, ficara tudo bem... O papai te ama!
Ele me deu um enorme e meloso beijo na testa, me fazendo abrir um dos maiores e bobo sorriso que se consegue ter. O simples fato dele me amar, fez com que tudo ficasse bem...
Mais de repente o lugar mudou, tudo mudou, papai se foi... seu beijo se foi... ele se foi...
E eu voltei ao abismo novamente....

Flashback Off

(...)

Olho-me no espelho e já vejo uma grande diferença. Estou simples, mais de certa forma elegante. Estou com um vestido cinturado rosa-bebê, ele tem pequenos remendo na borda inferior com bordados. Ele era de minha mãe. Coloco também um scarpin preto, emprestado da Srta. Robinson, que arruma minha cabeleira loira em em cachos artificiais, realmente estou divina. roupa

Partimos para a praça num carro elegante. Papai não me acompanhou, para falar a verdade não o vejo desde ontem. Estou realmente magoada, será que eles não percebem que eu não vou durar nem sequer um dia no castelo?

Meu único consolo foi a Srta. Robinson. Ela segurava minha mão e tentava me injetar um pouco de entusiasmo. Ainda estávamos de mãos dadas quando demos o primeiro passo na praça abarrotada de gente. Parecia que toda a população de Dover tinha vindo se despedir de mim. Ou conferir o motivo de tanta euforia. Do alto do palanque, eu podia ver aquela massa humana me encarando, pude ver Taynara e seu grupinho me fuzilarem com olhar. Tenille Digger me mandava beijos. E bem, muitos me olhavam como se tivesse-lhes roubado algo. Mais aqueles que me conheciam torciam por mim.

Eu tentava focar naqueles rostos, mantendo a cabeça erguida. O prefeito discursava com gestos grandiosos e me ofereceu a palavra a qual recusei não me dava muito bem em público, e afinal o que poderia falar?

Então no final do discurso, uma surpresa se ocorreu. A multidão enlouqueceu e começou a clamar pelo meu nome, o que me deixou realmente chocada. Eles acreditavam verdadeiramente em mim. Tentei procurar uma pessoa entre a multidão. Eliseu. Depois de alguns minutos revirando os olhos pela multidão, encontrei seus cabelos negros, e aqueles olhos azuis vibrantes. Oh Leu, por que você fez isso? Ele estava agarrado a uma garota. Elisabeth Bepp uma garota totalmente clichê a qual detestava, ele segurava-la pela cintura de forma protetora, e a fitava de uma forma tão... tão...emocional, será que era amor?
Lagrimas rolaram pelo meu rosto, então fiz questão de desviar os olhos e tentar focalizar na multidão que clamava pelo meu nome.

Por sorte, um guarda, que estava a minha proteção fez um sinal para que nos despedíssemos, fiquei muito grata, pois não aguentava mais olhar para aquela multidão. Virei-me para Srta. Robinson e lhe dou um grande abraço.

Aceno para multidão e finalmente entro no carro, deixando para trás tudo, tudo que vivi até hoje; todas as história e lembranças...deixando para trás um passado...

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Fui a última a chegar ao aeroporto e fiquei extremamente assustada. A alegria superficial da multidão desaparecera. Agora eu enfrentaria a terrível jornada para a seleção. Eu iria viajar ao lado de outras cincos selecionadas. Procurei controlar meu nervosismo.

Nunca tive uma amiga de verdade. Passei a maior parte da infância brincando com Eliseu, o qual vagamente estava por ai, agarrado com outra garota. Doía, tudo doía. E não sabia o porquê.

Segundos depois duas meninas vestidas extremamente chamativas, vieram correndo ao meu encontro, uma tinha um amplo sorriso, já a outra me olhava com desprezo.

—Oi, sou Maria! —disse a que sorria exageradamente para mim.

—Oi, sou Bella! —digo retribuindo o sorriso.

—Nós já sabemos! —diz aquela que me olhava com desprezo—estamos te esperando a uma eternidade! —diz ela bufando.

—Oh, me perdoem err... eu demorei um pouco para me despedir—digo corando.

Antes que a mal-humorada pudesse me reprender Maria nos interrompeu ainda com aquele sorriso contagiante.

—Não se preocupe Bella, venha vamos embarcar!

Depois da festa de boas vindas de Maria, e de Kate— a mal-humorada—, pude finalmente conhecer o resto das garotas. Todas eram bem formosas e estavam um tanto que deslumbrantes. Alaira Grace estava com um vestido de noite, totalmente chamativo. Elas falaram que a grande surpresa seria que ao chegarmos ao castelo o príncipe Austin iria nos receber. Depois que soube disso, fiquei até feliz; o príncipe iria ver como realmente sou e logo me enxotaria.

A viagem de avião foi realmente cansativa, apesar de meu mal-estar tive que aguentar aquelas garotas. Ok. Elas não são tão insuportáveis, mais elas só falam e falam. Agradeci quando finalmente pousamos, mesmo sentindo a enorme vontade de vomitar com o movimento da nave.

Um guarda acompanhado de uma moça formosa subiu no comitê do avião, ambos pareciam muitos estressados e preocupados.

—Oh céus, finalmente vocês chegaram. Andem, podem sair de seus acentos. Uma por uma desçam as escadas e acompanhem o guarda que as levaram para o castelo.

Fizemos como pedido, e ao saímos do comando de pouso pessoas, ou melhor, centenas de pessoas nos cercaram. O guarda definitivamente não esperava por aquilo, e fez questão de nos empurrarem logo para o carro. Infelizmente por conta de minha demora não poderíamos nem nos despedir daquela multidão, mais como sempre eu a última da fila, tive o privilégio de me virar e acenar para a multidão. Todos gritavam e aplaudiam, vi que havia várias placas com o meu nome. Fiquei feliz com aquilo. Mas de repente sinto mãos em minha cintura, mãos pequenininhas. Olho para baixo, para o pequeno ser que me agarra. E apenas uma criança.

—Ei mocinha! —digo devolvendo o abraço, e me agachando para ficar a sua altura.

—Oi! —diz ela alegremente.

—Olá, como a senhorita se chama?

Antes que ela pudesse me responder, sinto mãos no meu ombro e agora não são mãos de uma criança. É o guarda. Olho para ele, com um olhar ameaçador, será que eles não me deixaram sequer falar com essa garotinha? Acredito que não, pela cara que ele me olha.

—Olha só, eu não posso falar com você agora, mais depois eu prometo que nos viremos novamente. Apesar você me vera sempre a partir de hoje—sinto a mão do guarda me puxando, então planto um enorme beijo na bochecha da garotinha, e deixo-me ser levada pelo guarda. Percebo que ela corre atrás de mim, mais guardas a impedem de prosseguir. Vejo uma mulher gritando descontroladamente, acredito que seja sua mãe. Mais antes que possa fazer uma análise da situação o guarda me coloca no carro, de forma bruta. Digito em reclamar, mais ele logo fecha a porta, me deixando com cinco garotas, que me olham com.... com inveja? Desprezo? Crueldade? O que ignoro totalmente, então de forma inútil mando tchau através do vidro preto para me distrair.

Depois de meia-hora, o carro para. Não conseguimos ver nada por conta do vidro negro, mais pela cara das meninas percebo que chegamos ao castelo! Ouço gritos e aplausos, com certeza chegamos ao castelo.
O carro volta a se movimentar, agora passa por várias curvas e giratórias, os gritos se afastam a cada minuto. De repente o carro para novamente, e um jovem guarda abre a porta me dando um susto.

—Oh, me perdoe senhorita—diz ele me fazendo uma reverencia.

—Err... não foi nada! —digo envergonhada, até parece que sou alguma dama, que precisa de reverencia ao ser anunciada!

Ele me oferece a mão, e uma por uma sai do carro. Fico extremamente chocada com a beleza que minha visão me cega. Estou cercada em ambas direções, por enormes arquiteturas. É realmente lindo, as paredes são gigantes, e são de uma textura medieval.http://1.bp.blogspot.com/-wbnFI0g5KkY/UEIJfgmrloI/AAAAAAAACow/5awIn2hkoFI/s1600/arundel-patio.jpg O carro está estacionado junto a mais seis carros, em um enorme círculo de aviamento que cerca um gramado exuberante.
Uma mulher loira, com um amplo sorriso nos recebe. Ela deve estar por volta dos 35, mas se mantem preservada, seu nome é Marlee, a mulher que me ligou dias atrás.

—Olá garotas, percebo que vocês chegaram extremamente atrasadas—todas olham com um olhar de acusamento para mim—mas enfim, como já perceberam estão no castelo. A partir de alguns minutos conheceram a família real—ela nos analisa—pode parecer um tanto inesperado e assustador, mais só queremos ver como vocês realmente são, então ajam naturalmente. E é claro, com o devido respeito a família real. E sejam bem vidas ao castelo—Termina ela com um gesto gracioso, simpatizando o castelo.

Marlee nos dirige para dentro do castelo que consegue ser ainda mais belo por dentro, guardas seguem um linha reta por dentro e por fora da porta de entrada e nos conduzem para o salão gigantesco, o piso é inteiramente de porcelana branca, e as paredes são de um amarelo lima, realmente tudo limpo e exuberante!

—Gostei do seu ato—disse Maria, se aproximando de mim e me tirando do devaneio de exploração castelo.

—Oi? —perguntei, agora olhando para ela.

—Você abraçou a criança—disse ela, como se aquilo fosse claro.

—Oh sim, foi só um abraço nada de mais—dou de ombros.

—Você não reparou? —ela perguntou amistosa.

—Reparei em que? —perguntei sem entender nada.

—A criança é deficiente Bella, você não percebeu a falta de um braço? —perguntou ela com os olhos arregalados.

Antes que pudesse responder ou falar qualquer coisa Marlee nos repreende e nos manda formar uma fila.

—Podemos conversar depois? —sussurro em seu ouvido, ela afirma com a cabeça então caminhamos para a fila.

—Agora a família real será apresentada, e como vocês sabem o príncipe estará presente então novamente sejam vocês mesma e agem com devido respeito a família real—disse Marlee terna e serena.

Comecei a me preparar ou tentar repassar as regras de quando a família real está presente. Sorria. Faça gestos graciosos. Não fale se não for anunciada. Faça reverencia...Antes que pudesse terminar meu mantra interior fomos surpreendidas por risos, risos alegres e espontâneos. Inclinei a cabeça tentando buscar o paradeiro daquela doce e sigilosa voz, quando de repente o vejo. Ele sorria, um sorriso encantador. Ele avançava rindo e brincando com alguém que não pude ver.

Nossos olhares se encontraram.

Ele parou instantaneamente, como seu eu fosse sua perdição. Seus olhos brilharam como fogo, deslumbrante e formigante.Seu sorriso se alargou, em um totalmente bobo e encantador. Foi então que seus lábios se mexeram formando um “ É você”.