Revolution escrita por Rafaela


Capítulo 5
Capítulo 5




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/540822/chapter/5

Era fascinante o fato de estarmos em outro... País, como nos ensinaram. Mas era extremamente assustados saber que sua irmã poderia estar morta.

Dentro do LdR de Porto Alegre conhecemos muitos novos Radioativos, nem todos sabiam falar a nossa língua e os que sabiam ainda tinham um sotaque legal.

Fora Nimble o único que eu conhecia era outro dos mais próximos de Candy. Não sabia explicar como era suas ações, se ele estava no ''piloto-automático'' ou se agia assim para não parar e pensar em tudo o que estava acontecendo e lutar por ela. Se você prestasse bastante atenção poderia perceber que quando ele achava que ninguém estava olhando se permitia deixara postura mais relaxada e se arrastar enquanto caminha. Sua face nessas horas demonstrava cansaço.
Por hora ele se mostrava firme em seus atos, postura ereta e voz de comandante que não se deixa abater.

Eu nunca sabia como me sentia em relação a ele, se sentia raiva ou se sentia como se compartilhássemos o mesmo sentimento, afinal ele era o namorado dela. Devia amá-la mesmo que nos últimos dias tivessem estado ditântes um do outro e eu não sabia o motivo.

Thiago queria sempre ditar as ordens e ser o comandante de tudo. Nimble discutia com ele por isso e eu tinha minhas dúvidas sobre ele e seus sentimentos por Candicce.

As brigas entre Thiago e Nimble era o que mais movimentava os Radioativos que vieram do LdR das Províncias. Os Radioativos do Rio Grande do Sul eram amigáveis e respeitavam nosso luto. Só que estava ficando cada vez mais difícil.

Meu quarto e o de Lia ficam no mesmo corredor, um ao lado do outro e isso era bom. Lia era de longe a pessoa que eu mais conhecia e me dava bem, que estava ali. Esse tempo que andamos passando juntos nos aproximava ainda mais e mesmo com tudo isso acontecendo eu ainda conseguia pensar em conquistá-la. Eu sentia que estava traindo Candy com isso.

—Você já tomou banho? —Perguntou a loira quando tínhamos acabado de sair da mesa de jantar. Havíamos comido carne, era muito boa.

—Já, você também? —Perguntei olhando para ela enquanto caminhávamos lado a lado.

—Sim. —Ela fez uma pausa. Seria nossa terceira noite ali. Quando viramos pelos corredores, chegamos até os banheiros. Lia não falou o que iria dizer antes de fazer a pausa. Eu esperei.

—Bom, então acho que nos vemos amanhã. Boa noite. —Falei.

Lia hesitou antes de responder.

—Boa noite. —Disse a garota por fim.
Arqueei as sobrancelhas, mas deixei passar e entrei no banheiro masculino para escovar meus dentes. Lia fez o mesmo entrando no feminino.

Os banheiros possuíam lajotas de cor cinza claro nas paredes e uma outra cor no chão. Havia duas pias brancas em cada um dos banheiros, que até então eu não tinha parado para contar, e espelhos.

Eu não estava acostumado a parar e me observar.
Nunca notei, por exemplo, que dependendo do ângulo meus olhos ficavam com cor de mel, o que não podia ser normal para olhos esverdeados. Certo?
Meus cabelos estavam emaranhados e eu usava uma camisa branca com mangas. Minha calça jeans era clara e surrada. Meus cabelos caíam nos meus olhos.
Então quando tirei pela última vez a escova de dentes de minha boca e cuspi, enxaguei a boca e, me olhando no espelho uma última vez, deixei o banheiro.

Não sabia se La já havia saído ou não, segui em direção ao meu quarto onde entrei e retirei minhas roupas. Coloquei um cobertor em cima da cama e o travesseiro, logo entrei por baixo das cobertas e me deixei levar pela mente.

Uma leve batida na porta me tira do sonho e logo uma pequena luz entra pelo meu quarto. Olho com os olhos cerrados e vejo uma cabeleira e o formato de um rosto.

—Thomas. —Era a voz de Lia sussurrando.

—Oi. —Murmurei com voz de sono. —Entra. —Completei.

Lia entrou e fechou a porta atrás de sí.
Para enxergá-la melhor liguei a luz fraca do abajur ao lado de minha cama.

—O que foi? —Perguntei apoiando meu corpo sob os cotovelos.
Lia estava parada no centro do quarto usando um pijama de alcinha cinza e um mini shorts da mesma cor. Tentei não fixar meus olhos em suas pernas.

—Eu não consigo dormir. —Confessou e mordeu os lábios.
Pensei por um segundo no que dizer.

—Você quer dormir aqui? —Pergunto.

—Se não for incômodo... Você é o que eu mais tenho de próximo aqui. —Ela mordeu os lábios novamente e eu tomei nota de que ela fazia isso quando ficava constrangida ou algo do tipo.

—Deita aqui. —Falei indo para o canto da parede e batendo no espaço que agora tinha. —A menos que você se importe de dormir comigo. —Sorrio fraco e ao mesmo tempo malicioso.

Lia vem em minha direção pisando firme.
Antes de entrar em baixo das cobertas ela me dá um tapa me chamando de safado. Eu rio.

—Ahn... Lia, espero que não se importe se eu estiver só de boxer. —Falei lembrando, mas então ela já estava praticamente toda tampada.

—O que você tem contra roupas, Thomas? —Ela se virou para mim, nossos rostos tão próximos um do outro.

—Nada. —Sorri e me debrucei sobre ela para apagar a luz do abajur. Senti ela se contrair em baixo de mim e logo voltei para o lugar.

—Desculpe te acordar. —Ela murmurou. Sua pele encostava na minha já que estávamos nós dois em uma cama onde só cabe um.

—Tudo bem. —Murmurei perto do topo de sua cabeça.

—Lia, por que você não consegue dormir? Anda tendo pesadelos ou é o acúmulo de pensamentos? —Questiono após alguns segundos de silêncio entre nós onde eu até cogitei que ela já tivesse dormido.

—Acho que um pouco dos dois. —Respondeu. —Você também?

—Eu não sei... Um pouco de ambos também. —Respondi.
Lia suspira.

—Antes de dormir eu sempre penso em onde Candy deve estar. Quer dizer, eu sei que ela esta viva, eu sinto isso. Mas eu preciso dela, sabe?
Instintivamente eu coloquei meu braço direito em torno da cintura de Lia para reconfortá-la como se isso bastasse para que toda sua angústia passasse.

—Eu sei. Eu penso e sinto o mesmo, o tempo todo. —Respondo enquanto ela retribui meu abraço vindo mais de encontro ao meu corpo, como se fosse possível.
Ficamos em silêncio por um tempo.
Então ela tenta se virar e murmura um ''Ai'' enquanto eu a solto e ela se vira de costas para mim.

—Melhorou? —Perguntei.

—Você pode me abraçar agora. —Ela murmurou enquanto afundava sua cabeça no travesseiro.

Calmamente fui levando minha mão à sua cintura até abraçá-la e puxá-la mais contra meu corpo.

—Boa noite, Lia. —Sussurrei em seu ouvido.

—Boa noite, Thomas. —Ela sussurrou de volta.
Quando vi minha mão tinha subido um pouco mais e nossas mãos estavam entrelaçadas uma na outra.

Era bom estar assim com ela.
..........................................................................................

Desde o ocorrido no LdR eu repetia para eu mesmo: ''Você deve ter coragem para seguir em frente.'' ''Você deve ter forças para seguir em frente'' ''Você tem que encontrá-la, não ficar deprimido por aí.''

O que eu mais fazia nos últimos dias era ficar deprimido por dentro e tentar manter uma aparência normal por fora. Nunca imaginei que iria ficar tão triste assim por alguém, sempre achei exagero demais até que senti na pele o que isso significa. Amar alguém.

Era difícil dormir então eu ia para a cama, me sentava com as cobertas por cima e escrevia planos e teorias em um caderno. Do mesmo jeito que estou fazendo agora.

Me pergunto quanto tempo leva daqui até nossas antigas Províncias sem um Portal. Me pergunto também: Se Candy foi levada para algum lugar e não a mataram, então o que estão fazendo com ela? Com J e Lily?

É complicado.

Você vive a vida toda em uma mentira, achando que só existe aquelas pessoas no mundo, aquelas Províncias, acreditando que só existe um Governo e nem fazia ideia de que Radioativos existiam de verdade mesmo tendo colocado medo em você a vida toda dizendo que eles eram os seres mais horríveis que existia.

E então você cresce, muda de Província para se livrar do seu passado nos Crânios e então você se encontra apaixonado por uma Radioativa e começa a perceber que tudo o que te ensinaram era errado, que, mesmo que alguns Radioativos fossem maus, ela não era. Ela era completamente o oposto.

E então você se encontra com vários outros Radioativos e percebe que nada do que foi dito sobre eles era verdade. Que você sentiu medo a vida toda de uma coisa que nem sequer existia.

E você se junta a eles e começa a temer uma associação que nunca ouvira falar antes, mas não teme por você. Teme por ela.

E no fim, o que você temeu já não faz mais sentido. Nada mais faz sentido e você não sabe de mais nada porque no momento eu me vejo em um país completamente diferente onde Radioativos e Humanos comuns vivem em harmonia na mesma sociedade sem discriminação, sem medo..

E tudo o que eu sei é que preciso fazer algo. Que preciso agir.

Mas então tem Nimble que me tira do sério e, sendo sincero, quando discutimos é um dos poucos momentos em que eu me lembro de quem eu era na Força. Me lembro disso quando começo a agir.

É por isso que preciso agir, para me lembrar de quem sou. Para poder ajudar Candy. Ajudar Lia e Thomas, me unir a eles. A ajudar J e Lily.

E eu decido que de hoje em diante eu não vou mais baixar a cabeça. Que este é o último dia que vou ficar para baixo.

Quando vi Lia e Thomas passarem pela porta do LdR foi um grande alívio. Uma emoção tomou conta de mim. Talvez por conhecer um pouco eles, ou por ambos terem uma ligação com Candy. Por saber que ela não estaria tão sozinha quando a encontrássemos.

Amanhã eu iria falar com os dois.

Iríamos achar Candicce.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Revolution" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.