The Only Exception escrita por Tetchy


Capítulo 8
Capítulo 8




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-Alguém viu o David?

Eu devia ter feito essa pergunta cerca de doze vezes, todo mundo me olhava e apenas acenavam que não com a cabeça. Não sei como tanta gente chegara na casa do Ry e muito menos como os pais dele saíram de casa e deixaram aquela festa acontecendo lá. Acho que eles quiseram compensá-lo, o Ryan ficou muito sentido quando descobriu que os pais não iriam assistir ao nosso primeiro show.

-Ry! Ry! Viu o David?

O Ryan tentou afastar o rosto por alguns segundos para me responder, mas a menina o puxou para mais um beijo. Eu bufei, estava ficando cansada de ser ignorada por todos. E o Dave sumira logo depois que falamos onde ia ser a festa. Nem tinha certeza se ele estava mesmo ali.

Durante todo o show, não consegui tirar meus olhos dele e ele também pareceu encantado em me olhar. Aquelas três músicas pareceram curtas demais, eu daria qualquer coisa no mundo para poder ver o David me olhando daquele jeito por mais alguns minutos. E por ele ter prestado tanta atenção no show é que eu o estava procurando.

Abri a porta que dava para o jardim, mas não parecia ter ninguém ali. Estava me preparando para fechá-la novamente quando vi dois corpos sentados na grama. Um deles tinha um cabelo loiro incrível.

Eu estava pegando ar para gritar por ele, mas fechei minha boca quando percebi o que o mantinha ali no jardim.

Tentei me lembrar o nome da garota, eu conhecia ela, tinha certeza que sim. Acho que algum dos garotos tinha saído com ela. Eu só conseguia pensar na Kate, mas não era ela. A Kate estava ocupada demais tentando alguma coisa com o Josh.

-Ei, achou o Dave?

O Ian virou o último gole que tinha no copo dele e então seguiu meu olhar. Vi a cara dele se fechar em uma expressão de dor e angústia. Julie. Eu sabia que conhecia a garota de algum lugar, o Ian passou a semana inteira me mostrando ela no colégio. E falando o quanto ele queria sair com ela, até tinha comprado um ingresso para o show para ela.

A cara dele piorou após alguns segundos, eu me virei para ver o porquê. Aí eu senti.

Foi tudo muito rápido. Primeiro eu achei que meu coração tinha parado de bater, meu sangue pareceu congelar nas veias e minha barriga queimou numa intensidade arrasadora.

Depois tudo mudou, e meu coração começou a bater muito rápido e eu fui invadida por uma tristeza profunda. Minhas mãos começaram a tremer e meu nariz a incomodar, como ele sempre fazia quando eu estava prestes a chorar.

Por fim, veio a raiva. Senti nojo da menina que agora tinha os lábios colados com os do David. Quem ela pensava que era? Não se pode ir a festa de comemoração de uma pessoa e lá ficar beijando o amigo dela!

Pensei em ir lá e arrastá-la para fora da MINHA festa pelos cabelos.

-Phi. Por que você está chorando?

-Eu não estou chorando, Ian.

Ele passou o dedo pela minha bochecha e mostrou as lágrimas que ele recolhera. Eu fiquei encarando aquilo incrédula. Eu não senti as lágrimas começando a escorrer.

-Phi... Você gosta do David?

-Não.

O Ian me encarava sério. Depois ele se afastou e me deixou ali. Eu não queria fechar a porta, eu não conseguia desviar o olhar daquela mão passando pelos cabelos castanhos e feios da Julie. E a outra segurando a cintura dela, era uma cena arrasadora. Era o fim da minha vida.

Uma mão apertou meu ombro e eu me virei em um pulo para ver quem era. O Josh me olhava preocupado, o cabelo dele estava bagunçado e os lábios vermelhos.

-Venha, vamos conversar.

Ele me afastou daquele lugar e me levou para o quarto do Ryan. Ele abriu a porta, para nossa sorte, não havia ninguém ali. Depois de entrarmos, ele a trancou.

-Quando você quiser falar.

-Josh, o que você sente quando vê duas pessoas se beijando?

Ele se sentou na cama e deu tapinhas no colchão para me incentivar a fazer o mesmo. Eu o ignorei e sentei no chão.

-Depende de quem são as pessoas. Se, por acaso, for a menina que eu gosto. Eu me sinto meio triste, meio incompetente. Eu penso que poderia ser eu ali, se eu fosse bom o suficiente. O que você sentiu ao ver o David beijando a Julie?

-Raiva.

Ele me olhou por alguns segundos, como se "raiva" não fosse algo que eu deveria ter sentido. Eu podia ver ele pensando mentalmente em várias coisas, sem ter certeza do que me responder. Eu suspirei e senti mais algumas lágrimas escorrerem.

-Sophia. O que você sente quando está com o David?

-Eu me sinto feliz, muito feliz. Principalmente quando ele segura minha mão ou brinca com o meu cabelo. E eu também gosto como ele nunca tenta me beijar, mesmo quando nossos rostos ficam muito próximos, é como se ele soubesse que eu não quero ser beijada.

-Tem certeza que você não quer ser beijada?

-Josh, você acha que... talvez... eu acho...hm... é possível que eu esteja... sabe... apaixonada pelo David?

-Sophia, você não é tão burra assim. Você tem certeza do que está acontecendo aqui.

Ele abriu um sorriso gentil e afastou algumas mechas do meu rosto. Eu tentei imaginar se a dor que o Ian estava sentindo era tão grande quanto a minha, sinceramente, eu duvidava que fosse, era impossível que qualquer coisa nesse mundo pudesse ser mais doloroso que isso. Eu levantei o olhar, encontrando o do Josh, ele ainda estava com o sorriso doce no rosto.

Que tipo de pessoa eu me tornara? De repente, eu percebi o tanto que eu era burra. Ou, talvez, só tivesse tentado negar algo inevitável. Parecia óbvio que um dia eu conheceria alguém que me fizesse ter vontade de estar junto.

Mas acho que só conseguia perceber como isso era lógico agora, eu sinceramente não tinha como saber antes de conhecer o David. Talvez devesse ter percebido no momento em que me perdi nos olhos verdes dele, devia ter notado naquela primeira conversa o quanto ele era diferente de tudo que eu já havia conhecido.

-Sophia, pare de chorar.

Eu nem tinha percebido que as lágrimas começaram a escorrer violentamente pelo meu rosto. Senti uma dor imensa no peito, como se não tivesse mais nenhum órgão ali, como se tudo fosse um enorme vazio e o vento queimava tudo ao passar. Me atirei nos braços do Josh, ele me abraçou e não falou nada, apenas afagava minhas costas carinhosamente.

Senti todo o meu corpo começar a tremer, meus soluços estavam ficando ridiculamente altos e minha cabeça já estava começando a doer um pouco de toda aquela choradeira. Me agarrei na blusa do Josh, não deveria estar doendo tanto assim. Na verdade, não deveria doer nada, afinal, ele nem era nada meu, não era como se eu tivesse sendo traída. Eu tinha que parar de ser idiota.

Enxuguei as lágrimas com as costas da mão e me afastei do Josh. Se o David podia sair beijando as pessoas por aí, eu também podia, pelo menos essa noite. É, ficar com alguém parecia bem sensato e provaria para ele que o fato dele estar com a Julie não me abalava.

Pensando bem, o Josh era consideravelmente bonito e com certeza todos ficariam loucos ao me ver com ele. Nem pensei que antes de ir ali me consolar ele estava com uma garota. Eu só tinha que pensar numa desculpa para tirar ele daquele quarto. Estava perdida demais em meus pensamentos, não reparei quando ele se sentou na janela.

O cheiro do cigarro invadiu minhas narinas, um cheiro horrível, mas no momento, encantador ao extremo. Aquela era a solução de todos os problemas do Josh e ele sempre ficava muito mais relaxado depois de fumar. Por que eu não poderia me sentir daquele jeito também?

-Quero um cigarro.

-Nem pense, Sophia. Se eu a ver com um cigarro na mão, te bato até você se arrepender de ter um dia visto um cigarro.

-Joshua, me dê um!

Ele jogou o cigarro praticamente nada fumado pela janela e me encarou, um olhar cheio de raiva.  Recuei alguns passos, eu não era tão burra assim, sabia que ele não veria problemas em me bater se achasse que eu realmente merecia uma surra.

-Se você quiser se distrair, pensamos em alguma coisa para você fazer. Mas tire essa idéia de fumar imediatamente da sua cabeça, Sophia.

-Josh, me beija.

O olhar dele ficou confuso por alguns segundos, mas então ele se aproximou e passou a mão pela minha cintura. Ele não pareceu pensar duas vezes antes de aceitar meu pedido.

O gosto da boca dele era horrível, mas a técnica dele compensava tudo. Ele me puxou para mais perto e passou a mão pelo meu cabelo. Exatamente do mesmo jeito que o David fizera com a Julie. Passei meus braços pelo pescoço do Josh e forcei mais a junção dos nossos lábios.

O cabelo do David tinha os mesmos fios finos e macios do Josh, acho que aquilo era quase como ficar com o próprio David. A ideia de estar ali com o David me animou, joguei todo o meu peso contra o corpo do Josh e ele cambaleou.

O abraço ficou mais forte ainda e meu cabelo foi puxado com uma força levemente fora de controle. Eu mordi o lábio inferior dele e deslizei minha mão pelo seu peito magro. Aquilo já estava totalmente diferente de ficar com o Ian ou qualquer um dos outros, eu estava com muita vontade de continuar beijando o Josh.

Ele andou para trás e ao bater na cama, caiu deitado, me puxando para cima dele. Eu sentia a mão do Josh descer muito lentamente pela minha cintura, quando já estava no meu quadril, a peguei e coloquei no meio das minhas costas.

Ele suspirou e se jogou para o lado, me deixando deitada na cama e continuou me beijando. Pensei nos olhos verdes do Dave mais uma vez, cada pedaço do meu corpo se arrepiou. Aquilo era quase como o paraíso.

-Josh, abre a porta.

Em menos de dois segundos, nosso abraço tinha se desfeito e o Josh estava parado de pé ao lado da cama. Ele esticou a mão para a maçaneta e piscou umas três vezes, tentando voltar a realidade antes de destrancar a porta e abri-la. Eu me sentei o mais inocentemente possível na cama.

O Ry entrou no quarto com a boca levemente aberta. Eu olhei para o Josh, o cabelo dele estava bagunçado, o rosto vermelho e os lábios mais ainda. E a expressão horrorizada no rosto dele entregava tudo. Alguém menos inteligente que o Ryan teria percebido o que havia acontecido ali.

-O que vocês estavam fazendo?

-Conversando.

Eu respondi rápido demais, pois um sorriso enorme e malicioso apareceu no rosto do Ry. Procurei por algum socorro, mas o Josh parecia concentrado demais nos tênis dele. Desviei o olhar e dei uma fungada, tentando parecer que estivera chorando até pouco tempo atrás.

-Bom, se algum de vocês precisar de qualquer coisa minha, podem me procurar.

-Claro, claro. Obrigada, Ry.

Ele saiu do quarto com um sorriso imenso e fechou a porta ao sair. Eu levantei o olhar para o Josh que havia caminhado até o lado da cama de novo.

-Sophia, o que exatamente estávamos fazendo?

-Não sei, nos distraindo?

Ele se sentou ao meu lado e passou a mão na minha nuca, me puxando para um beijo, um último, delicado e doce.

-Foi muito divertido, mas chega por hoje.

Eu sorri e concordei com a cabeça, me deitei na cama do Ryan e encarei a janela, quem sabe em algum lugar lá fora, o David estava pensando em mim. O Josh se deitou ao meu lado e ligou a tevê. Eu me virei e deitei minha cabeça no peito dele, ele me abraçou e eu deixei mais algumas lágrimas escaparem.


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