All of Me escrita por PerfectBeOdd


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

É agora gente, penúltimo capítulo... Ai sem or! Espero que gostem!



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E os dias se acumularam até formarem semanas que deram em meses até que fossem transformados em anos. Depois do último dia em Hogwarts eu nunca mais vi Melissa Alphen em qualquer lugar que seja, eu sabia que ela estava viva porque nunca havíamos perdido nosso contato. O caderno sobreviveu aos anos de ausência e fez com que mantivéssemos contato.

Ela já havia viajado metade do mundo e algumas vezes me mandava algumas lembranças dos lugares que passou, mas nunca me enviava suas fotos para que poder saber o quanto ela havia mudado. Eu contatava para ela como éramos meus dias em Hogwarts porque eu havia conseguido a licença de me tornar professor de DCAT e que estava sendo uma das coisas mais maravilhosas que havia acontecido comigo.

“Os fusos horários acabam comigo sempre. Estou no Japão e os bruxos aqui são bem... Excêntricos.”

“Fala sobre excentricidade? Já viu as crianças do primeiro ano?”

“Oh, Merlin. Como ele reclama! Você já foi pior que eles, Albus.”

“Calúnia da oposição.”

“Ah, é sim! Pegadinhas no corredor? Bombas de fedor? Isso nunca aconteceu.”

“Vai embora você e sua ironia, Alphen!”

“HAHAHA! Ah, ele ficou chateado. Vai chorar?”

“E se eu for? Problema?”

“Inunde a sala com seu choro!”

“Não pago esse livro para ficarem me magoado.”

“Mas você não paga...”

“Ah, cala a boca!”

“Você recebeu o convite também?”

“Recebi... Casamento de Rose e Scorpius, né? Já era sem tempo!”

“Coloque tempo nisso.”

“Tenho que ir, Albus. O dever me chama.”

–Até, Alphen. –resmunguei comigo e depois olhei para a sala em que eu me encontrava. O casamento era dali a uma semana e eu não me senti corajoso o suficiente para perguntar se ela iria até porque eu nunca saberia como eu iria reagir na sua frente. E o meu problema não era somente esse.

Sou Albus Severus Potter, tenho 27 anos, sou professor de Defesas Contra as Artes das Trevas em Hogwarts e estou noivo de Bianca Houck.

(...)

–Albus, você parece está mais nervoso do que eu. –Scorpius comentou enquanto ajeitava a gravata olhando para o espelho. Eu andava de um lado a outro no quarto e não conseguia me concentrar em nada. O casamento iria se realizar na Toca e quase todos já haviam chegado, a única que eu não tinha visto era Melissa.

Depois daquela nossa conversa, eu não voltei a comentar sobre o casamento, apenas falei sobre coisas banais como as aulas, notas e o banquete em Hogwarts. Minha curiosidade não conseguia ganhar minha falta de coragem em descobrir se ela viria ou não.

–Eu não deveria estar ansioso, mas eu estou. –resmunguei para o Scorpius. –E o pior é que até mesmo antes de eu sair de casa eu já estava discutindo com a Bianca.

–Me conta uma novidade... –o loiro murmurou e depois se virou pra mim. –Como estou?

Olhei para o meu amigo e sorri na mesma hora esqueci-me do por que estava tão agitado e me lembrei do porquê estava ali. Meu melhor amigo ia se casar com a minha prima e hoje era o dia mais feliz da vida dele.

–Está perfeito para se aprisionado. –brinquei e ele riu. Eu o abracei com força e depois sorri para ele.

–As alianças já estão comigo, acho melhor descermos. Quem tem o direito de se atrasar é a noiva, não você. –nós descemos logo em seguida e fomos muito bem recebidos pelos convidados que estavam ansiosos para o começo da cerimônia.

–Fala Zabini! –gritei e me joguei em cima do meu amigo. Ele riu e me abraçou. –Cadê Dominique? –perguntei quando nos separamos e já estávamos pegando uma taça de champanhe.

–Bem, a mini Zabini queria usar o banheiro e saiu correndo, aí ela foi atrás. –Zabini havia se casado com Dominique uns quatro anos antes e agora eles tinha uma filha de três anos que tinha os cabelos da minha prima e os olhos do meu amigo.

–Quero vê-la. Deve está uma peste, dá última vez eu voei na vassoura com ela e Dominique quase enlouqueceu. –comentei rindo e me lembrando de que depois do ocorrido Dominique incrivelmente havia me deixado sem comida, como um castigo.

Enquanto estava perdido nas minhas lembranças não percebi quando Dominique voltou e me cumprimentou me dando um leve peteleco na testa. Eu olhei pra ela e a empurrei de leve com o ombro antes de abraçá-la.

–Cadê a minha princesinha? –indaguei.

–Logo ali. –Domi apontou pra trás de mim e quando eu me virei eu pude ver os cabelos loiro e cheio de cachos da Elisa, mas logo outra coisa tomou conta da minha atenção. Ela estava linda, era a única coisa que eu conseguia pensar. Havia cortado os cabelos de forma que estivessem antes dos ombros, o sorriso continua lindo e havia crescido um pouco, mesmo que não desse para perceber muito bem. Melissa brincava com Elisa no colo e fazia com que a menor gargalhasse de alguma palhaçada que ela estava sussurrando pra ela, e naquele instante eu vi todos os sentimentos que guardei pra mim transbordando e eu precisei sair dali.

Eu só voltei porque a cerimônia já iria começar e eu terei que apoiar meu amigo, mas a todo o momento eu evitei olhar para onde Zabini e minha prima estavam. Eu não sabia onde minha coragem havia ido parar, eu não sabia o que fazer, o que falar, havia se passado dez anos e eu não conseguia encará-la.

Scorpius e Rose finalmente estavam casados e eu estava em paz. Eu estava encostado em uma pilastra, olhando os recém-casados dançando lentamente no centro da pista de dança, curtindo um ao outro. Eu sabia que nunca teria algo assim com Bianca, o nosso relacionamento durou muitos anos até que evoluiu para um noivado, mas eu não a pedi em casamento porque eu gostava muito dela e queria passar o resto da minha vida ao seu lado, eu a pedi em casamento porque me pareceu o certo a fazer. Nós tínhamos um relacionamento muito conturbado, nascido de brigas a todos os momentos.

–Parece que você está se escondendo de mim. –eu não precisava encarar a pessoa para saber quem era, apenas pela voz eu reconhecia. Olhei para Melissa e inconscientemente eu sorri, de perto ela estava mais linda do que nunca. –Olá Albus.

–Olá Mel. –sussurrei. Reparei em cada detalhe nela, seu sorriso, seu pescoço, seus ombros e mãos, os cabelos, até parar nos seus olhos. Dizem que os olhos são espelhos da alma, então não seria loucura dizer que eu, um dia, havia me apaixonado pela alma de Melissa Alphen.

–Parece que agora teremos um lugar pra comer quando nossa comida congelada acabar. –a morena brincou e eu ri baixo.

–Exatamente. Faz tempo que não como uma comida caseira. Morar sozinho em Londres é uma tarefa muito árdua. –recitei com o meu ar de professor e ao final fiz uma breve reverência.

–Mas será possível? As empresas de comidas congeladas agradecem todos os dias por existimos. Nada como uma lasanha com um gosto aguado. –Melissa esperou o garçom se aproximar e pegou uma taça antes de completar a frase.

–Duvido que no Japão você parou para comer lasanha. –arqueei a sobrancelha direita e a vi fingindo disfarçar que eu não estava olhando, o que me fez rir.

–Não sei nada sobre isso. –Melissa me presenteou com seu sorriso e depois brindou minha taça com a dela. –Aos noivos.

–Aos noivos. –bebemos em silêncio e deixamos que a música guiasse nosso primeiro momento. Mesmo com uma década no tempo nos separando, não havia muito o que ser dito, apenas o silêncio guardava todas as coisas não ditas, as que queria ser ditas e as que nunca poderiam ser ditas. E o silêncio para nós bastava.

–Ah, amor, vejo que encontrou a Alphen. –Bianca interrompeu nosso momento e antes que eu pudesse dizer algo ela colocou alguma coisa na minha boca que eu fui obrigado a mastigar e a engolir. –Tem que comer, querido, não o vi comendo a festa inteira.

–Olá, Bianca. –a antiga ravina a cumprimentou. –Faz tempo que não a encontro, o que está fazendo?

–Ah, querida, faço parte do jornal. Ajeito as coisas por lá, sempre uma bagunça se é que me entende. –Melissa sorriu educadamente enquanto Bianca começava a contar sobre alguma coisa do jornal. Eu comecei a suar e a me sentir mal, eu tossia levemente algumas vezes e aos poucos percebia que o ar me faltava.

–Albus, você está bem? –Alphen indagou e eu neguei com a cabeça.

–Acho que não me desceu muito bem a comida. –tentei brincar, mas o ar já estava se tornando impossível de puxar.

–Pensei que gostasse de camarão, querido. –Bianca se aproximou e me tocou no rosto, ela me olhava sem entender e eu me toquei tarde de mais no que ela havia falado.

–Você deu camarão pra ele?! –Melissa gritou com ela e a afastou. A mulher se aproximou de mim e começou a afrouxar minha gravata e a abrir os primeiros botões da camisa social. –Você é maluca?! Não sabe que ele é alérgico?

–Alérgico? Al? –minha noiva olhou para Melissa e depois pra mim e depois para Melissa de novo como não entendesse o que estava acontecendo. –Saia de perto dele, eu cuido dele, ele é meu noivo! –Bianca falou de forma pirracenta.

–Saía de perto! Você poderia ser Merlin que eu não te deixaria se aproximar. –Melissa havia se posto entre mim e Bianca e a olhava de forma severa. - Você já fez o bastante, vou levá-lo para o Hospital e depois você o encontra. –antes mesmo que a loira respondesse, Melissa segurou em mim e aparatou logo em seguida.

(...)

–Você tem um anjo da guarda, senhor Potter. –a enfermeira comentou enquanto terminava os últimos procedimentos. –Lhe trouxe bem a tempo antes de tudo piorasse.

–Melissa é assim, sempre cuidando de mim. –a respondi e a enfermeira sorriu.

–Há quanto tempo estão juntos?

–Ah, desculpe. Nós... hm... Nós não estamos juntos. –a respondi um pouco sem graça. –Mas a conheço faz muitos anos.

–Bem, então você tem muita sorte de tê-la por perto. Está liberado, senhor Potter. –a enfermeira sorriu gentilmente e eu me levantei. –A senhorita está o esperando fora do Hospital.

–Obrigada, enfermeira Miller. –ajeitei minha roupa e já me dirigi para a saída do Hospital, esperando ver Melissa.

A morena estava encostada na parede me esperando, ela segurava uma sacola e estava encolhida dentro de um casaco vinho.

–Normalmente seria bem educado eu te oferecer chá como uma boa mulher britânica, mas no caso eu te ofereço comida japonesa. –ela sorriu animada e levantou a sacola na altura dos meus olhos.

–Espero que tenha trago bastante, poderia comer um elefante agora. –a respondi e procuramos um banco para sentar. Melissa me entregou meu pote e ficou com dela, a morena brincava com a macarrão se atrapalhava em pegá-lo com os palitinhos, mas quando conseguia colocava imediatamente na boca para a comida não fugir.

–Scorpius veio procurá-lo e eu o expulsei para a festa, disse que você estaria bem e alimentado e que logo o procuraria. –Melissa comentou depois que já havia comido metade das coisas. –Então não se esqueça de procurá-lo, se não ele me caçará.

–Anotado! –fingi anotar alguma coisa no ar e ela apenas revirou os olhos e me empurrou com o ombro. –Você já acabou de comer, sua gorda?!

–Eu ainda estou com fome. –Melissa fez cara de triste para o seu pote e depois olhou para o meu que estava na metade. Eu neguei com a cabeça e ela não parou de olhar, voltei a negar, mas quando percebi que ela não pararia com aquela cara de cachorro sem dono, eu apenas dei minha comida pra ela.

–Me deve uma lasanha. –resmunguei enquanto ela passava a comer satisfeita. –A vida tem sido boa com você, Mel?

–Aconteceram muitas coisas, conheci muitas pessoas e tive que superar outras coisas. Mas nada foi impossível. –Melissa não olhou pra mim enquanto falava, apenas brincava com o pote de isopor que estava na mão dela.

–Eu senti sua falta, Melissa. –sussurrei e senti que um peso enorme havia se soltado de mim quando proferi essas palavras. Era ela, era ela no começo, no meio e no fim. Era ela depois de fim e bem antes do começo. Eu não conseguia fazer mais isso.

–Senti a sua também. –ela respondeu e depois se levantou. –Eu tenho que ir abrir minhas malas, vou ficar um tempo em Londres e preciso das coisas organizadas. Eu te escrevo para te encontrar. –Melissa segurou meu rosto e o acariciou, seus olhos sempre cravados nos meus, me fazendo navegar. Ela aproximou seus lábios da minha testa e depois aparatou.

Eu respirei fundo o frio ar de Londres e então aparatei para a minha casa. Eu parei na porta do meu prédio e já estava procurando as chaves quando a porta se abriu e quem saiu de lá foi Bianca. Seus cabelos que antes estavam presos em um coque caprichoso estavam desarrumados, o rosto já sem maquiagem e seus pés sem o salto. A loira ficou em encarando porque tempo indeterminado antes de falar.

–Eu não posso mais fazer isso, Al. –ela sussurrou e eu franzi o cenho sem entender o que ela estava falando. –Não posso ficar competindo com alguém que te ganha sem nem ao menos conviver contigo. Eu aguentei mais de dez anos por isso, até mesmo depois de um término repentino você não se livrou dos sentimentos que tem por ela. Eu pensei que o tempo que passasse comigo iria curar tudo isso, mas vejo que não, que mesmo ela estando longe ela sempre irá me ganhar.

–Por que você está falando isso agora? – eu encostei-me à porta e Bianca suspirou antes de continuar.

–Eu vi como você olhou pra ela no casamento e depois foi embora. Eu vi como você ficou a vontade quando estava conversando com ela. Al, só você que é cego mesmo para perceber que o que você sentiu pela Melissa ainda está aí, nunca foi embora. –olhando para Bianca eu vi que ela parecia ter envelhecido uns cinco anos enquanto jogava toda a verdade na minha cara que eu levei anos ignorando. –Vocês são o tipo de pessoas que nunca deveriam ter ficado separadas e passaram a maior parte do tempo longe um do outro. Não tem sentindo isso.

–Sentimentos não unem ninguém, Bianca. –a respondi.

–Não, Albus, não unem. Essa era a frase vocês, não é? –eu concordei com a cabeça e Bianca sorriu triste. –Ações unem pessoas, Al. E você não agiu em nenhum momento para poder ficar junto com ela, apenas a deixou ir embora.

–Ela que quis terminar! –gritei.

–E ela depois pediu para voltar e você não quis. –a loira passou as mãos no cabelo de forma nervosa e depois respirou fundo. –Albus, Melissa nunca se afastou de você. Ela aceitou meu namoro contigo, cuidou de você, te deu atenção, te ajudou de todos os jeitos. A Melissa nunca foi embora, Al, ela sempre quis ficar e você nunca procurou saber por que ela terminou. Por um dia, larga teu orgulho ferido e vá atrás dela, eu já não aguento mais ficar entre vocês dois.

Com essas palavras, Bianca tirou o anel de noivado e me entregou e logo em seguida foi embora sem dizer mais nada. Eu me sentei na soleira da porta, sem mais ter vontade de entrar em casa e fiquei pensando nas palavras que ela havia me dito.

O mundo nunca havia ido contra Melissa e eu, na verdade, nós dois é que sempre ficamos brigando inconscientemente e nunca nos ajeitamos realmente. Deixamos que a opinião de terceiros pesasse na nossa relação, depois deixamos um problema a toa interferir, depois apenas aceitamos que nunca poderíamos ficar juntos, quando desde o começo sempre poderíamos ter evitado todo o sofrimento e ausência que passamos. E eu só percebi isso tarde demais, da mesma forma que nunca havia percebi que Melissa sempre havia cuidado de mim, da mesma forma que nunca tinha percebido que Melissa nunca esteve em algum relacionamento sério com um cara, da mesma forma que eu nunca tinha percebido que eu nunca tinha esquecido Melissa.

E naquele instante que passei sentando em frente ao meu prédio, eu vi que a frase de uma escritora trouxa que eu havia lido fazia muito tempo, agora tinha sentindo.

“Estar com alguém errado é lembrar em dobro a falta que faz alguém certo.”


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Curtiram? Não? Comentem!



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