Rainha dos Corações escrita por Angie


Capítulo 7
Bônus | À Primeira Vista


Notas iniciais do capítulo

Oii! Tudo bem com vocês?
Bom, esse é o capítulo bônus que mostra como o Rei e a Rainha se conheceram. Acabou que é mais sobre a família da Rainha e tals, mas tudo bem.
Tem um pouco mais sobre esse assunto no blog da fanfic : http://rdccasareal.wix.com/fanfiction
Outra coisa, atendendo sugestões, estou procurando um beta, mas, atualmente, todos para esse tipo de fanfic estão indisponíveis. Aderi a um corretor ortográfico e sintático, espero que ajude.
PS¹:Ignorem os nomes ridículos que eu coloco nos capítulos.Não tenho ideias melhores...
PS²: Todos os capítulos anteriores são narrados, tecnicamente, em dinamarquês, mas esse é narrado em alemão, a língua materna da Rainha, então todas as falas são em alemão.



[CAPÍTULO ATUALIZADO 13/06/2020 LEIAM AS NOTAS FINAIS]



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Era um fim de tarde chuvoso em Unterschwaningen, nos antigos territórios da Baviera, atual região sul da Germânia. As telhas gastas do Palácio Dennenlohe balançavam com o vento forte. As janelas, igualmente velhas, produziam sons aterrorizantes. As poucas criadas da família se esforçavam para manter os corredores secos, já que estes encharcavam em dias como aquele. Apesar do caos reinar na residência, através das paredes amarelas grossas de tijolos alaranjados, ouviam-se risos.

— Quando eles irão chegar? Estão demorando muito! — Uma voz infantil irritante choramingava, vinda de uma menininha de apenas 5 anos sentada impaciente perto da janela. — Será que a chuva os matou?

— Não seja boba, Hannah, eles são os soberanos da Dinamarca! — respondeu outra menina um pouco mais velha, que tentava, sem sucesso, encaixar um brinco de pérolas em sua orelha miúda. — Nunca morreriam em uma chuvinha como essa.

Todas as seis meninas Manteuffel se encontravam no quarto da mais velha, Augusta, no último andar do casarão. Os outros quartos foram deixados completamente vazios logo no início da tarde, quando os preparativos começaram. Por esse motivo, a única luz acesa daquele andar, o andar das crianças, era a do meio, criando um clima aterrorizante para os que viam o palacete de fora. O único cômodo da casa com um espelho era de um tamanho médio — ou até grande para os padrões das casas comuns da Baviera — ainda assim, não comportava um número tão grande de pessoas. As poucas cadeiras de veludo, preparadas para receber apenas três pessoas, foram rapidamente ocupada pelas mais velhas, que utilizaram a idade como justificativa para aquele privilégio. As mais novas se amontoavam no chão, tentando a todo custo também observar suas figuras no espelho. 

Dentre todas as meninas, Juliane, de 17 anos, era a que estava mais nervosa, pois aquela noite poderia mudar a sua vida. Desde que fora acordado entre o Rei Alexander VIII da Dinamarca e a Rainha-mãe Sybil da Germânia e da Grécia que o filho mais velho do primeiro se casaria com uma das netas da última — a fim de expandir a influência da Germânia pela Europa — a jovem menina estava eufórica.  Ela sabia que o Príncipe Herdeiro, com seus 20 anos recém-completos, tinha idade próxima a sua e a de Johanna, dois anos mais velha que ela, e que seria muito velho para suas irmãs mais novas, Viktoria, Sonja e Hannah. Também tinha consciência de que sua avó, de personalidade forte como a de Juli, considerava a neta do meio a melhor escolha para o Príncipe. Assim, quando a vinda de toda a família Real Dinamarquesa a Unterschwaningen, a jovem garota fizera tudo que estava a seu alcance para conquistar Christian. Apesar de sentir que a vaga de Princesa da Dinamarca era sua, Juli estava disposta a dar tudo para que ela fosse escolhida. Aquele jantar seria sua prova final.

— Você está linda, Juli — constatou a irmã mais velha, que observava as outras da cama, com sua imensa barriga de grávida..

Dois anos antes, Augusta casara com um Lorde qualquer da província, quando tinha apenas vinte e um anos. A jovem garota se apaixonara perdidamente por Elias, aceitando seu pedido de casamento com apenas cinco meses de cortejo. A união, muito celebrada pelos progenitores da família, na opinião de Juliane, teve como única vantagem as terras doadas pela família aristocrática do noivo. Ela se mudara para as propriedades do marido e visitava seus pais e irmãs raramente. Exatos sete meses antes da visita dos dinamarqueses, porém, a mais velha das irmãs Manteuffel descobrira que estava grávida, e a tradição Germânica obrigava todas as esposas a passarem os últimos meses da gravidez com a família. Por isso ali estava ela, com os pés inchados e as costas doendo, ajudando as irmãs a conseguir um casamento muitas vezes melhor que o dela.

— Espero que o príncipe goste de mim! — exclamou Johanna do outro lado do quarto, movimentando a longa saia do vestido verde brilhante que combinava com seus olhos. — Imaginem  eu como a grande Rainha da Dinamarca! Seria fabuloso!

— Rainha Consorte. Você não terá todo esse poder — resmungou Viktoria, rebelde como sempre, com os pés pousados na penteadeira de uma maneira nada elegante. A menina de 11 anos era a irmã que menos acreditava na grandiosidade da realeza dinamarquesa. Em sua concepção, seria muito melhor casar com um rico homem de negócios, já que assim não haveria nenhuma pressão externa no casamento.

— Não estrague os sonhos de sua irmã, Viktoria — repreendeu a mãe, entrando no quarto de surpresa e fazendo com que todas as filhas se ajeitassem em seus lugares. — Mesmo sendo consorte, ela terá mais poder que uma simples Manteuffel. E ainda será uma Rainha!

Afinal, ninguém quer acabar como Augusta. Pensou Juliane, encarando, com desprezo, os cabelos perfeitos de Johanna, que Sonja prendia em um coque perfeito. Pelo menos eu tenho chances de ter uma vida glamorosa.

A mãe sorria apoiada na porta. Seu olhar era orgulhoso, o que fazia seus olhos azuis-escuros como os de Juliane brilharem. Ela estava linda com seu vestido vermelho escuro pomposo que escondia as marcas das inúmeras gravidezes — nas quais a maioria das crianças eram natimortas. Para ela, aquela noite era quase mais importante do que para as meninas. Sem ter conseguido gerar um filho homem saudável, seu sonho era, agora, casar suas filhas com homens influentes. E ser sogra de um príncipe herdeiro de um dos países mais ricos da Europa seria perfeito para que ela recuperasse seu status dentro da família Manteuffel. 

— Olhem só, eles chegaram — gritou Hannah com a cabeça colada no vidro. — Que carruagem brilhante!

Todas as donzelas se amontoaram no banco à frente da janela, tentando, com dificuldade, ver o que se passava do lado de fora. Lá estavam eles, em uma carruagem puxada por quatro cavalos brancos. Por mais que tivessem se deslocado de Copenhague até Unterschwaningen de trem, por ser mais rápido e seguro, não abriram mão de uma chegada triunfante em um meio de transporte cerimonial. O veículo, muito mais sofisticado do que os que a família de Friederich e Louise possuía,ostentava o belo brasão da Dinamarca, três leões azuis coroados com corações à sua volta sobre um fundo amarelo e a Coroa em cima. Foi aí que a realidade caiu sobre os ombros de Juliane. Era o seu momento de brilhar.

Pegando Hannah no colo, a Senhora Louise — a mãe das garotas — se afastou da janela. A pequena menina brincava com os cabelos escuros da mulher, que já andava em passos apressados em direção às escadas de madeira rangente do palacete.Antes mesmo de chegar ao Salão de Entrada, deparou-se com toda sua pequena equipe de criados em um estado de completo caos, tentando se certificar que tudo estava preparado para a chegada dos nobres. 

— Senhora Louise, Senhora Louise, seus convidados chegaram — Ronja, uma das criada, disse apressada, abordando a senhora ainda nos degraus da escada. — A sala de jantar já está a postos. As cozinheiras avisaram que a comida estará pronta para o horário estipulado. A Sala de Convivência está limpa como solicitado e preparada para receber os dinamarqueses.

— Muito bem. Muito obrigada pelo excelente trabalho.  Agora, por favor, chame as meninas no quarto de Augusta e diga-lhes que se apressem — falou ela, rígida, entregando a caçula à outra mulher. — Vou recepcioná-los, é melhor levar Hannah com você.

Prontamente, a criada estendeu os braços para pegar a mais nova das meninas — um pouco relutante por não poder seguir com a mãe — no colo. As duas mulheres, então, sorriram uma para a outra e seguiram seus caminhos: a esposa do Príncipe para o andar térreo e a criada para o último andar.

No quarto, as meninas estavam alvoroçadas. As mais velhas ajeitavam seus vestidos, já impecáveis, a cada segundo, perguntando umas às outras se seu visual estava aceitável. Juliane, mais ao canto do quarto, observou sua imagem no espelho pela última vez. Seus longos cabelos dourados estavam soltos, formando ondas por suas costas. Seu vestido azul, talvez um pouco brilhante demais para seu gosto, realçava seus olhos e o formato de seu corpo — de uma maneira provocante, mas, ao mesmo tempo, apropriada para a ocasião. Sua maquiagem era leve e apenas servia para realçar ainda mais suas belas feições. Olhou para os lados, vendo os visuais igualmente deslumbrantes das irmãs. Johanna estava igualmente bela e sorria como se já estivesse apaixonada por Christian. Juliane não poderia negar: sua irmã faria uma encantadora Rainha. Mas, apesar disso, esperava conseguir superá-la naquela noite. 

— Meninas, todas prontas? — perguntou a criada ofegante, aparecendo de súbito na porta do quarto com a caçula nos braços. — Seus pais já estão fazendo a recepção dos convidados, está na hora de descer.

As meninas, rapidamente, se posicionaram em uma fila por ordem crescente de idade. Sendo assim, a desastrada e miúda Hannah era a primeira, sendo o cartão de visita das outras irmãs. Esse ato sempre pareceu estranho para Juliane, já que, para ela, faria muito mais sentido ter a mais velha na frente. Ela, porém,  nunca tivera a coragem de questionar a rigidez da maneira germânica de se educar.

No andar térreo, cinco figuras elegantes passavam pela porta. As roupas que trajavam eram do mais fino tecido, importado do grande Império Soviético. O luxo dos convidados fazia a Senhora Louise se sentir uma plebeia nada digna de receber visitas tão nobres em sua simples residência. O simples hall de entrada era tão humilde para aqueles pés tão nobres. A única filha dos reis, Thyra, que ainda nem tinha completado 12 anos, vestia-se com a mesma pompa que Louise, com um vestido rosa cintilante. A Rainha Amalia, conhecida por usar belos trajes de tecidos romenos, dessa vez trazia um belo vestido vermelho, que a fazia se destacar no local.

—Er meget velkommen til vores ydmyge hjem — entoou o Príncipe Friederich,estufando o peito, em seu melhor dinamarquês. — Vi håber du nyder vores smukke døtre.*

Como se esperassem a deixa do pai, as meninas adentraram o salão, delicadas como sempre. A mãe podia perceber o nervosismo em suas faces, porém acreditava que ninguém do salão conseguia, pois elas o escondiam muito bem. Seu marido observava, crítico, a entrada das meninas. Assim como a esposa,  o homem desejava que suas tão preciosas primas fossem capazes de conquistar o coração do príncipe e de seus pais. Dessa maneira, não apenas agradaria sua poderosa mãe, a Rainha-mãe Sybil, como também elevaria o status de sua família.

— Her er Hannah, Sonja, Viktoria, Juliane, Johanna og ældre, der for nylig gift Lord Vilbourg og venter deres første barn, Augusta*² — anunciou o pai, apontando para as filhas à medida que falava seus nomes. Chegada sua vez, cada uma das garotas fez uma reverência e sorriu para os Reis e para os Príncipes.

— É um prazer conhecê-las, jovens damas — disse o príncipe mais novo, Frederick, que, apesar de ser muito charmoso, não era o que as Manteuffel desejavam.

Após seu irmão se pronunciar, superando todas as expectativas, o príncipe herdeiro aproximou-se das meninas, causando suspiros em todas elas. Ele era tão bonito, com seus olhos azuis destacando-se sob as sobrancelhas espessas, a parte inferior dos lábios mais grossa, os braços musculosos… Não havia como não se apaixonar. Até a pequena Hannah e a teimosa Viktoria se arrepiaram com o toque áspero dos lábios dele em suas mãos.

Foi em Juliane, porém, que Christian fixou o olhar. Seus olhos azuis encontraram os dela timidamente. As feições delicadas para uma germânica o encantaram. A suavidade da mão que beijou o encantou de um jeito puro. Apesar de todas as irmãs serem extremamente graciosas, aquela a fascinava. Era como se sua beleza fosse um ímã que não o deixava se afastar.

— Velkommen, Deres Kongelige Højhed — disse ela, tentando sorrir, e, mesmo com seu dinamarquês quase incompreensível, sua voz doce, mas forte, soou como música nos ouvidos do príncipe. — Det er en fornøjelse at have dig her. Mine søstre og jeg er meget spændt.*³

Nossa, Juliane, você é realmente uma burra. Tinha de ter dito algo mais marcante. pensou ela, ainda encarando o príncipe. Se bem que ele parece ter gostado de mim. Objetivo parcialmente cumprido.

— Não se preocupe em falar dinamarquês, querida, eu falo alemão — falou o príncipe, abrindo um sorriso que poderia iluminar todo o espaço. — É uma honra conhecer a senhorita e suas irmãs. Espero que tenhamos uma noite muito agradável.

Simplesmente ignorando a presença das duas mais velhas, o príncipe estendeu o braço para Juliane. Juntos, os dois seguiam os outros, que já entravam na sala ao lado para dar início ao jantar. Pelo canto do olho, a garota conseguiu observar a expressão indignada de Johanna, que reclamava com Augusta sobre a ação desrespeitosa de Christian.

Sinto muito irmã, mas você terá de encontrar outro marido., pensou Juliane, triunfante. O Príncipe Herdeiro da Dinamarca já é meu.

 

[Traduções] 

* Sejam bem-vindos à nossa humilde casa. Esperamos que vocês gostem de nossas belas filhas.

*² Aqui estão Hannah, Sonja, Viktoria, Juliane, Johanna e a mais velha, que recentemente casou-se com o Lorde Vilbourg e está esperando o primeiro filho, Augusta.

*³ Bem-vindo, Vossa Alteza Real. É uma honra tê-lo aqui. Minhas irmãs e eu estamos muito animadas.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? A Juliane é realmente má? E as tias do príncipe, o que acharam delas?
Vocês viram que o Rei era um gatão, então imagine o príncipe! ashuahsua
Bom, esse foi só um bônus, mas se preparem para o próximo capítulo, porque as eliminações estão próximas.....
PS: Comentem enquanto podem buahahah


[ATUALIZAÇÃO 13/06/2020]
Esse foi o primeiro capítulo bônus que escrevi para a fanfic e, não posso negar, sempre foi um dos meus favoritos. Por isso, resolvi revisá-lo para que se adequasse a minha escrita atual. Em geral, não vi grandes problemas com a versão original do capítulo (nada como o capítulo da inspeção de saúde que era 100% problemático), mas queria adicionar mais detalhes sobre a família de Juliane, principalmente sobre as irmãs e sobre o porquê de Christian ter escolhido uma delas. De bônus, ainda consegui mudar o nome do capítulo, o qual sempre me incomodou muito - era antes "Como eu conheci sua mãe." (eu até falo sobre isso nas notas iniciais hahaha). Acho que "À Primeira Vista " se encaixa melhor à história. Eu sinceramente amei!
Ah, e mais um bônus sobre a atualização desse capítulo: descobri que vinha escrevendo o nome da irmã mais nova de Christian errado! Eu escrevi em vários capítulos como Tyra, mas na verdade é Thyra (e realmente essa última é a versão certa, já que realmente existiram princesas chamadas Thyra, e essa foi minha inspiração inicial). Vou logo mudar todas as vezes que escrevi errado hahaha
Como sempre, minha MP (e os comentários) estão sempre abertos para críticas e sugestões.
xoxo ♥ ACE