Rainha dos Corações escrita por Angie


Capítulo 5
Suntuoso Palácio | Alexander


Notas iniciais do capítulo

Oi, como vão?
As Selecionadas chegaram!! õ/
No outro capítulo, fiquei desesperado porque, de início, ninguém comentou,achei que vocês me odiassem :( Mas depois vocês comentaram e fiquei feliz :D Coisa boba, eu sei haha
Na minha opinião, estou postando muito rápido! De quatro em quatro dias! Mas estou amando escrever essa fanfic e até eu tenho sede por mais (tenho problemas, eu sei).

[CAPÍTULO ATUALIZADO 24/05/2020 - LEIAM AS NOTAS FINAIS]



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/539155/chapter/5

Em 1389 os três reinos da Escandinávia, Dinamarca, Suécia e Noruega, foram unidos pela primeira vez com a ascensão de Margaret I ao trono.”

Alexei tentava se concentrar no maçante livro de história da Escandinávia, porém não estava obtendo sucesso. Diferente de quando era obrigado a estudar em dias normais, a leitura naquele dia parecia se arrastar. Para ser sincero, naquele momento, pouco importava quem fora o governante da antiga Dinamarca centenas de anos antes ou qual fora o resultado e as consequências de uma guerra antiga qualquer. O jovem Príncipe, sempre tão focado em suas tarefas, conseguia pensar apenas nas garotas que vira em um grande telão. Elas logo chegariam, e ele, sem sombra de dúvidas, estava muito nervoso.

Apesar de não estar com humor para aprender fatos chatos da história, Alexander adorava o assunto. Ver o quanto o país mudara através dos anos era fascinante. Saber que, através dos anos, dezenas de reis — com os quais ele compartilhava o sangue — governaram a Dinamarca de tantas maneiras diferentes, tanto boas quanto ruins, o encantava. Assim, ele via na história uma maneira de aprender com os erros do passado e melhorá-los no futuro. E a Seleção, de certa forma, era mais uma das maneiras que o governo dinamarquês tentava reverter seus equívocos. Sem aquela competição, poderiam acabar como os Czares da antiga Rússia, depostos por conta de seus gastos exorbitantes, que não condiziam com a vida do povo no país, causando baixíssimo apoio popular. Por sorte, ter uma plebeia como futura Rainha dos dinamarqueses faria toda a população ver que a realeza estava com eles e que governava para eles, não contra eles.

Tirando-o de seus devaneios, o som da campainha do palácio preencheu não apenas os ouvidos do jovem Príncipe, mas também todos os outros do corredores do Palácio, como se fosse o sino da catedral próxima a Amalienborg. Era um barulho bastante alto e amedrontador com um significado ainda mais estrondoso: as Selecionadas haviam chegado.

Alexander levantou-se com pressa da cadeira à frente da escrivaninha de seu quarto, saindo do cômodo com muita pressa. Por conta do nervosismo e do estresse, tudo pareceu mudar em volta do jovem Príncipe. As escadarias pareciam maiores, o que era estranho, já que ele passara por elas milhares de vezes em todos os seus dezenove anos de vida. Até mesmo os quadros que decoravam os corredores do Palácio, naquele momento, pareciam ter mudado de cor. Era como se Alexei estivesse se locomovendo por um local totalmente estranho, não por sua casa. E, bom, com a chegada das 35 garotas, vindas de todas as partes da Dinamarca, talvez Amalienborg realmente estivesse mudando. 

Tão envolvido com seus pensamentos, Alexander não notou que se aproximava com rapidez de duas figuras incrivelmente familiares que também se dirigiam à entrada do Palácio. Trajando vestidos florais de cores opostas, suas irmãs mais novas, Ingrid e Isabella, pularam de susto quando esbarraram com o irmão mais velho. Para a surpresa dele, porém, as duas não fizeram nenhuma de suas usuais e esperadas piadinhas. Estranhando o comportamento das irmãs gêmeas, Alexander apenas contorceu o nariz. Elas deveriam estar tão nervosas quanto ele — muito provavelmente não pelos mesmos motivos. Visto que os três já estavam terrivelmente atrasados, Alexei já poderia imaginar a bronca que a mãe daria nas meninas, que seriam culpadas por segurar seu irmão. O Príncipe riu para si mesmo, achando graça de como sempre era poupado dos xingamentos da mãe, que sempre o protegia por ser o primogênito. Ao ver o comportamento atípico do irmão, Grid e Bella o repreenderam com o olhar. 

Assim que Alexei retomou a compostura, os irmãos reais entraram em um acordo silencioso e seguiram seu caminho, andando lado a lado. Os corredores sempre organizados do Palácio estavam estranhamente quietos, levando em conta que 35 garotas haviam chegado. Era de se esperar que o caos se instauraria no local à espera das Selecionadas. Porém, ao contrário do que Alexander imaginara, ele não  viu nenhuma criada ou guarda  circulavam pelos espaços comuns de Amalienborg. Muito menos a pessoa que ele mais desejava ver naquele momento. Por mais que estivesse animado — e até nervoso — para conhecer suas pretendentes, uma parte de si queria que sua vida voltasse ao normal. Queria que aquele sorteio nunca tivesse acontecido. Que aquelas meninas nunca tivessem invadido seu lar. E, o mais importante de tudo, que pudesse escolher livremente com quem gostaria de casar.

Tentando não se ater muito aos pensamentos tristes que sua mente teimava em criar, Alexander tentou puxar assunto com as irmãs. Apesar disso, elas seguiam quietas, andando pelos corredores como as damas que certamente não eram. Por mais que não tivessem comentado nada com o irmão mais velho, era claro o ciúme que já sentiam das Selecionadas. Em seus 16 anos e 10 meses de vida, tiveram ele sempre a seu dispor, pronto a satisfazer todas as suas vontades e caprichos. A partir daquele dia, entretanto, teriam que disputar a atenção dele com trinta e cinco outras meninas. Talvez, se o Alexei fosse prometido a uma princesa estrangeira qualquer, elas tivessem mais tempo para se acostumar com a ideia de perdê-lo. Naquela situação, tudo fora muito rápido. Em um dia, o mais velho dos cinco irmãos não estava nem comprometido, no outro, ele teria de escolher entre mais de três dúzias de jovens plebeias dinamarquesas.

— E lá vai meu lindo e maravilhoso príncipe encantado, pronto para ver as belas donzelas que acabaram de entrar no suntuoso palácio — falou Isabella, dramática como sempre, quebrando o silêncio quase que constrangedor que se formara entre os três. — O que será que elas dirão? Talvez, ó meu príncipe belo, venha e me beije! Ou ó príncipe, salve-se desta angústia e venha viver comigo na floresta mágica!

Ingrid e Alexander encaram a menina por alguns instantes. Alexei apenas levantou a sobrancelha e balançou a cabeça negativamente para a idiotice da irmã mais nova. Ingrid, porém, desatou a rir, com sua risada única e contagiante. Num piscar de olhos as duas meninas estavam rindo, quase caindo no chão. O mais velho, por sua vez, apesar de não querer, não resistiu, acompanhando-as nas risadas. De tão alta que era, todo o Palácio deveria estar ouvindo a mistura de gargalhadas peculiares dos três irmãos reais, até mesmo as Selecionadas — que, naquele momento, deveriam estar esperando do lado de fora dos portões principais. Isabella soluçava ao rir, Alexei não ria, dava suaves gritos, e Ingrid ria para cima, com uma risada muito parecida com a do irmão.

O sino tocou mais uma vez.

Temos que parar, as Selecionadas já estão entrando.  Meu Deus, a senhora Gillies nos dará uma bronca!, pensou Alexander, já parando de rir. Nós estaremos mais atrasados ainda, se é que isso é possível.

Ele segurou os braços das irmãs, correndo em direção ao Salão de Entrada. As duas meninas ainda riam sem parar, mesmo com o passo acelerado. Os vestidos na altura dos joelhos delas eram puxados para cima com a corrida, mas elas pareceram não notar.

Ao passarem pela porta do Salão, Alexei se acalmou. Nenhuma Selecionada havia entrado. A mãe, porém, olhava-os com raiva, já que não tolerava atrasos. Juliane fez sinal para os filhos, para que se posicionassem, em ordem de nascimento, ao seu lado. Um lugar estava vago ao final da fila, o lugar de Saphira. Como ele sentia falta da menininha, queria que ela estivesse ali, espalhando alegria. Infelizmente,  ela não podia estar com a família até receber alta do hospital.

— Anunciamos agora a chegada das pretendentes de Vossa Alteza Real o Príncipe Herdeiro Alexander — falou, ou melhor, gritou um dos guardas, cujo nome Alexei desconhecia — Sejam bem-vindas as senhoritas...

Ele listou todos os nomes das garotas com muita imponência, como se elas fossem parte da mais importante comitiva que já visitara Amalienborg. O herdeiro dinamarquês, porém, não conseguia prestar atenção na lista. Seus olhos estavam totalmente focados nas lindas garotas que adentravam o salão, uma por uma, em fila. A cada uma que entrava, o garoto  sentia uma pontada em seu coração, como se uma espada o fincasse. Não poderia negar: eram lindas. Muito mais lindas do que quando apareceram no telão. E, o que mais importava, eram reais, não apenas ideias e hipóteses — como foram vistas pela Família Real por vários meses. Diante de toda a realidade de suas pretendentes, o Príncipe tinha de se conter para permanecer com uma expressão imparcial, controlando tudo o que sentia no momento. Não poderia, em nenhuma hipótese, perder a compostura.

Algumas eram loiras, algumas eram morenas, e outras eram até algumas ruivas, mas todas se vestiam igualmente com um traje simples e neutro preparado pessoalmente pela Rainha. Eram todas muito graciosas, e a cabeça de Alexander já começava a girar apenas ao pensar na ideia de eliminá-las. Sabia que, infelizmente, não teria tempo de conhecer todas, por conta da pressão de seus pais e do país inteiro para que fizesse uma escolha rápida. Ao ver, porém, o olhar esperançoso que elas dirigiam a ele quando eram apresentadas, sentia cada vez mais a vontade de manter a competição por anos, a fim de que pudesse construir uma relação forte com todas elas. Com certeza, todas as trinta e cinco garotas que agora passavam em sua frente, sem exceções, teriam algo positivo para acrescentar em sua vida, mesmo que não romanticamente.

Como previamente orientadas, as Selecionadas não dirigiram palavras à Família Real. Dessa forma, elas apenas passavam por eles e, mecanicamente, faziam uma reverência. A princípio, Alexander apenas olhava rapidamente para as meninas, tentando não se ater a muitos detalhes naquele primeiro momento. Porém uma menina lhe chamou atenção. Seus olhos azuis como o mar lhe pareciam familiares, como se já tivesse cruzado com eles. Ao observá-los por mais alguns segundos, pôde perceber que eram os mesmos que sua tia-avó, Alice, que atualmente era a Rainha Regente do Reino Unido. A semelhança era assustadora.

O Príncipe ficou com essa pergunta rodando em sua cabeça até todas as moças passarem. Seria possível sua mãe ter colocado uma de suas dezenas de primas distantes na competição, tentando manter o casamento do filho dentro da linhagem real? Será que uma  de suas parentes estava tentando ganhar seu coração? Ou será que ele estava delirando de nervoso, imaginando pessoas que não via havia anos? Por fim, concluiu que deveria ser apenas uma coincidência, afinal, olhos como aqueles deveriam ser comuns em famílias europeias caucasianas. 

— Alexander, você já pode se retirar — anunciou a Rainha, depois que todas as Selecionadas entraram pelo portão Palácio. — Volte a seus estudos, por favor.

Alexander sorriu para os pais e para os irmãos — incluindo Henrik, que não falara nada naquele tempo inteiro. Todos retribuíram o gesto, logo desfazendo a fila e se dirigindo a suas próprias atividades matinais. Assim, Alexei caminhou até a porta, tentando transparecer o máximo de tranquilidade em seus atos. Por dentro, porém, estava alvoroçado. Milhões de pensamentos passavam por sua cabeça, o que a fazia doer como jamais doera antes. De fato, a chegada das Selecionadas havia mexido com ele de uma maneira que nenhum outro evento mexera.

Ao cruzar a entrada do Palácio, viu Ophelia, que  provavelmente esperava por sua próxima tarefa — já que Saphira estava no hospital — mas não a cumprimentou. Não gostaria de lidar com ela naquele momento. Assim, apertou o passo, seguindo com pressa até as escadarias. Ela, no entanto, o seguiu, percebendo toda a angústia do Príncipe. Enquanto continuava seu caminho, conseguia ouvir os passos suaves, que ao mesmo tempo o acalmavam e o faziam ficar ainda mais confuso. 

Queria apenas chegar ao seu quarto. E ficar sozinho. Precisava pensar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam?
Tem algumas partes que devem ter erros de português, já que entrei em um impasse e não sabia mais como era. Até perguntei para minha mãe (rsrsr), mas ela também não sabia.
O bônus será sobre como o Rei conheceu a Rainha. Ótima ideia, Luucy ( Rosaly, que ainda não apareceu devidamente, mas vai aparecer rsrsrs).
É isso! Deixem suas opiniões nos comentários!
Até o próximo capítulo!



[ATUALIZAÇÃO 24/05/2020]

Esse foi um dos primeiros capítulos que escrevi para essa história em setembro de 2014. Como ele trazia a primeira interação (mesmo que de longe) do Príncipe com as Selecionadas, decidi que valeria à pena revisá-lo. Os acontecimentos do capítulo não mudaram muito, apenas adicionei um pouco mais dos sentimentos de Alexander sobre a Seleção. Não sei o quanto fui capaz de aprimorar a escrita desse capítulo e pretendo voltar a ele em breve. Qualquer coisa, minha MP está sempre aberta.
xoxo ♥ ACE