Rainha dos Corações escrita por Angie


Capítulo 28
Flores em um Jardim | Saphira


Notas iniciais do capítulo

Oioi genteee!!! Hoje é quinta, hoje é dia de RDC! uhuuuu! Fiquei um tempinho sem postar, né? Bom, as desculas vocês já sabem... Trabalhos, provas, enfim, escola. Já estou morrendo e o trimestre ainda nçao acabou. Ah, falando nisso... Dia 11 de maio começam as provas Trimestrais no Colégio, uma semana INTEIRA só de provas!!! Por isso, pretendo estudar o máximo que eu conseguir durante as semanas que antecedem isso. Minha mãe já está cortando o computador... Por isso, é muito provável que eu não poste até a semana de 11/05 passar :( Prometo tentar escrever, mas nada garantido. Não sintam muito minha falta



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Os pés pequenos de criança encostavam-se ao chão com leveza. A grama há muito não cortada e ainda molhada pela chuva da noite anterior abraçava os miúdos dedos e os tornozelos magros. As flores à sua volta misturavam suas cores, formando um arco-íris de diversidade. Tudo isso envolvia a garotinha com harmonia.

O laço delicado de seu vestido azul balançava com o vento, sendo prendido pelos galhos. Seus cabelos cor de ouro se enroscavam ao chapéu de palha. O mesmo fazia sombra em seus olhos azuis brilhantes e saudáveis, fazendo com que eles ficassem escondidos na escuridão. Não conseguiam enxergar para frente. Não conseguiam ver o futuro. Não faziam ideia do que iria acontecer.

E esse era o problema.

Naquele tempo, quando a família ainda passava as férias de primavera no Château Vaux-le-Vicomte, na França, Saphira era muito pequena para saber. Era uma época feliz, cheia de aromas e sabores agradáveis. A doença ainda era algo inexplorado, um campo ainda não conhecido pela jovem menina. Mal ela sabia que as melhores lembranças seriam daquelas tardes divertidas, leves e sem preocupações. Memórias que agora ela sabia que nunca se repetiriam.

Porque ela só olhava para uma miragem delas. Uma pintura. Feita para eternizar um momento, mas que na verdade, só trazia tristeza.

— Ophelia, por que eu nasci doente? — perguntou a menininha, com uma expressão curiosa, desviando a atenção do quadro em sua frente para a babá. — A Família Real não é abençoada?

A moça olhou para a princesa com carinho. A pena podia ser facilmente ser percebida em seu olhar e em suas ações, ainda mais quando passou a mão delicada pelos cabelos da menor. Seu sorriso não tinha nada de verdadeiro, ou de qualquer outra coisa a não ser pena. Era sempre assim.

— Querida, isso é só um mito antigo, que seus ancestrais colocaram na cabeça de seus súditos para conseguir o poder. — disse a espanhola, evidentemente tentando não ser indelicada. — Nascer em uma determinada família não a protege de todos os males. E, além do mais, sua doença não é algo que não possa ser superado.

— Aquela governanta francesa estranha que cuidou de mim quando você foi passar um tempo na Espanha tinha uma frase sobre isso. — retrucou a menina, cruzando os braços. — “É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas.”

Os pequenos olhos azuis da nobre passaram da babá para a porta de vidro no final do estreito corredor. Assim, conseguia observar o gramado extremamente verde e vivo, porém nao muito extenso, que contrastava com as paredes opacas. A visão se propagava apenas até o grande muro da fração do Palácio ao lado, que parecia fundir-se ao solo, por conta das trepadeiras. A imensidão de cores, como o esperado, não estava presente, tampouco os belos insetos que o cercavam. Somente um tom em uma visão fria de início de outono.

— Eu só vejo borboletas em volta daquela garota. — continuou a princesa, apontando para o quadro antes observado em sua frente, sem desviar o olhar da porta. — Eu sou como um jardim em setembro. Sem graça, sem alegria. Onde nenhum ser bonito que pousar.

— Querida, você já pensou alguma vez que estrelas também são flores? — questionou a mais velha e, recebendo um aceno negativo da cabeça loura da menor, prosseguiu. — Pois agora saiba que elas são. E por acaso você pode ver borboletas em volta delas?

Ela, então, se ajoelhou na frente da garotinha. As mãos pequenas das duas se entrelaçaram em um gesto carinhoso. Os sorrisos que trocaram foram cúmplices, como o de uma melhor amiga para outra, ou de uma mãe para uma filha. Saphira podia perceber as lágrimas que estavam prestes a rolar pelas bochechas da babá. Ela só não sabia se era pela beleza de seu encorajamento ou pela certeza da morte iminente. Ou talvez até por ela ter lembrado de algo que não condizia com o assunto…

— Com licença, Alteza, sua mãe, a Rainha, solicita sua presença no café da manhã. — anunciou uma criada do outro extremo do corredor, olhando mais para a governanta do que para a própria princesa. — Ela parece estar bastante impaciente.

Saphira sorriu em agradecimento para a mulher, que se retirou apressadamente. Quando as atenções da menininha foram novamente fixadas na espanhola, a mesma já se encontrava de pé, desamassando sua bata branca.

— Bom, é melhor nós irmos. Não quero deixar sua mãe mais irritada ainda. — falou ela, com uma expressão brincalhona.

Com essas palavras, a pequena menina pulou nos braços da mais velha. As pernas fininhas se enroscavam à cintura, os braços magros seguravam firme no pescoço. Assim seguiram até o final do corredor, até a pequena escada auxiliar e,enfim, até o Salão de Refeições.

***

Saphira imaginava que o Salão já estaria cheio, como já era de costume desde que as pretendentes do irmão chegaram. Porém, quando as grandes portas de vidrais coloridos, a princesinha descobriu que estava errada.

Sem risadas. Sem conversas em alto tom. Apenas nove pessoas conversando baixo. Somente uma mesa ocupada. As outras se encontravam vazias, sem alegria, eram círculos marrons no meio de um ambiente branco. O vento batia levemente nas cortinas cor de creme, que, por sua vez, eram iluminados pela luz melancólica do sol da manhã. Com a monotonia do espaço, até as lâmpadas pareciam não funcionar corretamente, fazendo com que o ambiente ficasse opaco, pelo menos aos olhos da princesinha. Ela nunca se dera o luxo de sentir falta das Selecionadas, pois a confusão que elas causavam mais stress do que alegrias para a família. Sem elas por perto, porém, Saphira conseguia voltar ao sentimento de euforia do início da competição, quando ela contava nos dedos os dias que faltavam para a chegada das garotas. Portanto, ela só conseguia se perguntar:

Afinal, onde elas estavam?

Aproximando-se do local onde os únicos viventes do local estavam, Saphira conseguiu vislumbrar a mãe de uma maneira que jamais vira. Um som estridente era ocasionado por pelo salto finíssimo que usava, enquanto andava em círculos. Sua rosto trazia uma expressão que, apesar de muito bem acobertada, era de aflição e raiva. Até o penteado fazia jus à situação; fios rebeldes de seus cabelos louros teimavam a sair de seu coque elegante, que geralmente era perfeito. De fato, ela estava perturbada.

— Alexander não podia ter arranjado uma programação para as garotas em outro dia? — questionou uma versão tensa da voz de Juliane, enquanto ela passava as mãos no rosto. — Ele começa a querer agradar essas malditas meninas bem quando...

Antes que pudesse terminar a frase, seus olhos azuis escuros se fixaram na filha mais nova. A princesinha, por sua vez, apenas olhou curiosa para a mãe. Por alguns segundos, a expressão da mais velha se suavizou, relembrando os tempos distantes, quando essa mesma mirada terna era dirigida ao bebê recém-nascido frágil e guerreiro. O momento de cumplicidade, porém, acabou tão rapidamente quanto começou.

— Bom dia, Saphira. — disse a mulher, voltando a massagear as têmporas. — Não seja mal-educada, cumprimente nossos convidados.

A menininha, deixando a babá para trás, aproximou-se da mesa. Um sorriso meigo estava presente em seu rosto delicado. Qualquer um se derretia pela doçura dela.

—Seu irmão está extremamente encrencado. — sussurrou Hannah, envolvendo o corpo magricelo da sobrinha em um abraço, fazendo a menina rir. — Não é brincadeira.

— Ele não é o único. —murmurou uma das princesas siberianas, Katarina, do outro lado da mesa. —Serena também está.

Desvinculando-se dos braços da tia, Saphira deu uma risada discreta para a ruiva. A mais velha, por sua vez, respondeu-a com uma piscadela. Mesmo nunca tendo conversado, as duas já tinham até piadas internas.

“ Apesar de tudo, toda essa situação da Seleção acabou aproximando as pessoas...” Pensou ela, enquanto se dirigia aos outros.

Cada um saudou-a de sua maneira. A Rainha Siberiana com um sorriso frio. Yelizaveta com um olhar afetuoso, que fez com que a princesinha tivesse vontade de ir até ela e se aconchegar em seu colo. Arthur acenando a cabeça discretamente. Aline com seu sempre incrível abraço. Henrik apenas levantando as sobrancelhas. Isabella fazendo caretas. Ingrid com um afago na cabeça. E, por fim, mas não menos importante, o pai, com um beijo carinhoso na testa.

Ser tão calorosamente cumprimentada fazia Saphira até esquecer-se do sentimento mórbido do início da manhã. Até o vento frio que entrava das grandes janelas parecia quente. Os pães dispostos no meio da mesa aparentavam estar muito mais apetitosos. Até a falta das Selecionadas não era mais sentida. Tudo se acendeu. Uma energia positiva envolvia a menina enquanto sentava.

— Querida, não tínhamos como saber que seria hoje! — disse o Rei, quando a filha mais nova já estava devidamente alocada, direcionando um olhar tranquilo para a esposa.

— Mas nosso filho sabia que poderia ser a qualquer momento e que ele deveria estar aqui quando acontecesse. — retrucou a Rainha, apoiando-se na mesa vazia mais próxima, de maneira dramática.

— Desculpe-me, Juliane, a culpa é toda de Serena. — argumentou Odelle, com a voz surpreendentemente calma. — Eu não deveria tê-la trazido.

— Alexander não deveria ter aceitado. E o pior: ambos não nos respondem! — falou a outra, passando a mão pelos cabelos. — Precisamos contatá-los urgentemente!

— Acalme-se, tia, tudo vai dar certo. — interveio a voz doce de Aline. —Afinal, a guarda de honra já foi chamada?

— Foi nossa primeira providência. O General Hauge providenciou vinte homens para acompanhá-las do aeroporto até o Palácio. — explicou Christian. — Eles se juntarão ao pequeno grupo de dez soldados que já vinham com elas.

— Essas aí são poderosas. — intrometeu-se Isabella, olhando para a mãe com as sobrancelhas erguidas. — Intocáveis...

— O mesmo teria sido feito com você se o país em Guerra fosse a Dinamarca. — retrucou a soberana, levantando os olhos para encarar a filha.

— Disso eu duvido. — murmurou a princesa um tanto alto demais. — A tropa toda protegeria Alexander, não eu.

— Isabella Frederika Adelina Rose! — repreendeu Christian, quase gritando.

Os olhos de Juliane se cravaram nos de Bella. Sem desviar o olhar, a mais nova lançava um olhar. Seus olhos azul-claros entreabertos tentavam sobrepor a superioridade da própria soberana, que, por sua vez, tinha uma expressão de desgosto estampada no rosto. Uma guerra silenciosa era travada. Uma guerra entre as forças que mais deveriam se amar, se aliar. Uma guerra entre mãe e filha.

“ Mas vale uma troca de olhar entre o silêncio, do que palavras mal faladas.” Pensou Saphira, lembrando-se, pela segunda vez naquele dia, das palavras ditas pela antiga babá francesa.

Felizmente, Ingrid deu um pequeno beliscão no braço da irmã gêmea, o que fez com que ela desviasse o olhar para reclamar da dor. Assim, a batalha de olhares acabou, mas o silêncio ocasionado por ela, não. A tensão rodava por entre os presentes, tornando o ambiente, antes tão caloroso, desconfortável.

— Mas, afinal de contas, por quem nós e o Exército estamos esperando? — questionou Saphira, tentando quebrar o clima.

— Pelas tão famosas “flores gregas”, minha joia. — respondeu o Rei, logo em seguida abaixando a cabeça para olhar o relógio de pulso. — E elas já devem estar chegando.

****

Folhas de outono caiam levemente no chão de pedra da frente do Palácio, dançando com o vento. A luz pálida do sol iluminava o horizonte de Copenhague de forma melancólica. A cidade ainda estava em silêncio. As buzinas de carro ainda não podiam ser ouvidas. Pessoas apressadas ainda não andavam pelas ruas. Turistas ainda não tiravam fotos estranhas junto à estátua do Rei na frente da residência Real. Apenas eram vistas de pé as nove figuras paradas na frente da grande porta de madeira maciça.

Saphira segurava firmemente a mão do pai. Seu vestido verde fino, que parecia esquentá-la com a calefação interna, balançava com o vento. Suas pernas magras tremiam, assim como os braços. O pai, ao perceber que o corpo da filha caçula se encolhia cada vez mais para se proteger do frio, colocou seu braço grande nos ombros da garotinha.

Ela, porém, não teve tempo de congelar. Pois, não muito tempo depois, seis carros pretos idênticos entraram nas dependências do Complexo. Os olhos de todos os se voltaram para os veículos, como robôs. Saphira estava tão animada que os segundos pareciam horas. As rodas não pareciam se mexer.

Mas se mexiam.

Os carros pararam em sincronia. Sem demora, os dez guardas prometidos saíram de seus respectivos veículos para se concentrarem em apenas um. O mais importante. Ele não era diferente dos outros no exterior, mas no interior, sem sombra de dúvidas, era especial.

Três figuras sairam do carro, tão elegantes quanto qualquer outro membro da realeza. A primeira, senhora bastante velha, Saphira reconhecia bem, das tantas vezes que visitara a família materna. As outras duas que a seguiram, porém, pareciam totalmente estranhas. Uma menina loirinha de aproximadamente 7 anos, trajando um vestido florido branco e roxo, e uma menina menor ainda, com um vestido colorido. Elas aparentavam tanta maturidade, mesmo sendo tão novinhas. Elas não eram as primas distantes que sempre brincavam com a princesinha? Estavam tão diferentes...

“A Guerra muda as pessoas” Pensou Saphira, triste, ainda encarando as duas garotinhas.

— Com licença, senhor, General Hauge apresentando Vossa Majestade a Rainha-mãe Sybil da Grécia e da Germânia e Vossas Altezas Reias as Princesas Sybil e Althea da Grécia, em total segurança. — anunciou um dos militares dinamarqueses presentes, prestando continência ao Rei.

— Muito bem, General. — disse Christian, com um ar de aprovação. — Agora, por favor, faça a escolta para dentro de Amalienborg.

Rapidamente, os soldados gregos e dinamarqueses entraram em formação atrás da realeza, que já se dirigia ao interior do Palácio. Os passos de todos eram apressados, e se aproximavam de um trote. Saphira mal conseguia acompanhar. Ela sentia seus pulmões fracos falhando a cada passo. Isso tudo para algo que não entendia.

— Por que tanto cuidado, papai? — sussurrou Saphira, para que só o pai ouvisse. — Copenhague não é segura?

— Ó, minha joia, ninguém está livre da maldade. —respondeu ele, inclinando a cabeça levemente para poder olha-la melhor. — E, nesse momento, quem está mais propício a receber as consequências dela são nossas mais novas hóspedes.


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Notas finais do capítulo

O NYAH SEMPRE CORTA MINHAS NOTAS INICIAIS!!!! FALEI UM MONTE DE COISA! ELES QUEREM O QUÊ? QUE EU SEGURE MINHA LÍNGUA? NUNCA >.
Essas princesas gregas já chegaram cheias de moral; com exército e tudo. E a Juliane irritada com seu "filho de ouro" hu3hu3hu3. Mas, para mim, a melhor parte foi a da pequena "briga" entre a Isabella e a Juliane. Ri muuuito escrevendo! Bella sempre arrasando divando!!
Bom, estou meio cansada... Não sei mais o que escrever.
Entãããõ:
Até o próximo!
xoxo