Isso não é normal - Perina escrita por Pipoca


Capítulo 4
Clarity


Notas iniciais do capítulo

Gente mil desculpas por não ter conseguido postar antes, sei que tinha dito que ia tentar postar todos os dias, mas essa semana teve conclusão de projeto e eu fiz tudo em cima da hora... Nesse capítulo eu tentei caprichar bastante, vou tentar postar pelo menos 3 vezes por semana... O capítulo tá grande pra compensar o tempo que eu passei sem postar nada... Não deixem de acompanhar e comentar, isso é muito importante pra mim *-* beijos e boa leitura (tô tendo umas ideias...) - OBS: o nome do capítulo é o nome da música do final, vale a pena escutar :3



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Pedro acordou com Tomtom batendo na sua cabeça com a almofada, ele já tinha passado da hora de ir pra ribalta e iria perder a aula de Lucrécia, não que estivesse preocupado com isso, é claro, odiava vestir a malha de balé. Se levantou e foi pegar a toalha para ir tomar banho quando a irmã o interrompeu.

― Ô pê você sonhou com alguém? Alguma garota? ― Disse Tomtom que observou o irmão ficar sem graça, corar.

― Não, claro que não! Porque a pergunta? ― Disse Pedro que realmente tinha sonhado com Karina mas não se lembrava de muita coisa.

― Ah, é porque você ficou beijando o travesseiro e falando umas coisas esquisitas, você falou... hum... espera... como foi mesmo...ESQUENTADINHA! Foi isso que você falou! E você tava com a maior cara de bobo. ― Disse Tomtom que viu que realmente estava certa. O Pedro não sabia mentir se enrolava todo.

― O que?? Eu?? Eu não sonhei com nada, nem sei do que você tá falando Tomtom, olha eu vou tomar banho porque eu não quero me atrasar pra aula de música. ― Disse Pedro um tanto nervoso, será que ele havia dito algo comprometedor? Essa pergunta ecoava na sua cabeça, mas não mais do que o porque dele ter sonhado com Karina, ele nem sabia porque a tinha beijado. Talvez tenha sido por impulso, ela estava tão frágil, tão bonita, ele nem se lembrava da última vez que tinha ficado tanto tempo perto dela sem discutir, isso não acontecia com frequência... Por mais que os dois fossem amigos e até confidentes quando crianças, eles brigavam o tempo todo, já tinha virado rotina. Que saudade daquela rotina.

_*_

Bianca havia acordado cedo pois não queria perder a aula de dança, ela pensou em acordar Karina, mas a irmã sempre acordava cedo e quando dormia demais era porque estava doente. Resolveu deixa-la dormir e saiu.

Karina acordou tarde, por mais que todas as vezes que ela estava triste ou com raiva ela acordava cedo para treinar e extravasar, ela não estava com vontade de fazer nada, só queria afundar na cama e chorar, não que fosse do seu feitio, mas desta vez ela estava esgotada. Ver a sua irmã com o cara que ela amava foi pesado demais para ela suportar, os únicos momentos em que ela tinha esquecido do ocorrido foram durante o beijo de Pedro e durante seu sono, em que Pedro estava presente mais uma vez. Sempre que ela estava triste, quando eles eram crianças, ele dava um jeito de tirar o problema da cabeça dela, mesmo que ele tivesse que fazer alguma piadinha para distrai-la e isso fosse custa-lo algumas marcas roxas no corpo. Pedro era o único que a fazia esquecer do mundo, e parece que ele havia conservado esse hábito.

Gael viu que Karina estava atrasada e estranhou, resolveu ir para casa ver a filha. Ela ainda dormia e ele foi acorda-la.

― Karina? ― Disse o lutador sentando na cama e balançando a menina, fazendo ela acordar.

― Oi pai. ― Disse Karina sonolenta.

― Tá tudo bem filha? ― Disse Gael pondo a mão na testa da menina e sentindo sua temperatura, ela estava um pouco quente, mas não o suficiente para se caracterizar uma febre. O rosto inchado era de quem tinha chorado bastante. ― Andou chorando foi? ― Disse vendo a menina abaixar a cabeça.

― Não pai tá tudo ótimo, tá vendo não? ― Disse Karina um pouco ríspida, ela estava irritada pois não gostava de chorar na frente de ninguém e não gostava que pensassem que ela era frágil. Mas ela era.

― Olha o jeito como fala comigo! Sou seu pai! Agora me conta o que aconteceu pra você ter chorado, alguma coisa foi, você não é de chorar... ― Disse Gael desconfiado mas tentando parecer o mais adorável possível, a filha estava claramente triste e ele não queria piorar as coisas.

― Olha pai não foi nada! Eu só estou com um pouco de dor de cabeça. Daqui a pouco passa e eu vou pra escola. ― Disse Karina deixando claro que não ia abrir o jogo com o lutador.

―Está bem então, eu vou voltar pra academia e a gente se vê no almoço. Tchau! ― Disse o lutador deixando a menina voltar a dormir.

_*_

Por volta das 12:00 Pedro já estava pronto para a escola, só não estava pronto para encarar Karina, que provavelmente iria surtar de raiva por causa do beijo da noite anterior. Ele saiu de casa e andou até chegar na parada de ônibus, que estava vazia.

_*_

Karina viu a hora e se levantou as pressas, se arrumou e saiu sem nem comer pra ir a escola, Bete tinha saído para comprar alguma coisa, ela sempre ia, e Karina aproveitou pra sair. Ela seguiu para a parada de ônibus que só tinha uma pessoa, estava frio e o homem estava de casaco, ela não sabia quem era e como estavam só os dois podia ser perigoso mais ela sabia se defender.

O ônibus chegou e ela entrou sem nem olhar para a parada, o homem veio atrás, mas foi só quando ela já tinha pago a passagem e estava sentada que ela o reconheceu. Não podia acreditar na coincidência: Era o Pedro. Como não havia mais lugares eles tiveram que sentar lado a lado.

― Oi. ― Disse Pedro tomando a iniciativa.

― Oi. ― Disse Karina tentando não deixar transparecer o quanto estava nervosa e com vergonha. Suas bochechas coradas a entregaram.

―Olha, me desculpe por ontem eu nem sei porque fiz aquilo... POR FAVOR NÃO ME BATE! ― Disse Pedro fazendo Karina sorrir, mas quando ela percebeu que estava sorrindo logo desfez a expressão amistosa.

― Relaxa eu não vou te bater, a não ser que você faça aquilo de novo. ― Disse Karina repetindo pra si mesma que ela tinha odiado o beijo e odiava Pedro, mas algo nela respondia que não.

― Mas diz aí, você bem que gostou não foi esquentadinha? ― Disse Pedro se arrependendo assim que viu Karina ficar furiosa.

― Eu? Gostar de um beijo seu? NUNCA! N-U-N-C-A ! Eu odiei! Foi nojento, o pior beijo da minha vida! ― Disse Karina fingindo nojo e ânsia de vômito.

― Mas foi tão ruim assim? ― Disse Pedro olhando com uma carinha de derreter qualquer coração, ela bem que tentou disfarçar mas não conseguiu parar de olhar nos olhos do garoto, que por sua vez parecia navegar nos olhos azuis da loira.

― F-foi horrível. Olha o ponto chegou. ―Disse Karina cortando o assunto, ela não conseguia mais olhar para ele sem que uma força estranha a puxasse para cada vez mais perto, era estranho pois ela amava Duca com todas as forças, ou pelo menos achava que sim. Se levantou e foi em direção a porta, e desceu assim que o ônibus parou. Pedro foi atrás, sem conseguir parar de olhar o quanto ela ficava bem de jeans apertado.

Caminharam até a escola Karina andando o mais depressa possível para que Pedro não pudesse acompanha-la, não teve jeito. Pedro conseguiu alcança-la e se colocou na frente da mesma. Ela tentou escapar mas não pode evitar, por mais que ela soubesse lutar ele era mais forte e mais alto que ela.

― Pedro me solta seu mala, eu tenho que ir pra aula! ― Disse Karina que estava tentando se soltar dos braços de Pedro, ele a estava segurando pelos ombros, queria abraça-la mais não iria se arriscar tanto.

― Olha eu sei que a gente brigou faz um tempão mas não precisa ser assim. Eu estou disposto a ter uma trégua, sabe, eu sinto falta da sua amizade, a gente se dava tão bem... ― Disse Pedro fazendo Karina ficar pasma. Por mais que ele sentisse falta da amizade dela, o que rolava entre eles era diferente, passaram 6 anos longe e mesmo assim o afeto que ele sempre teve por ela não morreu, muito pelo contrário, ressurgiu com mais força.

― A gente se dava bem? HAHAHAHAHA a gente brigava o tempo todo, esqueceu? E até parece que eu quero ser sua amiga. Como eu disse antes, me solta porque nós vamos nos atrasar pra aula. ― Disse Karina que na verdade não queria dar o braço a torcer e admitir que também sentia falta dele. Pedro a soltou e a observou ir bufando até a sala de aula, ele foi atrás mas sem muita pressa. Se sentaram nos únicos lugares vagos,que eram nos lados opostos da sala.

Como eles estudavam a tarde largavam já no início da noite e naquele dia tinha tido uma aula de reposição, já eram 19:00 e a rua estava deserta, só havia os alunos que saíram com tanta pressa que pareceram evaporar. Pri e Fabi eram as únicas amigas íntimas de Karina e tinham ido no carro do pai de Pri. Sol, Wallace, Mari e Jeff , eram meio próximos de Karina mas já haviam ido embora para uma festinha e João, que era o único que era realmente íntimo de Pedro tinha saído mais cedo para ir pra analista, só restavam alguns desconhecidos que logo sumiram. Pedro foi para a parada de ônibus e encontrou Karina lá sozinha, ela o olhou com brilho nos olhos e um alívio claro nas feições. Deu até um sorrisinho contido. Ele se sentou ao seu lado sem dizer nada, colocou os fones e começou a escutar música. Ela estranhou ele não ter insistido nela, mas não foi isso que ela pediu? O ônibus chegou e eles subiram. Ele nem esperou ela, foi na frente pagou a passagem e se sentou, ela subiu em seguida e se sentou ao lado dele, era o único banco vago no ônibus.

Karina estava acostumada a dormir cedo, por causa dos treinos, e em dias normais naquele horário ela já estava indo dormir. Pedro, que estava escutando música encostado na janela do ônibus, dormia um pouco mais tarde, mas aquele dia fora muito cansativo. Eles estavam no meio do caminho quando Karina pegou no sono, Pedro só notou que ela estava dormindo porque o ônibus passou por uma curva e ela acabou caindo em cima dele e deitando no seu ombro. Por mais que ele a estivesse evitando, ele gostou daquilo.

― Ei Karina, acorda chegou o ponto! ― Disse Pedro fazendo a menina acordar. Ela estava sem entender, não se lembrava de ter dormido ainda mais encostada em Pedro, ela levantou e os dois desceram.

―Tchau. ― Disse ele seco, saindo em seguida. Ela sabia porque ele estava tentando se afastar, ela mesma tinha deixado claro que era isso que ela queria e ele não não tinha como insistir afinal ele não podia ficar correndo atrás dela só pra apanhar e roubar alguns beijos de vez em quando. Ele tinha voltado e tentando refazer a antiga amizade mas ela queria distância, ele não podia força-la a nada então resolveu esquece-la.

_*_

No dia seguinte Karina tentou evitar falar com Duca na academia, ela não queria ter que encarar os fatos, e falar com Bianca ou com Duca era pior do que uma sequência de golpes. Ela até se saiu bem ignorando eles, ficou no fundo da academia e estava sempre fazendo alguma coisa ou quando não tinha outro jeito dava uma escapada para o vestiário, a hora da escola finalmente chegou e desta vez Fabi e Pri foram com Karina, ela não encontrou Pedro no caminho.

O dia estava bom na medida do possível até Karina ver Pedro flertando com uma tal de Tainá, ela era uma patricinha, Karina não gostava dela e quando viu os dois se beijando sentiu o seu estômago revirar e seus olhos marejarem, eles estavam num amasso quando ela, Pri e Fabi chegaram, as amigas não entenderam a reação de Karina, afinal ela não gostava de Duca? Ela passou a vida toda acreditando que amava o Duca e do nada o Pedro ressurge e com apenas 3 DIAS faz aquela bagunça toda na cabeça dela só pra piorar a situação. Como se já não fosse difícil o bastante ver o Duca com a Bianca o Pedro aparece faz ela se lembrar da saudade e dos bons momentos que eles tiveram juntos e depois (tudo bem que foi por culpa dela) simplesmente esquece tudo e a ignora. Foi demais pra ela, ela só pode correr até os banheiros e chorar, não sabia se era pelo Duca ou pelo idiota do Pedro que tinha feito ela ficar melosa.

As amigas tentaram consola-la mas não sabiam nem porque Karina estava daquele jeito. Por mais que fossem meio que melhores amigas, Karina tinha dificuldade de se abrir, falar que gostava de Duca tinha sido um sacrifício, e esse ciúme repentino que ela havia sentido pelo Pedro nunca seria comentado. Nem ela sabia se era ciúme ou se ela somente estava se sentindo abandonada, já que ela achava que o Pedro achava ela especial, mas pelo visto ele só estava curtindo com a cara dela.

― Sabe de uma coisa, CANSEI! Cansei de chorar por quem não merece! ― Disse Karina decidida, lavando o rosto e saindo do banheiro.

Pri olhou pra Fabi sem entender nada, e ambas foram atrás de Karina que estava andando depressa para a sala de aula, já estava quase tocando o sinal para o fim do intervalo e depois de ver Pedro com Tainá seu estômago havia embrulhado, perdera a fome.

Karina passou a aula toda vendo a troca de olhares de Pedro e Tainá, ela bem que tentava mas não conseguia prestar atenção em outra coisa, ela estava com raiva, só não sabia de quem.

― K, porque você ficou com tanta raiva de uma hora pra outra? ― Perguntou Pri.

― Eu, com raiva? Eu estou mais feliz impossível. ― Disse Karina forçando um sorrisinho.

― Olha K se você não se abrir com a gente não vamos ter como te ajudar. Nós somos suas melhores amigas, você sabe que pode contar com a gente sempre, não é? ― Disse Fabi com toda sinceridade.

― Olha gente, eu agradeço a atenção de vocês, sei que estão querendo me ajudar mas eu não preciso de ajuda, eu devo estar de TPM só isso, nem eu sei porque estou agindo assim. ― Disse Karina, e de fato ela não estava entendendo o que estava acontecendo com sua cabeça, ela estava mergulhada num turbilhão de sentimentos, separar e distinguir cada um deles era difícil.

― Se você diz... Mas olha a gente tá aqui pra você sempre! ― Disse Pri reforçando o que Fabi havia dito.

― Valeu meninas, vocês também podem contar comigo pra tudo. ― Disse Karina vendo as meninas sorrirem e emitirem um “aanw” baixinho ao mesmo tempo.

_*_

A escola onde eles estudavam tinha adiado várias vezes o passeio que fazia todos os anos no verão para as turmas que ganhassem os três primeiros lugares nas olimpíadas e os alunos já estavam cobrando, então a coordenação resolveu marcar para a terceira semana de aulas, a Primeira já estava no fim, a viagem não demoraria. Eles iriam para um hotel na beira da praia de Fernando de Noronha, sem acompanhantes, pois sairia muito caro.

Assim que a notícia do passeio foi dada todos ficaram eufóricos e a conversa não pode ser contida, eles estavam no último ano de escola e a viagem ia ser como uma “despedida”, não que eles já estivessem nos últimos meses, mas o tempo passa rápido no segundo semestre do ano.

― AI NOSSA QUE INCRÍVEL!! ― Disse Pri aos pulinhos.

― Vai ser muito mais que incrível! ― Disse Fabi se deixando contagiar pela alegria. ― Você vai né K? ― Disse vendo Karina arquear uma das sobrancelhas.

― Eu? Numa praia com essa mundiça? NUNCA. ― Disse cortando a emoção das amigas.

― KARINA DUARTE VOCÊ NÃO PODE FALTAR ESSA VIAGEM! ― Disse Fabi um pouco nervosa.

― Ai Fabi, eu não tô afim de ir, não tô com clima. Vão vocês. ― Disse Karina voltando a copiar o exercício.

― Ah, já sei porque a K não vai Pri. ELA ESTÁ COM MEDINHO DE FICAR DE BIQUÍNI NA FRENTE DOS MENINOS. ― Disse Fabi provocando Karina.

― Eu com “medinho” ? Eu não tenho medo de ficar de biquíni na frente de ninguém, até porque eu não ligo para o que os outros pensam... ― Disse Karina, que na verdade estava mesmo com medo de ser zoada se ficasse de biquíni.

― Aham, tô sabendo... Olha Pri eu vou porque EU não ligo para o que pensam de mim ao contrário de algumas pessoas dessa sala... ― Disse Fabi deixando Karina cada vez mais irritada.

― Vocês não vão parar de encher o saco não né? Tá bem eu vou. ― Disse Karina fazendo Pri e Fabi ficarem ultra radiantes.

Depois de confirmar presença assinando a ata, Pedro notou que Karina também ia, ficou imaginando como seria vê-la de biquíni, por um instante seu pensamento ficou focado em imagina-la, apenas por um instante porque Tainá ficava falando, falando, falando, falando... Ele não ouvia nem seus pensamentos direito.

― Eai Pedro, rosa ou amarelo? ― Disse Tainá acreditando que Pedro estava prestando atenção.

― O que? ― Disse Pedro ainda aéreo.

― Meu biquíni, rosa ou amarelo? ― Disse Tainá olhando como se Pedro fosse uma pintura famosa a ser admirada.

― Ah, não sei, qualquer um. ― Disse Pedro que no mesmo instante viu Tainá ficar furiosa. Ele olhou para João que estava colocando o dedo na garganta em sinal de enjoo com a conversa dos dois, “é muita futilidade pra uma pessoa só” pensava o amigo de Pedro.

― Pedro! Não pode ser qualquer um! Eu tenho que ser a mais linda para o meu namorado. ― Disse Tainá observando Pedro arregalar os olhos.

― O que? Não estamos namorando! ― Disse Pedro confuso com tanta loucura.

― Claro que estamos! Eu disse “Pê, e se a gente namorasse?” e você não falou nada. Quem cala consente. ― Disse Tainá vendo Pedro ficar mais confuso ainda.

― É que eu não estava prestando atenção, desculpe. Olha a gente só se viu por três dias e mal se falou, só ficamos, nada mais. Desculpe mais namoro pra mim é sério. ― Disse Pedro sério, ele estava sendo sincero com ela, mas ela pareceu não gostar. Naquele instante Pedro olhou pra Karina, ela estava rindo com as amigas por causa de alguma coisa a ver com marcão ter caído, o sorriso dela era tão lindo... “Quando ela ri fica com o olhinho puxadinho, fica tão linda.” Pensou e logo se repreendeu, se ela não o queria tem quem queira, resolveu entrar na onda da maluca da Tainá, ela era bem bonita mais usava toneladas de maquiagem, era totalmente artificial.

― Olha aqui Pedro, eu sou a garota mais linda e popular dessa escola, você devia se sentir honrado em ter essa chance comigo se voc― Disse Tainá sendo cortada pela fala de Pedro.

― Quer saber você tem razão, você é linda, o que é que eu posso querer mais? Eai, quer sair mais tarde NAMORADA? ― Disse Pedro um pouco alto, o suficiente para Karina escutar e ficar furiosa, “como assim Namorada?” pensava a lutadora, “se conhecem a 3 dias e já estão namorando??” , o sinal tocou e ela saiu em disparada esbarrando no ombro de Pedro, de propósito. ― Ai sua louca! ― Disse Pedro para Karina, que já havia saído da sala.

― Eu vou amar!!! ― Disse Tainá entusiasmada.

_*_

Karina pegou o primeiro ônibus que passou e foi pra casa ainda com raiva, não sabia ao certo porque mais estava muito incomodada com o namoro dos dois. Ela foi para casa se trocou e foi para a academia treinar mais no turno da noite, não era do seu costume, mas ela estava precisando extravasar. Depois do treino tomou uma chuveirada e foi para casa. Chegou em casa e se deparou com Duca e Bianca aos beijos no quarto das irmãs.

― O que vocês estão fazendo?? ― Disse Karina se esforçando para não chorar.

― Ai K que susto, nossa tô morrendo de vergonha, não aconteceu nada demais, você não vai contar pro papai não né? ― Disse Bianca mandando duca se vestir e ir embora.

― Ai Bianca eu sei que vocês estão namorando, mas no meu quarto é sacanagem! ― Disse Karina saindo e batendo a porta com toda a força. Ela foi para a praça, queria tomar um ar e não chorar na frente da irmã, ela com certeza a encheria de perguntas que ela não tinha como responder.

Depois que se sentou num banco as lágrimas insistiram em correr então ela se lembrou do que tinha dito a si mesma no banheiro e secou o rosto. Ela tinha trago um fone no bolso do short e o seu celular estava lá, resolveu escutar música para parar de pensar no casalzinho.

Quando ela estava escutando sua música favorita alguém tocou seu ombro, ela não fazia ideia de quem era mas a pessoa foi para a frente dela e ela pode reconhecer. Era Zé, ele estava preocupado com alguma coisa, com ela na verdade, ela estava sozinha de noite numa praça vazia e tinha acabado de chorar, ele tinha motivos pra se preocupar.

― Oi K, tudo bem aí? ― Perguntou o rapaz. Zé era bonito, legal, mas assim como todos na academia ou em qualquer lugar do mundo, nunca havia reparado na beleza da menina.

― Tudo. O que você tá fazendo aqui? ― Perguntou Karina, afinal ele não morava no bairro, era estranho encontra-lo a uma hora daquelas por ali.

― É que eu ia com o Marcão tomar um milkshake, mas ele furou. Você tá afim de ir comigo? ― Perguntou inocentemente, ela parecia carente e frágil era incomum vê-la daquele jeito.

―Hmm... Não sei... Tá está bem eu vou. ― Ela não estava muito afim, mas não queria voltar para casa e encontrar a irmã, o Zé era gente boa, ela não tinha motivos pra não aceitar.

_*_

Pedro e Tainá tinham saído para se conhecer melhor, afinal eram namorados e mal sabiam o sobrenome um do outro. Resolveram tomar um milkshake numa lanchonete do bairro.

Tinham chegado e o lugar estava movimentado, só tinham mais 4 lugares no balcão eles se sentaram e pediram quando um casal chegou e se sentou nas duas últimas cadeiras.

Quando Karina virou a cadeira se deparou com Pedro ao seu lado, tomou um susto e sentiu seu coração acelerar freneticamente, lhe faltou o ar, mas logo sobrou raiva quando ela viu Tainá ao lado do garoto.

― Nossa esse lugar está tão mal frequentado Pê... ― Disse Tainá olhado pra Karina com um olhar nada amigável.

― Zé, o que é que cê acha da gente ir pra outro lugar? Esse cheiro de perfume- Cof cof DESINFETANTE cof cof- tá me dando alergia. ― Disse Karina fuzilando Tainá com o olhar. Elas tinham uma implicância entre si desde a 8ª série porque Tainá tinha provocado Karina que acabou derrubando refrigerante no cabelo de Tainá, é claro que isso deu em muita confusão e em muitas outras brigas.

― Olha amor se você quer ir embora a gente vai, eu vou estar a disposição sempre pra você. ― Disse Pedro beijando Tainá em seguida, Karina lembrou instantaneamente de quando a mãe dela disse que estaria sempre com ela, de quando Duca disse que estaria sempre com ela e de quando Pedro disse que não a deixaria sozinha. Aquilo doeu, todos que eram importantes para ela a haviam abandonado. Ela virou o banquinho para Zé e com os olhos encharcados sussurrou: ― Zé, eu vou embora , desculpa.

Por mais que tenha sido um sussurro, Pedro, que já tinha acabado o beijo, escutou e na voz dela ele sentiu que ela estava prestes a chorar. Ele ficou confuso, mas logo que ele lembrou da noite do beijo ele soube porque ela estava assim. Ele havia dito que não a abandonaria e foi isso que ele tinha acabado de fazer, mas afinal, ela quem pediu não foi? Só que para ela a facilidade com que ele havia desistido machucava.

Ela saiu as pressas e Zé foi atrás, Pedro daria tudo para ir correndo atrás dela, mas o que ele diria? O que ele podia fazer? Querendo ou não ele estava “comprometido” por mais que fosse um namoro ridículo, ele não podia deixar Tainá lá sozinha com cara de taxo.

― Olha Zé eu vou ficar bem, a minha casa é ali não precisa vir comigo. ― Disse Karina, observando Zé assentir e ir embora.

Assim que chegou em casa ela ignorou seu pai e sua irmã e se jogou na cama, ela estava sentindo novamente aquela horrível sensação de que tudo que era importante na vida dela estava escorrendo pelos seus dedos sem que ela pudesse fazer nada para impedir. Ela pôs o travesseiro o rosto e soltou gritos abafados, ficou pensando em tudo o que tinha acontecido em apenas uma semana, era demais pra absorver. Porque Pedro tinha esse poder sobre ela? Porque ele conseguia acalma-la e irrita-la com tanta facilidade? Porque ela tinha ficado com raiva do namoro dele com Tainá? Perguntas que ela não conseguiu responder.

Depois de ouvir Tainá tagarelar, Pedro foi embora para casa, ele se sentiu culpado de algum jeito, ele sentiu que tinha feito besteira, e ao ver Karina sair tão triste por causa dele ele sentiu um monstro, não sabia porque ao certo porque, mas ele estava se sentindo mal por ela. Porque quando eles se encontraram ele sentiu o coração acelerar? Porque o beijo deles tinha sido tão especial? Porque ele tinha ficado com raiva de Duca por ele ter feito ela chorar? Ele gostava dela antes, mas era coisa de criança, tinha passado, só que toda vez que ele a via ele podia sentir seu coração acelerar, como isso é possível? Como depois de tanto tempo ela ainda fazia seu coração acelerar? E não era como antes, tinha ficado muito mais intenso. Talvez fosse só “saudade acumulada” ele pensou, mas no fundo ele sabia que o amor que ele sentia por ela antes estava ressurgindo com proporções inesperadas e indescritíveis.

_*_

If our love is tragedy, why are you my remedy?

If our love's insanity, why are you my clarity?

Se o nosso amor é tragédia, por que você é meu remédio?

Se o nosso amor é insano, por que você é minha lucidez?


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Notas finais do capítulo

Obrigada pra quem leu, eu sei que o capítulo ficou grande, mas o que vocês acharam?
— Tá cansativo?
— Tá legal?
*-* beijoos vou adiantar o próximo...