Our Solemn Hour escrita por LadySpohr


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Eis aí.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/538183/chapter/1

A mulher sentiu a chuva fustigar seu rosto, mantinha o bebe no colo e suas lágrimas misturavam-se a água que caía. Não podia desistir dele, era a única coisa que ainda lhe fazia feliz, seu único bem valioso, e se fosse pra salvá-lo, ela estaria disposta a dar-lhe a vida. A criança se moveu em seus braços, as mãozinhas macias se molhando, o guarda chuva não era o bastante, então enrolou a manta em torno dele. “Você é tão especial quanto esta chuva que cai do céu querido, seu pai também era especial, mas ele não está mais aqui…” a jovem mulher de cabelos escuros sentiu o calor mais uma vez das lágrimas. Era a única lembrança também dele. Se lhe dissessem que aquilo ocorreria, jamais teria acreditado. Parou diante do jardim de uma casa elegante, mas não exageradamente pomposa, através do vidro vislumbrou, mesmo de modo embaçado uma cena que fez seu coração aquecer, eram um jovem casal, sorrindo um para o outro, a garota estava nos braços do jovem homem, provavelmente contando como fora seu dia, e ele parecia encantado em ouvi-la. Eram eles. Esperava não cometer um equívoco, mas sentia em seu coração que era o certo. Pulou a mureta pouco alta, raspando um pouco os calcanhares, e então se aproximou da porta silenciosamente, sabia ser furtiva, sempre estava tendo de utilizar dessa habilidade desde que tinha se envolvido com ele. Parte de si ainda sangrava em pensar que o tinha perdido, e também parte de sua alma lhe fora arrancada naquela noite, em que sua mortalidade não fora páreo para forças maiores, forças malignas, forças que se não fizesse o que estava prestes a fazer, lhe tiraria o que restara do único ser que tinha amado em toda sua vida. Quem sabe um dia poderia ver seu bêbe de volta? Tocou com seus dedos finos o rosto do garotinho, que como se sentisse a despedida da própria mãe, esperou que ele chorasse, mas a criança não o fez, apenas se encolheu na manta, ainda não sabia dizer que cor tomariam os olhos dele...mas viu aquele brilho estranho do pai nas íris do menino. Prata cinzento. O brilho das estrelas. Ainda se lembrava de como se perdera nos olhos e no sorriso tranquilo daquela criatura. “Eu te amo querido, que o Céu esteja com você” sussurrou perto do rosto da criança, lhe dando um beijo na testa. E finalmente se inclinou na porta, olhando para os lados, deixou o guarda chuva a frente da sombra da criança, apesar de saber que seria muito difícil alguém ver daquela distância o que realmente fazia, mas nunca era bom arriscar. Soltou um suspiro e engoliu em seco. E então se afastou, correndo, para não perder a coragem e voltar atrás em sua decisão. Mas a corrida de Gabriele parou algumas ruas adiante, quando a jovem parou e finalmente começou a andar, sabendo que tinha feito o correto. Um feixe de luz vermelha percorreu o ar, e foi como um relâmpago no meio do temporal. O corpo de Gabriele caiu ao chão, imóvel, tinha feito sim a coisa certa, embora nunca mais fosse respirar para saber disso. Uma sombra com capuz parou ao lado do monte de carne que agora esfriava. Ninguém viu, e se visse...nem sequer teria se aproximado. Enquanto isso Helena abria a porta da casa para pegar a chave do carro que esquecera pendurado na porta deste, e soltou um grito para o marido. O jovem René arregalou os olhos e pegou a trouxinha na qual a mulher quase esmagara ao tropeçar, um bebe o encarou, ele tinha cabelos castanhos numa massa de cachos, e olhos de cor indefinida...mas o homem se perdeu neles, pendendo a cabeça para o lado.

- Olá...acho que te deixaram aqui de presente rapazinho - falou e a criança pareceu suspirar, e então...lhe sorriu também. Helena se aproximou, olhando para os lados com receio, como aquilo tinha acontecido? Como assim? Uma mãe desnaturada que não queria um bebe, isso era muito óbvio, mas não estava esperando ser sorteada com algo assim na vida. Bufou, nem sombra de ninguém na rua, a maldita fora esperta, franziu a testa e rolou os olhos ao ver a expressão enlevada do marido.

- Olha, temos que chamar a polícia e… - a criança soltou um arrulho e finalmente Helena fitou o embrulho de cor azul. As íris eram estranhas, e o bebe estava sorrindo de modo sereno - Não. Não precisamos de polícia.

- De fato, não. Teremos de dar um jeito…

- Daremos, René.

A decisão não estava mais em suas mãos, lhes fora roubada pelo olhar daquela criança. Talvez eles não soubessem, que aquele olhar era como a mãe tinha dito a criança. Especial demais. Tal qual seu verdadeiro pai.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Isso é pra quem curte realmente um sonzinho básico ao ler algo, e dar um clima, eu como não escrevo sem música, deixo aqui essa obra perfeita do WT: https://www.youtube.com/watch?v=B__cOLcjL5w



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Our Solemn Hour" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.