Diário De Uma Adolescente Tímida escrita por Bi Hyuuga


Capítulo 17
Os diversos efeitos de um único evento


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde! Como vocês estão? Sim, sei que sumi, mas não vou abandonar a fic. Posso demorar meses, mas eu vou atualizar ocasionalmente. E esse é um presentinho de Natal para 2021.

Como disse no capítulo passado, estamos começando agora a segunda parte dessa história. A primeira parte rodava em cima da história da festa das empresas, e a segunda parte agora... bom, vocês vão descobrir em breve hihihihi

Mais uma vez, NakayamaKaori me deu uma ajudinha básica nas interações SasuSaku desse capítulo. Tenham uma boa leitura e nos vemos nas notas finais! ♥



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Naruto já assistira o vídeo enviado por Sakura exatas 19 vezes naquela manhã.

No dia anterior, na festa dos Haruno para anunciar a parceria com os Uchiha, a rosada havia gravado um vídeo de Hinata em uma performance de canto no palco da festa, deixando o loiro embasbacado não só em como a voz da garota soava bem em seus ouvidos como também em como ela estava simplesmente linda.

Agora, ele estava lá, tentando se convencer de que a vigésima vez seria a última, para ele deixar o número redondo.

O loiro suspira e deixa o celular cair na cama. Ele encara o teto.

A luz da manhã entra pelas frestas de sua veneziana ainda fechada, apesar dele estar acordado há meia hora. Seu quarto está uma bagunça, como sempre. Há roupas jogadas no chão, pares de sapato empilhados em um canto, lençóis escorregando da cama para o chão, fora o amontoado de inutilidades sobre a mesa, quase tornando impossível visualizar o computador ali.

Naruto está deitado atravessado na cama. Metade do corpo – a região cabeça-tronco – está sobre o colchão e a outra metade, esticada pra fora – suas pernas e braços largados e alcançando o chão com os pés. A única coisa que segura o travesseiro sobre a cama é seu cotovelo.

Um alto e longo suspiro se espalha pelo cômodo, até então, em silêncio.

O Uzumaki nunca foi uma pessoa inteligente em certos aspectos, mas nem ele podia mais negar que há alguma coisa errada consigo mesmo.

Ele faz uma careta.

— Kami-sama... – um sussurro para o nada, soando como uma reclamação.

Pra início de conversa, ele já não pensava em Sakura com a mesma frequência e paixão de antes. Talvez fosse devido a tantos foras e cortes, mas o loiro nunca foi de desistir. Ele é tão teimoso como uma porta, então por que agora ele parecia ter “desistido”? Não tem um motivo suficientemente bom que fizesse o garoto abrir mão de seu interesse pela rosada. Então, o que aconteceu?

Não bastasse essa dúvida, Naruto precisava encontrar as respostas de como e por que o lugar de Sakura em seus pensamentos foi tomado pela Hyuuga. Várias e várias vezes ao longo de seus últimos dias ele se pegava relembrando de momentos com Hinata.

Seus pensamentos começam na biblioteca da escola, em uma das primeiras vezes que se encontraram para os estudos. Ele se lembra de ter inclinado para frente, como se fosse beijá-la, mas a lembrança está tão enevoada e confusa em sua mente que ele prefere ignorar. Afinal, fora um impulso.

Há também a lembrança na biblioteca da cidade, mas era uma das memórias que mais facilmente eram substituídas pelo dia na sorveteria. Que dia fantástico! De início, Naruto fez questão de não revelar o destino dos dois até que chegassem lá. Além disso, toda a conversa e tempo que passou com Hinata pareciam mágicos, por mais que a garota fosse tímida. A única coisa que ele poderia reclamar um pouco daquele dia foi a realidade batendo em sua cara sobre como existem pessoas no mundo mais próximas de Hinata do que ele.

O loiro faz mais uma careta e se remexe na cama, cruzando os braços como uma criança mimada que não gosta de ser repreendida.

— Ele nem hesitou em abraçá-la... – ele conversa consigo mesmo.

O Uzumaki não é de ter filtro em suas interações sociais. Entretanto, era inegável que ele tinha uma preocupação com o espaço pessoal de Hinata, mesmo que tivesse tomado consciência do fato apenas agora. Ver alguém ultrapassar esses limites sem nenhum tipo de receio foi uma surpresa, e o loiro não gostava de se sentir enciumado pelo acontecimento.

Talvez ele quisesse ter essa mesma liberdade.

— Será que eu comi alguma coisa estragada? – ele reflete alto, como se essa fosse a explicação mais sensata para o seu turbilhão de sentimentos e pensamentos.

Ele vira de barriga pra baixo e encara o chão dessa vez, com a cabeça tombando para fora do colchão.

Apesar de todas as lembranças, nenhuma delas era capaz de superar a do aniversário de Neji. Certo, tinha sido uma péssima experiência beijar o seu melhor amigo e ganhar um murro na cara de brinde. Contudo, há sempre o lado bom das coisas ruins, e o lado bom foi Hinata tê-lo ajudado. A delicadeza do toque para não machucar, a suavidade das mãos para limpar o ferimento, o cuidado e atenção na atividade e nele. Era um conjunto de coisas que lhe traziam mais conforto do que se imaginar deitado em um lago de algodão doce. Será que esse era o sentimento de “estar nas nuvens”?

Ele fecha os olhos. Naruto se lembra de seu sonho com Hinata e, mais do que isso, se lembra das expressões da garota enquanto estavam no banheiro da casa dela. Ele se lembra do formato da cintura dela em suas mãos conforme ela estava concentrada em seu nariz.

As mãos do Uzumaki começam a formigar e ele vira de barriga pra cima de novo, com a respiração mais pesada. Ele segura o travesseiro e aperta, como se a sensação fosse sumir com ajuda do gesto.

— Eu devo estar ficando doido. – ele arremessa o travesseiro em direção à porta.

O que ele não esperava é que alguém respondesse.

Ai. – é a voz de Menma.

Naruto senta na cama num sobressalto, encarando a irmã parada na porta que, antes, estava fechada.

— Há quanto tempo está ai? – ele pergunta.

— Há tempo suficiente.

Ela pega o travesseiro no chão e dá umas batidinhas.

— Em quem você está pensando?

— Quem disse que eu to pensando em alguém?

A resposta evasiva do irmão faz Menma encará-lo e franzir o cenho. Ele nunca fazia isso a menos que quisesse esconder alguma coisa. Ela dá um sorriso travesso e encosta no batente da porta.

— Você não espera que eu acredite que você estava falando se si mesmo quando reclamou de alguém abraçá-la, né? – Menma começa a cutucá-lo, em busca de novas informações.

O garoto suspira e enterra o rosto nas próprias mãos

— Não, não estava – ele resmunga baixinho.

— Ainda bem. Eu ficaria preocupada se meu irmão estivesse falando em terceira pessoa. – há uma pausa. – Você parece mais perdido que o normal.

— Não to perdido, eu só não consigo entender por qu-... Espera ai – ele ergue o olhar com o cenho franzido e aponta um dedo acusatório na direção da irmã – Você está tentando me fazer confessar!

Ela se faz de desentendida.

— Confessar o que? Você tem algo pra confessar?

— Não. Dá o fora daqui.

Menma só começa a rir, mas não se mexe.

— Não vou.

— Vai.

— Não vou.

— Vai

— Por que eu iria embora? Estou bem entretida ao ver meu irmão confuso sobre seus sentimentos pela Sakura – é uma tentativa de lhe arrancar a verdade, mas Naruto não percebe.

A Síndrome de Naruto ataca novamente.

— Sakura? Não, eu não to pensando nela. Esse é o problema. – ele ergue as mãos pra cima, como quem está cansado do interrogatório.

Então, ele arregala os olhos quando percebe o que fez.

Menma sorri satisfeita.

— Interessante. Então... quem é ela?

O mais velho levanta e empurra a irmã pra fora do quarto, tirando o travesseiro de sua mão e jogando em cima da cama novamente. Suas bochechas estão levemente ruborizadas, talvez de vergonha, talvez de raiva. Quem sabe os dois.

— Ninguém. – e fecha a porta na cara da caçula.

Há uma reclamação de fundo, mas o garoto ignora.

Naruto passa as mãos no próximo rosto e esfrega os olhos, suspirando – pois ela era definitivamente alguém.

~

Após o almoço, Sakura, Hinata e Hanabi decidiram assistir um filme juntas enquanto as garotas Hyuuga não tinham permissão de voltarem para casa. Como a festa da noite anterior foi em sua residência, as equipes responsáveis pelo evento ainda estão desmontando, limpando e reorganizando todo o ambiente. Neji avisaria a prima quando Mitsuo fosse buscá-las.

Hanabi foi encarregada de escolher o filme enquanto a irmã tomava um banho.

Enquanto esperava, Sakura procurava manter-se entretida com seu celular, fuçando as próprias redes sociais nos sites de fofoca e jornais. Todos os lugares estavam comentando sobre o sucesso da festa do anúncio de parceria, e havia constante repostagem do discurso feito pelos seus pais no início do evento.

Sentia-se ansiosa pela publicação da entrevista exclusiva com os membros Hyuuga, a qual ainda não fora divulgada. Era algo a se manter interessada, já que sua conversinha estranha com certo alguém a estava desestabilizando no quesito irritação demoníaca.

É quando ela recebe uma mensagem no celular.

E ai? Vai aceitar ou não?

Era de Sasuke.

Sakura estava incrédula, embasbacada com tamanha ousadia. Nunca havia visto ser humano mais atrevido e cara de pau. Antes de ser consumida pela ira completa e tacar seu lindo (e caro) celular na parede, ela respira fundo e conta até dez. Seria um celular para repor e uma parede para rebocar.

A rosada poderia ignorá-lo, o que teria feito caso estivesse calma – mas não era o caso.  Ela abre chat da conversa e responde:

Posso estar delirando, mas acho que fui bem clara ontem.

A resposta à altura veio quase dez segundos depois.

Se você tivesse sido clara, eu não estaria te perguntando, rosada.

Sakura aperta tanto as mandíbulas que o masseter chega a doer. Ela odiava esse apelido, e sabia que Sasuke se aproveitava desse fato para deixá-la puta da vida. E sim, dava certo sempre.

— Pronto, vamos assistir esse. – Hanabi pensa alto, atraindo a atenção da garota. Na TV, a Netflix estava aberta no filme Howl’s Moving Castle.

— Ótima escolha! – Sakura se pronuncia, tentando não transparecer seu nível elevado de putidão, enquanto acompanha Hana com o olhar. A garota se senta no chão com o celular da irmã em mãos, abrindo o jogo que ela era viciada. – O que você tem que fazer nesse jogo?

Sakura continua tentando ignorar o fogo presente em seu estômago, mas seu celular vibra.

— Hum, é um jogo de clãs com construção de uma vila? É, eu diria uma cidade. – a mais nova se aproxima para mostrar – Aqui tem o centro da vila, que é tipo a prefeitura. Esses são os muros e aqui tem quarteis e acampamentos para as tropas que defendem a vila e atacam outras vilas. Tem esses depósitos de dinheiro e elixir também, que são importantes pra comprar algumas coisas.

— E qual o objetivo do jogo além de evoluir? – pergunta Sakura, em mais uma tentativa de esquecer o celular.

— Saquear os outros. Formar clãs pra atacar outros clãs. Tem campeonatos entre clãs também.

— O que é isso? – Sakura aponta para uma das construções do jogo enquanto ignora a vibração do próprio celular mais uma vez.

— São minas de ouro. É onde eu coleto meus recursos. Essa aqui eu coleto elixir. – Hana parece animada enquanto conta sobre o jogo.

Uma notificação aparece em um dos balõezinhos de conversa no aplicativo e Hanabi tem um sobressalto sutil, se afastando de Sakura. Ela franze levemente o cenho, mas decide não perguntar nada, respeitando a privacidade da garota.

— Não tem nada demais, mas é divertido – Hana encerra, com um sorrisinho.

Com a perda de sua pequena distração, Sakura decide pegar seu celular em mãos de novo, pronta para responder como boa ariana que é.

Me ignorar não vai resolver, meu amor.

Responder será mais fácil para você e poderemos começar nossa jornada divertida, juntos.

Ela solta uma risada de puro escárnio com a incrível OUSADIA daquele homem. Como ele pode afirmar tão facilmente que ela aceitaria essa proposta ridícula?

Procurando manter a educação, Sakura contém o impulso de mandá-lo pastar, como bom gado que é.

Não.

Ela envia a mensagem, querendo dar fim àquela conversa fiada.

Não o quê?

Ela revira os olhos.

Sasuke, deve ter um espaço vazio enorme dentro da sua cabeça. Quer que eu desenhe? Não. N-ã-o. Não quero. No. Non. Nein. Em quantos idiomas eu preciso responder que eu não aceito? Essa proposta nem séria é, e sei que está fazendo isso só pra me irritar. Já te aviso: não vai funcionar.

Sakura estava se sentindo uma idiota por se dar ao trabalho de respondê-lo tão detalhadamente.

Seu celular fica quieto, e ela finalmente pode respirar e se acalmar por alguns minutos. Porém, seu tempo de respiro acaba assim que seu celular vibra novamente.

Ok. Pelo jeito, eu que não fui claro o bastante ontem. O que eu posso fazer para você entender que não é brincadeira?

Sakura não responde de imediato. O Uchiha estava sendo muito folgado para o seu gosto e ela queria responder com uma ironia digna de quem não vai ser incomodada por um babaca qualquer.

Hm, não sei... Por que você não tenta me buscar na minha casa para um encontro? Talvez eu pense no seu caso, BB.

Ela revira os olhos e volta a olhar o Instagram. Sakura não pôde deixar de reparar como os fotógrafos fizeram um bom trabalho.

O ângulo que ela aparecia nas fotos, a iluminação e toda a composição da imagem estavam lindas, ela até se sentia uma estrela da Broadway. Hinata também não ficava para trás: além da cor do vestido ressaltar o tom de seus olhos e as curvas de seu corpo, o visual da Hyuuga está extremamente elegante em todos os clicks.

O som do chuveiro para, indicando que a amiga havia terminado o banho.

Essa sexta, 15h.

Sakura leu a mensagem e quis morrer de raiva. Ele nem perguntou se ela estaria disponível! O garoto Uchiha definitivamente não perdia uma oportunidade de fazer uma piada de mau gosto.

Estressada – justamente como disse que não ficaria –, a rosada se levanta e coloca o celular pra carregar, sem se dar ao trabalho de responder a mensagem. Ela não daria tamanha satisfação a Sasuke.

Como se fosse salva pelo gongo, a Haruno vê Hinata entrando no quarto, já vestida e com os cabelos úmidos. Ela guarda suas roupas na mochila de forma ajeitada e logo se senta na cama.

— Que filme vamos assistir?

~

É final de tarde, o céu está nublado. A sala cheira a um ambiente fechado por muito tempo e sem muita ventilação ou limpeza constantes. Há poeira sobre a estante e o sofá, mas a mesa de mogno está completamente limpa. No silêncio do cômodo, o único som audível corresponde ao autofalante do computador, pousada sobre o colo do ruivo, em volume baixo. Ele está sentado na cadeira de maneira folgada, com os pés para cimas e apoiados próximos da quina do móvel.

O som vinha das vozes da entrevista exclusiva com Hiashi e Kizashi, recém-postada na plataforma digital do jornal responsável.

Entrevistador: “O que essa parceria representa aos senhores da empresa Haruno?”

Hiashi: “Como eu disse, a festa de hoje é apenas o marco inicial de nossos projetos. É só a ponta do iceberg de uma grande união, que ainda formará muitos vínculos e trará inúmeros resultados lucrativos para o país.”

Entrevistador: “E quais são os planos para os próximos meses?”

Kizashi: “Ainda os manteremos em segredo para o público. Porém, posso adiantar que está relacionado com jogos de realidade aumentada e empresas voltadas para a produção de produtos tecnológicos sustentáveis.”

Entrevistador: “Está sendo um desafio para a empresa ampliar seus horizontes de comércio em áreas que nunca atuaram anteriormente?”

Kizashi: “Sempre é um desafio. Alcançar e conhecer novos mercados e novos públicos é um trabalho árduo não só de quem coordena, mas de toda a equipe da empresa.”

Hiashi: “Faço as palavras do presidente, as minhas. Isso só mostra, mais uma vez, o que já foi dito antes: não gostamos de manter-nos na área de conforto. A ambição que sempre tivemos e ampliamos com a parceria serve para que possamos também trabalhar em equipe num mercado competitivo multidirecional.”

Entrevistador: “E sobre coordenar produções em novos setores sem abandonar a atividade usual da empresa?”

Hiashi: “Como a parceria também traz uma nova equipe, mesmo que o trabalho seja dobrado, ele também é dividido. A parte mais difícil é no começo, quando é necessário se acostumar com as novas demandas e o novo ritmo.”

Kizashi: “Além disso, englobar novos setores exige uma reorganização da dinâmica empresarial, tanto para os Haruno quanto para os Uchihas. Contudo, estamos nos dando bem. Todas as equipes envolvidas se mostram em sincronia e rápida adaptação, então em poucos meses vocês poderão observar os resultados da parceria por meio dos números divulgados semestralmente.”

Entrevistador: “Existem planos para aumentar as cedes e filiais das empresas pelo país, considerando toda essa nova mudança na vida da empresa?”

Kizashi: “Com certeza. Entretanto, só vamos divulgar mais informações ao público mais tarde.”

Pain se cansa de tanta ladainha e revira os olhos. Os Hyuuga fizeram todo um marketing sobre a entrevista particular para entregar um resultado inútil. O ruivo não está interessado em nenhuma daquelas informações. Nenhuma delas será diretamente relevante para o próximo passo do plano.

Pelo visto, descobrir as novas parcerias de mercado, as conexões e as posições dos membros das empresas teria de ser uma tarefa extra do próprio Uchiha, considerando que Itachi pode trazer informações valiosas estando lá dentro. Quem sabe, até o próprio Sasori teria um papel importante quando começasse a se aproximar da filha do presidente Haruno.

Entrevistador: “Vimos que ambos vieram com toda a família. Como é a relação de vocês com suas filhas? Os negócios afetam o familiar?”

Kizashi: “É uma pergunta ousada. E sim. Quanto mais alto seu cargo, mais trabalho fica sob sua responsabilidade. Nesse caso, não é diferente. Entretanto, nossas filhas sempre cresceram com esse cenário de muitos afazeres, reuniões e negociações, o que as tornaram compreensivas e interessadas também. Há sempre holofotes.”

Hiashi: “Nossas filhas também cresceram juntas. Cuidamos muito do desenvolvimento pessoal delas antes de colocá-las à frente pela empresa. Devemos primeiramente manter o núcleo familiar. Como garantiremos o desenvolvimento de uma grande empresa caso nosso próprio teto estivesse fora de ordem?”

Entrevistador: “É um ótimo princípio, senhor Hiashi. A mídia sempre aborda sobre os negócios, mas nunca fala diretamente sobre a família. Garanto que todos ficarão surpresos ao descobrir o lado mais paternal por trás de uma grande potência.”

Hiashi: “É o mínimo que se deveria esperar de qualquer um.”

A entrevista continua e mais perguntas irrelevantes são acompanhadas de respostas vagas. Entretanto, Pain está com um sorriso estampado em seu rosto.

— Núcleo familiar... interessante.

Ele sabia o quanto a família era importante para Hiashi. Anos antes, o ruivo havia mandado um de seus bodes expiatórios chocar-se contra o carro do Hyuuga, a fim de causar uma morte acidental capaz de desestabilizar a empresa Haruno. Como a mente por trás do financeiro e das relações interempresariais era Hiashi, a partir do momento que ele caísse, toda a empresa cairia junto com ele. Entretanto, o plano dera errado pela incompetência de seu contratado e a pessoa que fora vítima do acidente era a esposa de Hiashi, que morreu pouco tempo depois do acidente, antes de chegar ao hospital. Pain sabia que aquele era um dos pontos fracos do Hyuuga e receber a confirmação do quanto ele ainda se importa com a família era uma carta que ele pretendia guardar na manga.

Infelizmente, com o acidente dando errado e seu bode expiatório sendo preso sob seu próprio pseudônimo, o ruivo teve que amenizar suas investidas contra a empresa para evitar suspeitas de que o preso não era a verdadeira pessoa por trás do nome Pain.

Apesar disso, lhe foi conveniente que o mundo conhecesse um dos falsos rostos de Pain. Isso traria muitos benefícios no futuro, e um deles estava a caminho.

O ruivo puxa o telefone da mesa e disca um número.

~

Hinata acena em despedida enquanto o carro de Sakura parte. Kizashi fizera questão de dar carona às meninas até a mansão, principalmente depois do sucesso da noite anterior, e as Hyuugas não tiveram outra opção a não ser aceitar. Já era final de tarde quando Hiashi ligou, dizendo que as equipes já haviam terminado de organizar a limpar o lugar e que elas poderiam retornar.

As irmãs seguem para dentro da casa levando suas mochilas e logo se deparam com a sala vazia. Ao fundo, é possível ouvir o som abafado do escritório de Hiashi, especificamente de um telefone tocando e o pai conversando, como quem já está em outra ligação.

Hanabi, cansada, sobe direto para o quarto a fim de tirar um cochilo. A mais velha, por sua vez, deixa seus pertences na ponta da escada e vai até a porta do escritório, dando três batidinhas ritmadas. É um breve código para avisar o pai que elas estão de volta, e ele responde dando duas batidinhas – indicando que ouviu, mas que está ocupado.

A garota suspira e se volta para a cozinha. No caminho, manda uma mensagem para o primo, avisando que chegou. Apesar de tentar evitar, a morena está tensa diante da prometida conversa com Neji sobre os acontecimentos. Ainda não tiveram um tempo decente para conversar claramente, sem serem vigiados ou ouvidos. O melhor momento seria aquele.

Como quem pensa da mesma forma, não leva mais de cinco minutos para Neji bater à entrada da cozinha. Ele parece cansado, com algumas olheiras de quem não dormiu o suficiente.

— Oyasumi. – ele a cumprimenta.

— Oyasumi.

Hinata o observa sentar na cadeira e apoiar-se no balcão, colocando uma pequena caixa sobre a mesa. Cookies.

Ela sorri, murmura um agradecimento e se junta a ele, tomando lugar do outro lado do balcão, ficando de frente para o primo.

Breves minutos de silêncio, como se os primos Hyuuga buscassem as melhores palavras e o melhor jeito de começar aquela conversa.

— Eles querem relacionamentos além das empresas. – Neji começa, como se algo estivesse preso em sua garganta.

Hinata ouve com atenção e repara quando o primo suspira antes de continuar.

— Acho que eles querem passar para o público a ideia de união não apenas nos negócios. Eles falaram na entrevista sobre o núcleo familiar, mas sinto que eles querem juntar nossas famílias para além dos negócios – ele explica com calma, olhando-a nos olhos – É apenas uma suposição minha.

A morena respira fundo, compreendendo a mensagem implícita nas palavras.

— Eles querem empurrar a Sakura e eu pros Uchihas, não querem? – a pergunta é retórica. Hinata não esconde a decepção e a tristeza que sente de seu próprio pai.

Seu primo estende o braço e segura a mão de Hinata, oferecendo-lhe conforto.

— Acredito que sim. Isso explica porque estavam tão empolgados com as reuniões e interações entre a gente. Querem tornar vocês pretendentes tanto quanto Fugaku quer que seus filhos também sejam. – uma breve pausa – Tentei ouvir mais conversas hoje, mas não consegui. O assunto foi apenas a repercussão da entrevista.

Um novo momento de silêncio se instaura.

— A Sakura-chan não sabe disso. Nós deveríamos...?

— Não – Neji é direto – Precisamos investigar mais.

— O que sugere, Neji-nii-san?

— Vou tentar ouvir mais conversas e tirar informações do meu pai. Ele não parece concordar, mas não está fazendo nada para evitar também. Você tem mais acesso ao escritório do tio Hiashi, talvez encontre algo por lá. Acho que podemos reverter essa situação antes dela acontecer.

Hinata concorda com a cabeça, pensando em como a situação é horrível. Além de sentir-se um objeto e estar completamente decepcionada com seu pai, não sai da sua cabeça a possibilidade da situação afetar sua irmã. Hanabi é nova. Hinata nunca achou que seu pai fosse capaz de fazer o que está fazendo, mas, como se enganou, fará de tudo para evitar que a caçula também seja uma vítima.

— Talvez vocês sejam alvos de holofotes. Se a ideia for essa, vão quer vender ao público a imagem dos “casais” – Neji faz aspas com a mão livre – Mas acho que isso não vai acontecer tão cedo. Eles não podem vender pra imprensa uma imagem falsa de vocês todos juntos, então precisamos descobrir e mudar as antes de chegar o momento que eles considerarem ideal.  

— Acho que deveríamos avisar a Sakura-chan quando tivermos mais certezas. Não temos como ouvir Kizashi, mas ela tem.

— Um mês. Vamos tentar investigar durante o próximo mês e contamos para ela, pedindo ajuda. Acho que teremos bastante informação até antes desse período, e ai podemos pensar em um modo de agir e evitar tudo... isso. – Neji pronuncia a última palavra com pesar rancoroso.

— Combinado. – a morena pressiona a mão do primo, determinada.

~

“Mamãe,

No jantar, hoje, precisei disfarçar, dizendo que estava cansada... Mal consegui olhar para o papai. Ele está animado com o sucesso da festa, e eu só consigo me sentir triste e decepcionada com ele.

Sinto-me enganada, usada. Nunca pensei que o papai seria capaz de fazer isso com a gente. Ele está fora de si, e não sei o que fazer. Eu e o Neji vamos tentar entender melhor o que está acontecendo. Não quero ser pretendente de ninguém. Não quero que o papai se perca. Preciso proteger a Hanabi.

Ele está diferente desde que você se foi, mamãe, mas essa situação está fugindo completamente do controle. Preciso de ajuda. Ele precisa de ajuda.

 

Beijos com muito amor e carinho,

Hinata Hyuuga.”


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Notas finais do capítulo

E ai, estavam com saudade? Gostaram do capítulo? Qual parte vocês gostaram mais? Suposições?

Gostei do resultado do capítulo e adorei as interações. Estou ansiosa para saber o que vocês tem a dizer hihihihi

Espero que vocês, suas famílias e seus amigos estejam bem! Vacinem-se. Vacina salva vidas. Não esqueçam de continuar tomando os cuidados necessários. Fiquem bem e até os reviews!

Beijokas!



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