A Change In the Wind escrita por Sheir


Capítulo 5
Quarto Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Fechar Setembro com um pouco mais de Johnlock é sempre bom, né?



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Duas semanas já tinham se passado e eu não via John desde o dia em que ele apareceu em casa. Não que eu estivesse esperando encontrar com ele de vez em quando, não... Mas seria mais agradável ver ele do que o Greg quase todos os dias. Confesso que com o passar de uma semana eu pensei que ele estaria com Greg em frente à porta, assim como o vi da última vez mas é claro que ele não apareceu e nem teria razão pra isso. Esses últimos dias de aula foram normais tirando toda a melancolia e felicidade dos estudantes, tudo aquilo já tinha me cansado além do que devia e eu realmente não queria estar na minha futura faculdade agora, mas estou graças ao Kevin. Ele está muito ansioso pra tudo isso começar e quis ver se está tudo certo com sua matricula, como se eu não soubesse que era só mais um pretexto pra ele ver se encontrava um cara que ele tinha visto por aqui a uns dias atrás.

“Então...” Disse logo que saímos da secretaria.

“Aham, está tudo certo com a matricula.” Ele disse sem prestar atenção em mim e focando nas poucas pessoas que andavam pelo mesmo corredor que nós.

“Claro, porque essa matricula é muito importante pra você...” Kevin apenas concordou com a cabeça. “Mais importante do que vir aqui procurar um cara que você nem ao menos conhece. Pelo amor, Kev!”

“Por isso mesmo, pra poder conhecer... Ué! Se você tivesse visto o sorriso que ele me deu, estaria me ajudando a procurar.”

“Isso é ridículo, sério. Vou ter que tapar seus olhos sempre que um estranho sorrir? Me avisa, que aí eu evito de sair com você.”

“Não começa vai... A gente pode passar pra ver o John! Ele mora aqui, mais provável ver ele do que o meu estranho sorridente.”

“Pra que diabos a gente iria ver ele? Não somos seus amigos, nem conhecemos ele direito!”

“Greg me disse que vocês se deram bem! E a gente pode começar a ser amigo indo lá ver como ele está...”

“Não me diga que anda conversando com Greg! E você nem sabe onde é o dormitório dele... Você sabe!”

“Eu não sou idiota, perguntei antes de vir! E você sabe que converso com Greg e com seu irmão também...”

“Eu acho você idiota. E cale a boca.”

Kevin riu e começou a me guiar pelos corredores quase vazios do prédio, faltava um pouco ainda para o natal logicamente não teria muitas pessoas no local. Comecei a pensar que nem John estaria ali, já deveria ter ido passar os feriados com a família assim como a grande maioria. Puxei Kevin pela camisa o fazendo parar ao meu lado e quando ia começar a dizer que John provavelmente não estaria ali, eu o vi. Todo meu corpo estava paralisado e eu não conseguia mover meu olhar, estava no fim do corredor e mantinha um sorriso discreto só que esse era diferente dos que tinha visto, era apenas um... Sorriso. Não era como os outros, como ele podia mudar o próprio jeito de sorrir? E estava de mãos dadas com uma garota de cabelos ruivos, ela sim sorria bastante e se jogava contra ele às vezes.

Kevin olhava os dois com um sorriso que desapareceu ao meu olhar. Ele olhava de mim para John várias vezes, estava tentando confirmar o que olhava e eu senti como se uma luz estivesse sobre sua cabeça e logo ele suspirou ‘Eu não acredito...’ Dessa vez eu não sabia do que ele estava se referindo. Quando voltei meu olhar a John seus dedos não estavam mais entrelaçados com o da garota ao seu lado, sua mão estava solta mas a menina continuava segurando da mesma forma. Ele me olhava com curiosidade e pude então ver aquele brilho em seu olhar novamente, os dois se aproximavam de mim e Kevin e pararam a nossa frente quando já estavam perto.

“Hei vocês!” Agora ele sorria e esse sorriso eu conhecia. “Nunca imaginei que encontraria os dois aqui hoje.” Ele olhava pra mim, mas eu estava reparando na sua companheira, acredito que ele percebeu. “Oh, sim. Essa é... Sarah, minha amiga.” Amiga? Não.

“Olá garotos...” Também faz medicina, autoestima baixa, não dormiu bem à noite, deseja ter relações sexuais com John, também quem não iria? Não, concentre-se. Ela sorriu animada, mas não se afastou de John.

“Oi Sarah! Eu sou o Kevin e esse aqui é o Sher-” Ela cortou Kevin e me olhava como se estivesse procurando por algo.

“Sherlock! Irmão do Mycroft não é?” Mais óbvia impossível.

“Vejo que meu irmão tem popularidade por aqui.” Nos olhamos por um tempo e ela desviou o olhar apertando a mão de John.

“Com certeza não passa despercebido. Ele e aquele outro cara, Gregory, eu acho... Tem alguma coisa não é?” Tão discreta. Kevin abriu a boca para responder mas essa foi a minha vez de corta-lo.

“Não acha indiscreto perguntar a sexualidade do irmão de alguém? Bom, eu acho. Se Mycroft te conhecesse já saberia, quer dizer, se fosse mais esperta com certeza não precisaria que eu respondesse sua pergunta.” Sorri cinicamente e senti que Kevin beliscava minha mão. John engoliu em seco e desviou seu olhar para Sarah, foi à primeira vez que ele a olhava desde que o vi no fim do corredor.

“Ahn, sim... quero dizer... Me desculpe.” Ela não olhava mais pra mim e sim de John pra Kevin. John me olhava agora, seu olhar me repreendia.

“Eles estão juntos, Sarah. Não precisa se desculpar, o Sherlock só deve tá tendo um dia ruim...” Ele soltou a mão dela e acariciou seu ombro.

“Na verdade o meu dia está ótimo. E a gente só está aqui porque o Kevin queria ver uma pessoa que ele acredita ser seu amor eterno, então acho que estamos indo...” Puxei Kevin pela camisa, mas ele não se moveu.

“Isso, por isso estamos aqui. Talvez você o conheça John!” Kevin segurou minha mão que estava puxando sua camisa e eu o soltei, rolei os olhos e suspirei.

“Ahn, me diz como ele é então, assim eu posso te ajudar.” Senti que ele me olhava mesmo se dirigindo a Kevin, mas agora eu olhava para a janela e a paisagem lá fora. Sarah começou a perguntar alguma coisa e parou de falar de repente, acho que se lembrou da minha presença.

“Sim, eu também prefiro homens. E o Sherlock, como gosta de dizer não rotula dessa forma.” Ele gesticulava com a mão e eu cutuquei sua nuca.

“Não gosto de rótulos! Isso só serve para diferenciar as pessoas de outro jeito...”

“Ai, fala sério!” Kevin e John começaram a rir e nossa senti falta desse som. Voltei meu olhar para John e ele ainda ria, mas olhava em meus olhos assim como eu nos seus. Sarah estava tão desconfortável quanto eu e ela voltou a segurar a mão de John, eu só queria ir embora.

“Fiquem ai perdendo o tempo de vocês então.” Sorri largamente e logo que me virei de costas ele desapareceu. “Ah, foi um prazer Sarah.” Acenei e disse sem ao menos me virar.

Ouvi Kevin me chamar algumas vezes antes de sair do corredor e não me importei em olhar pra trás, de jeito nenhum eu ficaria ali vendo aquela garota se agarrar em John como se alguém fosse rouba-lo, muito menos iria procurar alguém apenas para agradar o estado mental de Kevin! Já fora do prédio, meus pensamentos rondavam John... Eu não o conhecia e mesmo assim após três semanas eu ainda pensava nele. Não sei por que me senti mal em vê-lo com outra pessoa daquela maneira ou por que me arrependi um pouco de não ter ficado mais tempo em sua presença, era como se... Não importa.

Alguns pingos de chuva começavam a cair mas não me importei em acelerar o passo, tudo aquilo estava só na minha cabeça apesar de sentir meu coração pulsar e algo em minha garganta doía como se eu quisesse dizer coisas que nem ao menos sei, quando estava próximo de John. Fechei os olhos e espantei todos aqueles pensamentos, dei um longo suspiro e desejei que naquele jato de ar todos eles saíssem, expelindo do meu sistema.

Ao entrar em casa agradeci por Mycroft não estar. Todos os dias ele e Greg estavam lá quando eu chegava e por mais que eu ignorasse suas existências, era difícil me concentrar. Podiam muito bem passar as tardes entediantes na casa de Greg, além do mais sua mãe adorava os juntos. Aproveitam o fato dos meus pais ausentes em casa para transforma-la em um bordel, mas chega, minha paciência já tinha esgotado e eles iriam achar outro lugar para passar as tardes. Olhei na mesinha da sala que era onde Mycroft deixava suas chaves e pra minha alegria elas estavam bem ali, tranquei a porta e joguei minhas coisas no chão da sala. Tirei meus tênis e sorri, absorvi ao máximo aquele silencio aquela paz de estar sozinho e eu só precisava de uma coisa para relaxar e deixar o dia balanceado.

Corri até o quarto e ao me deparar com aquela peça sobre a cama cada musculo do meu corpo relaxou, deslizei minhas mãos sobre a sua superfície e deixei meus olhos se fecharem apreciando o toque. Cada detalhe daquele objeto, suas cordas, seus sons, sua textura... Se havia algo que eu conhecia sem margem de erro esse algo era meu violino. Apanhei o arco e comecei a tocar de onde tinha parado hoje de manhã, o concerto era de Mozart, obviamente. O som ecoava por toda a casa e só dividia sua dimensão com a chuva lá fora, não media o tempo enquanto tocava e minhas mãos só pousaram o violino sobre a cama assim que eu finalmente havia terminado todo o concerto... Abri meus olhos e vi pela janela que já estava escurecendo, ainda chovia. Senti meu celular vibrar no bolso, três mensagens não visualizadas.

Kevin S.
Eu já sei de tudo, tá certo? Mas a gente fala disso depois, muito complicado por aqui :o

Kevin S.
Estamos no quarto do John. Ele é organizado! Vamos jogar banco imobiliário :$

Kevin S.
Ok, o John está roubando. Ganhou de mim e da Sarah duas vezes! Se você estivesse aqui defenderia minha honra... Pare de abandonar seu amigo e me responda!

Rolei os olhos e me deitei na cama, pensei seriamente em não responder, mas eu acabei fazendo.

Sherlock H.
É uma dama para que eu precise salvar sua honra? E do que diabos você está se referindo quando disse que já sabe de tudo? E pare com essas carinhas. É irritante!

Kevin S.
Você me entendeu. E é bem chato quando você finge não entender as coisas, amigo. =)

Sherlock H.
Não seja idiota! Não estou fingindo nada, não sei do que está falando... Se mandar outra carinha eu paro de responder.

Kevin S.
:O

Já deveria saber a maturidade de Kevin, pousei o celular na cama e ele vibrou no mesmo instante.

Kevin S.
=[

De novo.

Kevin S.
U_U

Estava prestes a desligar o aparelho quando a última mensagem de Kevin me fez esquecer de como respirar.

Kevin S.
Falei pro John da sua crueldade. Ele disse que quer conversar com você =D

E antes mesmo que eu pudesse responder já tinha uma nova mensagem, mas não era de Kevin.

Número desconhecido.
Acho que não vai ser rude três vezes no mesmo dia, uh? Ah, é o John!

Não sei por quanto tempo fiquei relendo aquela mensagem. Nunca encarei tanto meu celular quanto agora... O barulho de um trovão me despertou e eu vi que a chuva estava se intensificando.

Sherlock H.
Não me recordo de ter sido rude em nenhum momento do meu dia. Olá, John.

John W.
Peguei seu número com o Kevin. Não tem problema, não é? Esqueci de pedir da última vez que nos vimos, estava muito ocupado estudando estequiometria! Lembra? Bom, não acho que tenha sido muito amigável com a Sarah hoje mais cedo e o Kevin só está sendo dramático, estou do seu lado.

Sherlock H.
Se houver algum problema, eu paro de te responder, não se preocupe! Aposto que não estuda química desde então... Estou certo? Ela foi inconveniente, eu fui sincero.

John W.
Você não se atreveria! Completamente certo, além do mais as aulas acabaram... Ela só estava curiosa, poderia ter sido mais sutil eu confesso, mas mesmo assim. R-U-D-E!

Sherlock H.
Não me tente! Se veio falar comigo porque acha que vou me desculpar com ela, podemos encerrar por aqui. Adeus John.

Depois disso eu realmente pensei que ele não responderia mais e aquele pensamento me trouxe uma tristeza momentânea. Momentânea porque no mesmo momento havia outra mensagem, provavelmente Kevin mandando mais carinhas idiotas.

John W.
Posso pagar com a mesma moeda! Há! Se você se desculpasse seria bom, mas estou falando com você porque quero. E não me dê Adeus, Holmes!

Sherlock H.
Não seja engraçadinho, Watson! Pelo o que eu saiba, é assim que as pessoas demonstram se despedir. Me corrija se estiver errado...

John W.
Se eu te chamar de Holmes você me chama de Watson? Ninguém nunca me chama assim... só pelo sobrenome. E não, você não está errado... Eu só não gosto.

Sherlock H.
Esse é seu jeito de me fazer sentir especial? Muito cedo, John. Não gosta da palavra ‘Adeus’ ou não gosta de despedidas? Aposto muito na última opção mas...

John W.
Ei! Não estou flertando com você se é isso que pensa, ok? Se eu estivesse, faria melhor (; Se sabe minha resposta, não preciso responder.

Sherlock H.
Oh, você é tão obvio John!

E eu me peguei sorrindo olhando para a tela, apenas com aquelas palavras e eu já sabia até o tom que ele estaria usando. O sorriso que daria só por dizer ‘Olá, John’, o jeito de dizer a palavra rude separadamente... O brilho em seu olhar, como ele olhava em meus olhos e me fazia não querer desviar o olhar. De repente tudo isso não parecia o bastante, queria ele perto para poder ver com meus olhos tudo àquilo que estava em minha mente.

John W.
Nem sou tão obvio assim quanto você diz. Sou? Ok, não me fale... O que está fazendo de tão importante que não quis ficar aqui comigo?

John W.
Eu quis dizer... Com a gente.

Não posso negar a sensação que sentia dentro do peito, meu coração pulsava rápido e eu podia sentir ele bombear sangue pra todo o meu corpo. ­­Eu não sou assim, não me deixo levar por impulsos, sentimentos ou sensações que nosso cérebro nos faz acreditar ser a coisa certa no momento. Tudo isso não passa de reações, elementos querendo tomar controle do meu corpo mas eu já obtive isso a muito tempo e não irei falhar agora. Mesmo que aquele sorriso me desmontasse inteiro, mesmo que me intrigasse e tirasse meu foco... Nada disso é real.

John W.
Ah! O Kevin já chegou? Ele saiu faz um tempinho e disse que iria aí. Não precisa responder minha outra pergunta, se não ficou é porque não queria né...

Sherlock H.
Não, ainda não chegou. Se perguntou é porque quer saber a resposta... E não foi nada demais. Só queria terminar o concerto que comecei.

John W.
Ohh... verdade! Kevin me disse que você toca violino e muito bem, pelo visto. Mas isso eu só poderei afirmar com certeza quando ouvir, não é?

Sherlock H.
Seria melhor do que acreditar cegamente na opinião de alguém, então... Sim.

John W.
E quando eu vou poder criar a minha própria opinião?

Sherlock H.
Não costumo tocar para estranhos.

John W.
Uau! Pensei que não fosse mais um estranho, além do mais eu já fui até na sua casa. Conheço seu irmão, o namorado dele e seu melhor amigo. Quase da família aqui, ok? Haha

Sherlock H.
Se fosse por isso, muitas pessoas não seriam estranhas pra mim e mesmo assim elas são, John. Por falar em família, você vai passar o Natal na casa do Greg. Vejo que não sou o único a não apreciar esses feriados de fim de ano.

John W.
Acho que deduziu isso quando me viu hoje, né? Sim, vou passar na casa dele. Você e seu irmão vão pra lá também? Minha família não mora por aqui, como já deve saber. Ao contrário, eu gosto do Natal! É tudo tão diferente nessa época do ano...

Sherlock H.
Não, o Greg me contou. Pelo o que eu saiba, não... Não sei o que vou fazer, provavelmente ficarei aqui. É tudo igual, a hipocrisia é maior nessa época, isso sim. Passou os feriados com a família mesmo estando na faculdade. Tradicional então.

John W.
Como você é pessimista Sherlock! O que aconteceu pra você não gostar do Natal? É, eu sou tradicional. Os natais não são lá os melhores com a minha família, mas mesmo assim...

A pergunta de John me fez lembrar de noites em que eu olhava a janela e via várias luzes piscando sobre as casas, quando ainda tinha uma pequena chama de esperança dentro de mim. Noites em que perguntava a Mycroft se nossos pais chegariam dessa vez, algumas outras perguntas em que eu não tive coragem de dizer e que borbulhavam em minha mente, quase todos os dias. Datas importantes só tem valor pelas memórias que nos trazem, as vontades e os desejos a serem vivenciados novamente como se fosse tudo igual, exatamente como nos lembramos, mas nunca será. Minhas lembranças pra tal ocasião eram meras promessas sem significado e um sentimento de vazio.

Sherlock H.
Nada. Nunca me importei. Problemas familiares, eu suponho...

John W.
Certo, você é a única pessoa que conheço que nunca se importou com o natal! Nas melhores famílias sempre tem problemas, uh?

Sorri de lado ao ler sua mensagem. Mesmo com pensamentos desagradáveis na cabeça ele me fazia sorrir, mesmo que por instantes. Ouvi que batiam na porta lá em baixo e só duas pessoas faziam isso ao invés de tocar a campainha. Greg estava com Mycroft que estava sem as chaves e logicamente não iria bater na porta tão calmamente, era Kevin.

Ao abrir a porta me deparei com um Kevin muito sorridente, ele ajeitava o guarda-chuva próximo a porta e quando seu olhar se ergueu o bastante para alcançar o meu parecia que tinha descoberto o maior segredo da face da terra.

"Seu cachorro! Porque não me contou?" Kevin pressionava seu dedo indicador sobre o meu peito e eu me afastei um pouco para que ele entrasse.

"Vou precisar de mais detalhes. Seja direto." Tranquei a porta e dei a volta entorno de Kevin parando a sua frente enquanto ele ainda ajeitava sua blusa de frio.

"Você e John! Eu vi como vocês se olham... Droga Sherlock, por que não me disse nada?"

"Eu olho assim pra todo mundo. Se não percebeu, são os únicos olhos que possuo e al-" Kevin me cortou aumentando o tom de voz.

"Não! Não começa com isso de que olha assim pra todo mundo e os caralho a quatro! Você não olhava assim nem pra o Victor. Vamos, me conte..."

"Você está mesmo muito animado, não é? Não tem nada para contar!" Usei o mesmo tom de voz que o dele e afastei meu corpo, ele se aproximou mais.

"Ficaria mais feliz se meu melhor amigo me contasse as coisas..."

"Dizendo isso é que você não vai me fazer falar, pare de me amolar com essas idiotices!" Me virei e logo ele estava na minha frente. "Você vai passar a noite aqui, podemos conversar sobre isso outra hora?"

"Você promete que vamos conversar sobre isso?" Kevin arqueou as sobrancelhas e olhou em meus olhos como se quisesse desvendar minha alma. Concordei com a cabeça e ele pareceu satisfeito. Sua expressão tinha mudado completamente e agora ele sorria com vontade. "Descobri o nome do meu estranho sorridente! E adivinha? Ele monitora as classes de química. Química!"

"Por que diz pra eu adivinhar se você mesmo responde?" Sorri fingindo alegria. "Qual o nome desse estranho, então?"

"Paul." Esperei para que ele continuasse. "Só sei isso! O John disse que ele aparece as vezes em algumas de suas aulas." Agora ele gesticulava com as mãos, sempre fazia isso quando estava ansioso.

"Continua sendo um estranho, Kev." Abaixei suas mãos delicadamente e ele respirou fundo, se acalmando. Quando nos olhamos, Kevin começou a rir e eu o segui. Nossas risadas foram cortadas por batidas fortes na porta e alguém gritando meu nome. Era Mycroft.

Só após ouvir suas batidas eu percebi que ele havia esquecido do seu guarda chuva então não fiquei surpreso em vê-lo em frente a porta todo molhado. Passou as mãos sobre o rosto derramando gotículas de água em seus sapatos.

"Teremos um natal em família esse ano, irmãozinho." Mycroft sorria de canto mas esse sorriso não demonstrava felicidade.

Após ouvir aquelas palavras, paralisei. Só fui perceber que estava com meu celular em mãos, sentado no sofá ao ouvir o toque de mensagem enviada.

Sherlock H.
Eu que serei o tradicional esse ano.


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