Duas Mulheres escrita por Tina Granger


Capítulo 8
Capítulo 8




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Desconfianças

- Severus, que bom te encontrar por aqui. – a voz tranqüila de Alvo o fez suspeitar de algo.

- É mesmo? Encontraram Potter e Granger?

- Ainda não, mas há um assunto sobre o qual precisamos conversar. Samara Sanders, do quinto ano da Grifinoria...

- Não precisa me lembrar em qual casa ela está. – Severus não estava no seu melhor humor, e aquela conversa com o diretor lhe cheirava a aborrecimentos.

- Severus! Quero apenas lhe avisar que Samara encontrou o livro de formatura do seu ano. E está realmente intrigada com um certo fato... – Severus empalideceu, mas isso não foi notado pelo diretor. – E pelo que pude perceber...

- Ela o importunou, diretor? - Severus pareceu se recuperar.

- Importunar não é exatamente o termo certo, Severus... Afinal, ela estava ainda chocada, não conseguia raciocinar direito... Mas fez perguntas intrigantes que merecem ter respostas...

- Mas como infernos ela conseguiu esse maldito livro?

- Pelo que consegui perceber, ela procurava alguma coisa que pudesse ter relação com o sumiço de Harry e Hermione... Hagrid comentou com ela, que os pais de Harry haviam sumido no último ano, e procurou o livro que mantemos aqui em Hogwarts para registro...

- E lá ela encontrou isso.

- Exato. E me encontrou.

- Que espécie de perguntas Samara fez? Sinceramente, eu posso até imaginar.

- Perguntou-me apenas como era Cassandra. Respondi baseado na visão que tive sobre ela: uma jovem encantadora, que não deixava nada nem ninguém assustá-la... Que preocupava-se com os amigos que tinha, não se importando com o resto do mundo... Que lutaria até a morte, se preciso para defender as pessoas a quem amava, não sendo capaz de abandonar a nenhuma delas.

- E o que Samara falou?

- Estava com o olhar perdido, Severus, mas uma coisa é certa: enquanto não descobrir toda a verdade, Samara não vai desistir. E acho, meu amigo, que se ela descobrir sozinha, vai encarar tudo com olhos cheios de ressentimento.

Severus se encaminhava para o Salão Principal quando encontrou o objeto de sua conversa, tranqüilamente encostada em uma parede, conversando com Blaise Zabini. A conversa pelo visto era muito interessante, visto que Samara apenas reparou no adulto, quando Severo os cumprimentou. A face que esboçava um sorriso para o adolescente ficou rígida, como se tivesse sido petrificada.

Os olhos pretos da garota fixaram-se um momento no rosto de Severus, antes de se voltarem rápidos para o chão. Severus ia perguntar o motivo disso, quando escutou um enorme barulho, seguido por vozes alteradas. Samara e Blaise estavam se encarando, como se estivessem prestes a cair na gargalhada.

- Se eu bem conheço o gênio Malfoy... você não precisa se preocupar com o Weasley. – Blaise afirmou recebendo um sorriso de desdém da garota.

- Pois eu aposto que o gênio Weasley é mais forte que sorte de doninha. – ela estendeu a mão, que Blaise apertou. Saíram em disparada, ultrapassando o professor.

- Sanders! – Snape ficou irritado com ela.

- Desculpa professor! – ela nem se virou, parando apenas quando percebeu Draco e Rony brigando de maneira trouxa. Socos e chutes eram trocados sem a menor cerimônia entre os dois monitores. Com um largo sorriso, Samara voltou a se encostar na parede. Gina estava gritando, mandando-os parar. Blaise arregalou os olhos diante da atitude da garota.

- Você não vai ajudar Draco?

- Quer mesmo que eu ajude Rony a bater na doninha? Por que é a única maneira de eu entrar nessa briga.

- Rony, eu vou contar para a mamãe! – quando percebeu que nem aquilo funcionava, ela se virou para Samara. – O que eu faço?

- Além de assistir de camarote? – Samara sorriu maldosamente. – Que tal petrificarmos os dois? Assim, sossega tanto a cobra como o leão. Que foi? – ela balançou os ombros. – Me digam que não são esses os animais-símbolos das Casas? – Samara não esperou resposta para pegar a varinha. Gina fez o mesmo, e ambas gritaram juntas o feitiço, acertando os garotos, que imediatamente viraram estátuas.

- O que está acontecendo aqui? – Severus perguntou ao ver a cena se desenrolando à sua frente.

- Bem... – Gina não soube como começar a explicar, mas Samara começou a rir. – O que foi?

- Nada... Mas eu ganhei a aposta, Blaise. – ela se virou para o sonserino.

- Nada disso. Alem do mais...

- Uma explicação agora mesmo! – Severus perdeu toda a paciência que estava tendo.

- Basicamente, professor Snape, Rony pegou Draco com a boca na botija, e não gostou nem um pouquinho de ver a doninha beijando a irmã dele.

- Samara! – Blaise a cutucou na costela.

- Eu não prometi que não o chamaria assim, Blaise. – Samara cruzou os braços, enfrentando o olhar de Severus.

- Mas Sanders, no domingo você não disse que Malfoy tinha um excelente gosto para namorada?

- E repito isso, acrescentando que ela não teve o menor gosto para escolher o cara. – Samara retrucou, encarando muito seriamente Snape.

- Desfaçam o feitiço. – Snape ordenou, as garotas trocaram um olhar preocupado.

- Não garantimos que eles vão se comportar. – Samara argumentou. – E além do mais, pela primeira vez consigo olhar para Draco sem querer esganá-lo...

- Samara! – Gina sentiu vontade de ela esganar a amiga. Blaise soltou uma risadinha.

- Eu sei que sou engraçada, Blaise, não precisa ficar alimentando o meu ego. – Samara se virou e contando até três, desfez o feitiço junto com Gina. Os dois rapazes aos poucos se recuperaram, mas ainda lançando olhares de ódio um para o outro.

- Muito bem. Quero uma explicação muito razoável, senão ambos estão em detenção.

- Esse... sonserino... estava agarrando a minha irmã! – Rony parecia louco para pular no pescoço de draco.

- Caso não tenha percebido, Rony, ela também estava agarrando Draco. – Samara comentou, um segundo antes que todos os olhassem. - Foi só um comentário.

- Podia ter nos presenteado com a sua boca fechada. – Draco não resistiu de provocar a garota, que só lançou-lhe um olhar indiferente.

- Já arrisquei meu pescoço demais por sua conta, seu imbecil para fi...

- Sanders, saia daqui. – Severus ordenou, com o olhar fixo em Draco.

- Justo agora que a diversão vai começar? – Samara reclamou, Blaise colocou a mão sobre os ombros dela.

- Samara, sei que você adoraria ver o desfecho dessa estória para contar aos nossos netos, mas acho melhor sairmos, para você não se queimar...

- Blaise, eu não tenho medo do fogo está bem? – Samara ergueu o queixo, mas ele começou a puxá-la, para trás.

- Bem, você pode demonstrar muito bem sua coragem de outra forma. – ele quase a colocou nos ombros, até que por fim ela não resistiu mais e foi junto com ele.

- O que você sugere? Que eu pule de um avião sem pará-quedas? Não, muito obrigada. Isso machuca.

- Agora que Draco e Gina não têm mais o que esconder, bem que a senhorita podia namorar comigo. – Blaise segurou uma das mechas do cabelo dela.

- E como fica a minha postura anti-sonserina, senhor Blaise Zambini?

- Talvez você precise de um certo incentivo para acabar com isso...

- É mesmo? – o tom zombeteiro de Samara havia desaparecido, agora ela parecia até divertir-se com a situação.

- Que tal com isso aqui? – Blaise a beijou, parando quando Draco e Rony começaram a discutir novamente.

- Esses dois vão brigar até depois do casamento.

- Você ainda não me respondeu. – Blaise a abraçou, quando percebeu que estavam entrando no Salão Principal e que todas as mesas os encaravam. O sonserino ficou vermelho, mas a grifinoria não deu mostras de se sentir constrangida.

- Se essa onda de popularidade não me matar, por que não? – ela deu de ombros. – Mas acho que se eu me sentar na mesa da sonserina agora, estou arriscando muito a minha sorte. – Samara foi para a mesa da grifinória, e sentou-se ao lado de Colin. - Pelo amor de Merlin, me diga que ninguém está olhando para cá. – sussurrou, o grifinorio rindo.

- Ninguém mesmo... Só o colégio inteiro!

- Samara, você enlouqueceu de vez? – Neville se aproximou, gritando e vermelho.

Severus descuidou-se por um instante, tempo suficiente para que Rony e Draco iniciassem uma nova discussão. Após mandá-los ficar quietos, Severus acabou mandando Gina para o Salão Principal, avisando aos rapazes que se os encontrasse novamente brigando os levaria para a sala do diretor, além de tirar pontos das casas. Quando Draco protestara, ele fora firme em afirmar que faria o mesmo com a Sonserina.

Quando estava entrando no salão principal, Severus quase foi atropelado por Samara pela segunda vez naquele dia. Neville estava atrás dela, brigando com ela. O garoto estava afirmando que ela estava cometendo a maior idiotice da vida dela. Samara estava em linha reta com Severus, e faltando alguns passos para a colisão, a garota se virou abruptamente e foi na direção do grifinorio.

- Neville longboton, meta-se com a sua vida! – ela sussurrou, antes de praticamente correr para fora do Salão Principal, deixando um grifinório surpreso. Geralmente, ela gritava aos quatro ventos o que pensava, e quando não falava coisa alguma... Sentiu um arrepio, ainda mais que ela havia lhe dado um olhar gelado (não que não estivesse acostumado a isso, mas aqueles olhos pretos, gelados, o lembravam de Snape). Que alias ficou parado, por alguns instantes, observando a massa de cabelos negros desaparecendo.

Quando sentou-se na mesa dos professores, Severus já havia perdido a fome, mas tratou de beliscar um pouco a comida.

- É bom ver os jovens tomando o seu rumo... E melhor ainda ver que não levam a rivalidade entre as casas para as suas vidas. – Alvo comentou, observando as mesas.

- Fala como se isso fosse um problema, diretor Dumbledore. – Severus imaginou onde Alvo queria chegar.

- Muitas vezes, é Severus... Mas como foi resolvida a questão com os Weasleys?

- Pelo que pude perceber, algumas estórias estão se repetindo na família Malfoy.

- É mesmo? Espero que dessa vez o casal em questão seja feliz, e que não aconteça o mesmo que aconteceu com a pobre Angie...

- Morrer três dias antes de completar 21 anos realmente é triste. – Severus concordou. Por um instante, lembrou-se do enterro da sonserina, que fora pomposo.

- Mas as lembranças que Lucio deve ter são boas... Afinal, Angie estava sempre sorrindo, brincando...

- Infernizando a vida alheia... Desculpe, mas é dessa forma que me lembro dela, diretor. Angie possuía o péssimo habito de meter-se onde não era chamada.

- Severus, não seja tão critico com uma pessoa já falecida... Por falar nisso, nosso amigo deu noticias?

- Henry mandou-me uma coruja hoje pela manhã. Esqueci de lhe contar, diretor...

Severus e Alvo trocaram as informações necessárias e por fim ambos se separaram, Severus indo para a sala de aula. Sonserina com Grifinória, sexto ano, uma aula um tanto mais agradável, na perspectiva de Severus, já que não contava com as presenças infernais de Potter e Granger. Se bem que a ausência de Longbotton era um fato a ser comemorado a cada aula.

Deu o resto das aulas, e estava fazendo algumas anotações, pouco antes do jantar, quando um elfo, muito assustado entrou:

- Mestre, perdoa Dyndy, por favor... Dyndy nunca mais faz coisa, errada, Dyndy promete.

- Dyndy, o que está fazendo aqui? Você deve voltar imediatamente à minha casa e...

- A senhora mandou Dyndy buscá-lo, mestre. Disse que se Dyndy não voltasse com o mestre, iria usar a varinha.

- E como ela conseguiu uma varinha, Dynduawndy? – a voz gélida de Snape fez o elfo tremer.

- Ela disse para Dyndy repetir: “Tiago Potter está aqui, com uma leoa. Venha logo, Severus.”

- Tiago Potter? O que ela quis dizer com isso... – quando ele percebeu, deu um salto. - Mas que inferno, Dynduawndy! Reze para que não aconteça nada com a sua senhora, ou eu juro que você é um elfo morto!

Severus andava o mais rápido que podia, obrigando-se não correr, para não despertar curiosidade, até a sua sala na Torre da Sonserina. Mesmo que não olhasse para trás, percebia que Dynduawandy estava no seu encalço.

Pela lareira de pó de flú, logo estava na sua casa e não esperou para ter nenhuma explicação. Tratou de subir o mais rápido que podia, até o sótão, escancarando a porta ao entrar, ficando pasmo com o que viu.

Harry Potter estava a um canto do aposento, agachado, olhando com apreensão a mulher à sua frente. Hermione Granger estava atrás dele, com a mesma expressão no rosto. E Cassandra tinha o braço esquerdo estendido, com a varinha apontando para o casal grifinório. Na mão direita, tinha duas varinhas, provavelmente as deles.

Quando ela deu um passo, se aproximando deles, Severus fez o mesmo, com relação a ela. Mas por um momento diverso, deixou que a sua mente divagasse, relembrando.


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