Redoma escrita por violet hood


Capítulo 1
Redoma — Único


Notas iniciais do capítulo

Hello!
Finalmente terminei esse oneshot *O*
Espero que gostem, porque nunca escrevi algo tão dark e louco assim.
Me avisem se encontrarem algum erro, revisei muito rápido, porque tenho que dormir.



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Redoma

Rose Weasley correu até a enfermaria o mais rápido que pode, esbarrando em alguns alunos no caminho. Um primeirista da Grifinória havia entrado no salão comunal berrando que Dominique Weasley estava morta. Depois de confrontá-lo descobriu que era apenas uma brincadeira de mau gosto, todavia ela tinha que confirmar.

Rose lembrava-se perfeitamente do dia em que a Redoma caiu sobre toda a área de Hogwarts. Foi há quatro semanas atrás em uma linda tarde de sol, o sétimo e o quinto ano foram dispensados mais cedo e Rose conversava em um canto afastado com sua prima mais nova, Lily Luna, e sua melhor amiga, Mackenzie, as três riam e falavam de assuntos banais como garotos gatos. Lily se espreguiçou e deitou na grama falando de como Scorpius Malfoy e Matthew Zabini estavam cada vez mais gostosos, Mackenzie disse que ela não podia pegar os inimigos, mesmo que fossem incrivelmente irresistíveis. As garotas riram, em menos de um segundo a risada de Lílian havia cessado e o corpo de Rose estava coberto de sangue.

A imagem da sua prima partida ao meio nunca saiu da cabeça da ruiva. Era como se uma faca invisível tivesse cortado Lily Luna Potter no meio. Era, na verdade, uma parede invisível, metade do corpo de Lily dentro e a outra metade do lado de fora. Muitos outros morreram naquele dia, alguns perderam um braço ou uma perna.

Os professores chamaram a coisa que matou a prima de “Redoma”. Rose pesquisou na biblioteca o significado daquela palavra:

“Espécie de vaso pequeno, geralmente de vidro, em forma de sino, ou parabólico utilizado para resguardar do ar e da poeira objetos delicados.

Vaso de vidro de forma arredondada.”

Rose não gostava de ser um objeto delicado dentro de um vaso de vidro.

A Redoma os havia isolado do resto do mundo. Alunos e professores presos em Hogwarts. A ruiva viu seus pais e parentes, mas não era possível ouvir a voz deles do outro lado da Redoma. O lugar foi rapidamente isolado, as pessoas tinham medo do que aquela coisa poderia fazer. E mesmo com vários bruxos tentando descobrir a resposta para aquele mistério, ninguém conseguia saber o que era a Redoma.

O que era a Redoma, afinal? Para Rose Weasley era um assassino. Lily não foi a única pessoa que a garota perdeu.

Hugo Weasley havia ganhado um aparelho trouxa para ouvir música, chamado IPod, de natal, presente do próprio pai. O jovem Weasley raramente tirava os fones do ouvido, e quando ele resolveu caminhar perto da Redoma ouvindo música o IPod explodiu, aparentemente a Redoma não gostava de aparelhos eletrônicos. Roxanne Weasley foi quem o encontrou. Rose não conseguiu acreditar. Merlin! Aquele era o seu irmão, seu irmãozinho. O mesmo garoto que roubava seus doces, que a ensinou a jogar quadribol, que enfiou a cara dela no seu próprio bolo de aniversário de quinze anos com todos os convidados vendo.

Ela só queria saber que música ele estava ouvindo. Será que era daquela banda trouxa que o garoto amava? The Beatles. Rose queria que seu irmão estivesse ouvindo sua música favorita.

Lily Luna morreu rindo e Hugo ouvindo uma música que gostava.

Duas semanas depois, que a Redoma caiu, o ar começou a ficar estranho, era mais difícil respirar. Professor Neville Longbottom explicou que estávamos tão isolados que o ar mal conseguia sair ou entrar. As pessoas tentavam de tudo para quebrar a Redoma. Entretanto todo o esforço só resultou em explosões, incêndios e mortes.

O professor Longbottom foi o primeiro a ter problemas com o ar. Ele morreu dois dias depois.

Sua filha se suicidou na terceira semana. Pulou da torre de astronomia e Rose Weasley perdeu sua melhor amiga. A ruiva foi até a torre de astronomia por várias noites seguidas e pensou na amiga morta, de como Rose e Mackenzie faziam planos para o futuro. Rose iria escrever e Mackenzie iria ser jogadora de quadriobol, Rose se casaria na Toca e Mackenzie em uma igreja (porque amava cerimônias em igrejas), Rose iria ter três filhos e Mackenzie dois, Rose seria madrinha de um dos filhos de Kenzie e Mackenzie seria madrinha de um dos filhos de Rose.

Nada disso iria acontecer, porque Mackenzie Longbottom estava morta e Rose não podia voltar no tempo. Se ela tivesse prestado mais atenção na melhor amiga teria visto que a morena andava depressiva. A ruiva estava perdida demais, desperta demais, pensando no que havia perdido para prestar atenção no que ainda tinha.

Rose se juntou ao seu primo, Albus Severus Potter, e os dois procuraram uma saída de Hogwarts. Albus havia pegado emprestado o Mapa do Maroto do irmão que havia se formado no ano passado. No mapa estava cheio de passagens secretas que davam para fora de Hogwarts. Eles olharam passagem por passagem, mas a Redoma tampou todas.

Albus começou a ficar desesperado. Achou que nunca sairia daquele lugar, sua irmã havia morrido e seus pais não podiam mais chegar perto da escola.

Quando uns sonserinos encontravam garrafas de firewhisky na sala do professor de defesa contra as artes das trevas (que havia morrido no dia em que a Redoma caiu), Albus bebeu até não aguentar mais.

Rose estava voltando da torre de astronomia quando passou pelo jardim e viu vários sonserinos montados em vassouras, um deles era Albus.

— Aposto que se subir bem alto consigo fugir — disse com a voz alterada e visivelmente bêbado.

A ruiva correu o mais rápido que conseguiu, todavia era tarde demais, Albus já estava voando em direção à Redoma, em direção à morte.

A garota viu o corpo do primo despencar em direção ao chão. Rose se ajoelhou do lado de um Albus Potter morto.

— Ei, Albus — Scorpius Malfoy cutucou o amigo. O loiro também estava bêbado. — Acorda.

Os garotos riam e falavam que Al era uma garotinha que tinha desmaiado.

— Ele não vai acordar — as lágrimas começaram a descer pelo o rosto da garota e ela pegou a mão do primo e a apertou.

No outro dia Scorpius tentou falar com ela, mas Rose o ignorou.

E agora ela estava parada olhando para sua prima, Dominique, quase sem vida. Ela não era a única assim, a ala hospitalar estava cheia de alunos doentes.

A ruiva sentiu que tinha alguém do lado dela, quando olhou encontrou Scorpius Malfoy.

— O que faz aqui? — indagou. Ele não a encarava e sim alguém deitado na cama ao lado de Dominique. Era Matt Zabini — Eu sinto muito.

Scorpius a encarou, seus olhos estavam vermelhos e Rose sabia que ele andava chorando. Os dois não se falavam desde o acidente de Albus.

Normalmente quando se viam começavam a brigar, e quando a briga acabava eles nem lembravam como havia começado. Entretanto pela primeira vez na vida Rose Weasley e Scorpius Malfoy não tinham um motivo para brigar.

O loiro olhou para a porta.

— Podemos conversar lá fora?

Rose não teve forças para recusar.

O garoto a levou para perto da Redoma, era bem próximo do lugar que Lily havia morrido. O corpo já havia sido retirado dos dois lados e a Redoma foi limpa. A garota não achava que Scorpius sabia que lugar era aquele.

Ele se aproximou da Redoma e colocou sua mão na parede invisível, parecia até que ele estava fazendo mímica.

— Rosie, você acha que nós vamos sair daqui? — o loiro costumava a chamá-la de Rosie no primeiro e no segundo ano, porém assim que as brigas ficaram mais frequentes ele passou a chamá-la apenas de Weasley.

Rose havia pensando sobre aquela pergunta várias vezes, e ela sempre fazia com que a garota se fizesse mais perguntas: "Ela iria morrer?" Ou "por que ela não tinha morrido ainda?"

— Para falar a verdade — a ruiva resolveu ser sincera — Não.

Ela ouviu Scorpius soltar uma risada leve. Não era uma risada feliz, era como se ele estivesse rindo para não chorar.

— Vamos todos morrer — concordou. — Mas quem sabe a Redoma não some de um dia para o outro? Eu quero dizer, ela também chegou do nada.

Rose queria acreditar naquilo, todavia ela só esperava pelo dia em que iria morrer naquela escola.

— Está cada vez mais difícil de respirar — comentou sendo realista.

— Você soube que Eva Brown se suicidou?

Rose não fazia ideia que Eva tinha se suicidado. Elas sempre se odiaram, mas nunca desejaria algo assim para Eva.

— Sabe por que? — a ruiva negou com a cabeça no exato momento que Scorpius tirou a mão da Redoma para encará-la.

— Não.

— O namorado dela morreu no dia que a Redoma caiu — explicou. Rose ficou surpresa ao saber disso. — Ela estava deitada no peito dele quando a cabeça do Kane foi decapitada.

A ruiva realmente não sabia o que dizer. Quantas pessoas morreram e Rose nem notou?

— Eva tinha problemas em casa. O namorado da mãe dela não era um cara muito legal. Eva estava planejando se mudar para Nova York com o Kane.

Rose se sentiu mal por nunca ter prestado atenção em Eva, talvez pudessem ter sido amigas. Como Scorpius sabia tanto sobre todo mundo? Ela se lembrava que no ano passado ele sabia sobre Mackenzie gostar de Albus, mesmo que a garota nunca demonstrasse. Scorpius disse para Rose que havia reparado no jeito que Kenzie olhava para Al.

A ruiva se perguntou se Scorpius a observava como ele observava os outros.

— Eu não tinha ideia — Rose admitiu ainda abalada.

— Eu sei, mas essa não é a questão — o loiro respirou fundo antes de continuar, ele acabou engasgando e tossiu um pouco. — Eva achou que se morresse alguém teria mais chance de viver, uma pessoa a menos respirando.

Rose soube naquele instante onde Scorpius queria chegar.

— Scorpius, você não pode...

— Albus poderia ter tido um futuro brilhante — prosseguiu. — Eu roubei a bebida. Ele está morto por minha culpa, e se eu tiver a chance de impedir esse destino para Matthew eu irei.

Ela se aproximou dele. Não conseguia acreditar no que ele estava dizendo.

— Eu não posso deixar você fazer isso — Rose sentiu as lágrimas salgadas em seus lábios. Nunca imaginou que choraria por Scorpius Malfoy, o garoto que fazia piadinhas sobre ela sempre que podia. — Seus pais...

— Eles vão entender. Nunca fui um bom filho mesmo.

— Você não sabe o que está dizendo.

Scorpius pegou o rosto de Rose delicadamente entre as mãos.

— Você sabe por que eu estou te dizendo isso? Porque eu te amo desde que eu tinha onze anos — Scorpius sorriu, aquele sorriso era lindo e Rose nunca se esqueceu dele. — Eu a amava mesmo com o cabelo que parecia uma juba de leão, com o corpo de tábua e com aquele olhar de “eu sou boa demais para você” — a ruiva soltou uma risada involuntária enquanto sentia as lágrimas caindo pelo seu rosto. — O que era verdade, você sempre foi boa demais para mim. Porém isso não fez com que eu gostasse menos de você. Não conseguia parar de te observar, me tornei um stalker, e não; eu não tenho orgulho disso.

O Malfoy encostou a testa na dela. Rose conseguia sentir a respiração do garoto batendo calmamente contra o rosto dela.

— Quando você cresceu e deixou de ser uma tábua, eu também comecei a pensar em você enquanto fazia certas coisas. E eu provavelmente não deveria ter dito isso — Scorpius riu e Rose também.

— Scorpius...

— Passei várias noites e dias pensando em como seria me casar com você, passar o resto da minha vida ao seu lado. Merlin, eu sou tão estranho.

— Não, você não é — era verdade que Rose nunca havia pensado em Scorpius Malfoy daquele jeito. Ela já teve alguns sonhos estranhos com o loiro, porém sempre disse a si mesma que era por ele ser muito gostoso. Ouvir alguém diz aquelas palavras para a garota a deixava mais feliz, não se lembrava de ter sorrido depois que Redoma caiu.

— Sou estranho sim. Sei tudo sobre você, a observei enquanto você ia todas as noites para a torre de astronomia, ou quando você canta Strawberry Fields Forever, porque acha que essa é a música que seu irmão ouvia quando morreu. Não aguento te ver sofrendo desse jeito.

— Vou sofrer mais se você morrer — era verdade. Seu peito doía ao imaginar o corpo do Malfoy sem vida.

— Não, Rosie. Você vai me superar. Sei que nunca me amou, e não tente dizer o contrário — ela não disse, porque nunca o amou, mas sabia que poderia amá-lo se eles tivessem mais tempo. — Rosie, você é incrível, a garota mais incrível que eu já conheci e a única que eu amei. Eu sei que vai ter um futuro brilhante e será uma escritora famosa, com filhos e um marido que te amará. E eu vou ser apenas uma memória na sua cabeça.

Rose queria dizer o contrário, mas ele a beijou. A garota podia sentir o gosto das lágrimas salgadas tanto dela quanto dele, todavia isso não deixou o beijo menos... mágico. Ser beijada por alguém que te amava era uma sensação única.

Rose Weasley se lembrou de uma frase que leu em um livro: “Uma coisa é se apaixonar. Outra é sentir alguém se apaixonar por você, e sentir-se responsável por esse amor.” Ela conseguia entender essa frase agora.

O corpo de Scorpius Malfoy foi encontrado perto da Floresta Negra, do lado da Redoma. Muitos pensaram que ele estava doente, poucos pensaram que havia sido assassinato. Todavia só Rose Weasley sabia o que realmente havia acontecido, o garoto havia se suicidado. Ninguém imaginaria que o Malfoy iria ser capaz de tal ato, muito menos para salvar a vida de outra pessoa.

A redoma sumiu, sem dar explicações, três dias depois. Se Scorpius tivesse esperado mais três dias...

Muitos bruxos ainda tentavam descobrir o que era a Redoma, mas Rose queria apenas esquecê-la.

Matthew Zabini sobreviveu. Mas o choque de perder o melhor amigo foi muito grande que o garoto se fechou por meses.

Dominique também sobreviveu, porém foi por muito pouco e a Weasley passou muito tempo no Hospital St. Mungus.

Todos os mortos tiveram seus devidos funerais. James Potter voltou para Londres para ver o enterro dos irmãos de dos primos, resolveu tirar férias do quadribol por um tempo e ficar com a família, ninguém protestou.

Rose não chorou no enterro do seu irmão ou nos enterros de seus primos, amigos e professores. Entretanto chorou por dias sempre quando estava sozinha. E lembrou do rosto de Scorpius todas as noites antes de dormir.

Quando viu Draco e Astoria Malfoy no velório do filho, quis dizer algo, contudo o que ela poderia dizer?

"Eu fui a última pessoa a falar com seu filho antes dele se suicidar. Sim, ele se suicidou e não estava doente como vocês pensam. Scorpius disse que me amava e eu acho que depois de perdê-lo comecei a amá-lo, talvez já o amasse bem no fundo, porém o que eu quero dizer é que deixei seu filho morrer. Me desculpe.”

Rose, definitivamente, nunca diria aquilo.

Em uma noite chuvosa a ruiva escreveu sobre um garoto loiro que se apaixonou e sobre a garota pelo qual ele estava apaixonado, a garota que se sentia responsável por aquele amor. Eles ouviram The Beatles, observaram as estrelas, deitaram na grama rindo e ele nunca foi apenas uma memória na cabeça dela.

Rose Weasley nunca se esqueceu de como foi sentir o último suspiro de Scorpius Malfoy contra o seu rosto.


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Notas finais do capítulo

DESCULPEM!
Sério, isso foi muito estranho mesmo kkkkk, primeira vez que mato personagens (já matei ou tenho plano de matar em outras fics, mas não postei essas cenas ainda), então eu to nervosa.
Chorei escrevendo isso, porque tava ouvindo umas músicas tristes e fiquei saddy :(
POR FAVOR COMENTEM!
Eu dei meu sangue para escrever isso e estou tão nervosa, acho que vou desmaiar kkkk
Queria ter explicado algumas coisas melhor, mas não queria aumentar a one.
Até a próxima fic xD
KissusViolet