O outro lado da Cicatriz escrita por Céu Costa, Raio de Luz


Capítulo 39
Chá de bebê


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, é que um elfo doméstico fechou o portal para a plataforma, e eu não consegui pegar o trem para Hogwarts...



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Pov Sophie

Eu sei o que devem estar pensando. Por que eu estou evitando a Belle? Bom, antes de ela ir pro hospital, era por causa do que aconteceu. Ela deve ter ficado furiosa porque eu fui cuidar do Draco, e não dela, mas é que eu simplesmente não pude evitar. Draco, mesmo egocêntrico, metido e até um pouco rude, era meu amigo. Eu ainda considero ele um amigo. E, sabe, ouvir ela falar mal do Draco me dói. Ele é meu amigo. Sim, é ex-namorado dela, mas é meu amigo, e eu não queria ouvir ela falar mal dele.

Agora, eu a evito por outro motivo. Aquela visão da penseira... ela está me pressionando para contar o que eu vi. Eu nem quero lembrar o que eu vi, só de imaginar, meu estômago já fica embrulhado. Matar para poder viver eternamente... Tão doentio... Como deve ser dormir de noite sabendo que outra pessoa morreu para que você estivesse aqui hoje? Pior, que a culpa foi sua? Querer fazer isso? Como alguém pode querer viver assim? Bom, eu sei como é. Meus pais morreram para que eu estivesse aqui hoje. Não foi minha escolha. Foi deles. Eu não queria. Nunca quis. Jamais desejaria isso para alguém. Matar ou morrer...

– Posso me sentar com você? - a voz de Hermione me arrancou de meus pensamentos.

Por alguns instantes, eu tinha me esquecido que estava na biblioteca. Como eu sou tola! Tentei me esconder de todos aqui, o lugar onde Hermione, e consequentemente o Harry, vêm com frequência! Tentei ignorá-la, e folheei outra vez as páginas do livro que eu estava lendo, nem sei qual era. Hermione sentou na minha frente, com um livro em mãos. E o silêncio imperou por cerca de vinte e cinco segundos.

– Harry tá preocupado. Você não tem mais vindo conversar com a gente. - ela sussurrou - Acho até que ele nem dormiu noite passada.

– Aposto que isso tem mais a ver com Dumbledore do que comigo... - eu sussurrei.

– Como sabe que ele...? - Hermione arregalou os olhos.

– Madame Marie sabe tudo. - eu respondi, e ela riu.

– Você deve possuir mesmo clarevidência. Além de mim e do Rony, sabe muito sobre o Harry. Inclusive, coisas que ele nem comenta. - Hermione comentou. - Você consegue ver de outras pessoas também? Tipo, ler mãos ou coisa parecida?

– Tipo Trelawney? - eu ri - "Abra sua mente, você deve olhar para o além!!!!"

Hermione riu. Trelawney sempre dizia coisas do tipo. Mas eu nunca tive muito jeito para adivinhações, eu prefiro fatos.

– Eu queria poder saber tudo de uma pessoa só de olhar para ela... - Hermione suspirou - Deve ser bem útil.

– Talvez, talvez não. Honestamente, gosto mais da sensação da descoberta. A surpresa. - eu comentei. Legal, estamos desviando do assunto....

– Ótimo! Então já escolheram o lugar pro meu chá de bebê? - Belle falou alto, aparecendo de repente.

Eu não sabia bem pelo que brigava com Belle: se brigava pelo susto ou por perguntar de chá de bebê uma hora dessas. Eu nem lembrei que estava evitando ela.

– O seu o quê? - Hermione perguntou.

– Chá de bebê! - Belle repetiu - Não me digam que não prepararam nada! O chá de bebê é responsabilidade da madrinha do bebê, e como vão ser gêmeos, é de vocês duas! Olha, eu vou querer tema de Oscar! O que acham? Meio glamouroso para bebês... Talvez Las Vegas... Não... Poker e cassino não tem muito a ver com crianças...

– Tema de bichinho sempre vai bem em chá de bebê... - eu comentei.

– Peraí! Pare um pouco! - Hermione se levantou, fazendo Belle se calar. - O que quer dizer com a responsabilidade é de nós duas?

– São gêmeos! - Belle tornou a tagarelar - Sophie com certeza ia ser madrinha, ela leva o maior jeito com essas coisas de criança, acho que é por que ela é meio fresca, daí achei melhor ela ser madrinha da menina, se você não se importar em se madrinha do menino, mas se não quiser, pode ser da menina que a Sophie cuida do menino numa boa, ela é jogadora de quadribol, vai ser legal, e.....

– Belle! Vai com calma! - Hermione pediu denovo - Eu vou ser madrinha?!

– Como você aguenta? - Belle olhou para mim - Ela é muito devagar!

De repente, Hermione deu um grito histérico, e as duas começaram a se abraçar e a pular histericamente dando gritinhos histéricos numa histeria histérica porque histericamente Hermione entendeu que ia ser madrinha de um bebê. E essa histeria toda me deixou com dor de cabeça por várias horas.

Passei o resto do dia isolada, denovo. Não que eu estivesse evitando alguém, desta vez, foi porque Belle me obrigou a fazer convitinhos de chá de bebê o resto do dia. Tive que fazer pelo menos uns dez modelos, porque ela não conseguia se decidir sobre o tema. No fim das contas, acabei desenhando um leão, um texugo, um corvo e uma cobra, todos fofinhos, filhotinhos e com fraldinhas, sorrindo e com olhos brilhantes. Ficou até bom.

Perdemos toda a semana procurando possíveis lugares para fazer a festinha. O salão da Grifinória e da Sonserina foram rapidamente descartados, por insistência minha e da Mione, por motivos óbvios (convidados da Grifinória jamais entrariam no salão da Sonserina, do mesmo modo os da Sonserina jamais colocariam os pés no território da Grifinória). Todos os pátios também foram descartados, porque esta época do ano pode não estar mais nevando, mas ainda tem muito vento. A solução veio mesmo cerca de uma semana depois, quando Rony disse que a Sala Precisa era um lugar bem legal quando Harry fez a Armada de Dumbledore, e que ali tinha bastante espaço.

***

– Pode por esse texugo de pelúcia ali perto do corvo, Harry! - eu pedi, vendo ele carregar aquele enorme bicho de pelúcia.

– E esse leão? - Harry perguntou.

– Deixa ele aí, está perfeito. - eu pedi - Rony! Pare de comer os marshmallows da mesa! Eles são decoração!

– Mas é tão gostoso! - Rony suspirou, desapontado.

– Vai poder comer na festa! - eu respondi.

– Mais bichinhos! - Hermione chegou, carregando uma caixa enorme. Ela entregou para o Harry, que logo tratou de pendurar cobras por aqui e ali. E ela se aproximou de mim.

– E os doces? - eu perguntei.

– Os elfos domésticos vão trazer em uns dez minutos, Dobby mesmo me assegurou que chegariam perfeitos. - Hermione respondeu.

– Ótimo. - eu disse. Não que eu soubesse quem era Dobby, tudo o que eu sabia era que trabalhava na cozinha, mas ela falou com tanta certeza que seria descortesia duvidar.

– Como vai minha festa surpresa de chá de bebê? - Belle entrou na Sala Precisa.

– Se é surpresa, o que você está fazendo aqui? - Harry ironizou.

– Quero ter certeza de que vai ser perfeito! - Belle disse - Agora, deixe-me ver...

Belle ficou andando pela Sala Precisa, analisando minuciosamente cada bichinho, cada enfeite de mesa, cada letra do mural.

– Já sei qual é o problema! - ela disse, de repente - São essas paredes.... não sei... tem uma cor tão.... sem graça...

– Não vou pintar as paredes! - Rony cruzou os braços.

– Claro que não, mas talvez ela ficasse melhor com uns tons de verde... - Belle começou.

As paredes adquiriram instantâneamente um tom de verde mais calmo e suave, a cor que Belle pedira, e todos nos admiramos. Sabe, começo a lembrar que Hermione comentara que a sala sempre se equipa com o que mais se precisa.

– Verde?! Não, argh! Que cor horrível! - Belle reclamou - Laranja combina melhor!

E as paredes ganharam belas tonalidades de laranja.

– Talvez, sei lá... coloque um roxo nisso aí... - Belle pediu, e a sala fez - Ou preto.... não, volta pro branco... mais amarelo, sabe.... Tenta pink....

E cada vez que ela pedia, a parede mudava para a cor que lhe passava na mente. Foram tantas cores, que minhas dores de cabeça voltaram.

– Sala Precisa, torne-se azul celeste em homenagem ao rapaz que vem aí, e também rosa claro, para a menina! - eu gritei, irritada.

As paredes adquiriram lindas listras horizontais, azuis e rosas, que eram divididas delicadamente por pequenas faixas brancas.

– Ficou ótimo, era isso mesmo o que eu queria! - Belle sorriu. - Tá perfeito!

Rony e Harry olharam para Belle, furiosos. Como ela poderia dizer isso, se estava tão indecisa? Hermione apenas ria.

– Ela é assim mesmo, conformem-se. - eu falei, fazendo Hermione rir ainda mais.

Depois disso, Belle ficou zanzando para lá e para cá, e durante duas horas, irritou aos meninos pedindo que movessem a decoração para lugares diferentes. Logo os elfos chegaram, e organizaram lindamente os doces e salgadinhos sobre a mesa grande, os quais nem preciso comentar que a mão de Rony ficou vermelha de tantos tapas que recebeu de mim e da Mione por beliscar os doces.

Os convidados chegaram na hora combinada, e apenas me lembro de alguns: Luna Lovegood (convidada do Harry, e eu achei bem legal), Gina Weasley (eu por mim não teria convidado, foi convidada do Rony, achei melhor não discutir), Neville Longbottom (esse foi meu convidado!), Emilia Boustrood, os gêmeos Weasley, a mãe de Belle (todos os quatro anteriores foram convidados da Belle), professora Minerva. Por fim, Belle se divertiu muito correndo para lá e para cá, conversando e rindo com todos.

– Ela está muito agitada. - Eric disse, parando do meu lado.

– Belle precisava de algo para ocupar sua cabeça. - eu suspirei - E esquecer de mim.

– Ainda não contou para ela o que viu? - Eric sussurrou.

– Já disse que eu não sei bem o que vi! - eu retruquei - Essas coisas eu não posso controlar, Huski, simplesmente acontecem!

– Já tentou falar com o Potter? - ele sugeriu. E eu dei um longo suspiro.

– O Harry é grifinório, talvez não me compreenda. - eu dei uma desculpa qualquer.

– O Harry se preocupa com você. - Eric disse. - Eu não sou bom observador, mas, noto que ele tem um carinho por você. Ele pode ser nerd, distraído, um pouco tímido, e bem.... estranho. Mas ele se importa com você.

Nesse momento, meu olhar se desviou para a mesa onde Hermione estava sentada. Harry olhava para ela concentrado, enquanto ela falava. De repente, olhou para mim e sorriu, acenando com a mão, o que fez a Eric e eu rirmos.

– Viu? - Eric sussurrou.

– Eu vou pensar no assunto. - eu me venci.

– Sempre pode contar com a gente, Sophie. Vê se não esquece isso. - foi a frase final dele.

Eu fiquei ali, observando Eric voltar para perto de Belle. Falar com o Harry... Será que eu deveria mesmo fazer isso? De repente, não me parece uma boa opção por hora. Ele tem coisas demais com o que se preocupar.

***

– Quantas caixas! - eu exclamei, sentada em minha cama.

Belle estava na cama dela, desembrulhando os presentes de chá de bebê que ganhara. No geral, muitas roupinhas, sapatinhos, meinhas... essas roupinhas de bebê fofas que todo mundo sabe que a criança vai usar pouco mas que todos amam comprar, dar e receber.

– O que será isso? - Belle abriu uma pequena caixa vermelha.

O objeto dentro era uma bola de vidro, com aros de ouro.

– Um lembrol! - eu ri - Isso foi do Neville! Tenho certeza!

– Eu também. - Belle riu, e logo se entreteu com outras caixas.

Eu peguei uma caixinha preta, com fita prata. Era uma gracinha.

– Quem deu esse aqui? - eu perguntei. - Não tem etiqueta.

Belle pegou a caixinha da minha mão. Analisou bem, e suspirou.

– Foi o Draco. - ela sorriu - Ele foi na festa.

– Foi?! - eu me assustei - Eu juro que não o vi! O que ele foi fazer lá?

– Me dar isto. - ela abriu a caixinha, mostrando um colar com uma garrafa de prata pequenininha como pingente - É um apanhador de memórias. Ele disse que era da mãe dele, um presente para que pudesse sempre guardar boas lembranças. Pediu para que fosse meu. Para os bebês.

– E que memória tem aí? - eu perguntei.

– Nenhuma. Ele me deu vazia, e eu ainda não decidi que memória vou colocar. Vai ser uma especial, com certeza. - ela suspirou. - Draco tem me surpreendido muito. Aquele dia, no hospital, ele disse que estava contente por Eric cuidar de mim, e que ele seria um bom pai para os bebês. Aquilo foi lindo de se ouvir, ainda mais vindo DELE.

Belle olhou para aquele colar com muita ternura. Ela estava encantada, fascinada, era muito bom ver ela assim. Então, ela colocou o colar no pescoço e prendeu os cabelos chocolate com um lápis.

– Muito bem, qual é a próxima caixa? - ela sorriu. Pegou uma caixinha do tamanho de uma de bombons, preta também.

– Quem deu? - eu perguntei.

– Professor Snape! Quem diria, não é? - Belle riu, abrindo a tampa da caixa - O que será? Uma cobra venenosa?

Ela colocou a mão dentro da caixa, e puxou. Parecia uma pata negra e de pelúcia. Ela puxou e puxou, mas a coisa parecia estar entalada. Eu a ajudei, e ficamos um tempão puxando. Bom, a coisa soltou, e caímos as duas no chão, em cima de um enorme urso negro de pelúcia. Amei o presente, mas Belle curtiu muito mais. Foi o único presente que ela pediu para a mãe dela não levar para a casa em Vegas e deixar ali, com ela. Sabe para que ela usou? Isso mesmo, bater em mim e no Eric. E dormir, é claro.


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Notas finais do capítulo

Enfim, foimal



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