É Megan! escrita por HuannaSmith


Capítulo 54
The End Of The Death


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora, estou passando por grandes problemas pessoais, espero que entendam, escrevi esse capítulo em meio a verdadeiras "guerras", mas está tudo se normalizando agora, a primeira parte desse cap requer bastante atenção, então leiam com cuidado para não se perderem, boa leitura!



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Cap 54

~ Megan

Quando a porta foi aberta, todas as luzes se voltaram para mim, homens e mulheres se contorciam em grades para conseguirem algumas fotos, parece a coisa mais estranha do mundo, mas é quando me sinto mais viva.

Alcancei o tapete vermelho com a ponta do salto, o vento calmo levantou um pouco do meu vestido, nada que me comprometesse, que é roxo aveludado, o chofer me estendeu a mão graciosamente, na qual eu repousei a minha e sai completamente do carro.

Como sempre, alguns pontos estavam marcados no tapete vermelho, que indicam onde devemos posar para os fotógrafos, mais ou menos como se fossemos um frango, but wharever! Eu amo fazer isso.

Depois de fotos, autógrafos, entrevistas, mais fotos... finalmente eu pude entrar na Marra Brasil, uma sensação de felicidade me atingiu ao ver a entrada do auditório, coisa que raramente acontece, talvez seja pelo fato de que meu pai e eu fizemos as pazes, estou animado para vê-lo.

Respirei fundo e caminhei até a entrada do auditório, mas Murphy me interrompeu antes mesmo que eu terminasse, com um sorriso no rosto ele indicou a direção para algumas pessoas antes de me falar o porque da interrupção.

– O que foi Murphy? - perguntei

– Seu pai tá te esperando la no camarim do palco

– E você sabe para que?

– Ele só disse que não pode começar a apresentação sem falar com você, é muito importante

Que estranho, dad nunca foi disso, ele sempre preferiu ficar sozinho meditando os mantras do mistério, dizia que deixa a alma tranquila e afasta os pensamentos negativos, e agora ele quer falar comigo? O que pode ter acontecido? Sem mais perguntas para o meu próprio pensamento, dei a volta e fui até o camarim.

Entrei silenciosamente para não atrapalha-lo em seja lá o que dad esteja fazendo, mas, para minha surpresa, ele não estava meditando, apenas revirava de uma lado para o outro a água dentro do copo, quando me viu deu um sorriso e colocou este na mesa, um sinal para que eu me aproximasse.

Olhamos um para o outro, quase impossível ficarmos sérios, trocamos sorrisos, dad nunca fica nervoso, mas dessa vez está, é nítido no rosto dele, para mostrar que pode contar comigo sempre, o abracei.

– Megan, você me promete uma coisa? – dad perguntou – Me promete que nunca vai deixar os outros mudarem a imagem que você tem de mim? Que nunca vai esquecer quem eu realmente sou?

– Mas dad...

– Prometa - ele me interrompeu

– Pro...meto - gaguejei um pouco- mas porque tá pedindo isso? Sabe que eu não acredito no que falam nas revistas

– Só queria confirmar

Dei um sorriso de lado, não entendi muito bem o porque dessa “confirmação” estranha e inesperada, até porque dad está cansado de saber que nunca acreditei em fofocas, se acreditasse eu já seria mãe de umas dez crianças.

– Fiquei sabendo hoje que você e mom se separaram - disse com um leve aperto no peito

– Já faz um tempo, ela tava te polpando da noticia, não fique com raiva dela

– E não estou, o que me dá raiva é essa situação, ou melhor, tristeza – fiz uma pausa – dad, vocês se davam tão bem, desde que nasci são inseparáveis, o Marra Man e a Marra Womem... devo ter esperanças de que isso é só mais uma briga?

Dad parou, sorriu meio torto e, me respondeu.

– Eu queria muito que fosse, mas a Pam tá bem decidida, ela e o advogado já sabem o que querem

– Advogado? Ela contratou um?!

– Contratou e, uma briga nossa, nunca teve envolvimento de nada perto disso – dad respirou fundo – acho que tenho que aceitar, aceitar que perdi a Pam pra sempre

Filha boa mode on!

– Pra sempre é muito tempo, tão grande que não pode ser medido, é só questão de paciência, porque se tiver que ser... será – disse com um sorriso no final, um charme meu a parte que sempre o conquista, ele sorriu fracamente, nada o estava animando

A conversa estava boa, mas tive que sair e deixar dad se preparar, pois já está quase na hora da apresentação dos novos produtos da Marra Internatinal.

– Megan - dad me chamou quando eu já estava na porta- uma ultima coisa, me promete que mesmo com qualquer sucessor que eu tenha, você nunca vai deixar isso acabar?

Eu realmente não faço ideia do que deu no meu pai hoje, esta tão sentimental, parece ate que vai embora ou coisa do gênero.

– Eu prometo - respondi com um sorriso - lembra quando eu era pequena? E você me falava de como os MarraPhones iam invadir o mundo? Nem se tirassem todos os meus direitos, eu nunca vou deixar isso morrer

– Boss, - Murphy entrou na sala de repente - desculpe interromper o momento Marra Family, mas eu creio que já está na hora do show

– Eu te amo - dad disse para mim antes que eu deixasse a sala

Não vou mentir, esse momento "Marra Family", como Murphy se referiu, foi muito estranho, é só mais uma das cansativas apresentações da Marra.

~•~

As inúmeras poltronas estavam todas nomeadas e por algum motivo, que não é do meu conhecimento, dad mudou meu lugar, que sempre é o mesmo, mas dessa vez achou que mudar seria uma boa ideia, procurei com os olhos em toda a primeira fileira, até encontrar o nome “Megan Marra”.

Olhei ao lado para ver quem dad havia posto para sentar comigo, normalmente é Zack, Baylee, Miley ou...

– Oi – Davi esticou a mão com um sorriso idiota de lado, para me ajudar a sentar, era o nome dele que estava ao meu lado

Eu não tive reação na hora, eu queria aceitar a ajuda e segurar a mão dele, mas o que ele fez foi muito errado, mesmo que meu pai diga que ele é tudo de bom e que “não é disso”, ainda não estou preparada para perdoá-lo, toda vez que olho nos olhos dele uma enorme alegria invade o meu peito, mas também me lembro de todas as fotos e do que aconteceu naquele dia, o sentimento de carinho se torna uma dor insuportável, talvez dad esteja errado, Davi não é a pessoa certa para mim.

O ignorei, o que mais eu podia fazer? Sentei sem a ajuda dele, cruzei as pernas e evitei seu olhar, Davi fechou a mão esticada em forma de punho e sentou ao meu lado, podia jurar que ele estava me olhando.

As luzes do palco acenderam, o que é um alívio, pois faz com que essa tortura de ter Davi me olhando e ficar com o rosto virado para o lado oposto, acabe, ou pelo menos eu achei que acabaria.

Um vídeo começou a ser exibido no painel principal, chamamos de “teaser”, que nada mais é do que um pequeno vídeo que resume tudo o que será nos apresentado de novo.

O primeiro foi o novo MarraPhone, confesso que esperava mais dele, mas fazer o que? As pessoas gostaram, pelo menos eu posso escolher o que quero no meu, talvez assim implante algumas ideias na cabeça de quem dad deixou responsável por fazê-lo, porque tenho certeza que não foi ele.

As luzes se apagaram de repente, as pessoas ficaram assustadas, não estava dando para ver nada, com o susto acabei colocando minha mão na divisória da poltrona, o que era bem em cima da de Davi, mas tirei assim que vi de quem se tratava, para que ele não se animasse muito, estou longe de ser a donzela em perigo.

Depois do susto, veio o mais estranho de tudo, o painel principal ligou novamente, não preciso dizer que essas entradas dramáticas são a cara do meu pai, ou preciso? Mas dessa vez foi diferente, dad não apareceu para surpreender a todos, pelo contrário, uma frase foi exibida no painel.

“JONAS MARRA É UMA FARSA!”

Todos ficaram se perguntando sobre o que se tratava, Davi olhou para mim com os olhos esbugalhados, mas o painel continuou a exibição, não havia acabado.

Uma foto de uma antiga notícia da BBC News, de 2008 para ser mais precisa, era sobre o vírus que invadiu o mundo inteiro, eu tinha só 12 anos na época, mas me lembro muito bem do desespero que foi, empresas enormes, de fama mundial, estavam perdendo rios de dinheiro, até o governo dos Estados Unidos foi afetado, era uma coisa imbatível.

Mas meu pai conseguiu fazer um antivírus, que levava o nome da Marra International, e em pouco tempo tudo foi resolvido, ele ganhou até uma medalha, foi como um herói pro mundo inteiro, ficou mais conhecido do que nunca.

Procurei Murphy com os olhos, em quanto todos liam a notícia que eu já conheço cada linha, mas eu não o encontrei, está acontecendo alguma coisa, eu posso sentir que está, mas se eu sair agora, vou chamar mais atenção do que tudo isso.

O show de horrores continuou e outra imagem foi mostrada, uma prova de que o meu pai havia feito o vírus e jogado na rede, para depois lucrar com o antivírus, várias imagens com anotações com a letra dele foram mostradas, levantei da poltrona, isso é mentira! Não pode ser verdade! Meu pai nunca faria isso, ele nunca...

– Megan isso deve ser alguma brincadeira de mal gosto, não leva a sério – Davi disse se levantando e segurando minha mão

As luzes acenderam, todos estavam parados me encarando, horrorizados, esperando de mim uma resposta, pois eu sou a filha de Jonas Marra, mas acontece que nem eu tenho uma resposta.

Eu tava morrendo alí, Davi não soltou minha mão nem por um segundo, finalmente Murphy apareceu, escondido na porta, ele me chamou com a mão, puxei Davi comigo em quanto atravessava a enorme multidão de pessoas, todas querendo saber o que era tudo aquilo, naquele momento eu só queria sumir dalí.

– Pra onde a gente vai Megan? – Davi perguntou preocupado, não o respondi, estava ocupada demais seguindo Murphy, que nos levou para o último andar da empresa, a mão de Davi aquecia a minha – porque a gente veio pra esse andar? Achei que era desativado – o ignorei novamente

O elevador finalmente parou, mas não abriu as portas, apenas uma pequena janela do tamanho do meu polegar.

– Eu não tenho permissão – Murphy disse – mas você sim

Me aproximei, Davi finalmente soltou minha mão, havia um captador de digital lá dentro, respirei fundo e coloquei meu dedo indicador sobre a pequena tela, que começou a ler rapidamente, estava rezando todos os mantras do mistério para que desse certo, Davi observava tudo, maravilhado.

– Identificação aceita - uma voz ecoou por todo o elevador, Davi levou um susto, mas ficou maravilhado.

Murphy saiu apressado na frente de nós dois, como se já conhecesse tudo ali dentro, o que não duvido nada.

O andar estava todo escuro, a medida com que Murphy andava os sensores de presença o captavam e as luzes ligavam automaticamente, observei tudo sem sair do elevador.

Davi percebeu que eu estava apreensiva, segurou minha mão e fez o mesmo sorriso bobo que ele não muda nunca, mas não posso deixar que a situação o beneficie, soltei sua mão e andei rapidamente até Murphy, ele me acompanhou.

– Jonas queria que só você fizesse isso - Murphy me entregou a chave da enorme porta a nossa frente em quanto dirigia o olhar para Davi, que nem sequer percebeu

– Davi tá comigo, não vai contar nada

– Faça como desejar, mas faça rápido, Brian está lá em baixo agora te esperando, os funcionários estão tentando manter todos no auditório para os corredores ficarem livres pra você, mas a polícia já está caminho

Coloquei a chave na fechadura e virei com um pouco de força, respirei fundo, enchendo de ar os pulmões.

– É o projeto da vida do Jonas, e ele queria que ficasse com você - Murphy completou

– Não fale como se ele não estivesse mais entre nós - disse sem olhar na direção dele

Entrei na sala puxando Davi junto comigo, tudo estava escuro, Murphy ficou na porta nos esperando.

– Identificação aceita - a voz feminina ecoou novamente na sala, mas dessa vez eu já sei do que se trata, mas acabou assustando Davi

– Ela tem que parar de fazer isso do nada, seja lá o que for - ele disse

Luzes acenderam e junto com elas cerca de dez monitores, alguns MarraTablets e alguns projetores a esquerda e o mais importante de todos, o Bro 9.0, como meu pai decidiu chama-la, não é o verdadeiro pois este está na sede de San Francisco, mas vai nos ajudar.

– Uou! - Davi gritou com a mão no peito e um sorriso no rosto, pra ele isso deve ser like um paraíso, mas não podemos perder tempo

Composto por uma mesa de telas interligadas com um dos mais poderosos processadores do mundo, criado pela Marra International claro, me reconheceu com uma pequena e rápida identificação de retina.

Bem-Vinda Megan Lírio Parker Marra - estava esperando ela dizer meu cpf...

– Espera, ela sabe o teu nome?! - Davi perguntou com os olhos esbugalhados

– Davi conheça a Bro 9.0 e Bro... esse é o Davi

– Davi Miranda Reis, possuí grandes conhecimentos na área da programação, nasceu no dia...

– Espera um segundo! O Bro é uma mulher?! - Davi perguntou novamente com os olhos esbugalhados

– A gente não tem tempo pra isso agora Bro... - o ignorei e alertei a Bro

– Os meus registros constam ele como seu namorado

Davi e eu nos entreolhamos.

– Você precisa atualizar seus registros - a interrompi - o que meu pai quer que eu faça?

– O senhor Jonas quer que você transfira os dados do projeto The End of Death para um lugar seguro, até que ele possa voltar e obter os dados novamente

– The End... o fim da morte... - Davi traduziu o nome para o português - Megan, que projeto é esse?!

– Bro eu não tenho como transferir esses dados, a rede está completamente fora de questão e eu não tenho como transportar esses dados sem...

– Porque ouvir o coração, é a decisão mais racional

– O que isso quer dizer, Megan? - Davi perguntou

– Eu não sei, me ajuda, não temos muito tempo - minha dignidade foi pro fim do poço com esse pedido

Davi raciocinava dentro de seus pensamentos e eu nos meus, uma simples frase melancólica que meu pai costumava dizer sempre que alguma problema acontecia, mas que significado ela pode ter agora?

O enigma estava decifrado bem a frente de nossos olhos, mas meu pai arquitetou tudo com riqueza de detalhes, para que só eu fosse capaz de decifrar, passava meu colar entre meus dedos, uma concavidade em ao lado do teclado digital me chamou a atenção, ela praticamente gritava por mim.

– Marra Girl... - pensei baixinho

Tirei o colar e o encaixei na concavidade, Davi se aproximou para observar mais de perto, podia ver a baba escorrendo da boca dele.

– Chave aceita

Uma pequena gaveta ao nosso lado destravou sozinha, o meu olhar atravessou o de Davi, abri sem pensar duas vezes, de lá retirei um pequeno pen drive, ele com certeza suportaria os dados.

– Vamos Megan! - Murphy gritou da porta - não temos muito tempo

Conectei na Bro e em alguns minutos o projeto da vida do meu pai estava em minhas mãos.

– Vamos encontrar o Brian agora, ele vai te dizer onde esconder isso - Murphy disse

~•~

Davi

Os corredores estavam vazios, apenas alguns seguranças ao longo do caminho, eu não perguntei se podia, muito menos se queriam minha presença, mas segui Megan por onde ela foi, sei que não é tão durona quanto tá querendo parecer, é uma situação muito séria, só Deus sabe o que vai acontecer com o pai dela agora, só ele também sabe onde o Jonas tá.

Fomos levados até um lado do estacionamento que eu nunca vi, um carro preto estava a nossa espera, bem, a espera da Megan, de lá saiu Brian, com suas roupas coloridas e seus anéis exagerados.

– Precisamos ir agora Megan - ele disse

Megan deu a volta e entrou no banco do passageiro, quando minha mão já estava quase alcançando a porta, Brian a segurou levemente, me interrompendo.

– É melhor você ficar aqui Davi, com a Pamela, ela não faz idéia do que está acontecendo, você tem que acalmá-la, tem que contornar a situação a nosso favor

Não posso mentir e dizer que aceitei de boa, poxa, eu queria tá perto da Megan numa hora dessas, mas eu não tinha muito poder de decidir alguma coisa, dei a volta no carro e parei no lado da Megan, me apoiando com as mãos sobre o vidro abaixado.

– Se precisar de mim sabe que pode contar comigo pra tudo o que precisar, eu vou estar aqui sempre, por você

Megan, que me ignorava completamente, abaixou um pouco a guarda e me olhou levemente, um olhar menos julgador, foi o bastante pra mim, deixei que Brian a levasse pra onde seja lá que eles vão, fiquei observando até que minha visão não alcançasse mais o carro, respirei fundo e voltei para o auditório, para tirar a Pamela do terremoto que Jonas a colocou, mas agora com o coração já mais tranquilo, sabendo que a Megan já é mais um pouco minha de novo.

Pamela estava no meio do que podemos chamar de multidão, vários repórteres e até mesmo convidados a cercavam, cobrando explicações daquilo que visivelmente ela não fazia idéia do que se tratava, nem eu na verdade faço ideia de alguma coisa que tá acontecendo aqui, mas vou tirar ela do meio desses malucos.

Sabe quando você tá cortando a mata pra poder encontrar uma trilha caminho? Foi mais ou menos assim, mas no lugar da faca eu usei as mãos, no lugar da mata eram pessoas isotéricas com microfones e câmeras nas mãos, e obviamente, Pamela era minha trilha, cheguei perto o suficiente - o quanto eu conseguia no meio desses malucos - e sussurrei em seu ouvido algo que com toda certeza deve ter sido uma espécie de alívio pra ela.

– Eu não posso falar nada aqui, mas Brian pediu para eu te tirar dessa confusão - sussurrei

Pamela abriu um sorriso meio torto e segurou no meu braço, juntos nós abrimos caminho na mata isotérica até a próxima trilha, a porta de saída.

Chegando no corredor, longe de toda gritaria e microfones fedorentos, Pamela fez a pergunta mais natural possível e que eu já me preparava psicologicamente para responder...

– Davi, o que está acontecendo?! - ela perguntou desesperada

– Confia em mim, eu sei menos do que você, mas pelo o que eu pude apurar dos fatos confusos que aconteceram - dei uma pausa - o Jonas tá maior furada - expliquei da forma mais sensível e poética possível, o que posso fazer? Passei mais tempo da minha vida com números e não com pessoas

– Não acredito que meu marido tenha feito o que o culpam

– Ex marido, e sim, parece que ele fez sim, por isso que a Megan e o Murphy tão copiando uns dados e...

– Dados? - ela me interrompeu

– É, dados, olha eu não entendi muito bem, a mulher que falava do nada me assustou e eu levei um tempo pra me recuperar...

– Davi o que diabos você está falando?!

– Eu acho melhorar eu te levar pra casa, ou melhor, você me levar junto, porque eu não tenho carro, mas lá o Brian e a Megan vão te explicar melhor

Ela não pareceu confiar muito no que eu disse, mas não a culpo, não pareceu convincente nem pra mim, o próximo passo foi corremos para o carro dela, que estava no estacionamento, não o dela, mas um de "emergência" que o Jonas costumava guardar lá, e lá fui eu de novo, correr pelos corredores da Marra até o estacionamento no qual deixei Megan com Brian e aquele indiano esquisito.

~•~

Megan

O escritório do meu pai em casa estava vazio, mas Brian disse que aquele não era o "principal", obviamente que não era do meu conhecimento e do de ninguém que morasse naquela casa além de Brian, mas existia outra sala onde Jonas Marra podia fazer o que ele faz de melhor, impressionar o mundo.

Descemos para o porão, ligar que eu apenas sabia da existência, mas nunca sequer coloquei meu pé naquelas escadas que levavam até o fundo escuro, as luzes acenderam sozinhas e Brian mostrou a porta, onde aparamente eram guardados os produtos de limpeza usados na casa toda, mas havia uma passagem, atrás de um dos armários.

Era como o "covil" do meu pai, ele tinha equipamento alí suficiente pra fazer o que ele quisesse, a qualquer hora, como lançar uma bomba atômica! Mas Brian estava mais preocupado em coletar os dados restantes do projeto, fizemos isso e em alguns minutos o pendrive já estava lotado, lotado com uma informação que pode mudar o mundo.

– A polícia federal vai chegar dentro de algumas horas, vão inspecionar a casa inteira, cada parede, vão encontrar esse lugar mas não esses informações, Megan - ele olhou mais profundamente nos meus olhos - você não pode deixar que ninguém coloque as mãos nisso

– Pode deixar - peguei o pendrive da não dele

~ • ~

Davi

Eu deixei a Pamela em casa, ela me emprestou o carro e, eu fui embora, o que eu mais podia fazer? Sim, eu queria ter ficado com ela, ao lado dela, mostrado a Megan que não importa o que aconteça, ela sempre, sempre, vai poder contar o "cara que dorme na garagem", como ela graciosamente de chamava quando nos conhecemos.

A própria mãe dela falou que ajudaria estando longe dalí, quer dizer, é só olhar pra perceber, o que que eu vou fazer estando com ela? É, eu poderia fazer muita coisa, como ajudá-la nesse momento difícil, mas não sei se é bom causar uma briga em meio a um tsunami de tristeza.

Murphy falou que a polícia vai chegar logo, vão revistar a casa inteira, cada frecha entra as janelas... o quarto da Megan, no qual já a vi dormir, os milhares de quartos para hóspedes, cujo um deles nós dormimos juntos, a sala, na qual a ensinei que a melhor parte da pizza é comer com as mãos, e o jardim, o enorme jardim que suportou nosso amor completamente imprevisível, louco, inconsequente, perturbado e incrivelmente perfeito.

Minha casa parecia até feia olhando de fora, a vontade de dar meia volta e correr atrás da Megan simplesmente transbordava de mim, mas acho que fiz o que é certo, mais tarde eu ligo pra ela, se me atender pergunto como está tudo, tomara que eu tenha razão.

Passei mais alguns minutos contemplando o vazio, imerso em sentimento do tipo "e se" em uma proporção infinita, desliguei o ar condicionado e em seguida o carro, deixei-o estacionado em frente a monha casa, afinal, se eu for colocar na garagem vai ser bem no meu quarto, não é mesmo?

Acho que o senso de humor é o que me salva nessas horas, coisa que eu aprendi com a Megan, sempre existe um lado bom em qualquer problema, tomara que ela se lembre disso agora.

Na sala estavam Matias e sua namorada, Danusa, para variar estavam se beijando, é até de certa forma engraçado pensar que ela é prima da Megan, parece até a velha história do "ela não tem uma prima?", mas o mais legal é que nossas histórias foram independentes, desejo de verdade que os dois tenham futuro, meu irmão está precisando.

Deixei os dois na sala sem nem que percebessem que eu passei por alí, e fui para o meu quarto, conversar com os números, talvez eles me acalmem até chegar a noite, será que a Megan vai pra post party da Marra? Será que ainda vai ter uma post party? Isso os meus números não podem responder... ou será que podem?

~•~

Megan

Eu girava entre os dedos um pedaço de aço de uns 4 centímetros, mas de um poder imenso dentro de si, poder esse que alguém pode matar para conseguir, poder este que agora está em minhas mãos.

– Eu não vou pedir que você me conte o que tem aí, mas por favor, tome cuidado - mom disse enquanto arrumava a bagunça que os policiais fizeram, deixaram a cama dela cheia de papéis, arquivos antigos da nossa família e da empresa

– Onde será que ele tá agora?

– Só Deus sabe Megan, ele e o Brian

– Você acha que o tio Brian sabe onde ele tá?

Mom olhou pra porta antes de me responder, para ver se não tinha ninguém espionando, depois se aproximou de mim.

– É claro que ele sabe, desde que conheço o seu pai, ele conta tudo para o Brian, mas se o Brian vai nos contar... aí já é outra história - mom disse com um papel cheio de poeira nas mãos

– Nunca imaginei que podia acontecer, muito menos com meu pai, procurado pelo FBI... logo ele que sempre me pareceu ser invencível

– A que se faz, a que se paga Megan, mas confesso que queria que seu pai estivesse aqui conosco

– Mas vocês se separam, não foi?

– Sim, mas eu nem ligo mais pra isso agora, só queria que ele estivesse aqui comigo, e que todo esse pesadelo acabasse - uma lágrima escorreu no rosto dela, simplesmente não suporto vê-la chorar, levantei da poltrona e a abracei

– Mom...

Ela retribuiu o abraço.

– Você vá para a post party, ok?

– Eu não vou mom, não tenho animo pra isso agora

– Você vai sim, não te quero aqui dentro dessa casa olhando pra esse pen drive e tendo pensamentos tristes, além do mais, que a post party precisa de pelo menos um membro da família Marra

– Você não vai? - perguntei

– Não, tem muita coisa para arrumar aqui, mas você vai

O que podia dizer? Tive que concordar com ela, mas foi só pra vê-la sorrir mesmo, não estou com o menor ânimo de sair se casa, enfrentar todos aqueles fotógrafos, repórteres... e ainda ter que ficar inventando desculpa para os convidados, sobre o que está acontecendo.

Mesmo com tudo isso, minha mãe ainda acha boa ideia eu ir nessa pós-festa, então tá, seja o que o mistério quiser.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e mais uma vez minhas desculpas pelo atraso de postagem, não esqueçam de comentar sua opinião ou seu sermão para mim (haha), beijos e até a próxima.